terça-feira, 27 de outubro de 2009

Casando II (ou por que as pessoas se casam?)

14/10/2009
E quando você menos espera uma dúvida vem e coloca em xeque e instiga seus pensamentos. Durante o casamento da Camila, o do post anterior, uma dúvida me veio à mente: será que as pessoas casam simplesmente por não terem coragem de olhar para seus relacionamentos e questionarem se ainda são produtivos? Se realmente estão na etapa de casar, mesmo com anos de namoro?

Não sei, não mesmo. No caso da Camila com certeza não. Ela e o Paulinho já namoravam há pelo menos quatro anos e moravam juntos há uns dois e meio, foi só para oficializar mesmo, fazer a festa pra família, já estavam casados. Amigado com fé casado é. No caso dela não, mas e nos outros? E nos casos onde a família da noiva é tradicional, ela não pode morar com o namorado antes de casar e vai ter que descobrir como é acordar ao lado dele durante uma semana inteira já na prática?

Os casais heterossexuais devem satisfação à sociedade, estão dentro dela e seus relacionamentos são guiados por ideais milenares de fidelidade, amor eterno e família. Uma noiva poderia fazer o questionamento antes de casar e adiar a data? Poderia, mas fico imaginando como seria para ela dar a notícia para a família, dizer que talvez não esteja pronta para casar, que prefere pensar mais.

O vestido já está sendo feito há meses, as madrinhas já trocam e-mails falando de seus vestidos para não chegar uma igual à outra, os pais já começaram a pagar a festa, a lua-de-mel já com passagens compradas e por aí vai. Como se adiar tudo isso em nome de uma certeza que vai te guiar, supostamente, para a vida toda fosse um grande trabalho.

E tem ainda aquele desejo feminino de casar na igreja, de branco, com marcha nupcial, docinhos tipo bem-casado (comi toneladas no casamento da Camila), fotos, pajem, daminhas e quilômetros de véu. Tudo isso deixa a mulher meio perturbada mesmo, acho que dias antes do casamento elas estão estressadas também pelos motivos que dizem, mas acho que muito mais por não terem feito o questionamento. Acabam se casando por comodismo, hábito, costume, e muita pressão, claro.

Eu comentei minha dúvida com uma amiga e ela fez cara de quem também se inquietou. Será realmente que o casamento (não para todos, repito) é o próximo passo depois de anos de namoro? Será que se a noiva ou o noivo olharem para trás e se questionarem se o casamento é o passo seguinte mesmo haveria tantos casamentos?



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Escrito por Hélio Filho às 18h37 (3) Vários Comentários

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Casando – Parte I13/10/2009
Fui padrinho de mais um casamento neste ano. Sábado cheguei em Londrina (PR) feliz por participar de mais uma dessas cerimônias na igreja. Somando batizados e casamentos, eu acho que é a quinta vez que vou à missa neste ano em ocasiões especiais. Já estou virando expert em ser padrinho. Ta precisando de um? Pode me chamar que eu arrumo a malinha e me jogo para onde for já com a vela do batismo na mão ou o terno do casório no corpo.

É engraçado porque eu acho que serei padrinho de mais uns seis casamentos da minha turma de faculdade, um grupo de uns 10 amigos que se amam. Eu, o Gui e mais oito meninas, todas minhas discípulas na arte de como não se tornar uma mulher frustrada, mal-comida. Em junho foi a Marê que casou com o Stéfano. No sábado foi a Camila, que casou com o Paulinho. Aí já tem um agendado para novembro de 2010, quando a Marina e o Luís vão se casar depois de uns oito anos de namoro.

Mas eu queria falar mesmo do casamento da Camila, o último. Além de todas aquelas coisas que todo casamento tem, algumas merecem ser destacadas. Primeiro que eu era o único homem na igreja e na festa que não usava camisa lisa com gravata listrada, mas sim camisa listrada com gravata lisa. Aí todo mundo confirmou a diferença entre os padrinhos e convidados. A cerimônia foi linda, eu chorei horrores e meu emocional ficou arrasado. Minha cabeça não parava de lembrar dos momentos bons que passamos juntos durante esses seis anos que nos conhecemos (se eu não fosse gay essa frase seria motivo de divórcio). Chorei sim, chorei mesmo.

Mas a coisa pegou mesmo na festa. Essas oito meninas têm uma coreografia especial da música “Can’t take my eyes of you” onde elas fazem uma fila e meio que dançam ao estilo cancan, o que sempre era feito em todas as nossas festas. E não foi diferente no casamento. A noiva (ainda não muito bêbada) pegou o microfone, subiu no palco e começou a chamar “todas as meninas da minha sala de faculdade, minhas amigas lindas que eu amo. Só as meninas aqui no palco. Vem Maria Fernanda, Vivi, Berta, você também, Hélio, Marina, Priscila...”. Sim, acabei entrando no rolo e dançando a coreografia, com direito a registro em vídeo e fotografias.

Como se não bastasse, minha amiga que me ama muito fez questão de me chamar de novo ao palco, sempre gritando no microfone na frente de todo mundo, porque “tá tocando Shakira, eu sempre lembro de você”. E lá fui eu dançar “Estoy aqui” (sim, Estoy aqui) sem beber nada, sem nada de tóxico no sangue, na cara limpa, à base de amor por ela. Não teria feito nenhuma das duas coisas se não fosse por ela, se não fosse em um momento tão especial para ela. Nessas horas nossa vergonha some e tudo o que você quer é ver sua amiga sorrindo no dia mais especial da vida feminina dela.

Ok, nesta altura da festa meu outing estava mais do que completo. Apertei o botão do foda-se e fui curtir a festa com meus amigos. Mas sempre tem alguém que não segura a onda. Um homem casado, pai de filhos, cabelos grisalhos e muita bebida na cabeça começou a me cercar, fazia quibinho (que era um quibão) olhando pra mim, ficava passando e esbarrando, encarando sem parar e até me seguindo no banheiro sem sucesso. Achei um absurdo ele, que era parente do noivo, ficar querendo dar vazão aos seus desejos bem naquela hora. A mulher dele estava do lado dele, o irmão idem, toda a família. Que vergonha, que absurdo.

