terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Cansa

Cansei
E nem foi de ser sexy
Nem foi do Lula
Cansei, só, cansei

Talvez de ser só
Talvez de ser muito
Talvez de ser sempre
Talvez por não ser

Cansei de mim
Não me quero mais
Não assim
Quero outro eu

Um eu menos
Um eu mais
Um eu às vezes
Um eu, eu

E eu com isso?
E meu cansaço?
E meu eu?
Onde está meu eu?

Cansei de todo mundo
De ninguém
De tudo
De nada

Estou cansado
Por isso de tudo
Por isso por nada
Vou descansar, tchau.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Poesia de um sem tempo

Foto: Robert Mapplethorpe

Acha?

Enquanto você procura
Eu achei
E foi fácil
Foi só olhar aqui dentro

Você não sabe procurar
Fica rodando em volta de si
Em volta dos seus problemas
Não faça isso

Eu achei depois de algum tempo
Precisei rodar também
Mas achei
E, repito, foi fácil

Bastou olhar tudo de cima
Sem pressa, com sobriedade
Olhar e perceber que tinha que mudar
Você acha que achou, mas não

Eu achei
Não o mesmo que você
Achei melhor, achei eu mesmo
E isso foi fácil de encontrar


Fecho

Tenho medo
De abrir
Descobrir
Chorar

Quase certeza
Medo, mais medo
Paranóia
Um pesadelo?

Penso
Toda hora
Todo dia
Mas continuo

Sinais
Sinais fortes
Sinais ignorados
Sinais de medo

Preciso abrir
Mas não quero
Tenho medo
Um dia a tampa estoura

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eu não

E hoje é sexta-feira, todo mundo querendo ferver. Eu não, vou para a casa de um amigo beber, ouvir música e conversar. Faz tempo que não bato um bom papo com alguém legal. Vou fazer uma sexta-feira diferente, longe de música alta e muita gente, mas nem tão longe assim de outras coisas. Inclusive, ultimamente tenho estado (a sobreposição de verbos que odeio) bem calmo, sem muita animação pra sair e amanhecer na rua. Será que estou ficando velho?

Acho que com a revista chegando às bancas hoje, fim da cobertura de Eleições e uma nova idéia de vida na cabeça, estou mesmo é a fim de digerir tudo isso, saber o quê é direito, viável. Bom, vamos ver os acontecimentos de hoje, é minha prova de fogo em nome de uma nova série de atitudes positivas para minha vida, inclusive, preciso tomar uma atitude e postar mais aqui. Gente estou vendo teias de aranha por aqui, credo.

Acho que é isso por hoje.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Aula de civilidade

O universo das transexuais está desnudado para quem quiser ver, e admirar, no livro “Olhares de Claudia Wonder” (Edições GLS), escrito por uma das trans mais famosas e respeitada do Brasil, Claudia Wonder, claro. Em 181 páginas que reúnem crônicas, entrevistas e relatos, miss Wonder abre as portas do universo transexual para mostrá-lo de modo verdadeiro, real, longe de estereótipos e totalmente livre de preconceitos. As trans estão nuas, no sentido figurado, abrindo suas vidas e contando seus medos, angústias e suas trajetórias de vida, que nem sempre são fáceis e rodeadas do glamour dos shows feitos por elas. Um tapa na cara de muitos homossexuais que se acham superiores a elas simplesmente por serem mais bem-sucedidos profissionalmente, mas mal sabem que estão abaixo por nem sempre serem tão felizes quanto.

É mais do que um livro, é um documento, um recorte social, um registro histórico desse movimento no País e suas reverberações fora dele com a presença de muitas delas em países como Itália, Alemanha e Suíça, onde a própria autora morou por anos. Na capa, Claudia aparece bela e serena mostrado sua cara, como quem quer dizer que não tem medo de preconceitos arcaicos e que está disposta a dar o outro lado da face a quem agredi-la. Coragem e força tiradas de anos de luta sincera por dignidade e visibilidade. Marcas registradas de quem conhece bem Wonder. Ela revida os ataques com estilo, classe, em forma de palavras doces que são um soco no estômago de preconceituosos. Linda, educada, inteligente, mas alerta e pronta para se defender, sempre com elegância.

Dividido nos temas “Trabalho e profissão”, “Entrevistas”, “Identidade de gênero”, “Outras histórias”, “Perfis”, “Preconceito” e “Religião”, o bem escrito e elaborado texto desse ícone trans é uma leitura essencial para quem ainda carrega em si o que a própria autora, por várias vezes na obra, chama de homofobia internalizada, ou seja, aquela que é a pior de todas: a que vem dos próprios homossexuais. Antes de criticar ou menosprezar uma trans, é altamente aconselhável que se leia “Olhares...”. Com o perdão do trocadilho, seu olhar pode mudar radicalmente e você corre o maravilhoso risco de saber que também faz parte desse universo, mesmo não sendo uma trans.

Afinal, estamos todos envolvidos na mesma luta, somos vítimas dos mesmos preconceitos e desejamos as mesmas coisas. O que Wonder chama de antropofagia das tribos dentro do universo LGBT pode ser exterminado se você tomar consciência que as trans não são apenas prostitutas, cabeleireiras ou artistas. Elas são também advogadas, professoras, esteticistas de renome e, acima de tudo, seres humanos que tiveram a coragem de se assumir como realmente são em nome da felicidade plena de estar bem consigo mesmas, mesmo que isso implique no afastamento dos mais preconceituosos. Pior para eles.

Em seus textos, ela relembra um pouco de sua trajetória, destaca personagens antológicos que fizeram história no Brasil, percorre um pouco da história trans na Humanidade (revelando que isso existe desde a época das cavernas), mostra conhecimento de causa e cita com propriedade pensadores como o filósofo alemão Friedrich Nietzsche e o psicólogo suíço Carl Gustav Jung para dizer: somos gente, merecemos respeito e devemos ser admiradas porque temos coragem o bastante para sermos felizes do jeito que queremos, e não como dizem que é certo. Dê-se a oportunidade de ser guiado pelos olhares de Claudia Wonder e conheça mais sobre um mundo que também é seu. Olhe, admire, e aprenda. Até porque, críticas maldosas você pode deixar para a esmagadora maioria da sociedade, ok?

A obra será lançada no dia 10 de setembro, a partir das 19 horas, na Livraria Cultura - Loja de Artes do Conjunto Nacional, que fica na Avenida Paulista, 2073, em São Paulo.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Sem título


Vamos para um post bem íntimo de desabafo?

Meu pai chegou sábado aqui em São Paulo. Estava me ligando, mas não conseguiu falar porque eu estava em Juiz de Fora. Cheguei no domingo e liguei meu celular, que vive sem bateria, e vi que ele havia me ligado várias vezes. Meu pai já tinha vindo a São Paulo no mês passado, em um encontro que me deixou arrasado emocionalmente, mas feliz porque percebi que ele me admira. Depois de 24 anos procurando a aprovação dele, ao ver seus olhos vermelhos e (muito) lacrimejantes de orgulho percebi que ele me admira. Só não deu ainda para conversar sobre orientação sexual, ainda é muito cedo.

Voltando à segunda visita, me senti mais à vontade para vê-lo, mais confiante e até feliz, estava com saudades. Pela primeira vez na minha vida eu senti saudades do meu pai. Pode soar frio isso, mas é uma longa história de 24 anos de tentativas de aproximação sempre fracassadas. E lá fui eu. Saí da redação e ainda tinha que ir cobrir mais uma dessas reuniões políticas voltadas para os LGBTs. Em época de campanha, todo mundo adora gay, respeita travesti e acha as lésbicas lutadoras. Saí da reunião e desci a Nove de Julho. Ele me ligou duas vezes me perguntando se eu já estava chegando, o quê achei meio estranho, percebi uma afobação fora do comum para o meu pai, um homem sempre muito rígido e que faz questão de nunca demonstrar fraqueza (me vejo nele daqui há alguns anos).

Cheguei ao hotel e dei um abraço nele e em minha madrasta, que para mim não fede nem cheira, não odeio nem amo, é apenas mais uma vítima da minha indiferença filosófica desenvolvida às muitas custas de leituras incessantes. Fomos jantar. Papo vai, papo vem. Comemos uma pizza, conversamos descontraidamente e, de repente, veio o golpe fatal. Tudo o quê eu havia imaginado sobre meu pai mudar sua postura com relação aos filhos dele (eu e minhas três irmãs) foi abaixo. Ele me pediu uma procuração de compra, venda e representação (não entendo bem disso e nesse caso prefiro continuar ignorante, nem quero ver no quê vai dar) para fazer negócios com terras no Tocantins, onde ele mora.

Não sei, realmente não sei. Sempre foi uma dúvida para mim as intenções do meu pai. Tenho medo que essa aproximação seja só para conseguir essa procuração e fazer sabe Deus o quê em meu nome. Mas, puta merda, ele é meu pai, sou o único filho homem (porque sim, eu sou muito homem) dele. Será que vem aí mais uma surpresa? Será que fui ingênuo? Não sei, repito. Vou dar a procuração e espero que tudo se resolva da melhor maneira possível.

Nos encontramos hoje de manhã de novo para ir ao Cartório, mas meus documentos não estavam regulares e a procuração ficou para outro dia. Pelo menos ganhei tempo para consultar minha irmã mais velha, que sabe o quê meu pai realmente quer. Pegamos o metrô e ele desceu na estação Trianon-Masp, antes de mim. Quando ele saiu do metrô, sem nem me dar um abraço ou dizer um simples "obrigado", meu coração apertou e eu não consegui não chorar. Ele é a única pessoa da minha família hoje em São Paulo e me trata como um estranho. Não consegui parar de chorar. Desci na estação Vila Madalena e não consegui ir direto para o trabalho. Fiquei uns 10 minutos chorando até conseguir me controlar. Eu nunca choro, por isso, quando começo, demoro para parar. Mas foi isso, agora estou aqui, me segurando cada vez que lembro disso, inclusive agora.

Babados barbados


Relato originalmente publicado no MixBrasil. Depois eu faço um mais quente, com mais detalhes, hoje estou sem cabeça para nada.

Sexta-feira, 15, eu chegava de mochila nas costas à Avenida Vieira de Carvalho, no centro de São Paulo, para embarcar em uma excursão diferente, inusitada e que prometia todo tipo de surpresa: a viagem organizada pela drag queen Salete Campari rumo a Juiz de Fora, Minas Gerais, para participar da Parada da cidade e do Miss Brasil Gay 2008. À espera do ônibus, com o doce nome de Caramelo e um tiozinho motorista que fazia cara de paisagem toda vez que alguém dava bafão, travestis exibiam grandes óculos, douradas bolsas e até casacos de pele. Como ainda era dia útil e horário comercial, nosso grupo já chamava atenção, mesmo em uma região acostumada á diversidade como a do Arouche.

