O que querem as pessoas comprometidas?
18/08/2009
O mundo gay, se é que existe um que não seja apenas uma parcela do mundo como um todo, é mesmo muito engraçado. Existem regras, não sei se dá para chamar assim, normas de conduta aceitáveis bem diferentes do chamado mundo heterossexual (branco, judaico-cristão, capitalista). São comportamentos que provam à toda hora que o mundo é mesmo feito de escolhas. Existem casais, muitos, que levam o tal do relacionamento aberto, onde não existe cerca para pular, camisa para costurar para fora ou testa para colocar um belo chifre. Não chega a ser normal, mas é comum e eu admiro quem tem a sinceridade de dizer na lata a verdade quando te conhece. E toda bicha pode topar com um deles por aí, a metade de um casal soltinho. Quando rola a sinceridade e você sabe até onde dá para ir, ou até onde vai para dar, não tem crise para quem é solteiro. Afinal, você é solteiro, quem é comprometido é ele, tudo é consentido e entre maiores de idade e depois do suspiro profundo do orgasmo você continua não precisando dar satisfação (até porque já deu, já satisfez). Mas nem sempre essas pessoas pensam assim e acabam fazendo um rolo na sua cabeça.Um rolo porque ao mesmo tempo em que está bem definido, claro, límpido, óbvio que só vai rolar um lerê de cama já que ele já tem namorado, nem sempre o ele da história se dá conta disso. Eu acho que é porque algumas pessoas precisam muito estar no controle da situação, e nesta situação o controle é do solteiro, convenhamos. Então tem gente que além de manter o jardim de casa quer aparar a grama do vizinho, não só visitar. E então tudo se complica.Complica porque a linha que separa o te ligar para um “boa noite” do “vem cá meu bofe gostoso” fica tão tênue que some. Aí você não sabe se embarca na onda gostosa de uma conquista sem futuro (ou não, vai saber) ou finca o pé no chão e continua nos poucos momentos intensos. Como bom capricorniano, fico com a segunda. E fico porque eu sou humano, tenho sentimentos e eles podem ser cativados por palavras doces, toques de arrepiar cada fio de pêlo e momentos divididos que batem fundo no coração mesmo que o tempo passe; os momentos de eternidade, que certa vez ouvi de uma metade dessas. Então, meu conselho, que se fosse bom eu alugaria (porque vender nessa crise tá bravo), é aproveitar cada coisa conforme seu propósito. Entrar em cada situação com tudo muito bem esclarecido. É só sexo? É sexo e papo? É sexo, papo e companhia? Vale repetir a sinceridade de dizer que é comprometido para dizer também se é só uma visita ou se vai ficar para o jantar. E dizer o que quer, com todas as letras, para eu nunca mais fazer a pergunta do título.
terça-feira, 18 de agosto de 2009
Terra
14/08/2009
É engraçado pensar que a Terra está viva. É claro que isso sempre foi assim, ninguém nunca ensinou o contrário (a não ser alguns mais pessimistas), mas sentir isso fisicamente é diferente. E na Amazônia isso fica claro, é um tapa na cara de realidade, a Terra está viva e vibra. Andando pelo enorme Rio Solimões dá para sentir o coração do planeta literalmente vibrando, e juro que não era o motor do barco.A sensação que dá é que a selva te abraça, bem Mãe Natureza mesmo. O legal é ir para curtir essas coisas, se conectar mesmo com a natureza, sentir a textura da folha, pegar no tronco da árvore centenária e se deslumbrar com o espelho sem fim que a água forma. Na selva amazônica tudo parece estar sobre uma pintura impressionista, como se a árvore real quisesse dizer que até ela pode ser bem mais do que simplesmente é ali, naquela hora. A gente sempre pode se projetar para fora de si mesmo. E o céu de noite não tem adjetivo que classifique. Para quem há um tempinho não vê as estrelas sem muita luz por perto, olhar para o céu da noite amazônica foi como entrar em um telescópio sem destino, com a única missão de ficar apreciando cada brilho de cada pequena, grande, média, ofuscada ou brilhante estrela. E tem milhões delas, infinitas, para fazer os olhos sumirem no meio de uma manta de pequenos pontos de diamantes em um veludo negro.Quando se entra na selva, ah, aí sim, aí você sente realmente quem é, um animal mesmo, inserido em um sistema perfeito orquestrado por essa energia do coração da Terra. Como deveria ser, como era. O Homem volta a ficar impotente diante de tantas árvores gigantes, sucuris enormes e uma riqueza de vegetação que só mesmo quem mora lá faz tempo para conseguir caminhar por ela sem se perder. Tudo é verde, selvagem.E eu curti mesmo essa viagem de natureza, me deixei levar e tive uma experiência inenarrável, contada apenas na boca de siri para alguns poucos amigos. Coisas que só a maior floresta do mundo pode reservar. Essa conexão com a natureza eu tenho desde quando morava por muito tempo no Pantanal, mas ficou mais forte, mais elaborada e esclarecedora. É bom se dar conta de algumas coisas enquanto é tempo, como ir para a Amazônia antes que tudo lá vire propriedade de ONGs internacionais.
Escrito por Hélio Filho às 15h27
(1) Apenas 1 comentário
Muito
11/08/2009
Voltei da Amazônia com tanta coisa para pensar que preciso de mais um dia para postar sobre a viagem, ok? Beijomeliga (se tiver meu número).
14/08/2009
É engraçado pensar que a Terra está viva. É claro que isso sempre foi assim, ninguém nunca ensinou o contrário (a não ser alguns mais pessimistas), mas sentir isso fisicamente é diferente. E na Amazônia isso fica claro, é um tapa na cara de realidade, a Terra está viva e vibra. Andando pelo enorme Rio Solimões dá para sentir o coração do planeta literalmente vibrando, e juro que não era o motor do barco.A sensação que dá é que a selva te abraça, bem Mãe Natureza mesmo. O legal é ir para curtir essas coisas, se conectar mesmo com a natureza, sentir a textura da folha, pegar no tronco da árvore centenária e se deslumbrar com o espelho sem fim que a água forma. Na selva amazônica tudo parece estar sobre uma pintura impressionista, como se a árvore real quisesse dizer que até ela pode ser bem mais do que simplesmente é ali, naquela hora. A gente sempre pode se projetar para fora de si mesmo. E o céu de noite não tem adjetivo que classifique. Para quem há um tempinho não vê as estrelas sem muita luz por perto, olhar para o céu da noite amazônica foi como entrar em um telescópio sem destino, com a única missão de ficar apreciando cada brilho de cada pequena, grande, média, ofuscada ou brilhante estrela. E tem milhões delas, infinitas, para fazer os olhos sumirem no meio de uma manta de pequenos pontos de diamantes em um veludo negro.Quando se entra na selva, ah, aí sim, aí você sente realmente quem é, um animal mesmo, inserido em um sistema perfeito orquestrado por essa energia do coração da Terra. Como deveria ser, como era. O Homem volta a ficar impotente diante de tantas árvores gigantes, sucuris enormes e uma riqueza de vegetação que só mesmo quem mora lá faz tempo para conseguir caminhar por ela sem se perder. Tudo é verde, selvagem.E eu curti mesmo essa viagem de natureza, me deixei levar e tive uma experiência inenarrável, contada apenas na boca de siri para alguns poucos amigos. Coisas que só a maior floresta do mundo pode reservar. Essa conexão com a natureza eu tenho desde quando morava por muito tempo no Pantanal, mas ficou mais forte, mais elaborada e esclarecedora. É bom se dar conta de algumas coisas enquanto é tempo, como ir para a Amazônia antes que tudo lá vire propriedade de ONGs internacionais.
Escrito por Hélio Filho às 15h27
(1) Apenas 1 comentário
Muito
11/08/2009
Voltei da Amazônia com tanta coisa para pensar que preciso de mais um dia para postar sobre a viagem, ok? Beijomeliga (se tiver meu número).
Chairlift para o friozinho
24/07/2009
Chairlift é uma banda de Nova York que toca um som bem legal, meio lounge, mas nada daquelas músicas para segurar taça de champagne e posar para a foto. Depois de dois dias de chuva sem parar em São Paulo, o fim de semana promete ser calminho. Pegue seu edredon, a caneca de chá/café/seiláoquê e dá um play no vídeo abaixo, "Planet Health".
Escrito por Hélio Filho às 18h21
(2) Vários Comentários
Sónusucu
21/07/2009
E não é que hoje faz nove meses que eu parei de beber completamente? O tempo passa tão rápido que a gente nem vê, só sente que se acostumou a ir para a pixxxta com um gelado refrigerante na mão, ou água de côco, delícia. Parei de beber e suas consequências, aquilo de uma coisa puxa a outra, sabe? E sim, eu vou para a balada normalmente, danço a noite toda e me divirto, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita.Dá sim para se divertir sem beber, sem isso ou aquilo. Mas não é fácil, você só se diverte de cara limpa depois de ter sujado a cara, quando está bem consigo, e estar bem consigo acaba se tornando uma consequência. Ser abstêmio não traz só bons resultados no corpo, na saúde, mas na mente também. Tudo fica mais claro de ser visto, você consegue enxergar em perspectiva e lançar o olhar além do copo, da mesa.Mas isso não é uma crítica para quem gosta de meter o pé na jaca, pelo contrário, cada um faz o que acha que faz a si mais feliz. Quando eu usava essa fruta grande de pantufas aos fins de semana era bem legal, adorava voltar para casa meio-dia, zzzuper bem, daquele jeito. É legal, é gostoso e quem achar que deve tem todo o direito de se jogar.Prova disso é que acabei ficando de irmão são todas as vezes que saio (quatro vezes neste ano), jogo água na nuca do amigo para refrescar, dou a mão para o outro segurar enquanto balança a cabeça sem parar sem nexo algum, guardo o dinheiro do que vai entrar no dark, abano quem está virando o olho e fico sempre atento às elzeiras que querem se aproveitar das jogadas. E é legal, é uma forma de demonstrar carinho e cuidado com os amigos, sem julgar, como deve ser. Passou mal? Compra uma Coca-Cola gelada pro amigo e sente-o para um descanso.Como nem tudo são rosas, tem a parte ruim de não conseguir conversar muito com as pessoas simplesmente porque você ainda está em um mundo tridimensional e não foi parar na sétima dimensão, aquela onde você pega o passaporte na cabine fechada do banheiro. Aí fica f%$# mesmo. Primeiro porque o gato não pára de dançar para falar com você direito, segundo que a dicção fica completamente alterada com os maxilares rijos o tempo todo, terceiro que o suadouro da sudorese é um pouco nojento e quarto que se você conseguir superar tudo isso ainda corre o risco de ter uma noite bem “mole” por causa dos efeitos colaterais dessa sétima dimensão. Mas ok, tem gente interessada em tudo e com certeza a realidade prova que esse povo tem sua cara-metade. Nove meses depois, eu agora espero a noite de sexta-feira ansioso para dormir bem cedo e ter uma boa e bem longa noite de sono que acaba só por volta das 10 da manhã do sábado. Aliás, a manhã de sábado sem álcool nas veias é tão linda que por si só valeria a abstinência, o sol, o calor e um dia inteiro a ser construído com calma. Sem contar que sua cabeça está leve, seu nariz consegue respirar e sua consciência não vai te golpear flashes vergonhosos da noite passada durante todo o dia. Um brinde ao suco de laranja na balada!
24/07/2009
Chairlift é uma banda de Nova York que toca um som bem legal, meio lounge, mas nada daquelas músicas para segurar taça de champagne e posar para a foto. Depois de dois dias de chuva sem parar em São Paulo, o fim de semana promete ser calminho. Pegue seu edredon, a caneca de chá/café/seiláoquê e dá um play no vídeo abaixo, "Planet Health".
Escrito por Hélio Filho às 18h21
(2) Vários Comentários
Sónusucu
21/07/2009
E não é que hoje faz nove meses que eu parei de beber completamente? O tempo passa tão rápido que a gente nem vê, só sente que se acostumou a ir para a pixxxta com um gelado refrigerante na mão, ou água de côco, delícia. Parei de beber e suas consequências, aquilo de uma coisa puxa a outra, sabe? E sim, eu vou para a balada normalmente, danço a noite toda e me divirto, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita.Dá sim para se divertir sem beber, sem isso ou aquilo. Mas não é fácil, você só se diverte de cara limpa depois de ter sujado a cara, quando está bem consigo, e estar bem consigo acaba se tornando uma consequência. Ser abstêmio não traz só bons resultados no corpo, na saúde, mas na mente também. Tudo fica mais claro de ser visto, você consegue enxergar em perspectiva e lançar o olhar além do copo, da mesa.Mas isso não é uma crítica para quem gosta de meter o pé na jaca, pelo contrário, cada um faz o que acha que faz a si mais feliz. Quando eu usava essa fruta grande de pantufas aos fins de semana era bem legal, adorava voltar para casa meio-dia, zzzuper bem, daquele jeito. É legal, é gostoso e quem achar que deve tem todo o direito de se jogar.Prova disso é que acabei ficando de irmão são todas as vezes que saio (quatro vezes neste ano), jogo água na nuca do amigo para refrescar, dou a mão para o outro segurar enquanto balança a cabeça sem parar sem nexo algum, guardo o dinheiro do que vai entrar no dark, abano quem está virando o olho e fico sempre atento às elzeiras que querem se aproveitar das jogadas. E é legal, é uma forma de demonstrar carinho e cuidado com os amigos, sem julgar, como deve ser. Passou mal? Compra uma Coca-Cola gelada pro amigo e sente-o para um descanso.Como nem tudo são rosas, tem a parte ruim de não conseguir conversar muito com as pessoas simplesmente porque você ainda está em um mundo tridimensional e não foi parar na sétima dimensão, aquela onde você pega o passaporte na cabine fechada do banheiro. Aí fica f%$# mesmo. Primeiro porque o gato não pára de dançar para falar com você direito, segundo que a dicção fica completamente alterada com os maxilares rijos o tempo todo, terceiro que o suadouro da sudorese é um pouco nojento e quarto que se você conseguir superar tudo isso ainda corre o risco de ter uma noite bem “mole” por causa dos efeitos colaterais dessa sétima dimensão. Mas ok, tem gente interessada em tudo e com certeza a realidade prova que esse povo tem sua cara-metade. Nove meses depois, eu agora espero a noite de sexta-feira ansioso para dormir bem cedo e ter uma boa e bem longa noite de sono que acaba só por volta das 10 da manhã do sábado. Aliás, a manhã de sábado sem álcool nas veias é tão linda que por si só valeria a abstinência, o sol, o calor e um dia inteiro a ser construído com calma. Sem contar que sua cabeça está leve, seu nariz consegue respirar e sua consciência não vai te golpear flashes vergonhosos da noite passada durante todo o dia. Um brinde ao suco de laranja na balada!
O Picasso do moreno
08/07/2009
Estava eu saindo de minha avarandada casa hoje pela manhã rumo à Redação deste site que você está lendo agora quando tive uma visão bela, quase renascentista (não fossem os buracos imperfeitos da calçada): um moreno alto, bonito e sensual com um corpo de dar inveja ao Davi. Mas não pára por aí, ele estava lavando seu carro, de camiseta branca apertada, calça marcando bem as curvas corporais (principalmente o delicioso kibe) e um cinto que, para minha alegria, estava um pouco largo demais.Lá estava esse moreno lindo, quase em frente da minha casa, (se estivesse em frente, ia fazer um café na hora!) protagonizando aquela cena quase ficcional. Parecia bastante uma cena daquela antiga série da Globo “A Desinibida do Grajaú”, onde a mulher em questão (acho que a atriz era a Claúdia Alencar) ia lavar seu carro e, propositalmente, transformava isso em um show para os olhos masculinos (e das bolachas também, claro). E o moreno lavava seu Xsara Picasso com carinho, talvez sem querer, mas provocando.Jogava água em seu Picasso e seu Picasso ficava molhadinho. O líquido escorria por todos os lugares do Picasso, deslizavam em ondas que abraçavam aquela coisa enorme, linda, me despertando uma vontade louca de subir no Picasso do moreno e ficar lá o dia todo aproveitando essa sensação deliciosa de estar sentado em um Picasso. Diminui o ritmo do passo para não passar tão logo por ele, queria olhar mais. Oras, não é todo dia que um homem lindo daqueles decide lavar o carro quase em frente de casa, tinha que aproveitar. No máximo, o borracheiro da esquina lava seu calhambeque de sábado para levar a família para ver a avó em alguma cidade aos arredores de São Paulo. Um moreno com um Picasso nunca pode ser menosprezado!E fui subindo, subindo, olhando o moreno, o Picasso, aquele líquido escorrendo fartamente do Picasso. Uma loucura. Como o moreno não ia pagar minhas contas, tive que vir trabalhar e passei pelo moreno, abandonando aquele antes tão privilegiado campo de visão. Continuei subindo a ladeira da minha casa rumo ao metrô. Claro que dei uma olhadinha ou outra para trás para ter certeza de que não era um sonho atrasado, que se recusou a ir embora quando eu levantei da cama.Continuei subindo, mas agora muito mais animado. Afinal, tinha um moreno delicioso com seu Picasso bem atrás de mim.
08/07/2009
Estava eu saindo de minha avarandada casa hoje pela manhã rumo à Redação deste site que você está lendo agora quando tive uma visão bela, quase renascentista (não fossem os buracos imperfeitos da calçada): um moreno alto, bonito e sensual com um corpo de dar inveja ao Davi. Mas não pára por aí, ele estava lavando seu carro, de camiseta branca apertada, calça marcando bem as curvas corporais (principalmente o delicioso kibe) e um cinto que, para minha alegria, estava um pouco largo demais.Lá estava esse moreno lindo, quase em frente da minha casa, (se estivesse em frente, ia fazer um café na hora!) protagonizando aquela cena quase ficcional. Parecia bastante uma cena daquela antiga série da Globo “A Desinibida do Grajaú”, onde a mulher em questão (acho que a atriz era a Claúdia Alencar) ia lavar seu carro e, propositalmente, transformava isso em um show para os olhos masculinos (e das bolachas também, claro). E o moreno lavava seu Xsara Picasso com carinho, talvez sem querer, mas provocando.Jogava água em seu Picasso e seu Picasso ficava molhadinho. O líquido escorria por todos os lugares do Picasso, deslizavam em ondas que abraçavam aquela coisa enorme, linda, me despertando uma vontade louca de subir no Picasso do moreno e ficar lá o dia todo aproveitando essa sensação deliciosa de estar sentado em um Picasso. Diminui o ritmo do passo para não passar tão logo por ele, queria olhar mais. Oras, não é todo dia que um homem lindo daqueles decide lavar o carro quase em frente de casa, tinha que aproveitar. No máximo, o borracheiro da esquina lava seu calhambeque de sábado para levar a família para ver a avó em alguma cidade aos arredores de São Paulo. Um moreno com um Picasso nunca pode ser menosprezado!E fui subindo, subindo, olhando o moreno, o Picasso, aquele líquido escorrendo fartamente do Picasso. Uma loucura. Como o moreno não ia pagar minhas contas, tive que vir trabalhar e passei pelo moreno, abandonando aquele antes tão privilegiado campo de visão. Continuei subindo a ladeira da minha casa rumo ao metrô. Claro que dei uma olhadinha ou outra para trás para ter certeza de que não era um sonho atrasado, que se recusou a ir embora quando eu levantei da cama.Continuei subindo, mas agora muito mais animado. Afinal, tinha um moreno delicioso com seu Picasso bem atrás de mim.