Não há nada mais patético para ser visto do que o espetáculo de quem é enrustido dá quando bebe um pouco mais. Lamentável e com certeza broxante. Não, comigo não. Fugi a noite toda (e espalhei pra festa toda o que tava rolando, claro). Mas livre dele, eis que surge um primo que é meio primo (esses rolos de família) da noiva puxando papo. Questionando, querendo saber, querendo conversar, querendo... Fugi de novo, não ia rolar fazer a puta da esquina e catar o bofe no banheirão em pleno casamento. Respeito os outros para ser respeitado (todo mundo deveria fazer o mesmo, né?).

Aí depois de escapar de dois viados, gays, bichas, mariconas – e uso os apelidos para confirmar o que eles eram, homossexuais como eu, mesmo querendo esconder – eu tive uma surpresa maravilhosa: ganhei um beijo de um menino, mas menino mesmo, de três anos. Ele estava brincando com as bolhas de sabão que eu estava fazendo, se divertindo pencas. Aí minha amiga que estava de um lado meu pediu um beijo, ele deu, a outra, que estava do meu outro lado, também pediu e ele deu. Aí quando eu menos espero, a mãe dele virou e disse: “agora dá um beijinho nele (eu) também, meu filho”. E o menino veio com sua doçura de criança e me deu aqueles beijinhos fofos de criança na bochecha.

Primeiro fiquei paralisado com a atitude da mãe dele. Uma mãe de verdade, que desde cedo ensina ao filho que ele deve tratar todo mundo com carinho e que beijar o rosto de um gay não transforma ninguém em gay, bissexual. Foi uma das atitudes mais nobres que eu vi na minha vida, de verdade. Fiquei bem emocionado, lisonjeado, me senti valorizado, humano. Aí continuei pensando e achei irônico o menininho me dar um beijo sem preocupações enquanto os dois adultos me desejavam, mas tinham que se segurar por medo.

Engraçado é que é bem provável que esse menino cresça aquele tipo lindo de heterossexual que protege gays, beija no rosto, abraça e pede conselhos, coisas de amigo, tipo um Rodolfo, um Thiago na minha vida. Já com os adultos, ah, esses são caso perdido mesmo. O casado vai continuar imaginando uns pêlos no peito da mulher dele e o solteiro vai continuar jogando sua cantada barata fora para descobrir se “algum cara discreto, boa pinta, tranquilão e fora do meio que queira um lance com outro brother” o deseja. O menininho vai casar porque quer, com quem quer, como a Camila, não como o parente do noivo, por pressão. Ponto para a felicidade de quem?



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Escrito por Hélio Filho às 18h23 (4) Vários Comentários

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Çéquíssú 06/10/2009
Vamos falar de sexo, sim, esse ê xis ó. Vamos falar sobre quem acha que não precisa fazer nada na cama, só ser bonito e ter um bom você sabe o quê. Estava há pouco aqui no corredor do Mix conversando com um amigo de identidade não-revelada e ele reclamou que foi fazer um bofe e o bofe não fazia nada. Nadinha. Aí ele me disse que levantou e colocou a roupa, foi embora e deu o recado, disse que o cara precisava melhorar muito ainda.

É engraçado porque eu já tive essa experiência, e foi péssima. O cara era inteligente, educado, bonito e tudo mais, mas era pior do que um homem machista transando, não interagia, não pegava, não você sabe o quê. Assim não dá, assim não pode. A sensação que dá é de nadar, nadar, na DAR e morrer na praia porque quando o mais gostoso é para acontecer, aquela coisa de pega no outro, outro pegar em você, você em você, o outro nele mesmo e assim vai, quando a coisa ia esquentar já tinha acabado.

Eu, e acredito que meu amigo da conversa e todas as bichas que passaram por isso, ficava com aquela sensação de quando você é criança e vai ao parque, aí compra uma pintosa bexiga com gás Hélio (não eu, o gás nobre, aquele que faz balões voarem) e basta um momento sem seu comando para ela subir aos céus, sem sentar à direita de Deus pai, todo-poderoso, claro. Mas vai, aí você fica lá de baixo olhando a bexiga subir, subir, subir e ir embora para bem longe da sua mão.

Sua diversão vai embora e aí só te sobra aquela cara de coroinha que cometeu flatulência na igreja em frente ao padre. Mas a culpa não é sua, minha ou do meu amigo, a culpa é de quem ou é muito egoísta/cêntrico ou não sabe mesmo fazer um bom lerê. Não me considero o François Sagat, mas no básico me garanto, sei que a outra pessoa tem também que sentir prazer, e é melhor ainda se ela sente esse prazer comigo, olhando na minha cara (e dizendo palavras impublicáveis, adoro!).

No caso das egoístas/cêntricas o problema é lá para a terapeuta. Trabalha essa síndrome de filho único que passa. Mas com quem não sabe é diferente, vale tentar dar uma ensinadinha, mostrar caminhos pelos quais a outra pessoa pode descobrir prazer te dando prazer também. É uma via de mão dupla essencial. Particularmente sinto muito tesão vendo o prazer do outro proporcionado por mim, me sinto capaz de fazer isso, ali a minha frente está a prova de que eu sou capaz não só de bater uma no banheiro, mas usar meus conhecimentos sexuais para fazer um outro, pelo qual eu passo para construir meu autoconhecimento, gozar, gostar e pedir mais.

Embasando-me mais uma vez apenas no meu limitado conhecimento para dizer algo, acredito que isso acontece muito com os caras que são somente ativos. Todo mundo sabe que pelo menos a maioria deles acha que domina simplesmente por ser mais másculo, ser só ativo, acredita que é o macho da relação. Ah, purfa, né? E se é bem dotado a coisa piora, acha que é só sentar e ver estrelas às custas de astronautas dedicados em suas habilidades manuais e orais.