Gays, solteiros e comprometidos (e aqueles que ficam no meio disso com seus relacionamentos abertos), fervidos e discretos, dividiam a expectativa com relação ao evento mineiro. “Vai ser babado”, “Não perco por nada” e “Vou aqüendar” eram as frases mais freqüentes. Três candidatas a miss também foram na viagem, sempre concentradas.

Depois de um pequeno atraso, cada um se aconchegou em um dos bancos e não demorou para o burburinho começar. A estilista Anthara Gold, que confecciona vestidos especialmente para candidatas, era uma das mais animadas e fervia com todos. “Vamos parar para almoçar daqui a duas horas e meia, não quero saber de gente enrolando na parada comprando bijouteria, maquiagem e meia-calça”.

No banco ao lado do meu, Kaká di Polly se mostrava fofíssima oferecendo sua provisão de remédios caso alguém tivesse dor de cabeça ou sentisse enjôo. Com sua experiência, ia relembrando algumas histórias impublicáveis sobre sua vida sexual em outras épocas. Um dos babados mais fortes foi sobre a inauguração do dark room da Blue Space. O roubo de uma peruca dela, “importada, caríssima”, durante um Carnaval também veio a público, fazendo todo mundo rir pencas.

O fervo, como sempre, ficou no fundo do ônibus. Quem quisesse dormir que procurasse outros bancos, ali era a área de fofocas, babados fortíssimos, troca de figurinhas sobre bofes e os vestidos das misses e avaliações sobre os concursos anteriores. Com a também estilista Michelly X, Anthara e Kaká formaram o trio que perpassou algumas edições passadas, apontando alguns erros (e erradas) e reconhecendo os acertos. É claro que também rolou muita paquera. Um colega de profissão não resistiu a um par de olhos verdes sentado ao seu lado e se jogou nos braços do rapaz. Um moreno, alto, bonito e sensual também não ficou sozinho bem perto de mim.

Posto 24
Na primeira parada da viagem, para o almoço, olhares curiosos percorriam o grupo que descia do Caramelo cheio de bolsas brilhantes, óculos escuros enormes, salto alto, cabelos esvoaçantes e um jeito manhoso de falar. “Mona, tá babado esse almoço”, dizia uma integrante do grupo sobre a polêmica provocada com nossa presença. Com aquela preguicinha de pós-almoço, muita gente dormiu, mas outros preferiram continuar nos beijos e abraços ou dividindo segredos por entre os bancos. Barbies, travestis, ursos, drag queens, misses... Quase toda a diversidade do mundo gay estava ali.

Chegando a Juiz de Fora, uma parte do povo ficou em um hotel, outro foi para um segundo e eu parei em um terceiro. Acho que a idéia dos organizadores era mesmo dividir esse povo todo. Imagina todo mundo junto em um mesmo hotel! Durante os três dias de eventos, nos encontrávamos esporadicamente em diferentes lugares para trocar figurinhas. “Nhaimmm, como está o fervo?” O colega de profissão foi um dos que mais aproveitou, alcançando uma marca considerável de conquistas amorosas, mas abafa!

Depois de Parada e Miss Brasil Gay, voltamos no domingo. Eu olhava as três candidatas, desmontadas, e não conseguia acreditar que aqueles garotos quietinhos que estavam sentados atrás de mim eram aquelas três transformistas super produzidas que subiram no palco do concurso. Não me contive e peguei a máquina fotográfica para conferir. “Essa é você?” “Sim, sou eu.” “Essa é você?” “Sim, sou eu!” Fiquei bege, ou melhor, fúcsia, como diria uma das novas amigas do ônibus.

No caminho de volta, não faltaram histórias a serem contadas. Algumas contabilizavam suas conquistas amorosas, outras contavam até que ponto a bebida pode deturpar (muito) a visão e outras, bom, é melhor não comentar, o horário não permite. Mas o mais legal é que não teve briga, nenhuma peruca voou, nenhum salto quebrou e nenhuma maquiagem borrou. Fomos e voltamos bem, voltamos melhores, na verdade, com algumas doses de whisky e vodca na cabeça e muita conversa fiada na ponta da língua. Teve gente que ainda encontrou energia para se jogar na Danger. Que venha a próxima! Ah sim, para não comprometer os viajantes, não tem álbum de fotos.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Na minha boca


Está difícil escrever diariamente aqui. Meu ritmo de vida tem estado (nunca gostei da sobreposição dos verbos “ter” e “estar”, mas ok) muito acelerado e vem esmagando meu cotidiano. Ontem talvez tenha sido um dos dias mais corridos dessa temporada paulistana, que completa um ano na sexta-feira, 15. Acordei super cedo para ir ao dentista em mais uma visita mensal – e cheia de esperanças de que minha dentista ia falar “pode tirar o aparelho de cima” – e segui rumo à região do Shopping Eldorado, onde fica a clínica.

É engraçado como eu consigo, e sempre consegui, precisar o tempo que vou gastar para tomar banho, me trocar, tomar café e chegar até onde preciso ir. Estava tudo certo no cronograma, nenhum minuto adiantado, nenhum segundo atrasado. E lá fui eu subir a Consolação e descer a Rebouças dentro do ônibus (a falta de metrô para aquela região é de doer!). Desce, desce e desce. Quando cheguei ao ponto em que deveria desembarcar, uma moça ficou na minha frente e eu não pude ver que era ali que eu deveria descer. Resultado: tive que desembarcar um ponto à frente, o quê significou atravessar a ponte em cima da Marginal Pinheiros e andar um pouco mais. 10 minutos de atraso, odeio me atrasar, odeio que se atrasem, odeio que me atrasem.

Anda, anda, anda. Fiquei morrendo de raiva de mim mesmo e querendo sufocar aquela moça de casaco verde (bonito, confesso). Cheguei à consulta e tive que esperar minha dentista terminar de atender o paciente que entrou na minha frente na fila, já que eu estava atrasado. Já tinha visto tudo: é um efeito dominó essa questão de atraso, basta atrasar o primeiro compromisso para o resto do dia seguir a ordem atrasada. Já pensava que chegaria atrasado na Redação, na pós-graduação, enfim.

Paguei a mensalidade (é bom, né?) e sentei na cadeira. Nunca tive problemas nem muito menos medo de dentista. Fico quieto e deixo eles fazerem tudo logo de uma vez para acabar o quanto antes o processo. Aí a minha querida doutora Danielle (adoro os dois “L”) fez aquela manutenção básica no aparelho e avisou: “vai ficar um pouco dolorido embaixo porque eu vou apertar mais e colocar uma mola”. Usar aparelho é isso, um monte de ferro, molas, borracha e fios na sua boca. Mas enfim. E doeu mesmo, nem consegui jantar direito. Além disso, ela me recomendou o uso de um elástico para “puxar o dente para fora”.

Mas uma boa notícia: ela disse que se eu usar regularmente o elástico, em três meses tiro a parte de cima desse emaranhado de fios e ferros. Ok, seria melhor ainda se eu conseguisse encaixar o elástico depois de ter almoçado. Ela colocou rapidinho com um instrumento cirúrgico, mas eu, com a mão, não consigo repetir o procedimento. Ou seja, não estou usando a bosta do elástico. Vou ter que comprar uma pinça ou algo do tipo para conseguir colocá-lo.

Saí de lá já atrasado e pensando na maneira mais rápida de chegar à Vila Madalena. É inaceitável que a quarta maior cidade do mundo e a maior da América do Sul não tenha um sistema metroviário satisfatório. Isso me irrita, incompetência me irrita! Decidi pegar um ônibus e descer na Paulista para pegar o certeiro metrô. Nossa, acho que nunca corri tanto, e cheio de bolsa, casacos, afe! Mas consegui, cheguei 30 minutos atrasado apenas, mesmo assim chateado com o atraso. Odeio atraso, repito.

Lembra do dominó? Pois é, dito e feito. Cheguei à pós uma hora atrasado e dei de cara com um professor que nunca tinha visto. Um novo módulo, Metodologia, já estava sendo ensinado e o programa das aulas já devidamente explícito no retroprojetor. Mas sempre tem uma coisa boa. Nesse programa, vi que vamos estudar coisas deliciosas como epistemologia, ética, política, estética e mais outras divisões do meu amor Filosofia. Será mais um módulo subjetivo, de discussão, de idéias, de pensamentos, do jeito que gosto. Fiquei animado e não vejo a hora de meter a cara na bibliografia desse módulo, que inclui nomes deliciosamente sonoros como Nietzsche, Aristóteles, Darwin e Platão.

Até tentei jantar no intervalo, devagar e sempre. Consegui, com dificuldade. Hoje meu dente amanheceu doendo mais ainda e eu com mais raiva do que nunca por não conseguir colocar esse inferno de elástico. Quero tirar logo esse aparelho, me sinto um adolescente tardio com ele, ridículo. Sem contar na boca toda detonada. Vou almoçar agora e comprar a pinça providencial. Quem sabe quando eu terminar de estudar a epistemologia da Metodologia já não estarei sem aparelho?

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Contra a corrente


Na quarta-feira, 6, fui ver o Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), em cartaz até o dia 31 de agosto na Galeria de Arte do Sesi, em São Paulo. Saí com sentimentos muito paradoxais: encantado com as instalações e puto da cara com a arte contemporânea. O File reúne 300 artistas de 30 países que utilizam a linguagem eletrônica para fazer arte. Ok, a iniciativa é válida e deixa de boca aberta quem adora tecnologia. São instalações interativas que permitem ao espectador se tornar parte da obra ao interagir com ela e transformá-la.

Tudo bem que essa participação e, principalmente, a compreensão dos conceitos ali implícitos e explícitos, já era preocupação de gente importante para a história da arte como Marcel Duchamp. Mas a coisa foi longe demais. Esse diálogo entre o criador e quem frui sua obra saiu do campo das habilidades humanas e está apoiado nas maravilhas que os computadores, sensores e projetores são capazes de fazer. Isso porque eu nem estou falando da exposição que está em cartaz no Itaú Cultural, com obras feitas por ninguém mais, ninguém menos, do que um computador! Manet deve estar se revirando no túmulo.

A modernidade e a ânsia acelerada pelo novo, palavra que perde seu sentido conforme evoluímos (se realmente evoluímos) em busca de um futuro que nunca existiu, dado que é o presente, atropelam conceitos básicos da arte como o sentimento. A sociedade parece querer viver como os personagens do desenho “Os Jetsons”, mas não percebe que isso já acontece, excluído o trânsito espacial. No File, sua voz se transforma em objetos que flutuam, seu corpo vira gosma na parede e seus passos ganham sons da natureza. É a fusão entre homem e máquina, mas que deveria excluir a arte e ficar restrita aos laboratórios de informática.