Amigo se guarda na prateleira
01/07/2009
Bill Lee (dir.) conversa com um de seus amigos exóticosAmigos são ótimas fontes para se descobrir coisas novas. Sempre tem alguém que leu um livro incrível e vai te falar, viu um filme super legal e vai te indicar ou assistiu a uma peça e faz questão que você veja. E comigo não é diferente. Meus amigos são tão diferentes entre si que formam uma massa só, que eu adoro, uma bagunça de profissões, orientações sexuais e gostos. Essas diferenças garantem a mim uma seara farta de dicas – nem sempre boas, confesso (Vivi, música celta no jantar não rola!).A última que segui foi assistir a um filme que minha amiga Vavá indicou. Já ia fazer dois anos que ela me falava dele, sempre super empolgada, dizendo que eu não podia deixar de ver. Pois bem, peguei o DVD emprestado e fui assistir. No primeiro minuto do filme eu já pensei: “Vavá é foda, sabe bem do que os amigos gostam”. O filme rolou e eu adorei.Mas qual era o filme? “Mistérios e Paixões” (Naked Lunch), do David Cronenberg. Não é lançamento, pelo contrário, é de 1991 e meio difícil conseguir achar para locar. Sabe-se lá como (e melhor e mais seguro eu não saber mesmo), Vavá tinha e me emprestou. Baseado no romance autobiográfico de mesmo nome do escritor outsider William S. Burroughs, o filme conta a história de um homem que sonha em ser escritor, mas na realidade é exterminador de insetos na Nova York dos anos 1950. A mulher dele fica viciada em injetar o inseticida (ui! Colocadona! Inseticida bafo!) e faz o marido experimentar. Daí pra frente ele entra em uma sucessão interminável de viagens cada vez mais loucas. É claro que o filme é só uma metáfora para o mundo louco que se pode entrar com o uso de certas substâncias. Bill Lee (o ator Peter Weller) começa a viajar que sua máquina de escrever é um inseto gigante (hilário e mal-humorado) membro de uma corporação secreta para a qual ele deve fazer relatórios. Só que essa corporação, a Interzone, na verdade é o limbo onde entram os adictos. Vale a pena assistir ao filme com essa visão desde o começo para catar bem a moral da história.E os homossexuais entram com tudo (ui, de novo) na história. Considerada uma porta de entrada para a Interzone (o mundo das drogas), a homossexualidade é louvada em um mundo bem povoado por gays vulneráveis ao vício. Em certos momentos Bill chega a questionar se não seria homossexual, coisa que não fica muuuito clara não, viu? Quem não viu deve ver, e quem viu pode rever, duvido que deu para entender tudo em uma assistida apenas. Eu vou ver de novo, adoro a parte em que o inseto gigante faz piadas nonsense!
01/07/2009
Bill Lee (dir.) conversa com um de seus amigos exóticosAmigos são ótimas fontes para se descobrir coisas novas. Sempre tem alguém que leu um livro incrível e vai te falar, viu um filme super legal e vai te indicar ou assistiu a uma peça e faz questão que você veja. E comigo não é diferente. Meus amigos são tão diferentes entre si que formam uma massa só, que eu adoro, uma bagunça de profissões, orientações sexuais e gostos. Essas diferenças garantem a mim uma seara farta de dicas – nem sempre boas, confesso (Vivi, música celta no jantar não rola!).A última que segui foi assistir a um filme que minha amiga Vavá indicou. Já ia fazer dois anos que ela me falava dele, sempre super empolgada, dizendo que eu não podia deixar de ver. Pois bem, peguei o DVD emprestado e fui assistir. No primeiro minuto do filme eu já pensei: “Vavá é foda, sabe bem do que os amigos gostam”. O filme rolou e eu adorei.Mas qual era o filme? “Mistérios e Paixões” (Naked Lunch), do David Cronenberg. Não é lançamento, pelo contrário, é de 1991 e meio difícil conseguir achar para locar. Sabe-se lá como (e melhor e mais seguro eu não saber mesmo), Vavá tinha e me emprestou. Baseado no romance autobiográfico de mesmo nome do escritor outsider William S. Burroughs, o filme conta a história de um homem que sonha em ser escritor, mas na realidade é exterminador de insetos na Nova York dos anos 1950. A mulher dele fica viciada em injetar o inseticida (ui! Colocadona! Inseticida bafo!) e faz o marido experimentar. Daí pra frente ele entra em uma sucessão interminável de viagens cada vez mais loucas. É claro que o filme é só uma metáfora para o mundo louco que se pode entrar com o uso de certas substâncias. Bill Lee (o ator Peter Weller) começa a viajar que sua máquina de escrever é um inseto gigante (hilário e mal-humorado) membro de uma corporação secreta para a qual ele deve fazer relatórios. Só que essa corporação, a Interzone, na verdade é o limbo onde entram os adictos. Vale a pena assistir ao filme com essa visão desde o começo para catar bem a moral da história.E os homossexuais entram com tudo (ui, de novo) na história. Considerada uma porta de entrada para a Interzone (o mundo das drogas), a homossexualidade é louvada em um mundo bem povoado por gays vulneráveis ao vício. Em certos momentos Bill chega a questionar se não seria homossexual, coisa que não fica muuuito clara não, viu? Quem não viu deve ver, e quem viu pode rever, duvido que deu para entender tudo em uma assistida apenas. Eu vou ver de novo, adoro a parte em que o inseto gigante faz piadas nonsense!
A queda
18/06/2009
Queria muito falar sobre a Parada, mas não fazer mais um balanço, apontar erros e tal. Quero falar sobre o que talvez para mim foi o maior exemplo que eu vi durante todos os eventos da programação inteira. Foi no Gay Day, do Playcenter, no sábado, 13. Os gogo-dancers da Ultra Diesel começavam a dançar pro povo e no fundo do palco uma drag queen vestida toda de preto, com tecidos brilhantes e esvoaçantes, se preparava para entrar e fazer uma performance com eles. Esse fundo do palco era fechado com um tecido, mas que parecia uma parede naquele escuro e no adiantado da hora. Sem perceber isso, ela se encostou ali e o tecido foi cedendo, cedendo, cedendo e ela quase caindo.Ela estava do meu lado e na hora eu tentei segurar de todos os jeitos. Juntava as pernas da bicha e puxava, puxava o tecido, tentava puxar qualquer coisa para que ela não caísse, até a peruca, que nunca cai da cabeça das drags. Não consegui e ela despencou de cima do palco e caiu de costas no chão, com direito a barulho abafado e tudo. Corri para a escada para descer e ajudá-la, ver se estava tudo bem. Nem cheguei à escada.Antes que eu pudesse falar “meu Deus, ela caiu!”, a fofa já tinha levantado, sacudido a poeira e subia belíííssima a escada do palco. Com cara de “inhaim” e como se nada tivesse acontecido. Ela nem gritou, caiu e levantou. Pá-pum! Quando subiu no palco já entrou dançando, batendo cabelo, arrasando no salto. E assim foi durante o tempo todo que os ultradancers se apresentaram. Fiquei bege, não, acrílico com aquilo.Principalmente porque depois descobri que ela tinha se machucado um pouquinho sim, sentia dores, mas mesmo assim foi cumprir seu papel dentro do caldeirão da diversidade. Isso sim é não se deixar abater pelas adversidades, é ter força de vontade e consciência de que quando se cai, do chão não passa e o melhor é mesmo sacudir a poeira e dar a volta por cima. Parabéns para ela.
Escrito por Hélio Filho às 13h15
(1) Apenas 1 comentário
Parou
16/06/2009
É sempre complicado falar da Parada depois que ela é realizada porque cada um tem sua visão, como já disse aqui antes. Cada um viu um ponto mais positivo e outro mais negativo. Eu gostei mais do que desgostei. Achei legal neste ano ter um clima gostoso, por volta dos 15 graus, um pouco menos de gente e mais espaço para andar. Aliás, para quem cobre a descida dos trios na Consolação e sobe e desce o tempo todo a rua, esse espaço foi vital. Devo ter caminhado uns bons quilômetros, com direito a pé pisoteado e meio virado. Mas valeu a pena.É claro que vários problemas ocorreram, como roubos, furtos, brigas (algumas bem sérias) e até uma bomba. São condenáveis, sempre, mas também esperados. É importante dizer que isso não acontece só na Parada, grandes eventos onde há bebidas alcoólicas e animação também registram ocorrências graves. Quem não se lembra da quebradeira no centro paulistano na Virada Cultural de 2007? Na edição deste ano, uma amiga viu um homem levar uma pedrada na cabeça e cair no chão durante um arrastão de meninos de rua marginalizados. A coisa fica grande com o preconceito, porque “é coisa de viado”. É óbvio que é preciso cada vez mais segurança e mais do que necessário que os números de ocorrência caiam a cada ano, chegando ao tão almejado zero. Mas não é justo também ficar essa ideia de que só a Parada é violenta, só lá as pessoas exageram no vinho chapinha, só lá as pessoas são furtadas e roubadas. É burrice olhar apenas o pontinho preto na parede branca. Tem muita coisa ainda para refletir sobre um dos maiores eventos cívicos do mundo, mas fica para outro post.
18/06/2009
Queria muito falar sobre a Parada, mas não fazer mais um balanço, apontar erros e tal. Quero falar sobre o que talvez para mim foi o maior exemplo que eu vi durante todos os eventos da programação inteira. Foi no Gay Day, do Playcenter, no sábado, 13. Os gogo-dancers da Ultra Diesel começavam a dançar pro povo e no fundo do palco uma drag queen vestida toda de preto, com tecidos brilhantes e esvoaçantes, se preparava para entrar e fazer uma performance com eles. Esse fundo do palco era fechado com um tecido, mas que parecia uma parede naquele escuro e no adiantado da hora. Sem perceber isso, ela se encostou ali e o tecido foi cedendo, cedendo, cedendo e ela quase caindo.Ela estava do meu lado e na hora eu tentei segurar de todos os jeitos. Juntava as pernas da bicha e puxava, puxava o tecido, tentava puxar qualquer coisa para que ela não caísse, até a peruca, que nunca cai da cabeça das drags. Não consegui e ela despencou de cima do palco e caiu de costas no chão, com direito a barulho abafado e tudo. Corri para a escada para descer e ajudá-la, ver se estava tudo bem. Nem cheguei à escada.Antes que eu pudesse falar “meu Deus, ela caiu!”, a fofa já tinha levantado, sacudido a poeira e subia belíííssima a escada do palco. Com cara de “inhaim” e como se nada tivesse acontecido. Ela nem gritou, caiu e levantou. Pá-pum! Quando subiu no palco já entrou dançando, batendo cabelo, arrasando no salto. E assim foi durante o tempo todo que os ultradancers se apresentaram. Fiquei bege, não, acrílico com aquilo.Principalmente porque depois descobri que ela tinha se machucado um pouquinho sim, sentia dores, mas mesmo assim foi cumprir seu papel dentro do caldeirão da diversidade. Isso sim é não se deixar abater pelas adversidades, é ter força de vontade e consciência de que quando se cai, do chão não passa e o melhor é mesmo sacudir a poeira e dar a volta por cima. Parabéns para ela.
Escrito por Hélio Filho às 13h15
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Parou
16/06/2009
É sempre complicado falar da Parada depois que ela é realizada porque cada um tem sua visão, como já disse aqui antes. Cada um viu um ponto mais positivo e outro mais negativo. Eu gostei mais do que desgostei. Achei legal neste ano ter um clima gostoso, por volta dos 15 graus, um pouco menos de gente e mais espaço para andar. Aliás, para quem cobre a descida dos trios na Consolação e sobe e desce o tempo todo a rua, esse espaço foi vital. Devo ter caminhado uns bons quilômetros, com direito a pé pisoteado e meio virado. Mas valeu a pena.É claro que vários problemas ocorreram, como roubos, furtos, brigas (algumas bem sérias) e até uma bomba. São condenáveis, sempre, mas também esperados. É importante dizer que isso não acontece só na Parada, grandes eventos onde há bebidas alcoólicas e animação também registram ocorrências graves. Quem não se lembra da quebradeira no centro paulistano na Virada Cultural de 2007? Na edição deste ano, uma amiga viu um homem levar uma pedrada na cabeça e cair no chão durante um arrastão de meninos de rua marginalizados. A coisa fica grande com o preconceito, porque “é coisa de viado”. É óbvio que é preciso cada vez mais segurança e mais do que necessário que os números de ocorrência caiam a cada ano, chegando ao tão almejado zero. Mas não é justo também ficar essa ideia de que só a Parada é violenta, só lá as pessoas exageram no vinho chapinha, só lá as pessoas são furtadas e roubadas. É burrice olhar apenas o pontinho preto na parede branca. Tem muita coisa ainda para refletir sobre um dos maiores eventos cívicos do mundo, mas fica para outro post.
Mâmâmâmá!!!
10/06/2009
A Parada é no domingo, 14, e todos os anos tem uma música que marca o evento. No ano passado eu lembro que era “Touch my body”, da Mariah Carey (que me faz lembrar do Erik até hoje). Neste ano eu aposto na mâmâmâmásérrima Lady Gaga neste posto, com “Pocker Face”, para ser mais exato. Desde “Just Dance” ela vem arrasando no meio das bichas e o novo sucesso conquistou de vez.Eu adoro, adoro mesmo. Lady Gaga é muito gay, muito montada, brilhante, produzida, maquiada, exagerada, faz carão sem parar e o refrão de “Poker Face” tem aquele mâmâmâmá em voz masculina que é muuuito parente do “inhai” das travestis. Disseram para mim que ela já trabalhou em lugar gay como dançarina, acho que sei de onde vem a inspiração tão gay para suas performances. Lembra um pouco a Cher.Como não poderia ser diferente, já vi umas três drags imitando Lady Gaga, claro que com o povo todo adorando. Aposto em “Poker Face” como música da Parada de São Paulo 2009. Mâmâmâmá!
Mâmâmâmá!
Escrito por Hélio Filho às 18h11
(1) Apenas 1 comentário
O que você espera da Parada de São Paulo?
09/06/2009
Segundo dados oficiais, 320 mil visitantes chegam à cidade para esse fervo, sendo que 70% são do interior do Estado, 25% de outras localidades brasileiras e 5% são estrangeiros. A cidade enche, os lugares gays idem. Carne, muita carne. Como é no feriadão, muita gente fica cheia de tempo livre para aproveitar toda a programação, que não pára a partir de amanhã. Para nós aqui do Mix, a Parada é sinônimo de muito trabalho, correria para estar em todos os lugares ao mesmo tempo e informar sobre tudo.Eu gosto de ficar com a cobertura do circuito mais normalzinho, menos estrelado de grandes atrações. Jogo esse corpinho não-malhado no meio dos ursos, sapas e o povo do centrão, um fervo só. Pela segunda vez vou à Diva, festa das bolachas na The Week. Infelizmente este ano minha amiga Vavá não poderá ir. Que pena, no ano passado ela adorou o churrascão com pagode das sapas, mesmo sendo vegetariana e heterossexual. Mas ela já prometeu passar na Paulista no fim da Parada. É engraçado ver como cada um vai ter uma visão da Parada. Para os militantes, será um momento de grande visibilidade, muito importante para a comunidade LGBT. Para os menos politizados, será uma sequência de festas, pegação e muita ferveção aguardada desde a última Parada. Para quem mora na Paulista, talvez um problema – e por aí vai. O mais legal é sempre saber que você faz sua festa, politizada ou não, fervida ou não, cheia de gente ou não.
10/06/2009
A Parada é no domingo, 14, e todos os anos tem uma música que marca o evento. No ano passado eu lembro que era “Touch my body”, da Mariah Carey (que me faz lembrar do Erik até hoje). Neste ano eu aposto na mâmâmâmásérrima Lady Gaga neste posto, com “Pocker Face”, para ser mais exato. Desde “Just Dance” ela vem arrasando no meio das bichas e o novo sucesso conquistou de vez.Eu adoro, adoro mesmo. Lady Gaga é muito gay, muito montada, brilhante, produzida, maquiada, exagerada, faz carão sem parar e o refrão de “Poker Face” tem aquele mâmâmâmá em voz masculina que é muuuito parente do “inhai” das travestis. Disseram para mim que ela já trabalhou em lugar gay como dançarina, acho que sei de onde vem a inspiração tão gay para suas performances. Lembra um pouco a Cher.Como não poderia ser diferente, já vi umas três drags imitando Lady Gaga, claro que com o povo todo adorando. Aposto em “Poker Face” como música da Parada de São Paulo 2009. Mâmâmâmá!
Mâmâmâmá!
Escrito por Hélio Filho às 18h11
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O que você espera da Parada de São Paulo?
09/06/2009
Segundo dados oficiais, 320 mil visitantes chegam à cidade para esse fervo, sendo que 70% são do interior do Estado, 25% de outras localidades brasileiras e 5% são estrangeiros. A cidade enche, os lugares gays idem. Carne, muita carne. Como é no feriadão, muita gente fica cheia de tempo livre para aproveitar toda a programação, que não pára a partir de amanhã. Para nós aqui do Mix, a Parada é sinônimo de muito trabalho, correria para estar em todos os lugares ao mesmo tempo e informar sobre tudo.Eu gosto de ficar com a cobertura do circuito mais normalzinho, menos estrelado de grandes atrações. Jogo esse corpinho não-malhado no meio dos ursos, sapas e o povo do centrão, um fervo só. Pela segunda vez vou à Diva, festa das bolachas na The Week. Infelizmente este ano minha amiga Vavá não poderá ir. Que pena, no ano passado ela adorou o churrascão com pagode das sapas, mesmo sendo vegetariana e heterossexual. Mas ela já prometeu passar na Paulista no fim da Parada. É engraçado ver como cada um vai ter uma visão da Parada. Para os militantes, será um momento de grande visibilidade, muito importante para a comunidade LGBT. Para os menos politizados, será uma sequência de festas, pegação e muita ferveção aguardada desde a última Parada. Para quem mora na Paulista, talvez um problema – e por aí vai. O mais legal é sempre saber que você faz sua festa, politizada ou não, fervida ou não, cheia de gente ou não.