Definitivamente não. Relação para mim que tem um macho é selvagem, sou homem, macho é o bicho, o que não é a fêmea. E essa coisa de achar que subjuga simplesmente por penetrar é um preconceito tão bobo e antigo quanto dizer que gays são só passivos, quem é ativo não. Bobagem, coisa de gente que realmente não aprendeu ainda que o sexo, mesmo quando é uma supermegaultrarapidinha, precisa de duas pessoas para ser feito, senão fica esfregação, masturbação vazia e sem sentido.

Bom mesmo é se proteger sempre e se jogar nesse delicioso abismo que é o sexo, fazer sexo. Tem que se entregar, dar e receber - e não só você sabe o quê. Acredito cada vez mais que as pessoas mal comidas são o câncer da sociedade, freudianamente falando, são reprimidas e, logo, histéricas. E o “mal comidas” nesse caso fala sobre as pessoas que comem, acho bom chamar de mal alimentadas então! Tá com fome? Como diz minha avó: vai na rua, mata um homem e come.



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Escrito por Hélio Filho às 18h30 (6) Vários Comentários

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Volta30/09/2009
Estava de férias, voltei hoje, colocando as coisas em ordem de novo.



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Escrito por Hélio Filho às 17h32 (1) Apenas 1 comentário

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Tic11/09/2009
Hare babado fortíssimo. Hoje acaba “Caminho das Índias”, que eu adoro como toda boa novela. Infelizmente perdi as surras da Ivone (Yvone?), a volta do Raul e a revelação da Maya sobre o filho dalit. Pois é, acompanhei a novela quase toda e nos momentos mais legais eu perdi, mas ok. O capítulo de ontem durou quase duas horas e eu, claro, não perdi um segundo. Hoje então... O meu consolo, não aquele das lojas de luzes coloridas piscando (não tenho esse), é que na segunda-feira começa “Viver a vida”, do Manoel Carlos, que é um dos meus autores de novela preferidos.

Deve ser porque gosto da simplicidade e as novelas dele são super detalhistas, cotidianas, comuns sem serem vulgares. É claro que vai ter um Dr. Moretti que atende o Leblon todo, uma Helena que sofre e ama e que no fim será feliz, muita gente rica, culta e bonita, a Lília Cabral como mulher problemática, o José Mayer como garanhão e músicas do Vinicius de Moraes e Tom Jobim.

Aí a gente que mora aqui em São Paulo vai ser obrigado a chegar em casa depois de ter tomado nossa chuva diária, depois de ter enfrentado nosso trânsito diário, depois de ter sofrido nossos empurrões diários no metrô e tudo mais do cotidiano paulistano e ainda ver os cariocas se esbaldando no Leblon/ Ipanema ao som de bossa nova. O morro Dois Irmãos no cenário ensolarado enquanto você pensa na terça-feira paulistana, na saída do feriado, na...

Mas isso é novela, uma fuga da realidade, 60 minutos de fantasia da realidade. Depois que passei um ano todo da faculdade estudando todos os aspectos das telenovelas com minha professora metade brasileira, metade colombiana suspeita de ser das Farc, eu nunca mais vi novela do mesmo jeito. Na foto abaixo, como seria o fim de “Caminho das Índias” se o mundo fosse menos preconceituoso. Tic?





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Escrito por Hélio Filho às 12h05 (2) Vários Comentários

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I will survive08/09/2009
Eu simplesmente acho o cúmulo quando em uma festa heterossexual toca “I will survive” e todo mundo olha para a bicha do recinto. É só começar a tocar as primeiras notas na caixa de som que aquela sua amiga louca atravessa a pista gritando “a sua música, beee” e apontando para a sua cara. Um outing total. E o pior é que as pessoas acham que só porque você é gay é obrigado a dançar “I will survive”, dublar, fazer a Maria Louca, rir, gritar, dar bafão. Eu não vou sobreviver a isso, não mesmo.

Isso é comum e eu acho que deva ser mais uma tentativa dos heterossexuais em deixar os gays que eles gostam à vontade, uma maneira de dizer que está tudo bem. É como aquele namorado da sua amiga que te faz perguntas como forma de conversar com você, mas fica horrorizado com as respostas. Como eu sempre digo, só faça uma pergunta se você está preparado para a resposta.

Mas não precisa, não precisa mesmo tratar o gay, a lésbica, a travesti, a trans - e mais toda uma infinidade de gente do arco-íris que se define por si próprio - para dizer que é friendly. Ser friendly é simplesmente não ser nada, não ter tratamento especial, pudores especiais e olhares policiados. Ser friendly é ser normal, falar sem tom cuidadoso e não precisar se desculpar se chamou alguém de viado na sua frente porque você sabe que não é pejorativo.

Ser friendly é chamar a amiga bicha quando toca qualquer música fervida, não só “I will survive”, Madonna, Lady Gaga ou Britney. Prefiro quando toca Raul!

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Escrito por Hélio Filho às 17h08 (2) Vários Comentários

Como ajudar quem não quer ser ajudado?

27/10/2009
Sim, como? Ou então, como se sentir não podendo ajudar quem precisa de ajuda? E ajuda em todos os sentidos, física, emocional, monetária, psicológica e tudo mais. É uma dúvida constante na minha cabeça o que eu devo fazer além de tudo que já fiz para ajudar o amigo, o familiar, “aspessoatudo”. Porque chega uma hora em que você não tem mais como avançar porque a outra pessoa colocou entre vocês uma enorme barreira, muitas vezes até inconsciente, logo, mais perigosa e dura.

E isso sempre acontece. Sempre tem alguém que você gosta e está precisando de algum tipo de ajuda. Dá agonia ver a pessoa caindo, caindo e caindo sem parar e você lá de cima olhando, com cara de quem não sabe se caga ou sai da moita, se pula junto ou sai correndo. É uma sensação de impotência sem precedentes, um vazio na seção da amizade.

E a culpa sempre ronda sorrateira sua mente, se aproveitando daqueles rápidos momentos onde a clareza das ideias te abandona e dá lugar à dúvida: deveria eu ter tentado mais? Poderia eu fazer algo além? E nessa dúvida você se consome por dias, procura saídas para se livrar dela pensando em como ajudar mais quem não quer ser ajudado. Bate cabeça, estala os dedos, cantarola e nada, nenhuma mínima opção aparece.