Sempre fui muito conservador com relação à arte, que, para mim, acaba no Impressionismo e encontra algum eco de vida depois disso somente com Hopper, Dali (que copiou Bosch) e Pollock. É a minha opinião. Arte para mim é a sublimação do real pelas mãos, eu disse mãos, do Homem. De mimetização da realidade, a arte já foi crítica social, impressões, expressões e abstrações, mas não é aceitável que ela seja informatizações. Já imaginou um software que se encarrega do trabalho de pintar? Você programa: influências maneiristas em uma paisagem romântica. Pum! Um quadro surge. Walter Benjamin, coitadinho, parece ter escrito em vão.

Essa é minha opinião, sei que esse tipo de linguagem artística encontra apoio amplo e incondicional no meio dos “moderninhos”. Ok, cada um na sua, mas não poderia deixar de externar minha indignação com os caminhos que a produção artística vem tomando. Se eu já não gostava de quadros que parecem mal pintados (reconheço a importância de Picasso e Miró, mas não gosto deles), na quarta-feira tive a impressão de que a arte vai morrer, sim. Mas é meio como a morte de Deus na obra de Nietzsche, não significa um fim, apenas mudança de ângulo. Para quem concorda comigo, vale visitar o File, se divertir com as instalações e sair de lá direto para o Masp, que é bem pertinho, para continuar gostando de Renoir e Dégas.

Parei no tempo, pelo menos nos meus gostos. Pode parecer antiquado esse texto, na verdade é, mas é minha visão. Para mim, arte é aquilo que alguém possuidor de um dom especial faz com sentimentos como paixão, raiva e tristeza, e não uma fórmula pronta executada por comandos computadorizados ou uma projeção de filme onde você pode se inserir quando quiser. “A grandeza de uma obra de arte está fundamentalmente no seu caráter ambíguo, que deixa ao espectador decidir sobre o seu significado, dizia Theodor Adorno (amo!!) no século passado. Mas ele disse “significado”, não “composição”! Humpf!
Foto: "Homem desesperado" - Gustave Courbet (o realismo dele não era pra chegar a tanto).

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Armas e rosas


Ontem rolou a festa de lançamento da JUNIOR 6 no Vegas, aqui em São Paulo. Eu amo o Vegas, acho um dos três melhores lugares (ao lado de D-Edge e Glória) para se jogar na noite paulistana. Mas sei lá, estava meio introspectivo demais para festas. Depois que vi as fotos do Fábio Motta mostrando a pista bombada fiquei menos culpado, nada como a paz do lar em plena segunda-feira. Preferi ficar em casa, não que isso seja um desprestígio à revista, de modo algum, foi apenas uma decisão particular.

Cheguei em casa azul de vontade de ouvir música, relaxar e ficar pensando, meu programa preferido e que ninguém consegue bater. Quando cismo de “meditar” (esse termo, no caso, significa bem mais do que apenas pensar) em casa não há santo que me tire do meu canto. E assim foi ontem, cheguei e já preparei todo meu ritual: travesseiro, cinzeiro, água, cigarro...

Aí lembrei do CD de mp3 que comprei em um camelô no Anhangabaú (não me crucifiquem por adquirir produtos piratas, até a Daslu vende falsificação e o povo paga horrores pra exibir as marcas em eventos pseudo-sociais). Na verdade foram três CDs com as discografias do Nirvana, Creedence, Depeche Mode e Guns’n’Roses. E foi justamente a voz power do Axl que me fez viajar ontem, sem sair do lugar.

Guns pode soar suuper ultrapassado hoje em dia. Com tantas novas bandas super hype (odeio o termo hype, uso de ironia) espalhando seus sons pelos My Spaces da vida, a energia da guitarra de Slash pode parecer datada. Mas não é, pelo menos para mim. Música boa nunca envelhece e Guns sempre será foda! Quando o CD rodou, o marcador apontou: 249 músicas. Uma overdose de gritos, guitarras e atitude “foda-se! Isso é rock, caralho!”.

Não ouvi todas, claro, dormi bem antes disso levado pelo cansaço exacerbado que tenho sentido, tema de um post futuro, talvez. Mas só de ouvir o comecinho de “Welcome to the Jungle” meus pêlos já arrepiaram e eu fui transportado para minha adolescência. Foi uma viagem no tempo, uma volta ao passado que encheu minhas lembranças de vida sem parecer saudosista demais.

Nada de Vegas, ontem foi dia de Guns. Na redação, hoje de manhã, muitas conversas, trocas de bafões ocorridos, fofocas, animação, felicidade e um sentimento de sucesso. Isso me deixou muito feliz. É ótimo o fato de a festa ter sido um sucesso e será melhor ainda se a revista bombar nas bancas. Eu me sinto parte da JUNIOR 6 sim, mas ontem preferi participar apenas com meu texto impresso nos exemplares que circularam pela festa.

Mas confesso, fiquei me coçando para me jogar no Vegas, ah, isso eu fiquei, mas no fim de semana, para poder aproveitar o Hell’s e sair de lá com o sol forte já. Quem sabe!

“Don't Cry” - Guns N' Roses
Composição: Izzy Stradlin / Axl Rose

Talk to me softly
There's something in your eyes
Don't hang your head in sorrow
And please don't cry
I know how you feel inside
I've been there before
Somethin's changin' inside you
And don't you know

Don't you cry tonight
I still love you baby
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
And don't you cry tonight

Give me a whisper
And give me a sigh
Give me a kiss before you tell me goodbye
Don't you take it so hard now
And please don't take it so bad
I'll still be thinkin' of you
And the times we had...baby

Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
And don't you cry tonight

And please remember that I never lied
And please remember how I felt inside now honey
You gotta make it your own way
But you'll be alright now sugar
You'll feel better tomorrow
Come the morning light now baby

Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
Don't you cry tonight
There's a heaven above you baby
Don’t you cry
Don't you ever cry
Don't you cry tonight
Baby maybe someday

Don't you cry
Don't you ever cry

Don't you cry
Tonight

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Guardado


Hoje eu sei
Quem sou
Quem fui
Eu sempre soube
Mas a vida provou

Pode parecer precoce
Senilidade precoce
Amadurecimento rápido
Sinto-me diferente
Mais calmo e certo

Sinto-me feliz por isso
Sinto-me feliz por tudo
Mãos foram, vieram
Meu coração ficou
Machucado, confesso

Machucado e um pouco descrente
Frio, talvez
Cheio de paredes
Mas isso não vai durar
Não vou me fechar

Tem uma vida
Ela está lá fora
Acenando com a mão
Pedindo para eu ir
Querendo que eu viva

E eu vou
Vou viver muito, e bem
Tudo que sonhei
Tudo aquilo está aqui
Guardado, vivo

Explicativo


Bom, deu para perceber que isso aqui já virou uma zona. Mas era necessário republicar todas as minhas postagens do outro blog, gongado, para quem não se lembra. Fiz questão de não corrigir uma vírgula sequer nos textos. Não revisei, não alterei, nada. Optei por deixar toda essa produção bloguística de cinco anos na íntegra, assim acompanho a evolução do meu texto, da minha vida e, principalmente, do meu pensamento sobre determinados assuntos.

Pensamento, engraçado falar isso. É justamente esse pensamento que atrai ou expulsa as pessoas de perto de mim. Hoje postei tudo o quê escrevi desde 12 de agosto de 2003. Muita coisa mudou, muita coisa voltou e muita coisa ficou. Olhando para trás (sim, eu olho para o passado, tem até um post sobre isso), começo a rir de algumas bobagens, futilidades e insanidades. Mas faz parte, este sou eu, é o quê eu pensava, faz parte do meu amadurecimento e da minha vida. Não nego nenhuma vírgula dos posts, eu os escrevi, os assumo.

O mais irônico é que quando comecei o blog, me lembro até hoje, era uma tarde quente de agosto em Mato Grosso do Sul. Eu estava dentro do escritório do FusEx (Fundo de Saúde do Exército) de farda. Eu era um militar elogiado (três menções honrosas), visto com respeito pela inteligência e extrema disponibilidade. Hoje, eu estou exatamente na outra ponta, trabalhando em uma site, uma revista e uma rádio gays. Gay, Exército, Jornalismo, minha vida.

Seja bem-vindo (a) ao Hélio Filho Again, só não prometo posts regulares, o ritmo de vida que tenho levado nem sempre permite. Mas prometo mais contos, mais poesias e muitos, muitos devaneios. Namastê!

sexta-feira, 6 de junho de 2008

Caminho

De tudo que li

De tudo que sei

Tudo que já vi

Aquele pouco que aprendi

Muita coisa ficou

Muita coisa se perdeu

Nada me estranhou

Não quero mais algumas coisas

Deixei pelo caminho

Coisas que não valiam a pena

Deixei pelo caminho

Coisas que não tinham valor

Voltei no caminho

Peguei minhas coisas de volta

Coloquei na mala

Fechei o zíper

E fui embora...

Hélio - Hélio |18:46 hs comentários[0].

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sexta-feira, 6 de junho de 2008

Passado

Texto feito ainda na época que eu fazia assessoria para o Senac.

No alto de um morro, em meio a um silencioso e verde bosque, fica um grande hotel que faz seus hóspedes esquecerem em que época estão, os faz sair da correria das grandes cidades e se deliciarem em meio a estátuas, escadas de mármore e muitos móveis antigos. A decoração art déco é mantida, tudo nele é original e remete o visitante à década de 40, quando foi inaugurado. Na entrada, o estilo de porta giratória e das letras do nome do hotel confirmam: você está no histórico Grande Hotel Águas de São Pedro (GHP).

Um amplo saguão de piso quadriculado em preto e branco, a escada de mármore com corrimão dourado que se divide em duas e as ostensivas peças da história do local expostas na entrada conseguem remeter o visitante a uma época de ouro, cheia de boas recordações. Os sorrisos das recepcionistas confirmam que o clima ali está bem longe do estresse cotidiano do mundo contemporâneo. As pessoas andam devagar, respiram devagar e falam devagar, e baixo.

O sol brilha de verdade e envia seus quentes raios diretamente para o hotel, sem a interrupção das pesadas nuvens cinza de poluição. Essa luz toma conta de todo o GHP durante o dia, deixando-o sempre aconchegantemente quente e naturalmente iluminado. Os sons da natureza como o canto dos pássaros e das cigarras faz coro para os quatis desfilarem pela frente do hotel, despreocupados como quem realmente está e se sente em casa. Eles podem ser observados do convidativo terraço, típico de hotéis antigos, de onde o hóspede tem a chance de encher seus olhos com a vista ampla da natureza, sem prédios e antenas de transmissão pela frente.