O rei
02/06/2009
Preciso assumir que sim, eu gosto de Roberto Carlos, o rei. E nem é da fase mais conceitual, Jovem Guarda, é do período chamado carinhosamente de “romântico”, mas que para a maioria é brega mesmo. Domingo é claro que eu assisti ao especial da Globo com um monte de cantoras interpretando as músicas dele. E eu conhecia quase todas, só nunca tinha ouvido uma que a Hebe cantou. Só para registrar (mesmo que eu me arrependa de ter revelado isso), também sou fã da Hebe e tenho um CD dela em casa, e foi comprado, não ganhei.É em momentos como esse, Hebe na Globo, que dá para perceber o poder que alguns artistas têm. Eu poderia citar Madonna, Michael Jackson, Roberto Carlos e Chico Buarque para exemplificar bem como o alcance deles é universal. Acredito que o SBT possa até ter feito algum c* doce para liberar a Hebe, mas Roberto Carlos é mais forte do que qualquer concorrência e Hebe foi, e arrasou (ainda estou bege com os brincos e o colar que ela usou).Além dela, um povo mais feliz, colorido, como Ana Carolina, Marina Lima e Mart’nália – só para ficar nas publicamente diferentes – também foi, e o rei adorou. Adorou porque ele sabe que suas músicas falam de amor de todas as maneiras, orientações, falam de como é gostoso ter alguém – e brigar com esse alguém e tudo o mais que o amor traz. Roberto é rei, pode não ser muito aceito por quem não gosta de músicas, digamos, fáceis, mas ele tem magnetismo, poder de persuasão. Só não gostei de algumas coisas, como a Sandy como um todo, o exagero dramático de Marília Pêra (que quase ficou sem pescoço) e o jeito da Alcione, que parecia levemente animada pelo álcool e emendava uma palavra na outra. Quando eu estou aqui...
02/06/2009
Preciso assumir que sim, eu gosto de Roberto Carlos, o rei. E nem é da fase mais conceitual, Jovem Guarda, é do período chamado carinhosamente de “romântico”, mas que para a maioria é brega mesmo. Domingo é claro que eu assisti ao especial da Globo com um monte de cantoras interpretando as músicas dele. E eu conhecia quase todas, só nunca tinha ouvido uma que a Hebe cantou. Só para registrar (mesmo que eu me arrependa de ter revelado isso), também sou fã da Hebe e tenho um CD dela em casa, e foi comprado, não ganhei.É em momentos como esse, Hebe na Globo, que dá para perceber o poder que alguns artistas têm. Eu poderia citar Madonna, Michael Jackson, Roberto Carlos e Chico Buarque para exemplificar bem como o alcance deles é universal. Acredito que o SBT possa até ter feito algum c* doce para liberar a Hebe, mas Roberto Carlos é mais forte do que qualquer concorrência e Hebe foi, e arrasou (ainda estou bege com os brincos e o colar que ela usou).Além dela, um povo mais feliz, colorido, como Ana Carolina, Marina Lima e Mart’nália – só para ficar nas publicamente diferentes – também foi, e o rei adorou. Adorou porque ele sabe que suas músicas falam de amor de todas as maneiras, orientações, falam de como é gostoso ter alguém – e brigar com esse alguém e tudo o mais que o amor traz. Roberto é rei, pode não ser muito aceito por quem não gosta de músicas, digamos, fáceis, mas ele tem magnetismo, poder de persuasão. Só não gostei de algumas coisas, como a Sandy como um todo, o exagero dramático de Marília Pêra (que quase ficou sem pescoço) e o jeito da Alcione, que parecia levemente animada pelo álcool e emendava uma palavra na outra. Quando eu estou aqui...
14/05/2009
As coisas andam bem corridas por aqui por conta da Junior 11. Queria só registrar que amei os novos trens do metrô paulistano - principalmente porque eles têm uma ótima iluminação. Para quem é como eu e não entra no vagão sem algo para ler, é uma boa ajuda. Meu brigado ao responsável e minha desculpa aos oftamologistas.
As coisas andam bem corridas por aqui por conta da Junior 11. Queria só registrar que amei os novos trens do metrô paulistano - principalmente porque eles têm uma ótima iluminação. Para quem é como eu e não entra no vagão sem algo para ler, é uma boa ajuda. Meu brigado ao responsável e minha desculpa aos oftamologistas.
Pimba!
06/05/2009
A cada milésimo de segundo, uma banda, cantor, cantora ou sei lá mais qual tipo de agremiação musical pipoca na internet. É claro que 90% disso você joga fora porque é pura mistura de tudo que faz sucesso com uma pseudo-pincelada própria. Hoje em dia até a Mallu Magalhães canta (nem vou falar na Ângela Bismarchi – nem sei escrever o sobrenome). O mais legal para mim é quando em meio a esse monte de gente PIMBA (pseudo-intelectual metido à besta alternativa) eu encontro alguém que vale a pena, que revisita algumas coisas, tem influências, mas faz um som original. Entre essas pencas de novidades que abastecem os iPods de gente que quer ser moderna, uma que realmente vale a pena é o Noisettes. Eles são britânicos, animados, superlativos e colocam qualquer um pra dançar, até aquela sua tia-avó de 112 anos. Eles misturam punk, soul dos anos 80 e glam rock com a voz de verdade de Shingai Shoniwa (que também é baixista). Remelexo puro sem ser PIMBA. Aqui você confere o clipe de "Don't Upset The Rhythm".
Escrito por Hélio Filho às 18h33
(2) Vários Comentários
Família
04/05/2009
Todo mundo tem uma família, isso é óbvio, mas ninguém tem a família que eu tenho, a melhor de todas. A gente briga, fala mal um do outro, mas quando um precisa, todo mundo corre para ajudar, seja como for, sempre como pode. Não somos perfeitos e nem pretendemos ser. Minha mãe às vezes estressa todo mundo. Minha avó às vezes faz uns rolos que duram anos para serem desfeitos, mas estamos sempre juntos, sempre rindo um do outro e falando mal dos parentes mais distantes. Isso é família.No feriado voltei para a Amazônia, para a casa da minha irmã em Mato Grosso, quase na pontinha norte do Estado. Fui batizar minha sobrinha e fiquei pensando que minha família toda sabe que eu sou gay, mas nunca me cobrou nem questionou nada. Tudo bem que minha avó de 81 anos ainda me pergunta se eu tenho namoradA, mas ela é ainda da época em que as pessoas se conheciam pelos sobrenomes e a televisão nem existia no Brasil. Em um fim de semana super familiar, eu pude perceber que por mais careta e ultrapassado que pareça, aquele ditado de que a família é a base de tudo é verdade. Receber um abraço de um irmão, no meu caso, de três irmãs, não tem preço, ainda mais se for verdadeiro, sem querer algo mais, sem segundas intenções ou veneno. Abraço de amor, abraço de quem se gosta muito e não saberia viver sem aquela pessoa – mesmo que brigue com ela a cada cinco minutos por bobeiras. O que dizer então de sobrinhas que correm para te abraçar quando você chega? Abraço grátis, sincero, puro e sempre cheio de sorrisos falhos de dentinhos de leite que estão caindo. Quem nunca recebeu um abraço desses com certeza vai achar meu post careta, piegas, uó... Uma pena, seria muito bom se todo mundo pudesse sentir aqueles bracinhos frágeis e pequenos em volta do seu pescoço, o beijo grudento com gosto de pirulito, o grito de alegria a cada brincadeira, por mais simples que for. Isso renova a alma de qualquer pessoa, joga pra longe qualquer problema. É como se aquele pequeno ser te sugasse para o mundo fantástico dele onde tudo é como deveria ser aqui na vida real, simples.Nós, gays, muitas vezes temos que sair de casa para podermos ser nós mesmos, o que aconteceu comigo. Para viver plenamente como sou realmente, me distanciei de casa por respeito. Minha família me aceita, me acolhe, mas não é obrigada a achar legal algumas coisas que para os gays o são. E é esse justamente o segredo para se ter uma boa relação: respeito. Eu as respeito e elas me respeitam. Não vou obrigar minha mãe a achar drag queens divertidas. Minha avó não precisa falar “ai que luxo” para eu saber que ela me ama, até porque ela ama o neto dela, que antes de tudo é gente.Como se não bastasse, minha irmã me convidou para ser padrinho de uma de suas gêmeas. Achei bem legal ela ter essa confiança em mim, confiança no sentido de que eu posso sim ser responsável por uma criança. Foi uma prova de respeito, de amor e de confiança, com certeza. Cada vez que vejo minha família me dou conta de quem realmente sou. Cada vez que brinco com minhas sobrinhas e priminhas volto a ser criança para amadurecer mais ainda. Cada vez que eu lembro da minha família eu lembro também que nunca estarei sozinho porque ela sempre estará de braços abertos me esperando, com o respeito que eu conquistei ao longo dos anos. Isso não tem preço. Quem não tem nem isso, não tem nada.
06/05/2009
A cada milésimo de segundo, uma banda, cantor, cantora ou sei lá mais qual tipo de agremiação musical pipoca na internet. É claro que 90% disso você joga fora porque é pura mistura de tudo que faz sucesso com uma pseudo-pincelada própria. Hoje em dia até a Mallu Magalhães canta (nem vou falar na Ângela Bismarchi – nem sei escrever o sobrenome). O mais legal para mim é quando em meio a esse monte de gente PIMBA (pseudo-intelectual metido à besta alternativa) eu encontro alguém que vale a pena, que revisita algumas coisas, tem influências, mas faz um som original. Entre essas pencas de novidades que abastecem os iPods de gente que quer ser moderna, uma que realmente vale a pena é o Noisettes. Eles são britânicos, animados, superlativos e colocam qualquer um pra dançar, até aquela sua tia-avó de 112 anos. Eles misturam punk, soul dos anos 80 e glam rock com a voz de verdade de Shingai Shoniwa (que também é baixista). Remelexo puro sem ser PIMBA. Aqui você confere o clipe de "Don't Upset The Rhythm".
Escrito por Hélio Filho às 18h33
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Família
04/05/2009
Todo mundo tem uma família, isso é óbvio, mas ninguém tem a família que eu tenho, a melhor de todas. A gente briga, fala mal um do outro, mas quando um precisa, todo mundo corre para ajudar, seja como for, sempre como pode. Não somos perfeitos e nem pretendemos ser. Minha mãe às vezes estressa todo mundo. Minha avó às vezes faz uns rolos que duram anos para serem desfeitos, mas estamos sempre juntos, sempre rindo um do outro e falando mal dos parentes mais distantes. Isso é família.No feriado voltei para a Amazônia, para a casa da minha irmã em Mato Grosso, quase na pontinha norte do Estado. Fui batizar minha sobrinha e fiquei pensando que minha família toda sabe que eu sou gay, mas nunca me cobrou nem questionou nada. Tudo bem que minha avó de 81 anos ainda me pergunta se eu tenho namoradA, mas ela é ainda da época em que as pessoas se conheciam pelos sobrenomes e a televisão nem existia no Brasil. Em um fim de semana super familiar, eu pude perceber que por mais careta e ultrapassado que pareça, aquele ditado de que a família é a base de tudo é verdade. Receber um abraço de um irmão, no meu caso, de três irmãs, não tem preço, ainda mais se for verdadeiro, sem querer algo mais, sem segundas intenções ou veneno. Abraço de amor, abraço de quem se gosta muito e não saberia viver sem aquela pessoa – mesmo que brigue com ela a cada cinco minutos por bobeiras. O que dizer então de sobrinhas que correm para te abraçar quando você chega? Abraço grátis, sincero, puro e sempre cheio de sorrisos falhos de dentinhos de leite que estão caindo. Quem nunca recebeu um abraço desses com certeza vai achar meu post careta, piegas, uó... Uma pena, seria muito bom se todo mundo pudesse sentir aqueles bracinhos frágeis e pequenos em volta do seu pescoço, o beijo grudento com gosto de pirulito, o grito de alegria a cada brincadeira, por mais simples que for. Isso renova a alma de qualquer pessoa, joga pra longe qualquer problema. É como se aquele pequeno ser te sugasse para o mundo fantástico dele onde tudo é como deveria ser aqui na vida real, simples.Nós, gays, muitas vezes temos que sair de casa para podermos ser nós mesmos, o que aconteceu comigo. Para viver plenamente como sou realmente, me distanciei de casa por respeito. Minha família me aceita, me acolhe, mas não é obrigada a achar legal algumas coisas que para os gays o são. E é esse justamente o segredo para se ter uma boa relação: respeito. Eu as respeito e elas me respeitam. Não vou obrigar minha mãe a achar drag queens divertidas. Minha avó não precisa falar “ai que luxo” para eu saber que ela me ama, até porque ela ama o neto dela, que antes de tudo é gente.Como se não bastasse, minha irmã me convidou para ser padrinho de uma de suas gêmeas. Achei bem legal ela ter essa confiança em mim, confiança no sentido de que eu posso sim ser responsável por uma criança. Foi uma prova de respeito, de amor e de confiança, com certeza. Cada vez que vejo minha família me dou conta de quem realmente sou. Cada vez que brinco com minhas sobrinhas e priminhas volto a ser criança para amadurecer mais ainda. Cada vez que eu lembro da minha família eu lembro também que nunca estarei sozinho porque ela sempre estará de braços abertos me esperando, com o respeito que eu conquistei ao longo dos anos. Isso não tem preço. Quem não tem nem isso, não tem nada.
Parapapá!
27/04/2009
Obviamente, voltei do Pará, até porque não era meu intuito, nem nunca foi, ficar por lá. Não que eu diga que nunca mais volto lá, mas posso garantir que não fiquei muito entusiasmado com Belém. Deve ser porque estava bem gripado, nem consegui sair do hotel direito e visitas turísticas passaram longe do meu roteiro. Foram cinco dias em um hotel com mais umas 250 pessoas da diversidade da diversidade da diversidade da diversidade sexual. Podia-se ver, e ouvir, de tudo, mas nem tudo pode ser falado, claro.Do que é publicável, posso dizer que o movimento militante deu uma boa amadurecida. As pessoas estavam realmente engajadas e preocupadas com o que faziam (não que isso não acontecesse antes), queriam construir algo concreto e se jogaram nos grupos de trabalho, discussões e palestras dos cinco dias de programação. Até mesmo as tradicionais brigas, naturais em espaços tão democráticos, ficaram bem minimizadas. Parecia que o povo estava mais preocupado com a causa do que com o ego. Ótimo!Dá para dizer também sem sombra de dúvida que as lésbicas vêm com tudo. Elas pulverizaram sua participação no congresso e cada pequena roda de discussão tinha uma delas lá, falando, discutindo e opinando. Com reuniões pontuais off-programação, as fofas conseguiram se articular, não discutiram e afinaram um discurso que foi transposto para a Carta de Belém, documento final do evento. Ponto para as mulheres. Eu adoro sapas e poderia ficar aqui horas dizendo de como foi legal a participação delas no congresso, de como a perspicácia feminina, essa sensibilidade aguçada e sua organização natural estão moldando o segmento que futuramente vai sim desbancar os gays masculinos. Aposto que na próxima eleição da ABGLT, no segundo semestre deste ano, vai dar lésbica na cabeça. E acho isso ótimo.Mas como não posso ficar horas dizendo isso, é bom falar também de outro povo que começou a dar as caras: os bissexuais. Foram só oito em Belém, mas pelo menos já se forma um início de organização. O que eu não achei nem um pouco legal foi ouvir comentários bem preconceituosos sobre eles, mas deixa pra lá porque falácia é falácia. Eles estão se organizando, conquistando espaço e para quem não acredita na bissexualidade é bom começar a abrir a cabeça (absurdo ter que dizer isso dentro de um movimento que deve agregar a todos sem preconceito). Eu acredito em bissexuais, assim como não duvido de mais nada relacionado à sexualidade humana. Depois desse curso intensivo de diversidade sexual em cinco dias, convivendo com os mais diferentes gostos, posso dizer que o ser humano é mesmo inclassificável. Tem gente pra tudo e querendo fazer de tudo (desde que seja consentido e com maiores de idade, hein?). O mais legal é que sempre vai ter alguém, um grupo, uma ONG, que estará de olho para que os direitos de todo esse povo sejam garantidos, ou pelo menos estejam no caminho de.
27/04/2009
Obviamente, voltei do Pará, até porque não era meu intuito, nem nunca foi, ficar por lá. Não que eu diga que nunca mais volto lá, mas posso garantir que não fiquei muito entusiasmado com Belém. Deve ser porque estava bem gripado, nem consegui sair do hotel direito e visitas turísticas passaram longe do meu roteiro. Foram cinco dias em um hotel com mais umas 250 pessoas da diversidade da diversidade da diversidade da diversidade sexual. Podia-se ver, e ouvir, de tudo, mas nem tudo pode ser falado, claro.Do que é publicável, posso dizer que o movimento militante deu uma boa amadurecida. As pessoas estavam realmente engajadas e preocupadas com o que faziam (não que isso não acontecesse antes), queriam construir algo concreto e se jogaram nos grupos de trabalho, discussões e palestras dos cinco dias de programação. Até mesmo as tradicionais brigas, naturais em espaços tão democráticos, ficaram bem minimizadas. Parecia que o povo estava mais preocupado com a causa do que com o ego. Ótimo!Dá para dizer também sem sombra de dúvida que as lésbicas vêm com tudo. Elas pulverizaram sua participação no congresso e cada pequena roda de discussão tinha uma delas lá, falando, discutindo e opinando. Com reuniões pontuais off-programação, as fofas conseguiram se articular, não discutiram e afinaram um discurso que foi transposto para a Carta de Belém, documento final do evento. Ponto para as mulheres. Eu adoro sapas e poderia ficar aqui horas dizendo de como foi legal a participação delas no congresso, de como a perspicácia feminina, essa sensibilidade aguçada e sua organização natural estão moldando o segmento que futuramente vai sim desbancar os gays masculinos. Aposto que na próxima eleição da ABGLT, no segundo semestre deste ano, vai dar lésbica na cabeça. E acho isso ótimo.Mas como não posso ficar horas dizendo isso, é bom falar também de outro povo que começou a dar as caras: os bissexuais. Foram só oito em Belém, mas pelo menos já se forma um início de organização. O que eu não achei nem um pouco legal foi ouvir comentários bem preconceituosos sobre eles, mas deixa pra lá porque falácia é falácia. Eles estão se organizando, conquistando espaço e para quem não acredita na bissexualidade é bom começar a abrir a cabeça (absurdo ter que dizer isso dentro de um movimento que deve agregar a todos sem preconceito). Eu acredito em bissexuais, assim como não duvido de mais nada relacionado à sexualidade humana. Depois desse curso intensivo de diversidade sexual em cinco dias, convivendo com os mais diferentes gostos, posso dizer que o ser humano é mesmo inclassificável. Tem gente pra tudo e querendo fazer de tudo (desde que seja consentido e com maiores de idade, hein?). O mais legal é que sempre vai ter alguém, um grupo, uma ONG, que estará de olho para que os direitos de todo esse povo sejam garantidos, ou pelo menos estejam no caminho de.