Isso porque chega uma hora em que infelizmente você precisa soltar a mão dessa pessoa, a deixar cair mesmo. Até porque só quem chega ao fundo do poço dá o real valor à luz do topo. Os dedos dela vão deslizar dolorosamente pelos seus, os olhos dela vão procurar os seus com um olhar confuso entre o desejo pela salvação e o comodismo feliz da derrota. Mas deixe-a cair, fazer barulho na água lá do fundo.

Aprendi que só posso ajudar quem realmente quer (e merece) ser ajudado. Como disse a cartomante do Irving quando ele foi fazer a matéria da última Junior, “as pessoas são como são”. Tem gente que é feliz caindo no poço, você vai discordar? Não tem como, no máximo tentar ajudar para não sentir aquela culpa filha da p¨%$ que se você não controla te corrói, destrói e até enlouquece. Tem gente que se sente amada quando se vitimiza, se sente valorizada quando se menospreza e se sente muito bem (mesmo mostrando o contrário) quando tudo está uma bela porcaria.

Você não verá pessoas que não querem ser ajudadas levantando suas nádegas do sofá para ir bater cabelo atrás da vida. No cotidiano delas, as tragédias são fortes emoções que movimentam um dia-a-dia marcado pelo alto teor de dramatização de cada pequeno detalhe fora do lugar, cada pequena conta de casa atrasada em um dia que seja. O fim do mundo para quem não quer ser ajudado é uma bela visão porque subentende um novo começo. A esperança não morre para essas pessoas, apenas muda seu curso, sai da caixa de Pandora para habitar uma fase da vida que estará sempre além das mãos de quem se resigna. A esperança nunca morre, mas tarda e pode nunca chegar para quem não quer ser ajudado.

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Escrito por Hélio Filho às 17h40

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Calma, meu saco ainda está normal e não ficou grandão, não é isso que quis dizer no título. Eu confesso que estou gostando bastante da Miley Cyrus. É isso. Prontofalei. Bem franco. O clipe abaixo é pro Rodrigo Barros, um dos meus leitores mais assíduos dentre os milhões que acessam meu blog. Rodrigo, o melhor lugar do mundo é onde estamos, seja lá onde for. Tem sempre um bom olhar que quer ver as coisas ruins como boas. Bom fim de semana!