Pelos largos corredores encarpetados, pode-se andar em meio aos 112 apartamentos decorados com mesas de madeira maciça, luminárias antigas e grandes camas, mas equipados com muita modernidade, como o sistema de wireless presente em todo o hotel, os televisores de LCD 26 polegadas e o sistema de ar-condicionado central. Para manter o clima quarentista, as caixas de som tocam Cole Porter, Frank Sinatra e diversas composições instrumentais de orquestra. A impressão é que a qualquer momento Judy Garland descerá as escadas para almoçar do seu lado. "É um hotel-escola de luxo, com um clima intimista proporcionado pelo lado histórico e um excelente atendimento por estarmos em constante treinamento, tanto dos profissionais quanto dos alunos", afirma Aline Morelli, chefe de recepção do GHP.

Deliciosamente

A gastronomia é um dos traços mais marcantes do hotel, que é também uma escola para os estudantes do Centro Universitário Senac ? Campus Águas de São Pedro (CAP). No restaurante Engenho das Águas, o visitante encontra amplas janelas de vidro, propícias para a apreciação do abundante verde presente em volta do prédio, exalando o cheiro de natureza que invade deliciosamente o local. Um piano ao canto anuncia que a boa música ali também se faz presente em noites especiais, assim como foram as que os cantores norte-americanos Marta Eggerth e J. Kiepura passaram ali mostrando seu talento nos anos 40.

Na cozinha do primeiro andar, a maior de um hotel em toda a América Latina com 3 mil m2, os acadêmicos dos cursos da área de gastronomia do CAP circulam em meio a renomados profissionais sempre dispostos a ensiná-los os segredos dos aromas e sabores. O aprendizado prático é constante e comprova o diferencial de cursar a formação em um hotel-escola, inserido no cotidiano dele seis dias por semana, oito horas por dia servindo os hóspedes com excelência.

Para os pequeninos, um restaurante infantil, onde eles podem correr e fazer barulho, garante silêncio e comodidade para seus pais apreciarem as delícias preparadas nessa imensa fábrica de gostos, cores e delícias. Enquanto você almoça, por exemplo, vários alunos aprendem a hora certa e a maneira correta de bem servir. "É muito proveitosa essa experiência de estudar a teoria no CAP e colocá-la em prática aqui no hotel-escola, estamos em contato direto com bons profissionais e isso enriquece muito nosso aprendizado e a assimilação dos conteúdos aprendidos", relata Guilherme Albino Kobel, que entrou no GHP há quatro anos como Jovem Aprendiz e hoje cursa a graduação de Tecnologia em hotelaria no CAP.

Saúde!

Águas de São Pedro, o menor município brasileiro, não possui esse nome à toa. A região é uma estância hidromineral rica em águas altamente indicadas para tratamentos de saúde. Das quatro torneiras douradas na entrada do Health Club jorram água natural; sulfatada sódica, indicada para males do fígado, vesícula biliar e falta de acidez gástrica; clorobicarbonatada, recomendada contra azia, gastrite, cálculos renais e para facilitar a digestão; e a segunda água mais sulfatada do mundo e a primeira do Brasil, a sulfurosa, também conhecida como Fonte da Juventude, utilizada no tratamento de artrites, dermatites, nevralgia e principalmente relaxamento muscular.

Esse tipo de água é usado em um dos maiores atrativos do hotel-escola, o banho de imersão de 15 minutos em uma das 20 banheiras encaixadas em glamourosas bancadas de mármore de Carrara cor-de-rosa. Relax total. No Health Club, o hóspede encontra ainda outros vários tratamentos como limpeza de pele, reiki e reflexologia.

Ar puro

Para quem busca oxigenar a mente e os pulmões, o GHP fica dentro do Bosque Municipal, mantido pelo Senac. De vasto verde, a reserva proporciona um ar leve, puro, ideal para arejar a cabeça dos problemas cotidianos. Uma caminhada, ou trilha, para os mais aventureiros, por entre as árvores e flores deixa a alma leve e o corpo renovado pelo oxigênio. Caso queira descansar no meio do percurso, charmosos quiosques de madeira construídos na década de 70 abrigam os caminhantes com uma fresca sombra.

E se descanso é a palavra de ordem, nada melhor do que esticar o corpo em uma das redes do redário armado em meio às plantas e convidativo para uma boa leitura. O silêncio, combinado com o aconchego de uma rede podem também ser bons companheiros de sesta. Estar no Grande Hotel Águas de São Pedro é voltar no tempo com uma infra-estrutura moderna e a tranqüilidade de um tempo onde os carros não existiam para poluir o ar e fazer barulho. O hotel-escola fica mais atrativo ainda com os descontos especiais para colaboradores do Senac.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Força!

Tenho descoberto que sou muito mais forte do que sempre pensei. Sempre arquei com as merdas que fiz sem pedir ajuda aos outros, sempre as consertei sozinho, mesmo que para isso tivesse que me massacrar, me privar e chorar, muito. Às vezes não acho tão bom ser assim. Penso que se tivesse tido uma criação mais no colinho da mamãe seria uma pessoa mais sensível, menos indiferente a tudo.

Fiquei auto-suficiente demais por ter enfrentado sozinho muita coisa na minha vida. Tive que amadurecer muito rápido por circunstâncias que fugiam à faixa de idade na qual eu estava. Decidi a separação de meus pais por não suportar mais os dois se espezinhando e segurei a barra da minha mãe na ocasião. Não foi fácil para uma mulher que foi educada para casar ver seu lar se desfazer assim, desse modo, ainda mais depois de suportar tantas traições, algumas vistas por mim também.

E assim eu cresci, dando valor às coisas importantes da vida como a fidelidade (pode ser trauma de infância, deve ser), a verdade, a moral e a ética. Hombridade, honra e respeito foram coroados em mim no Exército, porque, para quem não se lembra, até lá eu fui parar (meu primeiro texto desse blog foi sobre isso). Trabalho desde muito cedo e colocar um coturno e uma farda para rastejar na lama foi fichinha (sempre cheirando Calvin Klein, diga-se de passagem).

Quando olho para trás e lembro disso e das outras coisas (que não cabem aqui, não sou tão aberto assim), percebo que a vida foi, ao mesmo tempo, me endurecendo e me tornando mais humano. Pode parecer paradoxal, mas eu explico: fiquei protegido contra as pessoas por ter me conhecido muito bem e ter também desenvolvido opiniões muito fortes e certezas quase inabaláveis.

Meu lado humano me faz escrever o quase, porque aprendi também que sempre é hora de mudar, desde que seja sempre para melhor. E tenho mudado muito, de casa, emprego, menos de opiniões. Continuo sendo eu mesmo, continuo buscando verdades para a minha vida e continuo tirando do meu caminho pessoas que não valem nem um grão de feijão estragado.

Nem sei porque estou escrevendo tudo isso, sei lá, comecei a pensar nisso na hora do almoço e decidi que tinha que materializar esses pensamentos. Tanta coisa que eu penso e se perde na poeira do tempo (isso é uma música, eu acho)... tantas idéias... tantas dores...

Hélio - Hélio |16:49 hs comentários[0].

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quarta-feira, 7 de maio de 2008

Força sempre

Tenho descoberto que sou muito mais forte do que sempre pensei. Sempre arquei com as merdas que fiz sem pedir ajuda aos outros, sempre as consertei sozinho, mesmo que para isso tivesse que me massacrar, me privar e chorar, muito. Às vezes não acho tão bom ser assim. Penso que se tivesse tido uma criação mais no colinho da mamãe seria uma pessoa mais sensível, menos indiferente a tudo.

Fiquei auto-suficiente demais por ter enfrentado sozinho muita coisa na minha vida. Tive que amadurecer muito rápido por circunstâncias que fugiam à faixa de idade na qual eu estava. Decidi a separação de meus pais por não suportar mais os dois se espezinhando e segurei a barra da minha mãe na ocasião. Não foi fácil para uma mulher que foi educada para casar ver seu lar se desfazer assim, desse modo, ainda mais depois de suportar tantas traições, algumas vistas por mim também.

E assim eu cresci, dando valor às coisas importantes da vida como a fidelidade (pode ser trauma de infância, deve ser), a verdade, a moral e a ética. Hombridade, honra e respeito foram coroados em mim no Exército, porque, para quem não se lembra, até lá eu fui parar (meu primeiro texto desse blog foi sobre isso). Trabalho desde muito cedo e colocar um coturno e uma farda para rastejar na lama foi fichinha (sempre cheirando Calvin Klein, diga-se de passagem).

Quando olho para trás e lembro disso e das outras coisas (que não cabem aqui, não sou tão aberto assim), percebo que a vida foi, ao mesmo tempo, me endurecendo e me tornando mais humano. Pode parecer paradoxal, mas eu explico: fiquei protegido contra as pessoas por ter me conhecido muito bem e ter também desenvolvido opiniões muito fortes e certezas quase inabaláveis.

Meu lado humano me faz escrever o quase, porque aprendi também que sempre é hora de mudar, desde que seja sempre para melhor. E tenho mudado muito, de casa, emprego, menos de opiniões. Continuo sendo eu mesmo, continuo buscando verdades para a minha vida e continuo tirando do meu caminho pessoas que não valem nem um grão de feijão estragado.

Nem sei porque estou escrevendo tudo isso, sei lá, comecei a pensar nisso na hora do almoço e decidi que tinha que materializar esses pensamentos. Tanta coisa que eu penso e se perde na poeira do tempo (isso é uma música, eu acho)... tantas idéias... tantas dores...

terça-feira, 6 de maio de 2008

Força sempre

Tenho descoberto que sou muito mais forte do que sempre pensei. Sempre arquei com as merdas que fiz sem pedir ajuda aos outros, sempre as consertei sozinho, mesmo que para isso tivesse que me massacrar, me privar e chorar, muito. Às vezes não acho tão bom ser assim. Penso que se tivesse tido uma criação mais no colinho da mamãe seria uma pessoa mais sensível, menos indiferente a tudo.

Fiquei auto-suficiente demais por ter enfrentado sozinho muita coisa na minha vida. Tive que amadurecer muito rápido por circunstâncias que fugiam à faixa de idade na qual eu estava. Decidi a separação de meus pais por não suportar mais os dois se espezinhando e segurei a barra da minha mãe na ocasião. Não foi fácil para uma mulher que foi educada para casar ver seu lar se desfazer assim, desse modo, ainda mais depois de suportar tantas traições, algumas vistas por mim também.