Pará
18/04/2009
E vim parar em Belém do Pará, sim, da Fafá. Vim para cobrir o III Congresso da ABGLT, que está sendo realizado em um hotel bem à beira de um rio que eu não lembro o nome, mesmo o povo daqui tendo me falado vááárias vezes. Enfim, falta de memória provocada à parte, dá para dizer que, claro, aqui as coisas são bem diferentes. Claro, é a região Norte, não tem muito a ver com a as outras e isso é maravilhoso, um congresso de diversidade em uma região bem diferente do eixo Rio-São Paulo. Ainda bem, assim ganho, não só eu, mas todos os participantes, uma chance de conhecer coisas novas, ver gente diferente (beeem diferente), tomar suco de cupuaçu e comer a melhor farinha do Brasil. Entendi porque Fafá é bem fortinha, a farinha daqui é incrível. Mas a impressão que me dá, deve ser pela proximidade do rio, é a mesma de estar no Pantanal, úmido, quente e bem chuvoso. Tem bastante coisa para contar, mas tem tanta discussão por aqui e tanta votação que fico por aqui.
Escrito por Hélio Filho às 16h13
(3) Vários Comentários
Kgada
16/04/2009
Sou muito desajeitado. Estava eu andando ontem em casa rumo à lavanderia e dei um passo em falso no degrau. Machuquei meu pé e estou parecendo a Shirley de “Torre de Babel” (lembra da Karina Barum?). Eu hein. Além disso, fui vítima de mais uma inversão térmica paulistana e fiquei meio constipado, que ebó. Jesus é maior! Mas é isso aí, andando devagar e sempre se chega ao longe. Até porque não tem outro jeito de andar nessa situação.
Escrito por Hélio Filho às 18h10
(2) Vários Comentários
Baby
14/04/2009
Minha hegemonia foi quebrada. Depois de 25 anos sendo o caçula da casa, meu pai, que é separado da minha mãe, me diz hoje que eu terei uma irmãzinha. Essas coisas dão um nó na cabeça de qualquer um. É realmente a nova composição da família brasileira, que inclui famílias com dois pais, duas mães e assim por diante. De repente, uma irmã, outra, porque eu já tenho três – mais velhas. Mas essa será mais nova, o clima deve ser bem diferente, outra onda. É esperar para ver.Eu bem que achava estranho ele sair lá dos confins do Tocantins para vir até São Paulo quase todo mês no ano passado. Não quis me contar o que estava fazendo por medo que eu o reprovasse por ter mais de 60 anos e querer ser pai de novo. Eu julgar? De modo algum, sou gay e isso significa (no meu caso, pelo menos) que eu quero que todo mundo viva sua vida do jeito que bem entender, desde que respeite o próximo. Bobo ele, mas entendo.Minha madrasta, que não é má e com quem eu passo horas conversando sobre esmalte e cabelo (eu a adoro, mas ela precisa de uns toques), já está de seis meses, o que significa que provavelmente minha nova irmã será leonina, e com leoninas eu me dou bem – que o diga Vavá, Maria Elisa e Maria Fernanda. Claro que ela vai adorar receber elogios e nunca vai se conformar em ser a segunda pessoa mais requisitada da festa, tudo bem, estou acostumado. Mas o melhor foi uma deixa que meu pai, que jura não saber que eu sou gay, soltou. Ele queria mais um menino - até porque o que ele fez há 25 anos saiu meio diferente do que ele esperava -, mas veio outra menina, a quarta filha dele. Ele está feliz, mas confessou super naturalmente: “queria um menino agora, só tenho mulher em casa”. É claro que eu fiz a egípcia e nem dei confiança. Gostei do tom da voz dele, sem reprovação, como quem está brincando mesmo.Eu sei que ele queria outro menino não porque não goste de mim, mas porque eu sempre fugi de ficar fazendo aquele monte de trabalhos super masculinos e nunca consegui ficar muito tempo nas rodas de conversa dos amigos dele. Se algum ainda fosse interessante, quem sabe. Não foi dessa vez que meu pai vai ter uma nora (minha mãe ama pensar que nunca terá uma nora), a não ser que minha irmã mais nova seja bolacha, seria bem legal.
18/04/2009
E vim parar em Belém do Pará, sim, da Fafá. Vim para cobrir o III Congresso da ABGLT, que está sendo realizado em um hotel bem à beira de um rio que eu não lembro o nome, mesmo o povo daqui tendo me falado vááárias vezes. Enfim, falta de memória provocada à parte, dá para dizer que, claro, aqui as coisas são bem diferentes. Claro, é a região Norte, não tem muito a ver com a as outras e isso é maravilhoso, um congresso de diversidade em uma região bem diferente do eixo Rio-São Paulo. Ainda bem, assim ganho, não só eu, mas todos os participantes, uma chance de conhecer coisas novas, ver gente diferente (beeem diferente), tomar suco de cupuaçu e comer a melhor farinha do Brasil. Entendi porque Fafá é bem fortinha, a farinha daqui é incrível. Mas a impressão que me dá, deve ser pela proximidade do rio, é a mesma de estar no Pantanal, úmido, quente e bem chuvoso. Tem bastante coisa para contar, mas tem tanta discussão por aqui e tanta votação que fico por aqui.
Escrito por Hélio Filho às 16h13
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Kgada
16/04/2009
Sou muito desajeitado. Estava eu andando ontem em casa rumo à lavanderia e dei um passo em falso no degrau. Machuquei meu pé e estou parecendo a Shirley de “Torre de Babel” (lembra da Karina Barum?). Eu hein. Além disso, fui vítima de mais uma inversão térmica paulistana e fiquei meio constipado, que ebó. Jesus é maior! Mas é isso aí, andando devagar e sempre se chega ao longe. Até porque não tem outro jeito de andar nessa situação.
Escrito por Hélio Filho às 18h10
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Baby
14/04/2009
Minha hegemonia foi quebrada. Depois de 25 anos sendo o caçula da casa, meu pai, que é separado da minha mãe, me diz hoje que eu terei uma irmãzinha. Essas coisas dão um nó na cabeça de qualquer um. É realmente a nova composição da família brasileira, que inclui famílias com dois pais, duas mães e assim por diante. De repente, uma irmã, outra, porque eu já tenho três – mais velhas. Mas essa será mais nova, o clima deve ser bem diferente, outra onda. É esperar para ver.Eu bem que achava estranho ele sair lá dos confins do Tocantins para vir até São Paulo quase todo mês no ano passado. Não quis me contar o que estava fazendo por medo que eu o reprovasse por ter mais de 60 anos e querer ser pai de novo. Eu julgar? De modo algum, sou gay e isso significa (no meu caso, pelo menos) que eu quero que todo mundo viva sua vida do jeito que bem entender, desde que respeite o próximo. Bobo ele, mas entendo.Minha madrasta, que não é má e com quem eu passo horas conversando sobre esmalte e cabelo (eu a adoro, mas ela precisa de uns toques), já está de seis meses, o que significa que provavelmente minha nova irmã será leonina, e com leoninas eu me dou bem – que o diga Vavá, Maria Elisa e Maria Fernanda. Claro que ela vai adorar receber elogios e nunca vai se conformar em ser a segunda pessoa mais requisitada da festa, tudo bem, estou acostumado. Mas o melhor foi uma deixa que meu pai, que jura não saber que eu sou gay, soltou. Ele queria mais um menino - até porque o que ele fez há 25 anos saiu meio diferente do que ele esperava -, mas veio outra menina, a quarta filha dele. Ele está feliz, mas confessou super naturalmente: “queria um menino agora, só tenho mulher em casa”. É claro que eu fiz a egípcia e nem dei confiança. Gostei do tom da voz dele, sem reprovação, como quem está brincando mesmo.Eu sei que ele queria outro menino não porque não goste de mim, mas porque eu sempre fugi de ficar fazendo aquele monte de trabalhos super masculinos e nunca consegui ficar muito tempo nas rodas de conversa dos amigos dele. Se algum ainda fosse interessante, quem sabe. Não foi dessa vez que meu pai vai ter uma nora (minha mãe ama pensar que nunca terá uma nora), a não ser que minha irmã mais nova seja bolacha, seria bem legal.
O fim
07/04/2009
Hoje termina o Big Brother Brasil, a nona edição, a que vem antes da décima, que com certeza já deve estar programada. Estou torcendo para a Priscila - que é de Campo Grande (MS), onde morei por anos -, que me fez perceber que a cidade produz um tipo de humor específico. Muita gente não entende nada das piadas dela justamente por esse jeito - enquanto eu racho de rir e morro de saudades dos amigos pantaneiros engraçados. É uma coisa bem sincera, de gente que não precisa se preocupar com a violência urbana, Campo Grande é super calma. Como não tem esse estresse, você se sente melhor para tirar sarro de você mesmo, estar de bem com a vida, relevar o estresse dos outros e rir da cara dos estressados, além de fazer muitas piadas com isso. Campo-grandenses são assim, leves, riem de tudo na roda do tradicional tereré e querem sempre que todo mundo se sinta bem. Às vezes passamos por falsos por querer que todo mundo esteja bem, problema de quem acha. Quem vê o pôr-do-sol pantaneiro sabe que tem coisas bem maiores do que preocupações fúteis.Pode ser o jeito interiorano, o humor descompromissado e autodepreciativo, seja o pôr-do-sol (dá um Google e confere), a falta de estresse, seja lá o que for, estou torcendo para a Priscila ganhar, só espero que não tenha nenhum carro dos Bombeiros esperando por ela quando voltar à Cidade Morena para desfilar pela avenida principal. Tadinha, ela não merece isso.
07/04/2009
Hoje termina o Big Brother Brasil, a nona edição, a que vem antes da décima, que com certeza já deve estar programada. Estou torcendo para a Priscila - que é de Campo Grande (MS), onde morei por anos -, que me fez perceber que a cidade produz um tipo de humor específico. Muita gente não entende nada das piadas dela justamente por esse jeito - enquanto eu racho de rir e morro de saudades dos amigos pantaneiros engraçados. É uma coisa bem sincera, de gente que não precisa se preocupar com a violência urbana, Campo Grande é super calma. Como não tem esse estresse, você se sente melhor para tirar sarro de você mesmo, estar de bem com a vida, relevar o estresse dos outros e rir da cara dos estressados, além de fazer muitas piadas com isso. Campo-grandenses são assim, leves, riem de tudo na roda do tradicional tereré e querem sempre que todo mundo se sinta bem. Às vezes passamos por falsos por querer que todo mundo esteja bem, problema de quem acha. Quem vê o pôr-do-sol pantaneiro sabe que tem coisas bem maiores do que preocupações fúteis.Pode ser o jeito interiorano, o humor descompromissado e autodepreciativo, seja o pôr-do-sol (dá um Google e confere), a falta de estresse, seja lá o que for, estou torcendo para a Priscila ganhar, só espero que não tenha nenhum carro dos Bombeiros esperando por ela quando voltar à Cidade Morena para desfilar pela avenida principal. Tadinha, ela não merece isso.
Big love
02/04/2009
Já disse aqui que acompanho Big Brother. Se na rua já fico parado observando as atitudes das pessoas (o que já me rendeu o apelido de Cara Congelada), imagine um programa que me disponibiliza isso em casa. Assisto mesmo, e gosto. E não tinha como não notar a delicada relação que existia entre Max e Flávio. Uma história de amizade, companheirismo, um presente na vida do outro nos momentos mais importantes, dividindo as dificuldades e se apoiando mutuamente. Lindo isso, não? O que te parece? O mais engraçado era ver a Francine p&¨%$ da cara porque o Flávio toda hora pulava entre ela e o Max. Mulher é mais sensível que homem, percebe rápido algumas coisas bem sutis. Sem contar que os dois viviam se cutucando com indiretas – às vezes bem diretas – e piadinhas. Mas Max não é gay, pelo que ele disse. No dia da mentira disse que era, depois revelou que era brincadeira. Max é esperto, muito.
02/04/2009
Já disse aqui que acompanho Big Brother. Se na rua já fico parado observando as atitudes das pessoas (o que já me rendeu o apelido de Cara Congelada), imagine um programa que me disponibiliza isso em casa. Assisto mesmo, e gosto. E não tinha como não notar a delicada relação que existia entre Max e Flávio. Uma história de amizade, companheirismo, um presente na vida do outro nos momentos mais importantes, dividindo as dificuldades e se apoiando mutuamente. Lindo isso, não? O que te parece? O mais engraçado era ver a Francine p&¨%$ da cara porque o Flávio toda hora pulava entre ela e o Max. Mulher é mais sensível que homem, percebe rápido algumas coisas bem sutis. Sem contar que os dois viviam se cutucando com indiretas – às vezes bem diretas – e piadinhas. Mas Max não é gay, pelo que ele disse. No dia da mentira disse que era, depois revelou que era brincadeira. Max é esperto, muito.
Friagem
27/03/2009
O frio percorria sua espinha em uma velocidade muito rápida. Sua pele já começava a ficar vermelha e seus lábios roxos. A circulação sanguínea agonizava, pedia ajuda a algum calor próximo para se manter correndo pelas veias e artérias daquele corpo quase morto. Apenas a neblina fria podia ser vista dentro daquele lugar. O amontoado de carne e músculos ficava invisível, quase querendo se esconder da morte. Levantou a muito custo o braço esquerdo e esticou seu dedo anelar o mais que pôde para alcançar o botão. Não conseguiu. Uma nova tentativa com mais força e determinação, que surgem ninguém sabe de onde nessas horas, alcançou o botão, mas apenas o tocou, sem sucesso novamente. Cada vez mais frio o lugar ia ficando e as esperanças dele iam embora com o resto de calor de seu corpo comprido, com pêlos esparsos e nem magro nem gordo.As pontas do cabelo já começavam a denunciar uma espécie de geada que caía sobre sua cabeça, esfriando suas ideias, mas sem afastar o medo de morrer congelado. Ironicamente paralisado depois de uma vida cheia de atividades, correrias e trabalhos, se viu já sem esperanças de viver mais um dia. Forçou o abdômen, quase distendeu o pulso esquerdo e soltou um grito de determinação rumo ao botão congelante. Conseguiu tocá-lo, desligou o ar-condicionado, emudeceu o despertador e levantou da cama para mais um dia de sua rotina. “Tem dias que a noite é foda”, pensou ao escovar os dentes.
Escrito por Hélio Filho às 11h18
(1) Apenas 1 comentário
EnJoy
26/03/2009
Tenho uma tendência a desconfiar de encontros de músicos e sempre achar que é uma jogada comercial. Tipo unir Ana Carolina e Seu Jorge, não entendi nada disso até agora, ainda mais cantando Damien Rice. Mas gostei do Little Joy, do Strokes Fabrizio Moretti com o Los Hermanos Rodrigo Amarante e a moça Binki Shapiro. Tudo bem que ela é muuuito forçadamente folk/alternativa/indie/seiláoque, mas o som é legal. Claro que outro ponto que fica devendo é a criatividade de fazer algo novo, já que o som é uma previsível mistura de Strokes com Hermanos.Mas por isso é bom, às vezes parece vocal de Strokes com levada Hermanos e vice-versa. É como se tivessem feito um mash mesmo das duas bandas. Sempre gostei do Strokes e dos Hermanos, juntar os dois com um toque meio folk ficou muito legal. Mas senti a Binki meio perdida ali no meio, parece que ela está ali só para dar uma cara diferente, de trio que pega a estrada com seu violão embaixo do braço. No balanço geral, nota 8,5. Agora é esperar o próximo CD do Strokes, que deve sair este ano ainda. Já Los Hermanos nem sinalizou uma volta, mesmo que os fãs torçam muito. Aqui embaixo dá para conferir "No One's Better Sake".
27/03/2009
O frio percorria sua espinha em uma velocidade muito rápida. Sua pele já começava a ficar vermelha e seus lábios roxos. A circulação sanguínea agonizava, pedia ajuda a algum calor próximo para se manter correndo pelas veias e artérias daquele corpo quase morto. Apenas a neblina fria podia ser vista dentro daquele lugar. O amontoado de carne e músculos ficava invisível, quase querendo se esconder da morte. Levantou a muito custo o braço esquerdo e esticou seu dedo anelar o mais que pôde para alcançar o botão. Não conseguiu. Uma nova tentativa com mais força e determinação, que surgem ninguém sabe de onde nessas horas, alcançou o botão, mas apenas o tocou, sem sucesso novamente. Cada vez mais frio o lugar ia ficando e as esperanças dele iam embora com o resto de calor de seu corpo comprido, com pêlos esparsos e nem magro nem gordo.As pontas do cabelo já começavam a denunciar uma espécie de geada que caía sobre sua cabeça, esfriando suas ideias, mas sem afastar o medo de morrer congelado. Ironicamente paralisado depois de uma vida cheia de atividades, correrias e trabalhos, se viu já sem esperanças de viver mais um dia. Forçou o abdômen, quase distendeu o pulso esquerdo e soltou um grito de determinação rumo ao botão congelante. Conseguiu tocá-lo, desligou o ar-condicionado, emudeceu o despertador e levantou da cama para mais um dia de sua rotina. “Tem dias que a noite é foda”, pensou ao escovar os dentes.
Escrito por Hélio Filho às 11h18
(1) Apenas 1 comentário
EnJoy
26/03/2009
Tenho uma tendência a desconfiar de encontros de músicos e sempre achar que é uma jogada comercial. Tipo unir Ana Carolina e Seu Jorge, não entendi nada disso até agora, ainda mais cantando Damien Rice. Mas gostei do Little Joy, do Strokes Fabrizio Moretti com o Los Hermanos Rodrigo Amarante e a moça Binki Shapiro. Tudo bem que ela é muuuito forçadamente folk/alternativa/indie/seiláoque, mas o som é legal. Claro que outro ponto que fica devendo é a criatividade de fazer algo novo, já que o som é uma previsível mistura de Strokes com Hermanos.Mas por isso é bom, às vezes parece vocal de Strokes com levada Hermanos e vice-versa. É como se tivessem feito um mash mesmo das duas bandas. Sempre gostei do Strokes e dos Hermanos, juntar os dois com um toque meio folk ficou muito legal. Mas senti a Binki meio perdida ali no meio, parece que ela está ali só para dar uma cara diferente, de trio que pega a estrada com seu violão embaixo do braço. No balanço geral, nota 8,5. Agora é esperar o próximo CD do Strokes, que deve sair este ano ainda. Já Los Hermanos nem sinalizou uma volta, mesmo que os fãs torçam muito. Aqui embaixo dá para conferir "No One's Better Sake".