Escrito por Hélio Filho às 13h54
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O que querem as pessoas simplesmente pessoas?
03/09/2009
Depois do tetrapost (adoro neologismos) sobre o desejo das pessoas compromissadas, descompromissadas, comprometidas e descomprometidas ficou faltando falar das que não se encaixam em nenhuma dessas definições, feitas por mim sem base científica ou valor acadêmico, só para deixar claro. Ficaram faltando as pessoas simplesmente pessoas, e eu recebi alguns e-mails e comentários cobrando isso. Sim, eu ia falar sobre elas, mas ainda não era hora. Agora sim eu posso por um motivo que revelo depois, talvez.Pessoas simplesmente pessoas, que eu chamarei aqui de pessoas apenas, querem acima de tudo ser entendidas porque elas entendem o mundo como ele deve ser. Não como a religião, o Estado, o seu amigo fervido ou sua mãe falou que deveria ser, mas como suas experiências te moldaram para vê-lo. Pode parecer capricorniano demais falar isso, mas o mundo amoroso é prático, há séculos as pessoas amam de variadas formas, com variados objetivos e pelas mais variadas combinações. Por isso, é só observar um pouco para ver como acertar. Pessoas querem ser entendidas em sua visão simples, simples assim.Para as pessoas não há traição, não há MSN falso, não há caixa de mensagens esvaziada por medo e muito menos mal-estar na cama. Simplesmente porque elas sabem que para viver um bom amor ele deve ser sincero, límpido, transparente como uma lágrima de alegria que cai quando o amado aperta sua mão e beija sua boca. Não é sonho, não é fantasia, é realidade simples, pura. Pessoas querem ser entendidas como são, por isso somente as outras pessoas conseguem isso. Quando uma pessoa simplesmente pessoa encontra com alguma das outras quatro definições que fiz o resultado é desastroso, o amor é desencontrado e o beijo amarga, seca, magoa.Ser entendido significa ser amado pelo que se é, pelo que se acredita, faz, briga ou ama. Pessoas têm alma aberta para se deliciarem nas oportunidades que a vida oferece, e nem precisa ser um amor de conto de fadas, precisa apenas ser amor, que é diferente para cada um. Pessoas querem se sentir desejadas porque desejam, querem se sentir amadas porque amam, querem se sentir respeitadas porque respeitam, não querem ser traídas porque não traem (não vou definir traição, isso varia conforme o casal). Querem a certeza der que o beijo é real e não vai ser interrompido por uma festa incrível, um compromisso profissional inadiável ou até mesmo pelo esquecimento do outro.E amar é sim tudo nessa vida, tudo porque amar é bem mais do que apenas gostar de alguém, é aceitar, compartilhar, somar, dividir, multiplicar, estar, ser, entender, defender, perpetuar, sentir, chorar, transar, gozar, olhar, rir, andar de mãos dadas na rua como se ninguém mais existisse. Gays pessoas são aqueles que assumem que têm ou já tiveram perfil naquele site de pegação, que vão à sauna aquecer o corpão, que já fizeram a três (quatro, cinco...), que são ciumentas e que podem trair (mas traição consentida e sabida pelo outro é traição?). Não usam véus de pudor, não atendem celular longe, não abrem o MSN apenas quando sozinhas.Para pessoas, as simplesmente pessoas, a vida é curta demais e o tempo voa enquanto você se preocupa se seu namorado está teclando com o ativo22cmzonasul, se está em casa com alguém ou se foi ao banheiro da buatchy e fez mais coisas do que devia. São seres humanos capazes de confiar no outro porque dentro deles ainda existe essa capacidade, uma certa ingenuidade ainda, boa, necessária para uma vida leve. Você deve conhecer um casal que não se desgruda, que se adora e que não vem reclamar um do outro para você. Se não conhece, ainda vai conhecer, pelo menos eu espero que sim, você só tem a ganhar. Essas pessoas são aquelas que se dão as mãos onde estiverem, se abraçam, se acariciam, se curtem em seu mundo perfeito construído pela força da certeza, do companheirismo. O emprego existe na rotina quando necessário, o terceiro cara da transa só chega quando tudo está esclarecido entre o casal, a festa incrível só vai ter graça se em boa companhia. Ninguém precisa abrir mão das coisas que gosta para ser simplesmente pessoas, pelo contrário, são nossas escolhas, preferências e rejeições que dizem quem somos. O que é preciso aprender com as pessoas é que o ser humano não precisa fazer nada que não queira, não precisa namorar por carência, não precisa ficar com 10 em uma noite para se sentir amado. Todo mundo é gente, todo mundo chora, tem coco fedido, contas a pagar e uma família louca. Todo mundo é gente, todo mundo é pessoa simplesmente pessoa, mas nem todo mundo quer ser simples, por isso existem as outras quatro definições, o que eu acho bem cafona de existir em pleno Terceiro Milênio. Bom mesmo é ser simplesmente pessoa e ser amado por isso, como eu fui.
Escrito por Hélio Filho às 16h17
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Mooseeká
28/08/2009
Depois de quatro posts variações de um mesmo tema, é bom dar uma refrescada por aqui antes de encerrar essa saga sobre o desejo humano. Por isso nada melhor do que uma musqueeenha. O clipe é da Miley Cyrus, que eu não gostava muito porque me remetia à Hannah Montana. Mas não é que a menina é boa mesmo? “Fly on the wall” fala daquela vontade de ser uma mosquinha na parede para saber de tudo o que acontece. Bom findjjji!
Escrito por Hélio Filho às 13h23
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O que querem as pessoas descompromissadas?
21/08/2009
Nada, tudo, quase tudo, quase nada. Elas querem cada hora uma coisa porque a cada hora são uma pessoa diferente. E isso não é ruim e nem quer dizer falsidade, o caráter continua o mesmo, mudam os desejos, as prioridades. Pessoas descompromissadas, em sua maioria geminianos e aquarianos, são soltas por natureza, não gostam de dar satisfação, não querem discutir a relação e qualquer cara feia já é motivo para um não, não te quero mais. Gente de alma solta no vento e com os pés voando naquele espaço que existe entre a incerteza e o inesperado. Gostam de emoções fortes e um sorvete no parque em uma tarde agradável é algo impensável.As pessoas descompromissadas me parecem as que estão em maior número hoje em dia. Elas querem ir para a festa mais legal da noite, com a roupa mais legal da noite, com a bebida mais cara da noite e na companhia de todas as mais bonitas da noite. Não estão erradas, cada um quer uma coisa e deve buscar o que faz feliz. E essas pessoas querem viver, sem pensar muito no que isso quer dizer e apenas abrindo os braços para os ventos do destino as guiar. Por isso mudam tanto, a cada pequena rajada de vento a proa mira outros mares e os que ficaram para trás se tornam apenas um passado, um poderia ter sido, não foi, beijomeliganãovousofrer.Elas estão tão bem consigo mesmas que se bastam, querem apenas um companheiro de viagem noite adentro, e madrugada adentro, afora, adentro, afora. Seus poucos momentos ao lado desse companheiro de viagem podem ser rápidos, mas são intensos. Os descompromissados, ironicamente, são compromissados em se entregar para valer, já que aquela é uma oportunidade única na vida deles, como eles pensam. Por isso o sexo deles é selvagem, de fazer subir nas paredes, o papo é sempre alegre e os programas juntos muito agitados, sociais, badalados. São pessoas que descobriram um modo de vida que lhes parece certo, e muito prazeroso, e por ele caminham. O futuro só a Deus pertence e um relacionamento pode acontecer, mas não terá cenas singelas como a colheita de uma flor perto do banco da praça, é mais fácil a foto em uma coluna social (de verdade, tá? Tipo Danuza, queridinha). Será atribulado, social, dividido com muitos amigos, contatos profissionais e ex-namoricos. É bom e alegre estar com uma pessoa descompromissada, mas também chato e quase asqueroso quando você presencia o peso de um passado hedonista que teima em ser presente por essa falta de compromisso. Está aí um ponto importante: não deixar a descompromissada se fazer passar por descomprometida. Porque tem muita gente que berra aos quatro ventos que é fiel, que quer um relacionamento, quer construir, dividir, somar, multiplicar, fazer a geometria do amor e na hora em que o relacionamento engrena ela cansa, volta a ser descompromissada e f*&¨%-se, quem quiser que acompanhe o ritmo, rápido, delas. É aí que muda o tom do discurso, começa-se a pensar em abrir a relação usando desculpas esdrúxulas que beiram a ignorância, como dizer que porque um casal é formado por dois homens não precisa ser fiel, o que além de ser preconceituoso, clichê e errado é muito senso comum, falta de criatividade.E isso é um perigo, porque uma pessoa descomprometida quer se comprometer, não ficar ao léu esperando uma migalha de atenção da pessoa descompromissada que se passa por descomprometida. Sempre ocupada com tudo ao mesmo tempo (ou seja, nada), a descompromissada deixa cair sua máscara de romantismo e mostra a sua de hedonismo. Uma bobagem fazer isso, em um mundo tão cada vez mais cheio de questões mais urgentes as pessoas ainda se preocupam em querer ser perfeitas, como se nós, humanos, não fôssemos reconhecidos como tais por nossos defeitos. Quando você conhece uma pessoa descompromissada achando que é descomprometida é o céu, ela quer tudo que você quer, vai fazer tudo que você também quer fazer, quer casar, ter um cachorro, ficar junto para o resto da vida, ou até o próximo ataque de hedonismo vir e você ver a máscara cair de novo. As pessoas descompromissadas são ótimas, mas deveriam pensar duas vezes nas pessoas antes de saírem por aí fazendo promessas. Hoje em dia não é preciso namorar anos para noivar e mais anos para casar. O sexo foi liberto e você o consegue sendo sincero, basta acreditar que se você é descompromissado é porque te faz bem e é assim que você deve agir. As pessoas descompromissadas são subjetivas, leves, circulantes, sedentas. Por isso, misteriosas, intrigantes, encantadoras, como as sereias. Bom mesmo é seguir o conselho de Homero e tapar os ouvidos para o belo canto se você quer seguir sua viagem para além do pequeno território delas. Porque o canto das sereias é belo, gostoso, atraente, mas te faz mal e impede você de seguir viagem, não dura para sempre. A não ser que você faça a Odisseu e se amarre. Mas aí vai uma dica: deixe-se amarrar (pode ser literalmente) por quem está na mesma onda que você. Senão você fica à deriva em alto-mar e o outro morre na praia.
Escrito por Hélio Filho às 17h37
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O que querem as pessoas compromissadas?