E assim eu cresci, dando valor às coisas importantes da vida como a fidelidade (pode ser trauma de infância, deve ser), a verdade, a moral e a ética. Hombridade, honra e respeito foram coroados em mim no Exército, porque, para quem não se lembra, até lá eu fui parar (meu primeiro texto desse blog foi sobre isso). Trabalho desde muito cedo e colocar um coturno e uma farda para rastejar na lama foi fichinha (sempre cheirando Calvin Klein, diga-se de passagem).

Quando olho para trás e lembro disso e das outras coisas (que não cabem aqui, não sou tão aberto assim), percebo que a vida foi, ao mesmo tempo, me endurecendo e me tornando mais humano. Pode parecer paradoxal, mas eu explico: fiquei protegido contra as pessoas por ter me conhecido muito bem e ter também desenvolvido opiniões muito fortes e certezas quase inabaláveis.

Meu lado humano me faz escrever o quase, porque aprendi também que sempre é hora de mudar, desde que seja sempre para melhor. E tenho mudado muito, de casa, emprego, menos de opiniões. Continuo sendo eu mesmo, continuo buscando verdades para a minha vida e continuo tirando do meu caminho pessoas que não valem nem um grão de feijão estragado.

Nem sei porque estou escrevendo tudo isso, sei lá, comecei a pensar nisso na hora do almoço e decidi que tinha que materializar esses pensamentos. Tanta coisa que eu penso e se perde na poeira do tempo (isso é uma música, eu acho)... tantas idéias... tantas dores...

Hélio - Hélio |19:11 hs comentários[0].

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terça-feira, 6 de maio de 2008

Força sempre

Tenho descoberto que sou muito mais forte do que sempre pensei. Sempre arquei com as merdas que fiz sem pedir ajuda aos outros, sempre as consertei sozinho, mesmo que para isso tivesse que me massacrar, me privar e chorar, muito. Às vezes não acho tão bom ser assim. Penso que se tivesse tido uma criação mais no colinho da mamãe seria uma pessoa mais sensível, menos indiferente a tudo.

Fiquei auto-suficiente demais por ter enfrentado sozinho muita coisa na minha vida. Tive que amadurecer muito rápido por circunstâncias que fugiam à faixa de idade na qual eu estava. Decidi a separação de meus pais por não suportar mais os dois se espezinhando e segurei a barra da minha mãe na ocasião. Não foi fácil para uma mulher que foi educada para casar ver seu lar se desfazer assim, desse modo, ainda mais depois de suportar tantas traições, algumas vistas por mim também.

E assim eu cresci, dando valor às coisas importantes da vida como a fidelidade (pode ser trauma de infância, deve ser), a verdade, a moral e a ética. Hombridade, honra e respeito foram coroados em mim no Exército, porque, para quem não se lembra, até lá eu fui parar (meu primeiro texto desse blog foi sobre isso). Trabalho desde muito cedo e colocar um coturno e uma farda para rastejar na lama foi fichinha (sempre cheirando Calvin Klein, diga-se de passagem).

Quando olho para trás e lembro disso e das outras coisas (que não cabem aqui, não sou tão aberto assim), percebo que a vida foi, ao mesmo tempo, me endurecendo e me tornando mais humano. Pode parecer paradoxal, mas eu explico: fiquei protegido contra as pessoas por ter me conhecido muito bem e ter também desenvolvido opiniões muito fortes e certezas quase inabaláveis.

Meu lado humano me faz escrever o quase, porque aprendi também que sempre é hora de mudar, desde que seja sempre para melhor. E tenho mudado muito, de casa, emprego, menos de opiniões. Continuo sendo eu mesmo, continuo buscando verdades para a minha vida e continuo tirando do meu caminho pessoas que não valem nem um grão de feijão estragado.

Nem sei porque estou escrevendo tudo isso, sei lá, comecei a pensar nisso na hora do almoço e decidi que tinha que materializar esses pensamentos. Tanta coisa que eu penso e se perde na poeira do tempo (isso é uma música, eu acho)... tantas idéias... tantas dores...

Hélio - Hélio |18:45 hs comentários[0].

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terça-feira, 6 de maio de 2008

Força sempre

Tenho descoberto que sou muito mais forte do que sempre pensei. Sempre arquei com as merdas que fiz sem pedir ajuda aos outros, sempre as consertei sozinho, mesmo que para isso tivesse que me massacrar, me privar e chorar, muito. Às vezes não acho tão bom ser assim. Penso que se tivesse tido uma criação mais no colinho da mamãe seria uma pessoa mais sensível, menos indiferente a tudo.

Fiquei auto-suficiente demais por ter enfrentado sozinho muita coisa na minha vida. Tive que amadurecer muito rápido por circunstâncias que fugiam à faixa de idade na qual eu estava. Decidi a separação de meus pais por não suportar mais os dois se espezinhando e segurei a barra da minha mãe na ocasião. Não foi fácil para uma mulher que foi educada para casar ver seu lar se desfazer assim, desse modo, ainda mais depois de suportar tantas traições, algumas vistas por mim também.

E assim eu cresci, dando valor às coisas importantes da vida como a fidelidade (pode ser trauma de infância, deve ser), a verdade, a moral e a ética. Hombridade, honra e respeito foram coroados em mim no Exército, porque, para quem não se lembra, até lá eu fui parar (meu primeiro texto desse blog foi sobre isso). Trabalho desde muito cedo e colocar um coturno e uma farda para rastejar na lama foi fichinha (sempre cheirando Calvin Klein, diga-se de passagem).

Quando olho para trás e lembro disso e das outras coisas (que não cabem aqui, não sou tão aberto assim), percebo que a vida foi, ao mesmo tempo, me endurecendo e me tornando mais humano. Pode parecer paradoxal, mas eu explico: fiquei protegido contra as pessoas por ter me conhecido muito bem e ter também desenvolvido opiniões muito fortes e certezas quase inabaláveis.

Meu lado humano me faz escrever o quase, porque aprendi também que sempre é hora de mudar, desde que seja sempre para melhor. E tenho mudado muito, de casa, emprego, menos de opiniões. Continuo sendo eu mesmo, continuo buscando verdades para a minha vida e continuo tirando do meu caminho pessoas que não valem nem um grão de feijão estragado.

Nem sei porque estou escrevendo tudo isso, sei lá, comecei a pensar nisso na hora do almoço e decidi que tinha que materializar esses pensamentos. Tanta coisa que eu penso e se perde na poeira do tempo (isso é uma música, eu acho)... tantas idéias... tantas dores...

Hélio - Hélio |18:43 hs comentários[0].

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quarta-feira, 23 de abril de 2008

Musicalmente

A única banda de reggae que eu gosto. O único reggae que eu gosto. Adorei a letra dessa música.

Naticongo

Natiruts

Composição: Natiruts

Tinha a coragem e a calma de um Rei

Os mais ferozes males enfrentou

Seus inimigos não puderam ver

Segredos da sua força contra a dor, e

Seus olhos liam além do amanhecer

Suas palavras transformavam leis

Todos queriam ser como ele foi

Ninguém sabia que era infeliz

Queria saber (queria saber)

Que faltava então ?

Não queria viver (não queria viver)

Com essa dor no coração

Pois até um rei

Despeja lágrimas por não ter o seu grande amor

Queria saber se é bom ou ruim

Ter uma flor tão linda assim

Com o azul do céu e o brilho do mar

E olhos de mel pra iluminar

Larararara, ôôô

Se ajoelhou como servo pela primeira vez

Dizendo já sofrer demais, oi

Saber sobre os céus e a floresta não lhe foi em vão

Sem eles, não teria a paz

Pra acreditar

Queria saber se é bom ou ruim

Ter uma flor tão linda assim

Com o azul do céu e o brilho do mar

E olhos de mel pra iluminar

Larararara, ôôô

Hélio - Hélio |18:48 hs comentários[0].

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sexta-feira, 18 de abril de 2008

Afe!

E mais uma mudança. Mudei de emprego. Em menos de oito meses eu mudei de casa, Estado, estado civil, depois mudei de casa de novo, depois mudei de estado civil de novo, aí mudei de casa novamente e depois mudei de emprego. Ufa! O que vem agora? Fico no aguardo.

Estou gostando do me novo emprego. Já é a segunda semana e os dias voltaram a passar rápido demais. Adoro a correria do jornalismo online, adoro ter muitas pautas, chegar em casa cansado e nem ver que a sexta-feira já está aí, aqui, no caso de hoje. Minha vida estava meio parada demais. Sempre fiz várias coisas ao mesmo tempo. Já cheguei a ter três empregos simultâneos, fazendo aulas optativas na faculdade de tarde e estudando também de noite.

Minha vida sempre foi um turbilhão de coisas, compromissos, trabalhos, pautas. Engraçado como me organizo bem no meu caos particular. Não sou de anotar muita coisa, lembretes, aniversários, mas sempre consigo me lembrar. E olha que nem tomo ginko biloba hein! Viva minha memória.

Eis-me aqui agora, nessa manhã com gosto de ontem e cheia de um sono perdido ao som de house music. Nossa, preciso dormir mesmo, estou prolixamente escrevendo vários assuntos diferentes, sem conexão entre si. A conexão é a desconexão, olha que filosófico! Chega, não vou escrever mais. Beijomeliga!

Hélio - Hélio |13:04 hs comentários[0].

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segunda-feira, 7 de abril de 2008

Só comigo

Não sou muito fã do movimento surrealista, para mim, a pintura morreu no Impressionismo, salvo exceções (comprovando a regra) como Hopper e Pollock. Mas parece que, justamente por isso, minha vida têm sido surreal. Tudo bem que nunca fui uma pessoa muito normal, dentro dos padrões socialmente estabelecidos. Primeiro pela sexualidade, depois por estar destoante dentro do grupo definido por ela. Destoante em partes, na verdade todo gay, lá no fundo, é igual e o mundo da purpurina (glitter, para as metidas) se repete em todos os lugares, com menores ou maiores proporções.

Enfim, introduções desnecessárias à parte, precisava expressar e registrar em palavras nem sempre harmônicas dois, sim, dois episódios simplesmente insanos ocorridos nessa minha louca vida em menos de 24 horas (12, para ser mais exato, mesmo sendo cientista humano).

Na quinta-feira passada, por volta das 21 horas, entrava esse que vos escreve na estação do metrô Santa Cecília quando, de repente, como em um passe de mágica, surge ao lado da catraca uma senhora negra, visivelmente (até para deficientes visuais) embriagada e com as mãos abarrotadas de sacolas de diferentes cores, texturas e marcas de lojas. ?Moço! Moço!?, gritava perdida em direção a mim. Como sempre sou muito direto e prático, parecendo às vezes frio e insensível, perguntei logo de cara se ela queria um bilhete para pegar o metrô. Ela disse que sim.