Se joga, pintosa!
18/03/2009
"Nhaimmm?"
A nova música das Pussycat Dolls, “I hate this part righ here”, não sai da minha cabeça. Outra que estou adorando é “Halo”, da Beyoncé. Engraçado é que nunca fui super fã delas. Se não fosse o Valter me dar o CD da Beyoncé eu nem compraria. Deve ser alguma fase mais pintosa, sei lá. O mais engraçado é que Britney, Pussycat, Rihana e mais um monte de cantoras/carão/corpão/megaprodução acabam sendo vistas como “música de pintosa”, de quem gosta de dublar na pixxxta da buatchy e bater o cabelón horrores na cara da colega do lado. Puro preconceito. Música é música, está aí para ser ouvida, interpretada e sentida, do seu jeito, sempre, claro.E qual o problema em ser pintosa? Hoje em dia fica meio antigo falar de homossexualidade, eu acho mais certo falar de homossexualidades, no plural mesmo. Os homossexuais são muito diferentes entre si. Basta comparar a pintosa com o ursão. Diversidade sexual é a palavra-chave, lembra?Eu gosto das pintosas, das bem afetadas que acreditam no franjão e nunca andam, sempre desfilam pela buatchy com cara de Victoria Beckham. Quer maior autoconfiança? Elas não estão nem aí se você vai achar a calça roxa dela que está grudadésima feia, nem vai se importar sobre seus comentários acerca do gigante óculos e pode até rir se você falar que ela é pintosa demais. Adoro os leques também, não me contenho e solto um “maravilhosaaaaa” toda vez que alguma delas os abrem fazendo questão de fazer aquele barulho típico. Depois abanam seus cabelões escovados e capricham nos passinhos à la drag queen com direito a muito remelexo.São bichas que fazem questão de deixar claro que tem sua feminilidade aflorada, sua meiguice visível e fragilidade exposta. Procuram, e encontram, quase sempre um amor que as proteja, pegue no colo, bem fofo mesmo. Aí você pensa que toda pintosa é passivona. Mas lembra daquele bofyscândalo que era mais másculo do que o Rambo e virou linda a bundinha para você na hora H? Como disse, homossexualidades...Aqui você confere “Halo”, da Beyoncé, achei bem afetuoso, romântico, íntimo.
18/03/2009
"Nhaimmm?"
A nova música das Pussycat Dolls, “I hate this part righ here”, não sai da minha cabeça. Outra que estou adorando é “Halo”, da Beyoncé. Engraçado é que nunca fui super fã delas. Se não fosse o Valter me dar o CD da Beyoncé eu nem compraria. Deve ser alguma fase mais pintosa, sei lá. O mais engraçado é que Britney, Pussycat, Rihana e mais um monte de cantoras/carão/corpão/megaprodução acabam sendo vistas como “música de pintosa”, de quem gosta de dublar na pixxxta da buatchy e bater o cabelón horrores na cara da colega do lado. Puro preconceito. Música é música, está aí para ser ouvida, interpretada e sentida, do seu jeito, sempre, claro.E qual o problema em ser pintosa? Hoje em dia fica meio antigo falar de homossexualidade, eu acho mais certo falar de homossexualidades, no plural mesmo. Os homossexuais são muito diferentes entre si. Basta comparar a pintosa com o ursão. Diversidade sexual é a palavra-chave, lembra?Eu gosto das pintosas, das bem afetadas que acreditam no franjão e nunca andam, sempre desfilam pela buatchy com cara de Victoria Beckham. Quer maior autoconfiança? Elas não estão nem aí se você vai achar a calça roxa dela que está grudadésima feia, nem vai se importar sobre seus comentários acerca do gigante óculos e pode até rir se você falar que ela é pintosa demais. Adoro os leques também, não me contenho e solto um “maravilhosaaaaa” toda vez que alguma delas os abrem fazendo questão de fazer aquele barulho típico. Depois abanam seus cabelões escovados e capricham nos passinhos à la drag queen com direito a muito remelexo.São bichas que fazem questão de deixar claro que tem sua feminilidade aflorada, sua meiguice visível e fragilidade exposta. Procuram, e encontram, quase sempre um amor que as proteja, pegue no colo, bem fofo mesmo. Aí você pensa que toda pintosa é passivona. Mas lembra daquele bofyscândalo que era mais másculo do que o Rambo e virou linda a bundinha para você na hora H? Como disse, homossexualidades...Aqui você confere “Halo”, da Beyoncé, achei bem afetuoso, romântico, íntimo.
Não lava roupa todo dia, que agonia
12/03/2009
Continua minha saga lar, doce lar. No capítulo de hoje, a máquina de lavar. Esse aparelho eletrônico que revolucionou a vida das mulheres e hoje é não apenas uma, mas duas mãos na roda de uma pessoa que mora sozinha. Na expectativa de estrear logo o negócio, deixei de ver que a água deve entrar por algum lugar, logo, era necessário que houvesse uma mangueira conectada à torneira e outra à máquina. Mas, oh céus, a mangueira não estava lá, era preciso comprar outra. Foi o que fiz, comprei e cheguei em casa o mais faceiro possível pensando: “hoje eu lavo minha própria roupa!”. Não rolou. Quando fui finalmente encaixar a nova mangueira ela simplesmente não encaixou. Virei, remexi, revirei e nada. Culpei a mangueira, a torneira e até a fabricante da máquina. Isso foi na terça-feira. Ontem, também conhecido como quarta-feira, fui até a loja onde comprei a mangueira, aqui perto do Mix, e expliquei para o senhorzinho vendedor que não encaixava, achando um absurdo ele ter me ludibriado para ganhar tão pouco. “E não vai encaixar enquanto você não tirar o adaptador dela, tem que ir rosqueando para tirar, assim, viu?” Hã? Um adaptador? E lá eu era obrigado a saber que tinha ali um adaptador de rosca que deveria ser removido? Rá, francamente! Com a cara no chão, rabo entre as pernas e rachando de rir com o Irving, saí feliz da loja pensando que finalmente chegava o dia em que eu iria lavar minha roupa. Não rolou parte II. Encaixei a mangueira e fui abrir a máquina. Para minha surpresa, e raiva por ter jogado R$ 7 fora, a mangueira original da máquina estava lá dentro. Como eu sempre digo, bicha burra sofre, muito. Tudo bem, a mangueira que sobrou fica de reserva, afinal, mangueira nunca é demais em casa, néam?Mas você deve estar se perguntando, por que não rolou? Simples, depois de tudo pronto para o grande momento da limpeza, no exato instante de ligar a máquina, colocar na tomada e mandar brasa, advinha... Não vou falar, advinha... Tá, eu falo. A tomada da máquina não é normal, tem três pinos que, segundo o tiozinho da loja, “é de faca” (seja lá o que significar isso). Hoje, no terceiro dia de luta por ter o direito intransferível de lavar roupa, consegui resolver (eu acho) a situação comprando um adaptador de tomada. Simples assim. Espero chegar em casa hoje e arrasar em minha primeira lavagem de roupa – sem confundir desinfetante com amaciante, de preferência.
Escrito por Hélio Filho às 16h14
(6) Vários Comentários
Paixão, não o nome do óleo da Sandy
11/03/2009
É sempre muito complicado mexer com as paixões das pessoas. Paixões não no sentido do bofe da hora, não, paixões como Política, futebol e religião. Não se discute, já fala o dito popular, cada um na sua. Concordo, ainda mais porque acho difícil se chegar a um consenso sobre uma coisa que só existe justamente pela falta dele. Como seria se todos fossem palmeirenses? Católicos? Marxistas? Paixões são temas complicados porque quem as têm também possui a certeza de que elas são as melhores, a mais tudo, maravilhosas, indiscutíveis ever. Para jornalistas, paixões são sempre ótimas pautas, mas escondem armadilhas dependendo de qual delas você está falando. A principal e mais perigosa, pelo menos na minha certeza, é a Política pelo único fato de que ela não existe mais em abundância, deu lugar à politicagem. Política, para Platão e Aristóteles, era fazer com que todos tivessem os mesmos direitos e o mesmo acesso a eles em um país, povo, nação. É igualar os desiguais. Não preciso falar que por aqui a coisa não anda por esse caminho sempre, né? Pois é, como virou um jogo de interesses, acabamos correndo o risco de cairmos em um buraco armado justamente pelos interessados.Por isso, quando um jornalista sai à rua para uma pauta de Política deve, em primeiro lugar, deixar a bandeira de seu partido – caso tenha – junto com a camiseta e os santinhos em casa, não digo nem na Redação, em casa mesmo. Em campo, somos os olhos, ouvidos e a mente inquieta de leitores que querem saber o que realmente importa, quem realmente está fazendo. Não podemos pertencer de modo algum, enquanto jornalistas, à ultrapassada noção de Direita-Esquerda, principalmente tomando partido.No movimento LGBT isso fica ainda mais complicado porque, além de partidários, os militantes têm a causa gay em si para se preocupar. Quando dois militantes discutem por qualquer motivo, deve ficar claro que cada um vai defender sua posição até o último instante, e isso é que faz desse ativista uma pessoa apta a estar na militância, essa força. Não tenho histórico militante e até agora não cresceu em mim esse interesse. Por isso não critico quem faz militância, quem grita, briga. Não tenho o direito de criticar algo que não faço melhor. Por isso, é importante sempre tomar cuidado ao falar de, com e sobre pessoas apaixonadas para não desmerecer o ponto de vista delas. O militante acredita que sua luta é a mais correta, ele se apaixona por ela, o que o faz seguir uma vida toda lutando contra as desigualdades. Cabe ao jornalista interpretar essa paixão, amenizá-la em seus excessos (porque toda paixão é excessiva, ainda bem) e trazê-la à luz dos fatos, quando você tem tempo e espaço para isso, claro. Será que realmente seu leitor quer saber sobre acusações pessoais que nada contribuem para um debate civilizado, além de sumirem no dia seguinte? É preciso muito cuidado para não ser levado pela onda. Observação e um pouco de astúcia podem fazer o jornalista ver que nem sempre tudo é o que parece e que uma derrota pode representar uma vitória futura muito melhor, conhecida desde a derrota anterior. A Política atual, diferente da grega, é uma cortina de fumaça onde nada fica muito claro, mas também nada te cega. Assopre, o vento da imparcialidade ajuda.
12/03/2009
Continua minha saga lar, doce lar. No capítulo de hoje, a máquina de lavar. Esse aparelho eletrônico que revolucionou a vida das mulheres e hoje é não apenas uma, mas duas mãos na roda de uma pessoa que mora sozinha. Na expectativa de estrear logo o negócio, deixei de ver que a água deve entrar por algum lugar, logo, era necessário que houvesse uma mangueira conectada à torneira e outra à máquina. Mas, oh céus, a mangueira não estava lá, era preciso comprar outra. Foi o que fiz, comprei e cheguei em casa o mais faceiro possível pensando: “hoje eu lavo minha própria roupa!”. Não rolou. Quando fui finalmente encaixar a nova mangueira ela simplesmente não encaixou. Virei, remexi, revirei e nada. Culpei a mangueira, a torneira e até a fabricante da máquina. Isso foi na terça-feira. Ontem, também conhecido como quarta-feira, fui até a loja onde comprei a mangueira, aqui perto do Mix, e expliquei para o senhorzinho vendedor que não encaixava, achando um absurdo ele ter me ludibriado para ganhar tão pouco. “E não vai encaixar enquanto você não tirar o adaptador dela, tem que ir rosqueando para tirar, assim, viu?” Hã? Um adaptador? E lá eu era obrigado a saber que tinha ali um adaptador de rosca que deveria ser removido? Rá, francamente! Com a cara no chão, rabo entre as pernas e rachando de rir com o Irving, saí feliz da loja pensando que finalmente chegava o dia em que eu iria lavar minha roupa. Não rolou parte II. Encaixei a mangueira e fui abrir a máquina. Para minha surpresa, e raiva por ter jogado R$ 7 fora, a mangueira original da máquina estava lá dentro. Como eu sempre digo, bicha burra sofre, muito. Tudo bem, a mangueira que sobrou fica de reserva, afinal, mangueira nunca é demais em casa, néam?Mas você deve estar se perguntando, por que não rolou? Simples, depois de tudo pronto para o grande momento da limpeza, no exato instante de ligar a máquina, colocar na tomada e mandar brasa, advinha... Não vou falar, advinha... Tá, eu falo. A tomada da máquina não é normal, tem três pinos que, segundo o tiozinho da loja, “é de faca” (seja lá o que significar isso). Hoje, no terceiro dia de luta por ter o direito intransferível de lavar roupa, consegui resolver (eu acho) a situação comprando um adaptador de tomada. Simples assim. Espero chegar em casa hoje e arrasar em minha primeira lavagem de roupa – sem confundir desinfetante com amaciante, de preferência.
Escrito por Hélio Filho às 16h14
(6) Vários Comentários
Paixão, não o nome do óleo da Sandy
11/03/2009
É sempre muito complicado mexer com as paixões das pessoas. Paixões não no sentido do bofe da hora, não, paixões como Política, futebol e religião. Não se discute, já fala o dito popular, cada um na sua. Concordo, ainda mais porque acho difícil se chegar a um consenso sobre uma coisa que só existe justamente pela falta dele. Como seria se todos fossem palmeirenses? Católicos? Marxistas? Paixões são temas complicados porque quem as têm também possui a certeza de que elas são as melhores, a mais tudo, maravilhosas, indiscutíveis ever. Para jornalistas, paixões são sempre ótimas pautas, mas escondem armadilhas dependendo de qual delas você está falando. A principal e mais perigosa, pelo menos na minha certeza, é a Política pelo único fato de que ela não existe mais em abundância, deu lugar à politicagem. Política, para Platão e Aristóteles, era fazer com que todos tivessem os mesmos direitos e o mesmo acesso a eles em um país, povo, nação. É igualar os desiguais. Não preciso falar que por aqui a coisa não anda por esse caminho sempre, né? Pois é, como virou um jogo de interesses, acabamos correndo o risco de cairmos em um buraco armado justamente pelos interessados.Por isso, quando um jornalista sai à rua para uma pauta de Política deve, em primeiro lugar, deixar a bandeira de seu partido – caso tenha – junto com a camiseta e os santinhos em casa, não digo nem na Redação, em casa mesmo. Em campo, somos os olhos, ouvidos e a mente inquieta de leitores que querem saber o que realmente importa, quem realmente está fazendo. Não podemos pertencer de modo algum, enquanto jornalistas, à ultrapassada noção de Direita-Esquerda, principalmente tomando partido.No movimento LGBT isso fica ainda mais complicado porque, além de partidários, os militantes têm a causa gay em si para se preocupar. Quando dois militantes discutem por qualquer motivo, deve ficar claro que cada um vai defender sua posição até o último instante, e isso é que faz desse ativista uma pessoa apta a estar na militância, essa força. Não tenho histórico militante e até agora não cresceu em mim esse interesse. Por isso não critico quem faz militância, quem grita, briga. Não tenho o direito de criticar algo que não faço melhor. Por isso, é importante sempre tomar cuidado ao falar de, com e sobre pessoas apaixonadas para não desmerecer o ponto de vista delas. O militante acredita que sua luta é a mais correta, ele se apaixona por ela, o que o faz seguir uma vida toda lutando contra as desigualdades. Cabe ao jornalista interpretar essa paixão, amenizá-la em seus excessos (porque toda paixão é excessiva, ainda bem) e trazê-la à luz dos fatos, quando você tem tempo e espaço para isso, claro. Será que realmente seu leitor quer saber sobre acusações pessoais que nada contribuem para um debate civilizado, além de sumirem no dia seguinte? É preciso muito cuidado para não ser levado pela onda. Observação e um pouco de astúcia podem fazer o jornalista ver que nem sempre tudo é o que parece e que uma derrota pode representar uma vitória futura muito melhor, conhecida desde a derrota anterior. A Política atual, diferente da grega, é uma cortina de fumaça onde nada fica muito claro, mas também nada te cega. Assopre, o vento da imparcialidade ajuda.
Vai!
06/03/2009
São Paulo vai parar e não vai demorar. Na verdade, daquelas bem verdadeiras sem a ótica dos otimistas, já parou. É impossível entrar em um vagão do metrô entre as 18 e 20 horas sem ser chutado, levar rasteira ou ficar vendo cara feia de gente mais feia te olhando torto porque você saca – belíssima - seu livro de bolso e nem confiança para o resto do povo. Faço isso, sempre. Nada como a leitura para abstrair as dezenas de braços com suas glândulas sudoríparas à toda! Tudo bem que o cheiro não melhora, mas você pode imaginar que está, sei lá, em Paris no século XVIII. Ih, não adiantou muito, o cheiro não muda muito. Mas ok. O pior não é o problema de falta de espaço e trens, é a falta de educação das pessoas. As coisas são tão simples e tem gente que complica. Se você não consegue entrar, não consegue, é questão de Física. Mas nem todo mundo sabe disso e acha que sim, claro que sim, você cabe naquele espaço que tem 1/125 do seu tamanho, e te empurram, forte, sem querer saber de mais nada. Pra frente e avante, oh homem da frente, entre! Pior, muito pior, é gente que não enxerga que na sua frente tem uma senhorinha toda fofa andando devagar. Ou que uma mulher grávida está se ajeitando no banco e por isso você ainda não sentou. Falta de educação é ruim em qualquer lugar, minha avó diz que educação cabe até na estrebaria, e cabe. Mas além de falta de educação esse povo tem falta de consciência coletiva. Como viver na maior cidade da América Latina e a quarta maior do planeta sem isso? Como viver em um lugar onde as pessoas que são empurradas alguns dias em outros são as que empurram. Se eu não passo pra frente o empurrão com destino ao vagão isso acaba. É a velha história de não fazer com os outros o que não quero que façam comigo, mas dessa vez mais visível, tocável, logo, deveria ser bem mais apreendida pelas pessoas. Mas não. E o metrô vai continuar lotado, as pessoas vão continuar me empurrando e as senhorinhas continuarão sofrendo com a pressa dos mocinhos. E olha que não faz um mês que o preço da passagem aumentou. Prestação de serviço público é mesmo uma piada porque o prestador enxerga em seu público um bando de gente apressada que não tem tempo de reclamar. Fica fácil. Ainda mais se você pensa que de ônibus é pior, de táxi bem pior e de carro próprio então, ai ai...
Escrito por Hélio Filho às 18h09
(2) Vários Comentários
Lá (lá lá lá)
02/03/2009
LáRemixei minha vida com batidas alegres.Colori meu passado com cores vivas para ele não ser esquecido.Sonhei pesadelos para me ver longe deles.Varri a poeira pra debaixo do tapete do esquecimento.Hoje tenho luz nas mãos.Tenho paz nos olhos e na alma.Sinto o sol aquecer meus sentimentos.Vejo um futuro cheio de fotos coloridas.Vou pisar na grama para andar.Vou quase matá-la para passar.E ela vai sorrir mesmo assim.Estou a caminho do futuro, cheio de fotos coloridas.Quando eu chegar lá te ligo pelo telefone da memória.Atenda, fique alerta para o chamado do porvir.Quero te dizer o que encontrei lá.Lá, um lugar cheio de fotos coloridas.