Compromisso, óbvio. Mas o compromisso delas pode ser de vários tipos: tem quem case com o trabalho, quem case com a família, quem case com os estudos, quem case com uma missão espiritual ou até mesmo, pasmem, quem case com o namorado. O que importa é se sentir compromissado, ter algo pelo que levantar todo dia de manhã, seja lá para que. É a necessidade de ter algo em mente para ser executado, sentir preocupação (não muita, ok?) com algum desafio, algo a ser realizado.É mais comum as pessoas compromissadas casarem com o trabalho. Capricornianos e taurinos são os que mais fazem isso. Então a pessoa compromissada depende daquilo para viver (não só no sentido econômico) e organizar sua vida a partir disso - porque tem gente que vive e nunca consegue organizar sua vida. Então essas pessoas não se importam em sair de madrugada do trabalho, levar relatórios ou qualquer outro tipo de documento para analisar em casa em vez de ver a novela e passar o Dia dos Namorados enfiadas em algum projeto para o futuro, aproveitando seu tempo profissionalmente enquanto a maioria o faz emocionalmente.Não só porque são pessoas racionais demais e muitas vezes acreditam que namorar é agendar encontros entre uma reunião e outra, mas também porque nem todo mundo é movido a sentimento, o que não quer dizer uma predominância da racionalidade. Não significa uma predominância racional porque pode ser que algumas dessas pessoas sejam almas tão vazias e sem rumo de si mesmas que se apegam àquilo que têm de mais certo em suas vidas: a rotina de compromissos. Fica mais fácil viver assim, mais fácil, talvez não melhor.Pessoas compromissadas acordam com seu dia planejado, suas tarefas definidas e até suas refeições com menu escolhido. Isso porque nada pode atrapalhar o planejamento dos compromissos. Então, um pequeno imprevisto vira um furacão imenso. Elas acreditam (e quem vai dizer que é errado?) que precisam enxergar coisas que fazem parte deste planejamento, por isso muitas vezes passam batidas por um bofe lindo, uma mulher estonteante, uma travesti exuberante ou tudo isso ao mesmo tempo (ui).Aí fica uma dica: para se fazer notar pelas pessoas compromissadas não é preciso necessariamente que você seja uma delas, não. É preciso que você seja interessante, mais interessante do que o relatório a ser lido, a conta a ser paga ou a oração a ser feita. É exatamente aí que mora o problema, porque as pessoas descompromissadas não querem nem saber de fazer muitas concessões, investir muito em um perfil interessantemente sério, elas são elas mesmas ou quem escolheram ser. As comprometidas têm o problema da indecisão e as descomprometidas da falta de certeza de que pode render um comprometimento. Sim, complicado.Restam as pessoas compromissadas como elas mesmas ou as simplesmente pessoas, que são todas e nenhuma ao mesmo tempo. Agora imagine como é uma pessoa compromissada namorando outra.... “Oi, te dou um beijo naquela reunião das três?” “Amor, faz um relatório do seu adultério?” É claro que isso é só um exagero, mas a coisa é meio por aí. Corre-se o risco de fazer sexo com hora marcada e passar o aniversário de namoro fazendo planilhas – ao mesmo tempo em que você goza da sensação de que se conseguiu conquistar uma pessoa compromissada, coisa difícil de acontecer. Mas quando acontece e você consegue tirar a planilha da mão dele, o que só depende da sua capacidade e poder de sedução, ah, queridaaa! Aí a coisa pega fogo, você tem a certeza do gostar, do construir, do vou estar aqui e isso enche muita gente de tesão. Que o diga eu. As pessoas compromissadas são aquelas maçãs do alto do pé daquele ditado popular bem famoso. Trepe e alcance-as, ou vice-versa.
Escrito por Hélio Filho às 13h18
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O que querem as pessoas descomprometidas?
19/08/2009
Primeiro é bom separar os descomprometidos, aqueles que não namoram, dos descompromissados, aqueles que nem querem saber de namorar. As pessoas descomprometidas buscam sua metade platônica, o calor do abraço no começo do sono. É claro que essa busca é cheia de escolhas erradas, expectativas nunca atendidas e desejos que só existem de um lado da relação. Administrar isso, esse espaço entre o ideal e o real, é ser tolerante, desejar a companhia de verdade.As pessoas descomprometidas muitas vezes abrem mão de suas convicções mais fortes em nome de um possível comprometimento. Não sabem viver sem se dedicar, dividir, somar. Então querem ficar completas com alguém que goste mais do recheio do que do biscoito, já que você gosta mais do biscoito do que do recheio. Querem alguém que goste mais de drama do que de ficção científica, já que você tem horror ao espaço sideral. Mas nem sempre conseguem.O que querem as pessoas descomprometidas é suprir a necessidade que têm de jorrar seu amor para além de si mesmas, em uma entrega profunda que só um sentimento assim proporciona. Mas nem sempre elas conseguem, repito. Nasce daí uma frustração, uma descrença no comprometimento, no ideal de amor, uma queda da poesia romântica embalada por anos no coração do amante. Essa é a hora em que fica claro que o autoconhecimento é tudo nessa vida. Basta se conhecer para saber que a frustração é algo superficial, que só cultiva rancor. Basta se conhecer para saber que você pode ser uma pessoa muita mais bonita, por dentro e por fora, do que você imagina. Basta se conhecer para se valorizar, não cair na armadilha de namorar alguém por carência, medo da solidão. Basta se conhecer para adorar sua própria companhia, ficar bem consigo e, aí sim, ficar bem com os outros. As pessoas descomprometidas buscam se comprometer, mas muitas vezes ficam no meio do caminho por medo dessa frustração, do “não deu certo mais uma vez”. Não pode. O medo afasta a possibilidade de uma conversa gostosa no meio da noite, um calorzinho de tesão quando o telefone toca ou os sonhos loucos com alguém com quem quer se comprometer. As pessoas descomprometidas só querem ser comprometidas, falta só com quem. Agora, o que querem as pessoas descompromissadas? Ah, isso eu conto no próximo post.
Escrito por Hélio Filho às 17h32
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terça-feira, 18 de agosto de 2009