Como tenho pena de bêbados (nunca sei o dia em que EU precisarei ser socorrido em minha embriaguez), ajudei aquela alma alterada pela álcool dando-lhe um bilhete. Virei, super apressado e atrasado para ver meu amigo perto do Masp, e disse que ela fosse com Deus e com cuidado. É sempre bom evitar que pessoas se joguem ou, no caso, caiam, na linha do metrô. Não que eu seja tão sensível, mas isso atrasaria minha viagem. Hum, soou frio isso, mas tudo bem.

Não contente, ela recomeçou a bradar, em voz mais alta que da primeira vez, por mim. ?Moço! Moço!?. Hum, ok, vamos dar um minuto aos carentes. Fui até ela e recebi um alcoolicamente deturpado pedido de abraço. Ah, quer saber? Foda-se, abracei a fofa e ainda me dispus a guiá-la pelas escadas até o trem. Cada passo levava uma eternidade. Era quase impossível para ela equilibrar (irônico esse verbo nesses casos) sacolas, mente, corpo e pés. Dei aquele abraço na nega e desci as escadas com ela. Enfiei, literalmente, a louca no vagão e corri para o de trás. Não, seria muita bondade acompanhá-la até Mauá, destino (poderia fazer vários trocadilhos com ?destino? nesse caso) final dela.

Entrei no metrô e olhei o mapa, por curiosidade, para ver onde ficava Mauá. Descobri que ela teria de pegar outro trem em outra estação. Pronto, passei minha viagem toda até o Masp imaginando, questionando e ironizando se ela conseguiria chegar em casa. Bom, minha parte foi feita. Não fico bem de freira, deixe isso para Madre Teresa, que Deus a tenha.

Desci na Sé e ainda dei aquela última olhadinha em quem saía do trem para ver se a louca não havia descido errado. Não, para minha tranqüilidade. Fui encontrar meu amigo, contei a história e ele disse: ?tem coisas que só acontecem com você?. Eu sei, deveria aproveitar minha pós em Jornalismo Literário para escrever um livro sobre isso.

O sol apareceu e iluminou o dia...

Acordei em uma bela sexta-feira de sedução, me arrumei para trabalhar e estava saindo de casa quando coloquei aquela música no mp3 player (ainda vou conseguir decifrar um Ipod) para começar o dia. E começou bem: James Brown, no exato momento em que liguei o aparelho, gritou ?Ahhhhhhhhhhhhh! I feel good! Ta nã nã nã nã rã nã!?. Melhor parar aqui, sou péssimo para escrever sons, onomatopéia já é uma palavra complicada, enfim.

Saí de casa dançando, animadíssimo, absorto em meus pensamentos e me sentindo o próprio negão black power ícone da música negra norte-americana. Alguns tã nã nã nãs mais tarde, depois de uns 20 metros caminhados, sinto uma gelada água molhando todo meu corpo. Não, não é sexy isso, era o distraído lavador de carros do lava-jato da esquina me dando um belo banho matinal. Puta que pariu, São Paulo e Rio (parafraseando minha avó)! Não acreditei, não podia. Era demais para mim em menos de um dia.

Ok, fazer o quê nessas horas? Olhei para meu não-malhado corpo, todo encharcado, olhei para o lavador, rubro de vergonha e já esperando um esporro, lembrei que era sexta-feira, que eu estava feliz e que James Brown deixara uma herança musical maravilhosa. Tomei fôlego e soltei um sonoro ?Uhuuuuuuuuu!? no meio da rua, seguido de estrondosas gargalhadas! O lavador começou a rir também e pediu desculpas. ?Relaxa?, respondi.

Nossa, aquela esguichada de água de lava-jato tirou até minha alma do corpo. Se ainda estava um pouco sonolento, não mais, de modo algum! Adorei meu ?Uhuuuu!!!? e, confesso, adorei ter levado esse banho de água fria. Depois da fofa louca do metrô e banho de lava-jato (e eu nem sou Mariah Carey naquele clipe que não lembro o nome), o quê mais esperar desse fim de semana que nem começou direito ainda?

Só na sedução. Sigam-me os bons e destemidos, sigam-me os de bem com a vida e os desejosos por cenas surreais nos momentos mais inesperados! Viva o imprevisto hilário e a consciência de que o melhor é entrar na dança, para não segurar a criança (nossa, essa é antiga e brega!).

Beijomeliga, vou continuar ouvindo meu CD da Maysa e esperando a minissérie dela no começo do ano que vem!

Hélio - Hélio |12:17 hs comentários[0].

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quinta-feira, 27 de março de 2008

EXERCITANDO

Os textos abaixo são exercício de sala de aula da minha pós-graduação. Estou me especializando para escrever melhor aqui, para quem lê e para quem, um dia, lerá.

Três gelados em um dia quente

Em 2006 fui fazer a cobertura de um protesto de moradores em um bairro da periferia de Campo Grande. Após cinco horas embaixo de um sol, a pino, uma gentil senhora, moradora de uma das casas mais simples da rua, me ofereceu três ?geladinhos? para espantar o calor pantaneiro. Na época eu achei que aquilo era apenas uma gentileza típica de pessoas humildes. Para mim, eram três saquinhos plásticos com suco barato congelado e vendido por apenas 10 centavos cada.

A gentil senhora deixou de lado 30 centavos de seu lucro ? e ao lembrar da casa digo que fariam falta em seu orçamento ? para me fazer um agrado, espantar as largas gotas de suor que caíam da minha testa.

Hoje eu vejo que esses três geladinhos não eram um simples agrado, eram a forma mais próxima de me agradecer pela atenção, suor e paciência gastos em cinco horas de tensão observando os problemas da rua dela, do mundo dela. Sinto-me bem pensando nisso, lembrando que eu não apenas ouvi o quê precisava para minha matéria, mas também servi de testemunha de uma parcela da população cansada de ver acidentes de trânsito naquela via sem sinalização.

Meses depois o problema persistiu e um colega foi fazer a cobertura de mais um protesto. Eu já não trabalhava mais na editoria de Cidades. Esse colega chegou na redação e fez questão de me entregar dois geladinhos, já totalmente quentes devido à alta temperatura sul-mato-grossense. Quando eu perguntei o quê significava aquilo, ele respondeu que uma senhora muito simpática que vendia os refrescos havia mandado aqueles para mim. Como ela ainda lembrava de um simples repórter que não fez nada mais do que conversar com ela alguns minutos? Seria o crachá gigante que usávamos no jornal?

Lisonja e um sentimento de plenitude profissional tomaram conta de mim. Senti-me um jornalista humano, por mais que isso soe redundante, capaz de fazer seu trabalho de cobertura ao mesmo tempo em que conquistava a confiança e a simpatia de uma mulher tão desacreditada da vida. Sinto-me útil até hoje por ter despertado nela a coragem de se aproximar de seres que, para essa parte da população, mais carente, parecem inatingíveis: os repórteres, câmeras e fotógrafos da imprensa.

Tenho certeza que depois de nossas conversas e boas risadas (altas também) ela percebeu que a imprensa é que depende do povo para ter boas notícias, não o contrário. foi um experiência única perceber de frente aos dois geladinhos derretidos em cima de minha mesa na redação que eu era simpático, que podia sair do esquema viciado dos repórteres da mídia diária, aquele esquema onde só interessa a informação, a qualquer preço.

Até hoje penso em voltar ao Jardim Canguru e sentar novamente com essa senhora para conversarmos. Queria explicar tanta coisa à ela, esclarecê-la sobre ações que poderia tomar em nome do bairro. Queria agradecê-la por ter feito eu me sentir puro e especial em um mundo tão opaco e frio como o da imprensa. Sinto até o sabor dos geladinhos ao escrever esse texto, eles têm gosto de felicidade e bom papo.

A partir desse dia, decidi redobrar meu cuidado ao abordar fontes, escrever sobre a vida delas e, principalmente, aprendi a ouvir mais, seja quem for, onde estiver.

Hélio - Hélio |12:53 hs comentários[0].

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quinta-feira, 27 de março de 2008

A felicidade é uma sensação?

Felicidade é uma filosofia de vida, questão de escolha, algo maior que uma sensação. Até mesmo as situações ruins apresentam ao ser humano duas oportunidades: ou você senta e chora, ou levanta com um belo sorriso para dizer que aprendeu a lição e vai continuar rindo, feliz, mesmo que a diversão venha da própria desgraça,, e não da alheia, como é mais comum.

Decidi há tempos ser feliz, não apenas estar. Às vezes me pergunto porque tantas pessoas fazem questão de obstruir sua felicidade. Pessoas de posses, fortes candidatas aos encantamentos que a tranqüilidade material pode trazer.

Mas elas não são felizes. Por quê? Ora por esquecerem o que desperta a felicidade e ora por não fazerem questão de perder seu precioso tempo com coisas bobas, como um belo pôr-do-sol. Feliz de verdade para mim é quem se compromete a equilibrar todos os setores de sua vida, colocando-os sempre embaixo do guarda-chuva da beleza e leveza de um sorriso sincero. Se for amarelo, que seja de tabaco, o importante é ser sincero.

Todo mundo tem uma receita para ser feliz, eu acredito mais em autoconhecimento, em atitudes positivas. Momentos tristes sempre existirão para todos. Para mim, eles são a antítese daquilo que quero para minha vida, são valiosos exemplos de como ela será se eu não for, e não apenas estar, feliz.

quinta-feira, 27 de março de 2008

O Rio sob meus pés

Pular da Pedra da Gávea faz-nos sentir no céu, acho que deveria ser mesmo, eu estava sobrevoando a cidade mais maravilhosa do País. Era o Rio de Janeiro aos meus pés, eu estava acima do bem e do mal, podia ver coisas que muitos não conseguem. A vista voava longe e alcançava a praia de Copacabana, o Pão de Açúcar, viajava por Ipanema e Leblon e era sobrepujada pelo Dois Irmãos. Embaixo de mim, a desigualdade gritava no encontro entre os luxuosos prédios de São Conrado e os miseráveis barracos da Rocinha.

O que mais me alegrava, mesmo diante desse choque econômico, era que o mar é e sempre será democrático, acolhe a todos e molha e lava a alma de seus amantes. O mar também me amedrontava. E se o equipamento do parapente falhasse e eu caísse de uma altura daquelas? Seria o mar tão romântico comigo como com quem está na terra? Melhor não arriscar.

Melhor ainda parar de pensar nisso e apenas sentir o vento puro, gelado e sustentador de meu parapente. Esse vento que soprava sentido Barra da Tijuca, já tinha passado pela badalada Zona Sul e refrescado a fronte suada de algum trabalhador do movimentado centro do Rio de Janeiro.