06/03/2009
São Paulo vai parar e não vai demorar. Na verdade, daquelas bem verdadeiras sem a ótica dos otimistas, já parou. É impossível entrar em um vagão do metrô entre as 18 e 20 horas sem ser chutado, levar rasteira ou ficar vendo cara feia de gente mais feia te olhando torto porque você saca – belíssima - seu livro de bolso e nem confiança para o resto do povo. Faço isso, sempre. Nada como a leitura para abstrair as dezenas de braços com suas glândulas sudoríparas à toda! Tudo bem que o cheiro não melhora, mas você pode imaginar que está, sei lá, em Paris no século XVIII. Ih, não adiantou muito, o cheiro não muda muito. Mas ok. O pior não é o problema de falta de espaço e trens, é a falta de educação das pessoas. As coisas são tão simples e tem gente que complica. Se você não consegue entrar, não consegue, é questão de Física. Mas nem todo mundo sabe disso e acha que sim, claro que sim, você cabe naquele espaço que tem 1/125 do seu tamanho, e te empurram, forte, sem querer saber de mais nada. Pra frente e avante, oh homem da frente, entre! Pior, muito pior, é gente que não enxerga que na sua frente tem uma senhorinha toda fofa andando devagar. Ou que uma mulher grávida está se ajeitando no banco e por isso você ainda não sentou. Falta de educação é ruim em qualquer lugar, minha avó diz que educação cabe até na estrebaria, e cabe. Mas além de falta de educação esse povo tem falta de consciência coletiva. Como viver na maior cidade da América Latina e a quarta maior do planeta sem isso? Como viver em um lugar onde as pessoas que são empurradas alguns dias em outros são as que empurram. Se eu não passo pra frente o empurrão com destino ao vagão isso acaba. É a velha história de não fazer com os outros o que não quero que façam comigo, mas dessa vez mais visível, tocável, logo, deveria ser bem mais apreendida pelas pessoas. Mas não. E o metrô vai continuar lotado, as pessoas vão continuar me empurrando e as senhorinhas continuarão sofrendo com a pressa dos mocinhos. E olha que não faz um mês que o preço da passagem aumentou. Prestação de serviço público é mesmo uma piada porque o prestador enxerga em seu público um bando de gente apressada que não tem tempo de reclamar. Fica fácil. Ainda mais se você pensa que de ônibus é pior, de táxi bem pior e de carro próprio então, ai ai...
Escrito por Hélio Filho às 18h09
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Lá (lá lá lá)
02/03/2009
LáRemixei minha vida com batidas alegres.Colori meu passado com cores vivas para ele não ser esquecido.Sonhei pesadelos para me ver longe deles.Varri a poeira pra debaixo do tapete do esquecimento.Hoje tenho luz nas mãos.Tenho paz nos olhos e na alma.Sinto o sol aquecer meus sentimentos.Vejo um futuro cheio de fotos coloridas.Vou pisar na grama para andar.Vou quase matá-la para passar.E ela vai sorrir mesmo assim.Estou a caminho do futuro, cheio de fotos coloridas.Quando eu chegar lá te ligo pelo telefone da memória.Atenda, fique alerta para o chamado do porvir.Quero te dizer o que encontrei lá.Lá, um lugar cheio de fotos coloridas.
A pão e água
25/02/2009
Esse Carnaval foi o das primeiras, muitas “primeira vez”. Primeiro Carnaval em muitos anos que não bebo nada alcoólico e tudo e tal. Sobriedade quase total, mas não perturbante, não mesmo. Primeira vez também que eu fui a uma pool party. Os meninos the weekeiros aqui do Mix sempre vão e falam como é. Como não sou muito afeito desse microcosmo nunca tinha ido. Tinha curiosidade, e fui matá-la.Em primeiro lugar, não consegui entender porque chama pool party se a piscina ficou coberta. Já haviam me dito antes que ela servia só de decoração e ninguém nadava. Que era coisa de gente brega nadar. Ok, mas podia ter a piscina descoberta para refrescar. Mas, pensando bem, e acho que é esse o motivo, se a piscina estivesse descoberta na pool que eu fui o clube jogaria gente ladeira abaixo porque estava bem lotada a festa. Mesmo assim, um dia vou a uma pool e me jogo na piscina fazendo nado sincronizado (que visão do inferno) só para ver a cara das pseudo-finas me xoxando enquanto eu rio delas rindo de mim! Deixo a dica. Deve ser algum tipo de moda também ir vestido inteiro de branco. A maioria das pessoas estava assim, algumas até com quepes de marinheiro. Carnaval é isso aí. Quando todo mundo se colore horrores, tem gente que prefere o branco, que é a união de todas elas (ou a ausência, para os pessimistas). E o povo é bem animado, hein? Dança a noite toda sem parar e sua, muito, o tempo todo (por que será? hihihi). O mais legal de ficar sóbrio na balada é ver as doidas da vassoura, como diz o Erik, chegarem com uma cara, linda, e irem embora (quando vão) com outra, destruída.Aí se você não altera sua consciência e não entra naquela onda de todo mundo, mas mesmo assim quer ficar ali com os amigos, a alternativa é justamente, como já diz o nome, buscar maneiras alternativas de diversão. Tipo aproveitar o estado vulnerável das amigas pra gritar à toda hora “abraço coletivo” e rachar o bico de ver as doidas se abraçando toda hora como se fosse a primeira vez, porque para elas é. Ou começar uma frase pela metade e receber uma resposta afirmativa do amigo como se ele tivesse entendido tudo o que você disse, mas que não tem sentido nenhum. Pode parecer maldade, mas, ah, credo, isso não é justo. A, digamos, irmã sóbria da turma merece se divertir. Afinal, é ela, no caso, fui eu, quem fica toda hora jogando água na nuca das colegas e arruma um leque do nada para fazer um ventinho quando os olhos começam a virar, dá a mão para elas apertarem sem parar no topo da viagem (e apertam forte, hein?) e se preocupa em comprar aquela Coca-Cola providencial no fim da noite. É ela também que não deixa as elzeiras uó se aproveitarem das amigas vulneráveis e está de olho em cada mão que passa pelo grupo.Foi legal ir à pool, ainda mais sóbrio. É engraçado ver todo mundo se mordendo, se beijando fortemente e falando muito vários assuntos ao mesmo tempo. Sem contar que você cata cada escapada de cada casal e a sensação de dançar a noite toda quase sem parar sem tomar nada é energizante. Quanto mais se dança sóbrio, mais se quer dançar. E eu dancei, fiquei até com dor na perna esquerda. Não vou fazer a linha careta e dizer que é ruim não estar sóbrio, que isso ou aquilo, nem sempre fui sóbrio e sei que cada um faz o que bem entende de sua vida, por isso a minha será assim, sóbria para ser divertida. Para quem não pensa assim, boa viagem!Uma pena só foi estar sóbrio quando por duas vezes o segurança nada profissional gritou comigo achando que eu seria uma daquelas pessoas que nem sabe o que está acontecendo e simplesmente vira as costas. Não, eu entendia tudo e percebi que ele foi grosso, nada profissional e lamentável. Nessas horas sua sobriedade te faz mal porque você vê que nem sempre os clubes te dão o tratamento que você merece, que todos merecem. Eu não saio da minha casa para ouvir grito de segurança, que deveria estar ali me protegendo. E ele gritou comigo simplesmente porque, como muita gente durante toda a festa, eu estava sentado em um canteiro de plantas descansando (sem destruir as plantas). Tudo bem ele tirar o povo dali, mas antes a casa disponibilizasse lugares para o povo sentar. Isso se chama profissionalismo, demonstra cuidado com os clientes. Não só os sóbrios, mas também os vulneráveis, que também querem descansar um pouco, mesmo que o corpo não. O único lugar que achei para sentar foi um banco na porta do dark room. Lamentável, de novo, isso. Se você quer sair do fervo, do monte de gente e da música alta, é obrigado a sentar ao lado do dark, onde as pessoas querem muita discrição, mas acabam sendo o centro da atenção de quem senta ali porque não tem outra alternativa. Fica aqui um pedido do pequeno grupo dos sóbrios para os donos de clube sempre lembrarem de nós também. Afinal, o legal é ter gente de todo jeito na balada e fazer esse povo se sentir bem junto: gente sóbria, louca da vassoura, de chapéu de palha, de quepe de marinheiro, com ursinho amarrado nas costas, com camiseta, sem camiseta, caída, em pé, com silicone, sem silicone, colocada, deslocada, tresloucada e por aí vai. Não vejo a hora da próxima balada!
25/02/2009
Esse Carnaval foi o das primeiras, muitas “primeira vez”. Primeiro Carnaval em muitos anos que não bebo nada alcoólico e tudo e tal. Sobriedade quase total, mas não perturbante, não mesmo. Primeira vez também que eu fui a uma pool party. Os meninos the weekeiros aqui do Mix sempre vão e falam como é. Como não sou muito afeito desse microcosmo nunca tinha ido. Tinha curiosidade, e fui matá-la.Em primeiro lugar, não consegui entender porque chama pool party se a piscina ficou coberta. Já haviam me dito antes que ela servia só de decoração e ninguém nadava. Que era coisa de gente brega nadar. Ok, mas podia ter a piscina descoberta para refrescar. Mas, pensando bem, e acho que é esse o motivo, se a piscina estivesse descoberta na pool que eu fui o clube jogaria gente ladeira abaixo porque estava bem lotada a festa. Mesmo assim, um dia vou a uma pool e me jogo na piscina fazendo nado sincronizado (que visão do inferno) só para ver a cara das pseudo-finas me xoxando enquanto eu rio delas rindo de mim! Deixo a dica. Deve ser algum tipo de moda também ir vestido inteiro de branco. A maioria das pessoas estava assim, algumas até com quepes de marinheiro. Carnaval é isso aí. Quando todo mundo se colore horrores, tem gente que prefere o branco, que é a união de todas elas (ou a ausência, para os pessimistas). E o povo é bem animado, hein? Dança a noite toda sem parar e sua, muito, o tempo todo (por que será? hihihi). O mais legal de ficar sóbrio na balada é ver as doidas da vassoura, como diz o Erik, chegarem com uma cara, linda, e irem embora (quando vão) com outra, destruída.Aí se você não altera sua consciência e não entra naquela onda de todo mundo, mas mesmo assim quer ficar ali com os amigos, a alternativa é justamente, como já diz o nome, buscar maneiras alternativas de diversão. Tipo aproveitar o estado vulnerável das amigas pra gritar à toda hora “abraço coletivo” e rachar o bico de ver as doidas se abraçando toda hora como se fosse a primeira vez, porque para elas é. Ou começar uma frase pela metade e receber uma resposta afirmativa do amigo como se ele tivesse entendido tudo o que você disse, mas que não tem sentido nenhum. Pode parecer maldade, mas, ah, credo, isso não é justo. A, digamos, irmã sóbria da turma merece se divertir. Afinal, é ela, no caso, fui eu, quem fica toda hora jogando água na nuca das colegas e arruma um leque do nada para fazer um ventinho quando os olhos começam a virar, dá a mão para elas apertarem sem parar no topo da viagem (e apertam forte, hein?) e se preocupa em comprar aquela Coca-Cola providencial no fim da noite. É ela também que não deixa as elzeiras uó se aproveitarem das amigas vulneráveis e está de olho em cada mão que passa pelo grupo.Foi legal ir à pool, ainda mais sóbrio. É engraçado ver todo mundo se mordendo, se beijando fortemente e falando muito vários assuntos ao mesmo tempo. Sem contar que você cata cada escapada de cada casal e a sensação de dançar a noite toda quase sem parar sem tomar nada é energizante. Quanto mais se dança sóbrio, mais se quer dançar. E eu dancei, fiquei até com dor na perna esquerda. Não vou fazer a linha careta e dizer que é ruim não estar sóbrio, que isso ou aquilo, nem sempre fui sóbrio e sei que cada um faz o que bem entende de sua vida, por isso a minha será assim, sóbria para ser divertida. Para quem não pensa assim, boa viagem!Uma pena só foi estar sóbrio quando por duas vezes o segurança nada profissional gritou comigo achando que eu seria uma daquelas pessoas que nem sabe o que está acontecendo e simplesmente vira as costas. Não, eu entendia tudo e percebi que ele foi grosso, nada profissional e lamentável. Nessas horas sua sobriedade te faz mal porque você vê que nem sempre os clubes te dão o tratamento que você merece, que todos merecem. Eu não saio da minha casa para ouvir grito de segurança, que deveria estar ali me protegendo. E ele gritou comigo simplesmente porque, como muita gente durante toda a festa, eu estava sentado em um canteiro de plantas descansando (sem destruir as plantas). Tudo bem ele tirar o povo dali, mas antes a casa disponibilizasse lugares para o povo sentar. Isso se chama profissionalismo, demonstra cuidado com os clientes. Não só os sóbrios, mas também os vulneráveis, que também querem descansar um pouco, mesmo que o corpo não. O único lugar que achei para sentar foi um banco na porta do dark room. Lamentável, de novo, isso. Se você quer sair do fervo, do monte de gente e da música alta, é obrigado a sentar ao lado do dark, onde as pessoas querem muita discrição, mas acabam sendo o centro da atenção de quem senta ali porque não tem outra alternativa. Fica aqui um pedido do pequeno grupo dos sóbrios para os donos de clube sempre lembrarem de nós também. Afinal, o legal é ter gente de todo jeito na balada e fazer esse povo se sentir bem junto: gente sóbria, louca da vassoura, de chapéu de palha, de quepe de marinheiro, com ursinho amarrado nas costas, com camiseta, sem camiseta, caída, em pé, com silicone, sem silicone, colocada, deslocada, tresloucada e por aí vai. Não vejo a hora da próxima balada!
Como se tivesse 12 anos
19/02/2009
(Ela poderia ter usado um despertador, mas o príncipe tem mais charme)
Ai, caramba, tenho andado muito Poliana ultimamente. Juro que não queria, preferia estar desanimado com o amor lúdico, sendo bem realista e recalcado, dizendo que relacionamentos só trazem preocupações, traições e brigas e me jogando na pegação hedonista, mas não. Alice, Poliana, princesa. E nessa eu fico dispensando quem não está na onda, que quer fazer a coisa rapidinho, aqui, agora, e fico sem fazer aquilo que todo mundo adora. Mas nem ligo, vou continuar Poliana, vou mesmo, ainda mais depois que li “Da Vida dos Pássaros”, do Alexandre Ribondi. Afinal, quer melhor companhia do que a minha própria?O livro é uma delícia de ler primeiro porque tem uma prosa fluída, simples e com um ritmo que acelera, desacelera, corre, pára. Nunca tinha lido nada dele antes, mas me surpreendi com o estilo, principalmente a maneira de costurar os tempos, personagens e os cenários, em um vai-e-vem que dá ação à história, mas não deixa o leitor perdido. O livro fala do amor de Alexandre e Michael, um amor que começou sem eles saberem, daqueles amores que vão sendo construídos aos poucos sem precisar de muita explicação, só precisa ser sentido, vivido. Quando se dão conta, já estão juntos há tanto tempo que não tem como tirar um do corpo do outro.Eu acho isso lindo, essa entrega, essa lealdade. Poliana sim, e daí? O amor deles passa por muitas coisas, umas boas, outras péssimas, mas sempre sobrevive, mesmo um tentando negar o outro. Michael está em Alexandre e vice-versa. Não podem viver separados e esse compromisso da presença um do outro é natural, a qualquer hora um pode deixar o outro e ir embora, o que acontece algumas vezes, mas sempre com uma volta cheia de vontade, tesão, saudade. A vida não é fácil, e disso todo mundo sabe. Mas ela fica pior ainda se você não tem com quem contar – amigos, parentes, amores. No caso dos gays a coisa piora. Nem sempre rola contar com a família e bons amigos no mundo gay são cada dia mais raros porque o mundo gay, no geral, fica cada vez menos racional e muito mais emocional, momentâneo, raso. Bom mesmo é contar com um companheiro, termo que, para mim, engloba namorado, amigo, amante e irmão. Alguém que te queira de verdade sempre, que tenha sido conquistado pelas suas qualidades – e defeitos também. Mas eu me pergunto se existe alguma outra AlicePolianaprincesasonhadoraacordaminhafilhapromundocruelporquesenãovocêvaisefuder por aí? Deve ter, mas ela também deve estar por aí meio perdida, cansada do mega açougue cheio de vapores ou dos lugares cheios de luzes coloridas. Um dia a gente se encontra, ou não. Enquanto isso fico por aqui, correndo atrás do coelho atrasado. Prometo não me encontrar com a Rainha louca, ou lôca. Vou continuar sonhando uma coisa pura e leve, e isso ninguém pode tirar de mim. Um beijo para a minha mãe, para o meu pai e para você.
Escrito por Hélio Filho às 12h10
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Delicadeza
17/02/2009
Se você terminar a música se sentindo igual a quando começou, ouça de novo até isso mudar.