O que querem as pessoas comprometidas?
18/08/2009
O mundo gay, se é que existe um que não seja apenas uma parcela do mundo como um todo, é mesmo muito engraçado. Existem regras, não sei se dá para chamar assim, normas de conduta aceitáveis bem diferentes do chamado mundo heterossexual (branco, judaico-cristão, capitalista). São comportamentos que provam à toda hora que o mundo é mesmo feito de escolhas. Existem casais, muitos, que levam o tal do relacionamento aberto, onde não existe cerca para pular, camisa para costurar para fora ou testa para colocar um belo chifre. Não chega a ser normal, mas é comum e eu admiro quem tem a sinceridade de dizer na lata a verdade quando te conhece. E toda bicha pode topar com um deles por aí, a metade de um casal soltinho. Quando rola a sinceridade e você sabe até onde dá para ir, ou até onde vai para dar, não tem crise para quem é solteiro. Afinal, você é solteiro, quem é comprometido é ele, tudo é consentido e entre maiores de idade e depois do suspiro profundo do orgasmo você continua não precisando dar satisfação (até porque já deu, já satisfez). Mas nem sempre essas pessoas pensam assim e acabam fazendo um rolo na sua cabeça.Um rolo porque ao mesmo tempo em que está bem definido, claro, límpido, óbvio que só vai rolar um lerê de cama já que ele já tem namorado, nem sempre o ele da história se dá conta disso. Eu acho que é porque algumas pessoas precisam muito estar no controle da situação, e nesta situação o controle é do solteiro, convenhamos. Então tem gente que além de manter o jardim de casa quer aparar a grama do vizinho, não só visitar. E então tudo se complica.Complica porque a linha que separa o te ligar para um “boa noite” do “vem cá meu bofe gostoso” fica tão tênue que some. Aí você não sabe se embarca na onda gostosa de uma conquista sem futuro (ou não, vai saber) ou finca o pé no chão e continua nos poucos momentos intensos. Como bom capricorniano, fico com a segunda. E fico porque eu sou humano, tenho sentimentos e eles podem ser cativados por palavras doces, toques de arrepiar cada fio de pêlo e momentos divididos que batem fundo no coração mesmo que o tempo passe; os momentos de eternidade, que certa vez ouvi de uma metade dessas. Então, meu conselho, que se fosse bom eu alugaria (porque vender nessa crise tá bravo), é aproveitar cada coisa conforme seu propósito. Entrar em cada situação com tudo muito bem esclarecido. É só sexo? É sexo e papo? É sexo, papo e companhia? Vale repetir a sinceridade de dizer que é comprometido para dizer também se é só uma visita ou se vai ficar para o jantar. E dizer o que quer, com todas as letras, para eu nunca mais fazer a pergunta do título.
Terra
14/08/2009
É engraçado pensar que a Terra está viva. É claro que isso sempre foi assim, ninguém nunca ensinou o contrário (a não ser alguns mais pessimistas), mas sentir isso fisicamente é diferente. E na Amazônia isso fica claro, é um tapa na cara de realidade, a Terra está viva e vibra. Andando pelo enorme Rio Solimões dá para sentir o coração do planeta literalmente vibrando, e juro que não era o motor do barco.A sensação que dá é que a selva te abraça, bem Mãe Natureza mesmo. O legal é ir para curtir essas coisas, se conectar mesmo com a natureza, sentir a textura da folha, pegar no tronco da árvore centenária e se deslumbrar com o espelho sem fim que a água forma. Na selva amazônica tudo parece estar sobre uma pintura impressionista, como se a árvore real quisesse dizer que até ela pode ser bem mais do que simplesmente é ali, naquela hora. A gente sempre pode se projetar para fora de si mesmo. E o céu de noite não tem adjetivo que classifique. Para quem há um tempinho não vê as estrelas sem muita luz por perto, olhar para o céu da noite amazônica foi como entrar em um telescópio sem destino, com a única missão de ficar apreciando cada brilho de cada pequena, grande, média, ofuscada ou brilhante estrela. E tem milhões delas, infinitas, para fazer os olhos sumirem no meio de uma manta de pequenos pontos de diamantes em um veludo negro.Quando se entra na selva, ah, aí sim, aí você sente realmente quem é, um animal mesmo, inserido em um sistema perfeito orquestrado por essa energia do coração da Terra. Como deveria ser, como era. O Homem volta a ficar impotente diante de tantas árvores gigantes, sucuris enormes e uma riqueza de vegetação que só mesmo quem mora lá faz tempo para conseguir caminhar por ela sem se perder. Tudo é verde, selvagem.E eu curti mesmo essa viagem de natureza, me deixei levar e tive uma experiência inenarrável, contada apenas na boca de siri para alguns poucos amigos. Coisas que só a maior floresta do mundo pode reservar. Essa conexão com a natureza eu tenho desde quando morava por muito tempo no Pantanal, mas ficou mais forte, mais elaborada e esclarecedora. É bom se dar conta de algumas coisas enquanto é tempo, como ir para a Amazônia antes que tudo lá vire propriedade de ONGs internacionais.
Escrito por Hélio Filho às 15h27
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Muito
11/08/2009
Voltei da Amazônia com tanta coisa para pensar que preciso de mais um dia para postar sobre a viagem, ok? Beijomeliga (se tiver meu número).
Chairlift para o friozinho
24/07/2009
Chairlift é uma banda de Nova York que toca um som bem legal, meio lounge, mas nada daquelas músicas para segurar taça de champagne e posar para a foto. Depois de dois dias de chuva sem parar em São Paulo, o fim de semana promete ser calminho. Pegue seu edredon, a caneca de chá/café/seiláoquê e dá um play no vídeo abaixo, "Planet Health".