Eu continuava sobrevoando os prédios luxuosos, dançando na tênue linha que os separava da pobreza da Rocinha. Aliás, era preferível cair no mar, caso fosse, do que me estatelar em meio a barracos. Se é para morrer, que seja com classe e um toque de Ulisses Guimarães.

Voltar à terra firme foi triste, queria brincar mais de ser pássaro, mas a batida seca de meu par de tênis puma velho na grama me despertou. Eu era terrestre novamente.

Hélio - Hélio |11:26 hs comentários[0].

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quarta-feira, 19 de março de 2008

Press F5, please

Juro que às vezes me sinto parado no tempo. Hoje um colega veio me dizer que achava um saco ter que conversar com os pais da namorada, almoçar com eles agora no domingo de Páscoa e fazer ?o social?. Discordei prontamente. Tem que ir sim, conversar, dar satisfação, agradar sogro e sogra e se comportar bem. Eu disse que ele estava namorando a família dela, não apenas a moça. É diferente do caso dele, homem. A moça sempre leva o namorado para o lado da família dela, e tem que ser assim.

Não que precise ser como quando minha mãe namorava meu pai no sofá da sala (sem beijos de língua, hein!) e 11 horas da noite minha tia avó passava para lembrá-la de que estava tarde para um rapaz estar na casa de uma moça. Será que é essa criação que me faz pensar assim hoje? Creio que sim, e adoro pensar que ainda preservo isso em mim. Minha mãe sempre diz: o mundo pode desabar, mudar, seja lá o que for, os valores continuam os mesmos. E precisam continuar.

Imagine se não houvesse o freio da culpa católica, se não houvesse as mães cuidadosas, os pais vigilantes e as tias avós caras-de-pau. Babilônia, Sodoma e Gomorra ficariam no chinelo! Sim à caretice. Sim ao almoço de domingo em família. Tem que ir pedir para namorar (não mais fazer a corte), para sair e para casar. Tem que dar satisfação.

Chamem minha postura de radical, ultrapassada ou desvairada, tanto faz, como comecei o texto, sinto-me parado no tempo. Ninguém confia mais, não se tem apreço, tudo é tão volúvel que parece vivermos em gigantes dunas de climas diferentes.

Não abro mão da cerimônia na casa dos outros, da educação, da sutileza e da política de boa vizinhança. Ninguém pode sair por aí fazendo o que bem entender, principalmente com a filha dos outros, no caso, de um militar. Os direitos são iguais, mas os deveres não, e não devem ser mesmo. Não podemos igualar homens e mulheres até nisso, seríamos uma sociedade sem divisões, padronizada, onde todos seriam, mais ainda do que hoje, iguais. A mulher tem que ser delicada e o homem forte. Forte para pedir em namoro e em casamento.

Depois disso, em um almoço com os colegas de trabalho, discutíamos as roupas das crianças de hoje em dia. Saltos, maquiagem, brilho, decotes sensuais, sessões em salões de beleza. Tudo isso foi parar em um universo onde antes o brilho era o labial (em forma de morango), a maquiagem era uma borboleta de tinta guache, o decote era do vestido da Barbie (e muito comportado), os saltos eram na piscina durante o verão e as sessões eram da tarde, assistindo Bingo, ou outro qualquer filme com animais em uma jornada alucinante atrás de seus donos.

Crianças estão virando pequenos adultos. Pergunto-me onde os pais delas foram educados, por quem e por que desse modo? Sou a favor do sapatinho de verniz estilo boneca, fita no cabelo, babadinhos coloridos e vestidinhos brancos e cor-de-rosa cheios de enfeites singelos, pueris, sempre.

Sinto-me velho escrevendo isso, ultrapassado mesmo. Ultrapassado por um furacão de informações muito novas e ainda não assimiladas, espero que nunca aceitas, apenas respeitadas, como todas devem ser. Vou me atualizar, já volto, diferente, ou não.

Hélio - Hélio |16:17 hs comentários[0].

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quarta-feira, 19 de março de 2008

QUEM É VOCÊ?

Confesso que andava meio desiludido do amor com o término de meu último relacionamento. Acho que é normal nos deixarmos levar pela tristeza de uma promessa não cumprida e generalizar esse momento ruim. Confesso, estava desiludido. Uma coisa que parecia tão certa e forte, tão verdadeira e completa, parecia. Acabou e meu coração pensou que esse tal de amor que todo mundo fala talvez seja uma alienação, segundo Adorno, ou uma histeria, segundo Freud. Mas não é.

Ontem de manhã aguardava o metrô na estação da Sé e ao meu lado, como que enviados justamente para destapar meus olhos e reabrir meu coração, parou um casal apaixonado. Ele deveria ter uns 60 anos e ela já beirava seus 55. Ao pararem do meu lado, ele me olhou e abraçou forte sua namorada, como que querendo dizer ?é minha, tira o olho?. Sim, foi com esse olhar de quem acredita que sua namorada é a mais linda do mundo que ele me olhou morrendo de ciúmes.

Segurei o riso e logo minha mente se deu conta do poder do amor. Ele existe, sim, ele existe. Amor no sentido de querer para sempre aquela pessoa, no sentido de não deixar a admiração morrer, de cultivar todos os dias um sentimento tão puro e nem sempre valorizado. Era visível a felicidade daquele casal, ainda enamorado depois de, provavelmente, décadas de convivência. Qual é o segredo de um amor assim? Sou capaz disso?

Acredito que sim. O que senti e acabou há pouco tempo foi uma semente disso, uma preparação para uma entrega maior que não conhece desconfiança, desrespeito e vários outros desvirtuamentos de valores. Aquele casal me provou isso, iluminou aquela parte do cérebro da gente onde fica escondido o lúdico, o sonho, a magia, coisas relegadas em tempos de capitalismo, disputa, ódio e subserviência.

Ele a abraçava sempre como se estivesse acabado de reencontrá-la após um longo período de espera e separação. Pude ver o sentimento, sim, ver, que ele nutria por ela, sempre correspondido. Às vezes os cinco minutos de espera pelo próximo trem podem mudar seu dia, e nesse caso mudaram. A vida ficou mais colorida, voltei a ter meus sonhos novelescos de amor e continuo, mesmo depois de um período de baixa confiança, acreditando no poder do amor. Amor sublime, amor puro, simplesmente amor.

No rosto daquela mulher era latente a felicidade de sentir o calor de seu amado lhe acolhendo em seus braços. Um brilho no olhar e nem uma palavra a mais, apenas esse brilho pôde traduzir o sentimento dela. E conseguiu. Era contagiante a paixão, o fogo (bem comportado, estamos falando da estação de metrô mais movimentada do País) dos dois. Foi lindo vê-los, foi maravilhoso observá-los e sublime traduzi-los como lição de vida.

Adoro ficar observando as pessoas, sempre gostei. Um dos meus programas preferidos é sentar em uma calçada e passar tempos somente a olhar quem passa, ficar imaginando quais histórias tem, de onde vem, para onde vai, o que sente, pensa, come, odeia. O ser humano é fascinante, ele só se torna chato quando não estamos abertos a tirar desse tipo de experiência, que acabo de narrar, algo de proveitoso para nossas vidas. Somos o outro, eu sou o outro, somos todos um só.

Humanos são iguais, só mudam de endereço, como os problemas familiares, as discussões de casal e os tapetes de ?Welcome? na porta de entrada das casas. Você já tentou fazer essa experiência? Já dedicou seu tempo em se distrair nos outros para saber quem você é? Essa mistura de antropologia, filosofia, psicologia e até psicopatia é deliciosa, valiosa. Em São Paulo ainda mais, dado o tamanho da população.

Decidi me abrir para tudo e todos, vivenciar, experienciar, testar, conhecer, errar, acertar e sempre observar. Creio que se todo mundo dedicasse uma hora de seu dia observando os outros, todos seriam pessoas melhores porque poderiam ver que, na verdade, somos todos tão efêmeros quanto os personagens que muitos montamos para sobreviver nesse planeta à beira de um colapso. Quem é você?

Hélio - Hélio |15:56 hs comentários[0].

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quarta-feira, 12 de março de 2008

Rara e fácil

"A bondade exige

A atenção extrema

Em se distrair

Nos outros."

Fabricio Carpinejar

Bondade, uma virtude tão rara nos dias de hoje que nem parece ser tão fácil de ser exercitada. É quase impossível, para aqueles que querem ter uma boa qualidade de vida que integre felicidade e bem-estar, não prestar atenção no outro, não ouvi-lo, ignorá-lo como se esse outro não fizesse parte de mim. Como peças integrantes do jogo da vida, todos somos jogadores, e essa partida fica muito mais fácil quando há união por meio da bondade.

Mas o que é ser bom? Como ser bom? Esbarramos aí nos valiosos conceitos de moral e ética. Em cada lugar do mundo a bondade tem um significado. Nos países muçulmanos ela se traduz pelo soberbo sustento de várias esposas de um mesmo homem. No Vaticano ela é uma porção de moedas de ouro doada à Santa Igreja. Na miserável África, bondade é dar a um faminto nem que seja meio pão amanhecido e seco. E no Brasil? Quem é bom aqui?

Ousaria dizer que os bons aqui são aqueles que acordam todos os dias, entram em trens e ônibus lotados de outros bons brasileiros, demoram até quatro horas para chegar a seu local de trabalho e nunca perdem o sorriso, o bom-humor e a vontade de continuar construindo suas vidas de forma digna e honesta, mesmo que de modo sofrido. A bondade deles consiste em manter funcionando um sistema opressor dos mais fracos, muitas vezes eles mesmos, sem se deixarem cair em atividades marginais que desviam o caráter e a postura.

Bondade não é só seguir preceitos cristãos dominantes em nosso País. Ela pode ser um minuto de conversa com um morador de rua, um sorriso sincero para uma criança abandonada ou um copo de leite para um carroceiro que ganha sua vida juntando os restos das vidas de outras pessoas. Todos eles são o outro, todos eles somos nós, todos eles são eu, você. Se o sol nasce para todos e a sombra apenas para alguns, bondade pode ser um imenso e fresco toldo capaz de abrigar todos os tipos de seres humanos, com a única condição de que sejam humanos, como você e eu.

Eu acredito na bondade e vou além ao dizer que ninguém precisa ser pregado em uma cruz ou passar fome por dias para ser considerado um ser bom, preocupado em se distrair nos outros. É necessário que haja, sim, uma preocupação com nossos pares, com nossos iguais, mas sempre mantendo o bom senso de não se distrair de si mesmo e acabar sendo mais um necessitado da leve mão da bondade.