19/02/2009
(Ela poderia ter usado um despertador, mas o príncipe tem mais charme)
Ai, caramba, tenho andado muito Poliana ultimamente. Juro que não queria, preferia estar desanimado com o amor lúdico, sendo bem realista e recalcado, dizendo que relacionamentos só trazem preocupações, traições e brigas e me jogando na pegação hedonista, mas não. Alice, Poliana, princesa. E nessa eu fico dispensando quem não está na onda, que quer fazer a coisa rapidinho, aqui, agora, e fico sem fazer aquilo que todo mundo adora. Mas nem ligo, vou continuar Poliana, vou mesmo, ainda mais depois que li “Da Vida dos Pássaros”, do Alexandre Ribondi. Afinal, quer melhor companhia do que a minha própria?O livro é uma delícia de ler primeiro porque tem uma prosa fluída, simples e com um ritmo que acelera, desacelera, corre, pára. Nunca tinha lido nada dele antes, mas me surpreendi com o estilo, principalmente a maneira de costurar os tempos, personagens e os cenários, em um vai-e-vem que dá ação à história, mas não deixa o leitor perdido. O livro fala do amor de Alexandre e Michael, um amor que começou sem eles saberem, daqueles amores que vão sendo construídos aos poucos sem precisar de muita explicação, só precisa ser sentido, vivido. Quando se dão conta, já estão juntos há tanto tempo que não tem como tirar um do corpo do outro.Eu acho isso lindo, essa entrega, essa lealdade. Poliana sim, e daí? O amor deles passa por muitas coisas, umas boas, outras péssimas, mas sempre sobrevive, mesmo um tentando negar o outro. Michael está em Alexandre e vice-versa. Não podem viver separados e esse compromisso da presença um do outro é natural, a qualquer hora um pode deixar o outro e ir embora, o que acontece algumas vezes, mas sempre com uma volta cheia de vontade, tesão, saudade. A vida não é fácil, e disso todo mundo sabe. Mas ela fica pior ainda se você não tem com quem contar – amigos, parentes, amores. No caso dos gays a coisa piora. Nem sempre rola contar com a família e bons amigos no mundo gay são cada dia mais raros porque o mundo gay, no geral, fica cada vez menos racional e muito mais emocional, momentâneo, raso. Bom mesmo é contar com um companheiro, termo que, para mim, engloba namorado, amigo, amante e irmão. Alguém que te queira de verdade sempre, que tenha sido conquistado pelas suas qualidades – e defeitos também. Mas eu me pergunto se existe alguma outra AlicePolianaprincesasonhadoraacordaminhafilhapromundocruelporquesenãovocêvaisefuder por aí? Deve ter, mas ela também deve estar por aí meio perdida, cansada do mega açougue cheio de vapores ou dos lugares cheios de luzes coloridas. Um dia a gente se encontra, ou não. Enquanto isso fico por aqui, correndo atrás do coelho atrasado. Prometo não me encontrar com a Rainha louca, ou lôca. Vou continuar sonhando uma coisa pura e leve, e isso ninguém pode tirar de mim. Um beijo para a minha mãe, para o meu pai e para você.
Escrito por Hélio Filho às 12h10
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Delicadeza
17/02/2009
Se você terminar a música se sentindo igual a quando começou, ouça de novo até isso mudar.
Eu simplesmente amo, admiro e respeito muito heterossexuais simpatizantes, mas não só aqueles que tudo bem você ficar ali com seu namorado, também os que te veem como mais uma pessoa normal, o que você é. Não ficam observando suas palavras com medo de falar “viado” ou “bichona” na sua frente porque eles tem a consciência de que o tratamento deles com você no resto do tempo é exemplar, é normal, e é isso que eu (e acho que todo homossexual) quero, ser tratado como uma pessoa a mais que está ali, não como uma potencial vítima de homofobia, uma potencial drag queen ou um potencial michê. Agradeço todos os dias por ter encontrado em meu caminho fora do mundo colorido pessoas que sempre me respeitaram me tratando normalmente. Isso é respeito, é ser considerado pelos heterossexuais como um a mais, como alguém que, inclusive, pode ser vítima de piadinhas maldosas como qualquer outra pessoa. Nunca escondi que era gay, mas também nunca saí anunciado. Mas é claro que dá para notar, e meus amigos notavam. Muitos não sentiram a necessidade de me perguntar, simplesmente me aceitaram sem me questionar.Nunca deixaram de andar comigo, pelo contrário. Não querendo parecer presunçoso, mas nossas conversas rolavam normalmente, eu conquistei o espaço para estar ali e ser respeitado. Foi assim no Ensino Médio, quando assumi a monitoria da sala na área de Humanas (nem me venha com números, fico mais perdido que filho da puta em Dia dos Pais) e a necessidade de aprender dos meus colegas e a simpatia deles por mim exterminavam (sim, exterminavam) o preconceito.Na faculdade então eu era mesmo a louca, confesso. Não fazia questão de esconder, mesmo usando uma farda do Exército (sim, eu já fui militar). E foi assim por quatro anos. Ensinei a algumas amigas truques valiosos sobre o sexo masculino e sempre era procurado como ombro amigo nas horas de separação delas. Na pós-graduação eu já sabia que se alguém ali tivesse preconceito estava no lugar errado. Foi assim que no ano passado eu entrei na sala da Academia Brasileira de Jornalismo Literário sem medo. E fui bem recebido. Claro que algumas panelinhas sempre se formam, não foi diferente comigo. Foi nela que conheci Rodolfo, menino de Marília com um dom excepcional para escrever contos, mas teimoso na hora que eu imploro para ele cortar o cabelo. “Tá bom assim”, diz em tom heterossexualmente despreocupado. Quando a pós começou eu ainda não trabalhava no Mix, fazia assessoria de imprensa e indiquei Rodolfo para trabalhar comigo. Eu achei que ele fosse estranhar de trabalhar em uma agência de comunicação onde só existem mulheres e gays, mas não. Rodolfo é o hétero mais gay que eu conheço. Nasceu errado gostando de mulher.Uma vez até confessou que deu um beijinho em um amigo para experimentar, mas os traços masculinos realmente não atraem Rodolfo (já nós, né, leitor? Abafa). Ele gosta mesmo do cabelo cacheado e negro da “Nêga”, apelido de namorado para Winee, uma carioca fofa e linda que tem uma pele de dar inveja (entendeu a relação?)! Como sabe com certeza do que gosta, conversa normalmente comigo sem medo que eu o ataque sexualmente ou saia falando que temos algo a mais. Porque esse é um medo dos héteros que convivem com gays: serem rotulados. Rodolfo nem liga, faz troça se alguém tenta insinuar que nossa amizade vai além e dá risada, deixando o acusador sem graça, como ele é para fazer uma brincadeira assim. Estava eu um belo dia contando uma das várias histórias alucinantes do fim de semana quando disse que havia caído. Ele correu e me corrigiu na mesma hora: “divas não caem, se deixam levar”. Pronto, arrasou. Um hétero falando isso com tranqüilidade, fazendo essas brincadeiras super queer sem medo de parecer gay, de levantar suspeita sobre sua sexualidade. Ele até dá opinião sobre os bofes, diz que não gostou, que gostou, que eu mereço melhor ou que o cara merece melhor – porque ele também é sincero. Fala se o cara é bonito na boa, Rodolfo é o homem moderno, que se importa com o que realmente interessa. Não quer saber se fulaninho vai achar que ele é gay só porque disse que um homem é bonito. Isso é coisa do passado, quando as mulheres não usavam calças e os homens ainda autenticavam seus contratos com o fio do bigode. Quando saí da casa do meu ex, Rodolfo me conhecia somente há 15 dias e mesmo assim se prontificou a ir comigo, ficou preocupado em me deixar ir sozinho por vários motivos que não vem ao caso. E foi comigo. Deu uma super mão na hora de carregar minha gigante mala e, de quebra, ainda respondeu simpaticamente ao ridículo questionário que meu ex fez para ele querendo descobrir se Rodolfo era meu novo romance. Não, Rodolfo é heterossexual, mas, além disso, ele é humano, o que significa que ele tem a consciência de que homossexuais são apenas pessoas que gostam de seus iguais. Pessoas como qualquer outra. Rodolfo é o mais gay dos meus amigos heterossexuais. Adoro isso. Amo o Rodolfo e posso escrever isso tranquilo, sem ele achar que eu estou dando em cima dele. Até porque depois que viro amigo não consigo ir além disso, travo totalmente. A história de chupar a amiga no fim da noite se não pegou ninguém não dá certo comigo. Seria muito legal se todo heterossexual fosse humano como Rodolfo. Eles teriam muito mais amigos legais... e nós também. Rodolfo é tão heterossexual que mesmo quando tenta se aventurar a escrever algo homoerótico acaba caindo no clichê de macho. Um de seus contos foi publicado aqui no Mix e fala, claro, de duas mulheres se pegando, fetiche de 99% dos homens héteros, segundo o Chutator Supositator Hipotesitator Institute. Baby, amigo, fofo, querido, colega, um beijo cheio de carinho fraternal no seu rosto. Obrigado.
Escrito por Hélio Filho às 18h32
(7) Vários Comentários
Nhé
11/02/2009
Estou meio chateado hoje, não sei se escreveria algo legal. Então, é melhor ficar quieto. Precioso conselho.
Escrito por Hélio Filho às 14h04
(0) Comente
Tá mudada!
09/02/2009
E não é que eu mudei de casa mais uma vez? Já é o 4º lugar que eu moro aqui em São Paulo em menos de dois anos. Já estou especialista em mudanças. É engraçado como mudanças de casa mexem não só com móveis, mas conosco também. Você começa a descobrir coisas que estavam perdidas na bagunça e tem a oportunidade de começar tudo de novo, colocando as coisas em outros lugares sem ser metaforicamente, o que é o melhor. Passei o fim de semana nessa função. Mochilas, malas, caixas e sacolas pra cima, pra baixo, uma loucura. Ainda bem que eu não tenho muita coisa, reflexo de uma existência mais Self e menos Ego. Na verdade, uma curiosidade, se se pode chamar assim, que percebi é que meu maior patrimônio são meus CDs, tenho mais CDs do que roupa, livros ou qualquer outra coisa. Haja música. Outra coisa que descobri foi que você deve sempre medir os espaços de sua casa nova antes de comprar o que quer que seja. Não corra o risco de chegar em casa e perceber que a cortina do banheiro é menor do que deveria.É nessas horas que a gente valoriza mais ainda nossa mãe. Mães parecem ter um poder de fazer as coisas sempre certas, deve ser porque elas sabem como fazer. Minha mãe teria medido, nem que fosse com os pés, o tamanho do banheiro, bem como da cozinha, sala, quarto, closet e até da varanda. Mas como eu cresci e não moro mais com ela, tive que aprender a fazer isso da pior maneira, errando. E limpar a casa então? Gostaria muito de saber em primeiro lugar como um ser humano consegue fazer com que a mangueira fique sempre dentro do balde e nunca escape dele molhando todas as coisas ao seu redor. Depois alguém me explica porque o sabão em pó é algo que sempre está associado à água, mas tem uma embalagem que deve ficar bem longe dela para não rasgar. Outra curiosidade é como é possível que alguém consiga deixar o chão 100% seco só com o rodo. O meu, super pintoso, verde-limão, gritou ontem a tarde toda quando eu lavava (sim, lavava) a casa e mesmo assim um quê de água ainda estava ali. Nem vou começar a falar sobre cozinhar, isso eu nem me arrisco. Um dia eu descubro como transformar pacotes de supermercado em comida sem levar ao microondas, juro que consigo. Vai ser a primeira coisa que aprenderei depois de montar um bom esquema de dono-de-casa no setor “limpeza”. Vamos ver aonde isso vai parar. Só espero não colocar fogo em nada. Mudar é assim mesmo, como já diz o nome, é se reinventar, e essa é minha intenção. Agora moro em uma casa com varanda, passarinhos cantando e um precioso silêncio no bairro, sem contar que abro a porta de casa e dou de cara com uma verdíssima árvore. No fim da tarde, dá para ver o pôr-do-sol e aquelas nuvens cor-de-rosa no céu. Lindo. E assim eu vou mudando, sempre. Com a nova casa vêm novas atitudes, novas idéias, novos pensamentos. Fiquei empolgado com essa coisa de dono-de-casa, pretendo ficar mais em casa agora, bem mais, vendo o céu, escutando os passarinhos... Tenho certeza de que vai sobrar assunto pra postar aqui.
Escrito por Hélio Filho às 18h32
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Nhé
11/02/2009
Estou meio chateado hoje, não sei se escreveria algo legal. Então, é melhor ficar quieto. Precioso conselho.
Escrito por Hélio Filho às 14h04
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Tá mudada!
09/02/2009
E não é que eu mudei de casa mais uma vez? Já é o 4º lugar que eu moro aqui em São Paulo em menos de dois anos. Já estou especialista em mudanças. É engraçado como mudanças de casa mexem não só com móveis, mas conosco também. Você começa a descobrir coisas que estavam perdidas na bagunça e tem a oportunidade de começar tudo de novo, colocando as coisas em outros lugares sem ser metaforicamente, o que é o melhor. Passei o fim de semana nessa função. Mochilas, malas, caixas e sacolas pra cima, pra baixo, uma loucura. Ainda bem que eu não tenho muita coisa, reflexo de uma existência mais Self e menos Ego. Na verdade, uma curiosidade, se se pode chamar assim, que percebi é que meu maior patrimônio são meus CDs, tenho mais CDs do que roupa, livros ou qualquer outra coisa. Haja música. Outra coisa que descobri foi que você deve sempre medir os espaços de sua casa nova antes de comprar o que quer que seja. Não corra o risco de chegar em casa e perceber que a cortina do banheiro é menor do que deveria.É nessas horas que a gente valoriza mais ainda nossa mãe. Mães parecem ter um poder de fazer as coisas sempre certas, deve ser porque elas sabem como fazer. Minha mãe teria medido, nem que fosse com os pés, o tamanho do banheiro, bem como da cozinha, sala, quarto, closet e até da varanda. Mas como eu cresci e não moro mais com ela, tive que aprender a fazer isso da pior maneira, errando. E limpar a casa então? Gostaria muito de saber em primeiro lugar como um ser humano consegue fazer com que a mangueira fique sempre dentro do balde e nunca escape dele molhando todas as coisas ao seu redor. Depois alguém me explica porque o sabão em pó é algo que sempre está associado à água, mas tem uma embalagem que deve ficar bem longe dela para não rasgar. Outra curiosidade é como é possível que alguém consiga deixar o chão 100% seco só com o rodo. O meu, super pintoso, verde-limão, gritou ontem a tarde toda quando eu lavava (sim, lavava) a casa e mesmo assim um quê de água ainda estava ali. Nem vou começar a falar sobre cozinhar, isso eu nem me arrisco. Um dia eu descubro como transformar pacotes de supermercado em comida sem levar ao microondas, juro que consigo. Vai ser a primeira coisa que aprenderei depois de montar um bom esquema de dono-de-casa no setor “limpeza”. Vamos ver aonde isso vai parar. Só espero não colocar fogo em nada. Mudar é assim mesmo, como já diz o nome, é se reinventar, e essa é minha intenção. Agora moro em uma casa com varanda, passarinhos cantando e um precioso silêncio no bairro, sem contar que abro a porta de casa e dou de cara com uma verdíssima árvore. No fim da tarde, dá para ver o pôr-do-sol e aquelas nuvens cor-de-rosa no céu. Lindo. E assim eu vou mudando, sempre. Com a nova casa vêm novas atitudes, novas idéias, novos pensamentos. Fiquei empolgado com essa coisa de dono-de-casa, pretendo ficar mais em casa agora, bem mais, vendo o céu, escutando os passarinhos... Tenho certeza de que vai sobrar assunto pra postar aqui.
The same old fucking history
05/02/2009
Não é um post sobre a Cyndi Lauper, só queria fazer um trocadilho bem gay no título. O post é sobre putaria mesmo, putaria na internet, pegação, desejo, de onde tc brow, como vc é, o q curte. Mas nem adianta se animar, não vou exaltar as maravilhas do sexo rápido conseguido via internet e muito menos dar dicas de nicks safados para você se dar bem sem ter que gastar o dedo o dia todo na caça. A putaria de internet deste post é mais negativa, incomoda, não dá prazer e só traz desgosto, é a putaria escondida, traiçoeira.Hoje um amigo veio dizer que não está mais namorando porque pegou o namorado no flagra com um MSN de pegação, desses fakes onde você (ou os outros) só coloca a foto do corpo, parte mais interessante nesse tipo de papo, que gira em torno de músculos, sempre. E não é que o ex do amigo tinha um desses? Quando o amigo descobriu ouviu toda a ladainha de quem acha que nunca será pego, uma conversa com um quê de esquizofrenia sempre. Desculpinhas sem nexo, nada plausíveis e que subestimam a inteligência da pessoa traída, ou em vias de ser. “Nunca uso”, “entro só para bater papo” e a clássica “nunca pensei em ter contato real” já fazem parte do top 3 das desculpinhas. Há pouco tempo, outro amigo, também amigo desse amigo (que confuso), sofreu a mesma coisa, e também terminou. No ano passado, essa novela era protagonizada por mim, que também terminei. Eu realmente não entendo porque as pessoas querem namorar se elas querem continuar solteiras. Até entendo que o relacionamento possa se desgastar, o tesão diminuir para com a pessoa amada e aumentar frente ao extenso e diversificado mercado da carne gay. Mas vale uma conversa sincera, abrir o jogo mesmo e dizer que talvez seja a hora de rever a noção que o casal tinha sobre o termo fidelidade. Uma vez um amigo que tem relacionamento aberto me disse que o companheiro dele ficava com outros, tudo bem, mas que era fiel a ele em outras coisas bem mais importantes do que só na cama. Entendi e achei que ele tinha razão, concordei, mas não serve pra mim. Criação católica ou não, sou monogâmico e fiel, ainda acredito no amor eterno e na beleza do jardim da paixão, bem sonhador mesmo, bem Alice. Levei uns trancos no último relacionamento e mesmo assim mantive a capacidade acreditar nas pessoas. O MSN de putaria surgiu na minha frente e algumas vezes ia além disso.Subestimaram minha inteligência e isso é a coisa que mais me irrita no mundo. Posso ter cara de bonzinho, mas otário não sou. Sou inteligente o bastante para saber bem o que quero e o que não quero. Para que eu vou complicar minha vida tendo um namorado e enganando ele na sauna, rua, cinemão, shopping ou sei lá onde? Viver achando que ele desconfia de algo. Cruzes! Eu engano apenas a mim mesmo assim, porque acredito estar fazendo tudo certinho, escondido, sem ninguém saber. Mas e a sua consciência? Vale a conversa sincera para você poder dar as escapadinhas de mente livre da culpa. Abrir o jogo sem medo de ficar sozinho antes que suas puladinhas sejam descobertas e se tornem mais graves do que realmente são. O corno é o último a saber, ok, mas você não precisa perpetuar isso. O mundo contemporâneo prega a liberdade do ser, o individualismo, e nada mais liberto do que ter a mente livre de mentiras e histórias fantásticas para enganar seu namorado. Livre mesmo é aquele que sempre será como sempre foi e continuará conquistando espaço por ser ele mesmo, não alguém que esconde algo, dissimula. Deitar a cabeça no travesseiro e dormir não tem preço. Por isso minha vida é dividida entre o que faz eu deitar assim e o que não. Nunca entendi meu ex e sua mania de viver em um mundo próprio onde as desculpas e histórias dele faziam sentido (só lá). Não posso dizer com certeza, mas acho que se ele tivesse admitido as muitas escapadas se mostraria homem de verdade para mim e amenizaria a traição, talvez. Nunca entendi porque uma pessoa namora só para ter alguém, por carência, e não por atração. Nunca entendi porque permiti tanta coisa como o MSN de putaria. Acho que nunca vou entender porque a maioria das pessoas hoje em dia só se sente feliz se estiver em vantagem em cima da outra pessoa. Pode soar conservador e moralista, mas a minha noção de amor ainda não mudou. E não, não tenho um MSN de putaria.