Escrito por Hélio Filho às 18h21
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Sónusucu
21/07/2009
E não é que hoje faz nove meses que eu parei de beber completamente? O tempo passa tão rápido que a gente nem vê, só sente que se acostumou a ir para a pixxxta com um gelado refrigerante na mão, ou água de côco, delícia. Parei de beber e suas consequências, aquilo de uma coisa puxa a outra, sabe? E sim, eu vou para a balada normalmente, danço a noite toda e me divirto, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita.Dá sim para se divertir sem beber, sem isso ou aquilo. Mas não é fácil, você só se diverte de cara limpa depois de ter sujado a cara, quando está bem consigo, e estar bem consigo acaba se tornando uma consequência. Ser abstêmio não traz só bons resultados no corpo, na saúde, mas na mente também. Tudo fica mais claro de ser visto, você consegue enxergar em perspectiva e lançar o olhar além do copo, da mesa.Mas isso não é uma crítica para quem gosta de meter o pé na jaca, pelo contrário, cada um faz o que acha que faz a si mais feliz. Quando eu usava essa fruta grande de pantufas aos fins de semana era bem legal, adorava voltar para casa meio-dia, zzzuper bem, daquele jeito. É legal, é gostoso e quem achar que deve tem todo o direito de se jogar.Prova disso é que acabei ficando de irmão são todas as vezes que saio (quatro vezes neste ano), jogo água na nuca do amigo para refrescar, dou a mão para o outro segurar enquanto balança a cabeça sem parar sem nexo algum, guardo o dinheiro do que vai entrar no dark, abano quem está virando o olho e fico sempre atento às elzeiras que querem se aproveitar das jogadas. E é legal, é uma forma de demonstrar carinho e cuidado com os amigos, sem julgar, como deve ser. Passou mal? Compra uma Coca-Cola gelada pro amigo e sente-o para um descanso.Como nem tudo são rosas, tem a parte ruim de não conseguir conversar muito com as pessoas simplesmente porque você ainda está em um mundo tridimensional e não foi parar na sétima dimensão, aquela onde você pega o passaporte na cabine fechada do banheiro. Aí fica f%$# mesmo. Primeiro porque o gato não pára de dançar para falar com você direito, segundo que a dicção fica completamente alterada com os maxilares rijos o tempo todo, terceiro que o suadouro da sudorese é um pouco nojento e quarto que se você conseguir superar tudo isso ainda corre o risco de ter uma noite bem “mole” por causa dos efeitos colaterais dessa sétima dimensão. Mas ok, tem gente interessada em tudo e com certeza a realidade prova que esse povo tem sua cara-metade. Nove meses depois, eu agora espero a noite de sexta-feira ansioso para dormir bem cedo e ter uma boa e bem longa noite de sono que acaba só por volta das 10 da manhã do sábado. Aliás, a manhã de sábado sem álcool nas veias é tão linda que por si só valeria a abstinência, o sol, o calor e um dia inteiro a ser construído com calma. Sem contar que sua cabeça está leve, seu nariz consegue respirar e sua consciência não vai te golpear flashes vergonhosos da noite passada durante todo o dia. Um brinde ao suco de laranja na balada!
O Picasso do moreno
08/07/2009
Estava eu saindo de minha avarandada casa hoje pela manhã rumo à Redação deste site que você está lendo agora quando tive uma visão bela, quase renascentista (não fossem os buracos imperfeitos da calçada): um moreno alto, bonito e sensual com um corpo de dar inveja ao Davi. Mas não pára por aí, ele estava lavando seu carro, de camiseta branca apertada, calça marcando bem as curvas corporais (principalmente o delicioso kibe) e um cinto que, para minha alegria, estava um pouco largo demais.Lá estava esse moreno lindo, quase em frente da minha casa, (se estivesse em frente, ia fazer um café na hora!) protagonizando aquela cena quase ficcional. Parecia bastante uma cena daquela antiga série da Globo “A Desinibida do Grajaú”, onde a mulher em questão (acho que a atriz era a Claúdia Alencar) ia lavar seu carro e, propositalmente, transformava isso em um show para os olhos masculinos (e das bolachas também, claro). E o moreno lavava seu Xsara Picasso com carinho, talvez sem querer, mas provocando.Jogava água em seu Picasso e seu Picasso ficava molhadinho. O líquido escorria por todos os lugares do Picasso, deslizavam em ondas que abraçavam aquela coisa enorme, linda, me despertando uma vontade louca de subir no Picasso do moreno e ficar lá o dia todo aproveitando essa sensação deliciosa de estar sentado em um Picasso. Diminui o ritmo do passo para não passar tão logo por ele, queria olhar mais. Oras, não é todo dia que um homem lindo daqueles decide lavar o carro quase em frente de casa, tinha que aproveitar. No máximo, o borracheiro da esquina lava seu calhambeque de sábado para levar a família para ver a avó em alguma cidade aos arredores de São Paulo. Um moreno com um Picasso nunca pode ser menosprezado!E fui subindo, subindo, olhando o moreno, o Picasso, aquele líquido escorrendo fartamente do Picasso. Uma loucura. Como o moreno não ia pagar minhas contas, tive que vir trabalhar e passei pelo moreno, abandonando aquele antes tão privilegiado campo de visão. Continuei subindo a ladeira da minha casa rumo ao metrô. Claro que dei uma olhadinha ou outra para trás para ter certeza de que não era um sonho atrasado, que se recusou a ir embora quando eu levantei da cama.Continuei subindo, mas agora muito mais animado. Afinal, tinha um moreno delicioso com seu Picasso bem atrás de mim.