Imperialismo, cristianismo, capitalismo e até mesmo socialismo não são fórmulas de como o ser humano deve ser para criar uma sociedade mais humana, e bondosa, por conseguinte. Todos eles são teorias, sonhos, utopias políticas que deveriam unir suas bondosas idéias para criar um sistema único vigente no mundo atual: o humanismo. Esse humanismo não conhece cor, credo, classe social ou opção sexual. Ele sabe apenas o que é bondade e se coloca sempre disposto a se distrair nos outros.

Hélio - Hélio |18:10 hs comentários[0].

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quarta-feira, 12 de março de 2008

A felicidade é uma sensação?

Felicidade é uma filosofia de vida, uma questão de escolha, algo bem maior que uma sensação. Até mesmo as situações ruins apresentam ao ser humano duas oportunidades: a de sentar e chorar, e a de levantar com um belo sorriso para dizer que aprendeu a lição e vai continuar rindo, feliz, mesmo que a diversão venha da própria desgraça, e não da alheia, como é mais comum.

Decidi há tempos ser feliz, não apenas estar. Às vezes me pergunto por que tantas pessoas fazem questão de obstruir sua felicidade. Pessoas de posse mesmo, fortes candidatas ao encantamento que a tranqüilidade material pode trazer. Mas elas não são felizes. Por quê? Acho que ora por esquecerem o quê desperta a felicidade, ora por não fazerem questão de perder seu precioso tempo com coisas para elas bobas como um belo pôr-do-sol.

Feliz de verdade para mim é quem se compromete a equilibrar os setores de sua vida, colocando-os sempre embaixo do guarda-chuva da beleza e leveza de um sorriso. Se for amarelo, que seja de tabaco, o importante é que seja sincero.

Todo mundo tem uma receita para ser feliz, eu acredito mais em auto conhecimento, em atitudes positivas. Momentos tristes sempre existirão para todos. Para mim, são a antítese daquilo que quero para minha vida, são valiosos exemplos de como ela será se eu não for, e não apenas estiver, feliz.

Hélio - Hélio |17:08 hs comentários[0].

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terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Meus amigos

Para mim, meus amigos não têm raça, não têm credo e nem classe social.

Meus amigos são alegres e contagiantes.

Quando estão tristes, logo buscam a ajuda uns dos outros e tudo se resolve.

Meus amigos se apóiam, se entendem e se completam.

Gostamos muito de nós juntos, mesmo quando estamos discutindo fervorosamente.

Meus amigos falam o tempo todo, sobre tudo.

Eles não têm medo de parecerem ridículos quando o que está em jogo é se divertir e conquistar o sorriso de alguém.

Meus amigos falam alto, riem alto, e muito, sempre.

Não nos importamos com nomes, sobrenomes ou posses.

Meus amigos se gostam porque gostam da personalidade um do outro.

Somos sempre sinceros, mesmo que isso signifique a cara feia de um de nós.

Meus amigos são fortes, trabalhadores e têm a consciência de que na vida nada se ganha de mão beijada.

Estamos sempre batalhando, correndo atrás de nossos sonhos, buscando o apoio mútuo a todo o momento.

Meus amigos tiram sarro um do outro sempre francamente, dando a oportunidade do alvo rir de sua própria desgraça.

Eles são verdadeiros, companheiros, sinceros e a favor da felicidade.

Meus amigos são ótimos, me entendem, me corrigem e me deixam confiante.

Por isso eles são os meus amigos, isso me deixa muito feliz.

Ah sim, nós também adoramos Gipsy Kings, dançamos e gritamos em cima de bancos em churrascos privados.

Hélio - Hélio |14:05 hs comentários[0].

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segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A flor e a formiga

Uma formiguinha andava tranqüilamente pela floresta em que habitava desde quando era muito novinha. Sempre via seus familiares devorando delicadas flores e seus caules com um apetite imenso, felizes em destruir tudo por onde passavam. Mas essa formiguinha não gostava disso, não queria destruir aquele esplendor de cor que era uma flor. Ela queria se aproximar das flores para poder realizar seu grande sonho de ver do alto das plantas o mundo que a rodeava.

Foi quando um dia, caminhando solitária pela floresta, ela se deparou com uma flor triste, de pétalas murchas e lágrimas nos olhos. Decidiu então descobrir qual era a causa de tanta tristeza, sentia vontade de ser amiga daquela delicada flor.

- O que houve, querida beleza? ? questionou a formiguinha.

- Saia! Afaste-se de mim, bicho cruel. Já sofri demais com seus familiares, eles arrancaram minhas antigas pétalas e me deixaram nesse estado. Não confio em formigas, elas são todas cruéis e só pensam nelas mesmas enquanto nos devoram.

Triste por saber que não seria fácil convencer aquela sofrida flor de que era diferente, a formiguinha mesmo assim não desistiu e se aproximou ainda mais do frágil caule da planta.

- Saia! Saia! Não vou servir de alimento para uma formiga miserável! Quem dera Deus tivesse me dado pés para poder te esmagar, mãos para lhe atirar um pedaço de pau ou veneno para te espantar para o longe. ? bradava a flor. Decidida a buscar sua felicidade no topo da planta, a formiguinha redargüiu:

- Não temas, sou uma formiga diferente. Alimento-me apenas de folhas secas que suas irmãs derramam ao solo, sou inofensiva. Não faz parte de mim machucar coisas tão lindas criadas por Deus, meu arrependimento seria fatal. Não suportaria ver uma flor tão singela chorando por minha causa. Entendo que minha família já fez muito mal a sua, acho mesmo que até a você, mas olhe, estou aqui há quase uma tarde e tudo que fiz foi tentar me aproximar de você. Não seja relutante, não lhe quero mal.

Desconfiada, a flor abaixou suas pétalas até alcançar a formiguinha, olhou dentro dos grandes olhos do pequeno animal e viu dentro deles um brilho incomum, raro, quase extinto naquela floresta tão selvagem. Como ainda estava muito machucada pelos ataques anteriores de outras formigas, manteve-se firme na decisão de continuar com medo e desconfiada da formiguinha.

- Não vejo motivo para confiar em você, me parece apenas mais uma dessas devoradoras de caules, mais uma que me fará sofrer como todas as outras de sua espécie que por aqui passaram ? disse em tom arrogante a flor.

- Entendo, em vários caminhos pelos quais passei sempre tentei convencer as belas flores de que eu era uma formiguinha amiga, sonhadora, pura e sem vontade de fazer mal a vocês. Nunca consegui, não é nada fácil, mas vou continuar tentando. Desde que me deparei com suas pétalas, desde que percebi a força de suas raízes tive certeza que você é a flor certa para viver do meu lado. Sonho em morar em lindas pétalas, como as suas, vendo ao longe, com a tranqüilidade de quem se sente protegido e saberá proteger. Já andei muito por esses vales, montanhas e até pelo cerrado, nunca vi uma flor tão bela.

Vendo que a formiguinha acabara de falar, a flor questionou:

- Que garantias tenho de que você não irá me morder toda, me machucando mais ainda?

- Tens a maior de todas: minha consciência. Linda flor, sou apenas uma formiguinha, não tenho a bela juba do leão, não possuo asas como os pássaros e nem consigo ficar bela como vocês. Formigas estão sempre dispostas a trabalhar, construir seus sólidos formigueiros e viver em paz, armazenando suas folhas para o inverno. Não sou uma formiga caçadora, cruel, egoísta. Vivemos na mesma floresta, se te machucar, você machucará outro, que machucará outro e assim darei início a uma sucessão de dor e lágrimas. Sou apenas uma simples formiguinha, não tenho tempo e habilidade o suficiente para mentir, enganar e perder tempo com o que não me interessa. Meu sonho é subir calmamente pelo seu caule e chegar até suas pétalas para avistar a floresta daí de cima. Guio minha consciência por esse objetivo, meus desejos são relacionados somente com ele.

- Mas formigas têm instinto destrutivo, gostam de comer as plantas, argumentou a flor.

- Nem sempre. A vida de cada uma de nós é diferente, passamos por fases diferentes. Meu formigueiro sempre foi repleto de carinho e alegria. Passamos por momentos ruins, como quando a chuva destruiu nossa casa, mas eles serviram apenas para nos fazer ainda mais fortes, mais decididas, unidas. Posso lhe parecer mais uma devoradora de flores, talvez até uma formiguinha esperta que inventou esse sonho para poder te machucar, mas garanto que não. Preciso de um voto de confiança seu, uma chance de te provar que nem todas as formigas são iguais e que ainda existe bondade nessa selva tão cruel.

- O que recebo em troca? ? questionou a flor.

- Uma companhia, proteção, o fim da solidão que te deixa de pétalas murchas, alguém para conversar durante as noites frias da floresta. Ganhará uma formiguinha disposta a sempre te ouvir, te agradar e te fazer sorrir. Em troca de meu repouso sobre suas pétalas, te ofereço amor puro, descompromissado, sólido e confiável. Você foi eleita por mim como a mais bela flor da floresta, por você sou capaz de enfrentar todos os outros animais em nome de sua segurança e sono tranqüilo.

Com lágrimas nos olhos, a flor não pôde deixar de se sentir lisonjeada. Recompôs-se e racionalmente questionou:

- O quê te fez me olhar assim?

- Meus olhos cansados de ver coisas horríveis enxergaram em você a pureza e a sinceridade. Não me interessam as enormes rosas vermelhas, sedutoras, imperativas. Gosto de conquistar aquilo que me completa, algo que transcende as cores das pétalas e chega até o coração. Fique certa de que essa minha escolha não é leviana e impensada. Eu realmente quero morar sobre suas pétalas.

A flor olhou novamente dentro dos olhos da formiguinha, olhou ao seu redor e ouviu todas as suas amigas plantas dizendo que apenas ela não via como era especial esse pedido da formiguinha. Pensou, consultou algumas amigas flores vizinhas suas e deu sua resposta:

- Pois bem, suba. Serei seu porto seguro e você será o meu. Pensando bem, tenho certeza que sua companhia me será muito valiosa e agradável. Vivamos juntas, então.

- Maravilha! Mal posso acreditar. Mas como se convenceu de que eu não lhe quero mal? ? perguntou afoita a formiguinha.

- Minha pequenina, você já está aqui há quase um dia ao meu lado tentando me convencer a amolecer meu coração para você. Se realmente quisesse me devorar, já o teria feito há muito. Vamos, suba e viva comigo o lado leve da vida. Esqueçamos nossas diferenças porque temos algo muito maior a alcançar.

A formiguinha começou a escalar contente o caule de sua nova amiga e chegou até suas pétalas. Quando olhou ao seu redor, agora por cima das raízes, viu que valeu a pena todo seu esforço para mostrar à flor que a vida pode ser mais bela quando a felicidade está em primeiro lugar.