Escrito por Hélio Filho às 13h29
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Coisa mais maior de grande
04/02/2009
(Eu pegava)Nunca gosto mais dos filhos de cantores do que dos próprios cantores, tipo Maria Rita e Elis Regina, Luciana Mello e Jair Rodrigues e por aí vai. Hum, começar um texto com “nunca” é forte, gostei. Enfim. Mas como é a exceção que prova a regra, gosto mais do Gonzaguinha do que do Luís Gonzaga. E ultimamente a obra dele, para meu deleite, tem sido muito rebuscada naquele programa que eu já disse que adoro: novela. No ar atualmente está “Feliz”, tema da sofrida, magra e suicida Duda, não muito bem interpretada pela atriz Tânia Khalill. Da primeira vez que ouvi a música na novela quase não acreditei. “E Vamos à Luta” tinha sido tema da abertura de “Duas Caras” há pouco tempo e “Redescobrir” da abertura de “Ciranda de Pedra”. E novamente Gonzaguinha estava habitando um dos dois CDs com um ator ou atriz na capa que garantem bom lucro à novela e preenchem os playlists das FMs. Glória Perez parece também ser fã dele. Quem não lembra de “Explode Coração”, com o casal cigano Igor (melhor nem lembrar muito da atuação do Ricardo Macchi, né?) e Dara (Thereza Seiblitz)? O nome da novela já era o de uma das mais famosas músicas do Gonzaguinha. Tudo. Mas é uma pena que esse resgate da obra dele fique circunscrito a paixões avassaladoras de novelas. Pouca gente conhece as músicas dele além de “Sangrando”, “Explode Coração” e “O Que É, O Que É”, uma pena. Eu mesmo só conhecia os sucessos, e ainda por cima interpretado por outras pessoas (Elis, Bethânia, Joanna, Simone). Mas há quatro anos, no Carnaval de 2005, eu descobri Gonzaguinha por completo comprando o CD “Coisa Mais Maior de Grande – Pessoa”. Comprei pela capa porque me identifiquei e queria descobrir mais sobre aquele artista que para mim era poucos sucessos e um nome recorrente quando se falava de grandes compositores brasileiros. Lembro que estava com minha amiga Luciana revirando as gôndolas de CDs da Americanas e vi a capa desse CD. Comprei na hora. Como não éramos, e nem somos, muito foliões, fomos para casa ouvir. Tive uma ótima surpresa. Mesmo sendo ouvido depois de Cartola, como no caso, Gonzaguinha mostrou que tinha um bom trabalho. O ritmo de cantar dele é único porque as músicas são feitas dele para ele. É muito difícil cantar Gonzaguinha porque as letras são musicadas com um ritmo poético, não-linear (e que beira a desarmonia), que exalta certas palavras e encobre outras propositalmente. Para esses cantores acostumados ao esquemão estrofe-refrão-estrofe-gemidinho é bom nem tentar cantar Gonzaguinha. Depois foi natural minha busca por mais e mais CDs dele, sempre encontrados estrategicamente nas gôndolas de R$ 9,90 do Extra e da Americanas. Só “Olho de Lince – Trabalho de Parto” e “Grávido” que não conseguia achar, mas acabei encontrando em uma banquinha de um simpático tiozinho na feira da Benedito Calixto. “De Volta ao Começo”, “Gonzaguinha da Vida” e “Alô Alô Brasil” foram presentes deliciosos do Valter, que todo mundo chama de Valtinho (juro que não consigo). Completei a discografia inédita, não vou comprar coletâneas e discos ao vivo porque não gosto.Adoro as observações que ele faz nas músicas. Um compositor que dialoga com o presente. Prova disso é que as composições de Gonzaguinha podem ser dividas em dois períodos: começam com um tom inconformado e crítico da então Ditadura Militar brasileira. Como ia contra o sistema, não era muito destacado pela mídia e nem fazia questão disso. Outra fase é a partir da metade da década de 1970, quando suas canções começam a ter elementos lúdicos, mais leves, reflexo da abertura política no País. Como outro ícone para mim, Maysa, Gonzaguinha morreu em um acidente de carro, em 1991.Agora é esperar para ver se mais algum autor de novelas escreve a história de um casal que mereça tal trilha sonora. Para quem bem viveu um amor, ops, para quem quer se aventurar nessa obra, recomendo uma ordem (não-cronológica) de audição dos CDs: “Recado” (1978), “Moleque” (1977) e “Plano de Vôo” (1975) são os três melhores (na minha opinião) e mais digeríveis, bom para começar. Depois passe para uma fase mais complexa com “Alô Alô Brasil” (1983), “Luiz Gonzaga Júnior” (1974) e “Coisa Mais Maior de Grande – Pessoa” (1981). Boa viagem. Aqui alguns vídeos para você começar.
Escrito por Hélio Filho às 13h13
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No vela
02/02/2009
Bahuchara Mata, deusa que exige de seus seguidores (todos homens) vestirem-se como mulher, a castração e o celibato.
Como todo bom brasileiro, adoro novelas. A diferença é que eu assumo, tem sempre aqueles que quando você pergunta se assistem já vêm com aqueles desvios de resposta tipo “minha mãe estava vendo e eu assisti”. Como estava dizendo, eu adoro, e se tiver tempo assisto todas: Vale a Pena Ver de Novo, das seis, sete e oito, que começa às nove, mas ok. Não adianta tentar conversar comigo quando estou vendo novela, a ficção sempre ganha. Amigos mais próximos já sabem disso e só se atrevem a puxar papo nos comerciais, com hora marcada para acabar, claro. Sábado de noite estava eu com minha inseparável companheira Vavá na casa de um amigo que se preparava para sair na baladinha à procura do bofe que tinha conhecido na quinta-feira, bem coisa de bicha isso. Antes do amigo se jogar no ABC Bailão, estávamos vendo “Caminho das Índias” e apareceram os hijras, figuras hindus que são consideradas o terceiro sexo, terceiro gênero. Transgêneros e intersexuais MtF (Male to Female, "de Homem para Mulher", em português) da Índia, do Paquistão e de Bangladesh, para ser mais exato.Ninguém os chama de traveco ou viado, eles são respeitados e até temidos. Isso por causa da crença hindu muito mais baseada no espírito, transcendental, do que em valores morais terrenos como fazem as religiões ocidentais. No hinduísmo, o espírito escolhe se será homem ou mulher de acordo com os desafios a serem enfrentados, ou seja, o espírito para os hinduístas é uma energia e os órgãos sexuais masculino e feminino são apenas ferramentas para essa energia se desenvolver. Deu para entender que a coisa é bem mais ampla do que simplesmente pênis e vagina? Sempre achei todas as religiões idênticas em seu cerne. Todas elas dizem a mesma coisa: faça o bem que fica tudo bem. Resumindo é isso. Mas cada uma tem um jeito de dizer isso, o que muda tudo. Por isso tem guerra que dizem ser santa e tanta discussão, porque se cada religião diz para fazer o bem de um jeito e cada pessoa interpreta “bem” de uma maneira, a coisa fica confusa. Para mim, o mundo deveria ser guiado pelo bom senso que diz que sua liberdade termina onde começa a minha e vice-versa. Por isso, nada de invadir minha liberdade na hora da novela. Todos os dias tenho um ritual e dispenso mais de uma hora em frente a um local de luz vendo homens e mulheres maravilhosas – quase imaginárias - em cenários quase irreais, sempre vivendo histórias épicas e tentando conquistar o máximo de fiéis que conseguir contando uma história escrita por Homens.
05/02/2009
Não é um post sobre a Cyndi Lauper, só queria fazer um trocadilho bem gay no título. O post é sobre putaria mesmo, putaria na internet, pegação, desejo, de onde tc brow, como vc é, o q curte. Mas nem adianta se animar, não vou exaltar as maravilhas do sexo rápido conseguido via internet e muito menos dar dicas de nicks safados para você se dar bem sem ter que gastar o dedo o dia todo na caça. A putaria de internet deste post é mais negativa, incomoda, não dá prazer e só traz desgosto, é a putaria escondida, traiçoeira.Hoje um amigo veio dizer que não está mais namorando porque pegou o namorado no flagra com um MSN de pegação, desses fakes onde você (ou os outros) só coloca a foto do corpo, parte mais interessante nesse tipo de papo, que gira em torno de músculos, sempre. E não é que o ex do amigo tinha um desses? Quando o amigo descobriu ouviu toda a ladainha de quem acha que nunca será pego, uma conversa com um quê de esquizofrenia sempre. Desculpinhas sem nexo, nada plausíveis e que subestimam a inteligência da pessoa traída, ou em vias de ser. “Nunca uso”, “entro só para bater papo” e a clássica “nunca pensei em ter contato real” já fazem parte do top 3 das desculpinhas. Há pouco tempo, outro amigo, também amigo desse amigo (que confuso), sofreu a mesma coisa, e também terminou. No ano passado, essa novela era protagonizada por mim, que também terminei. Eu realmente não entendo porque as pessoas querem namorar se elas querem continuar solteiras. Até entendo que o relacionamento possa se desgastar, o tesão diminuir para com a pessoa amada e aumentar frente ao extenso e diversificado mercado da carne gay. Mas vale uma conversa sincera, abrir o jogo mesmo e dizer que talvez seja a hora de rever a noção que o casal tinha sobre o termo fidelidade. Uma vez um amigo que tem relacionamento aberto me disse que o companheiro dele ficava com outros, tudo bem, mas que era fiel a ele em outras coisas bem mais importantes do que só na cama. Entendi e achei que ele tinha razão, concordei, mas não serve pra mim. Criação católica ou não, sou monogâmico e fiel, ainda acredito no amor eterno e na beleza do jardim da paixão, bem sonhador mesmo, bem Alice. Levei uns trancos no último relacionamento e mesmo assim mantive a capacidade acreditar nas pessoas. O MSN de putaria surgiu na minha frente e algumas vezes ia além disso.Subestimaram minha inteligência e isso é a coisa que mais me irrita no mundo. Posso ter cara de bonzinho, mas otário não sou. Sou inteligente o bastante para saber bem o que quero e o que não quero. Para que eu vou complicar minha vida tendo um namorado e enganando ele na sauna, rua, cinemão, shopping ou sei lá onde? Viver achando que ele desconfia de algo. Cruzes! Eu engano apenas a mim mesmo assim, porque acredito estar fazendo tudo certinho, escondido, sem ninguém saber. Mas e a sua consciência? Vale a conversa sincera para você poder dar as escapadinhas de mente livre da culpa. Abrir o jogo sem medo de ficar sozinho antes que suas puladinhas sejam descobertas e se tornem mais graves do que realmente são. O corno é o último a saber, ok, mas você não precisa perpetuar isso. O mundo contemporâneo prega a liberdade do ser, o individualismo, e nada mais liberto do que ter a mente livre de mentiras e histórias fantásticas para enganar seu namorado. Livre mesmo é aquele que sempre será como sempre foi e continuará conquistando espaço por ser ele mesmo, não alguém que esconde algo, dissimula. Deitar a cabeça no travesseiro e dormir não tem preço. Por isso minha vida é dividida entre o que faz eu deitar assim e o que não. Nunca entendi meu ex e sua mania de viver em um mundo próprio onde as desculpas e histórias dele faziam sentido (só lá). Não posso dizer com certeza, mas acho que se ele tivesse admitido as muitas escapadas se mostraria homem de verdade para mim e amenizaria a traição, talvez. Nunca entendi porque uma pessoa namora só para ter alguém, por carência, e não por atração. Nunca entendi porque permiti tanta coisa como o MSN de putaria. Acho que nunca vou entender porque a maioria das pessoas hoje em dia só se sente feliz se estiver em vantagem em cima da outra pessoa. Pode soar conservador e moralista, mas a minha noção de amor ainda não mudou. E não, não tenho um MSN de putaria.
Escrito por Hélio Filho às 13h29
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Coisa mais maior de grande
04/02/2009
(Eu pegava)Nunca gosto mais dos filhos de cantores do que dos próprios cantores, tipo Maria Rita e Elis Regina, Luciana Mello e Jair Rodrigues e por aí vai. Hum, começar um texto com “nunca” é forte, gostei. Enfim. Mas como é a exceção que prova a regra, gosto mais do Gonzaguinha do que do Luís Gonzaga. E ultimamente a obra dele, para meu deleite, tem sido muito rebuscada naquele programa que eu já disse que adoro: novela. No ar atualmente está “Feliz”, tema da sofrida, magra e suicida Duda, não muito bem interpretada pela atriz Tânia Khalill. Da primeira vez que ouvi a música na novela quase não acreditei. “E Vamos à Luta” tinha sido tema da abertura de “Duas Caras” há pouco tempo e “Redescobrir” da abertura de “Ciranda de Pedra”. E novamente Gonzaguinha estava habitando um dos dois CDs com um ator ou atriz na capa que garantem bom lucro à novela e preenchem os playlists das FMs. Glória Perez parece também ser fã dele. Quem não lembra de “Explode Coração”, com o casal cigano Igor (melhor nem lembrar muito da atuação do Ricardo Macchi, né?) e Dara (Thereza Seiblitz)? O nome da novela já era o de uma das mais famosas músicas do Gonzaguinha. Tudo. Mas é uma pena que esse resgate da obra dele fique circunscrito a paixões avassaladoras de novelas. Pouca gente conhece as músicas dele além de “Sangrando”, “Explode Coração” e “O Que É, O Que É”, uma pena. Eu mesmo só conhecia os sucessos, e ainda por cima interpretado por outras pessoas (Elis, Bethânia, Joanna, Simone). Mas há quatro anos, no Carnaval de 2005, eu descobri Gonzaguinha por completo comprando o CD “Coisa Mais Maior de Grande – Pessoa”. Comprei pela capa porque me identifiquei e queria descobrir mais sobre aquele artista que para mim era poucos sucessos e um nome recorrente quando se falava de grandes compositores brasileiros. Lembro que estava com minha amiga Luciana revirando as gôndolas de CDs da Americanas e vi a capa desse CD. Comprei na hora. Como não éramos, e nem somos, muito foliões, fomos para casa ouvir. Tive uma ótima surpresa. Mesmo sendo ouvido depois de Cartola, como no caso, Gonzaguinha mostrou que tinha um bom trabalho. O ritmo de cantar dele é único porque as músicas são feitas dele para ele. É muito difícil cantar Gonzaguinha porque as letras são musicadas com um ritmo poético, não-linear (e que beira a desarmonia), que exalta certas palavras e encobre outras propositalmente. Para esses cantores acostumados ao esquemão estrofe-refrão-estrofe-gemidinho é bom nem tentar cantar Gonzaguinha. Depois foi natural minha busca por mais e mais CDs dele, sempre encontrados estrategicamente nas gôndolas de R$ 9,90 do Extra e da Americanas. Só “Olho de Lince – Trabalho de Parto” e “Grávido” que não conseguia achar, mas acabei encontrando em uma banquinha de um simpático tiozinho na feira da Benedito Calixto. “De Volta ao Começo”, “Gonzaguinha da Vida” e “Alô Alô Brasil” foram presentes deliciosos do Valter, que todo mundo chama de Valtinho (juro que não consigo). Completei a discografia inédita, não vou comprar coletâneas e discos ao vivo porque não gosto.Adoro as observações que ele faz nas músicas. Um compositor que dialoga com o presente. Prova disso é que as composições de Gonzaguinha podem ser dividas em dois períodos: começam com um tom inconformado e crítico da então Ditadura Militar brasileira. Como ia contra o sistema, não era muito destacado pela mídia e nem fazia questão disso. Outra fase é a partir da metade da década de 1970, quando suas canções começam a ter elementos lúdicos, mais leves, reflexo da abertura política no País. Como outro ícone para mim, Maysa, Gonzaguinha morreu em um acidente de carro, em 1991.Agora é esperar para ver se mais algum autor de novelas escreve a história de um casal que mereça tal trilha sonora. Para quem bem viveu um amor, ops, para quem quer se aventurar nessa obra, recomendo uma ordem (não-cronológica) de audição dos CDs: “Recado” (1978), “Moleque” (1977) e “Plano de Vôo” (1975) são os três melhores (na minha opinião) e mais digeríveis, bom para começar. Depois passe para uma fase mais complexa com “Alô Alô Brasil” (1983), “Luiz Gonzaga Júnior” (1974) e “Coisa Mais Maior de Grande – Pessoa” (1981). Boa viagem. Aqui alguns vídeos para você começar.
Escrito por Hélio Filho às 13h13
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No vela
02/02/2009
Bahuchara Mata, deusa que exige de seus seguidores (todos homens) vestirem-se como mulher, a castração e o celibato.
Como todo bom brasileiro, adoro novelas. A diferença é que eu assumo, tem sempre aqueles que quando você pergunta se assistem já vêm com aqueles desvios de resposta tipo “minha mãe estava vendo e eu assisti”. Como estava dizendo, eu adoro, e se tiver tempo assisto todas: Vale a Pena Ver de Novo, das seis, sete e oito, que começa às nove, mas ok. Não adianta tentar conversar comigo quando estou vendo novela, a ficção sempre ganha. Amigos mais próximos já sabem disso e só se atrevem a puxar papo nos comerciais, com hora marcada para acabar, claro. Sábado de noite estava eu com minha inseparável companheira Vavá na casa de um amigo que se preparava para sair na baladinha à procura do bofe que tinha conhecido na quinta-feira, bem coisa de bicha isso. Antes do amigo se jogar no ABC Bailão, estávamos vendo “Caminho das Índias” e apareceram os hijras, figuras hindus que são consideradas o terceiro sexo, terceiro gênero. Transgêneros e intersexuais MtF (Male to Female, "de Homem para Mulher", em português) da Índia, do Paquistão e de Bangladesh, para ser mais exato.Ninguém os chama de traveco ou viado, eles são respeitados e até temidos. Isso por causa da crença hindu muito mais baseada no espírito, transcendental, do que em valores morais terrenos como fazem as religiões ocidentais. No hinduísmo, o espírito escolhe se será homem ou mulher de acordo com os desafios a serem enfrentados, ou seja, o espírito para os hinduístas é uma energia e os órgãos sexuais masculino e feminino são apenas ferramentas para essa energia se desenvolver. Deu para entender que a coisa é bem mais ampla do que simplesmente pênis e vagina? Sempre achei todas as religiões idênticas em seu cerne. Todas elas dizem a mesma coisa: faça o bem que fica tudo bem. Resumindo é isso. Mas cada uma tem um jeito de dizer isso, o que muda tudo. Por isso tem guerra que dizem ser santa e tanta discussão, porque se cada religião diz para fazer o bem de um jeito e cada pessoa interpreta “bem” de uma maneira, a coisa fica confusa. Para mim, o mundo deveria ser guiado pelo bom senso que diz que sua liberdade termina onde começa a minha e vice-versa. Por isso, nada de invadir minha liberdade na hora da novela. Todos os dias tenho um ritual e dispenso mais de uma hora em frente a um local de luz vendo homens e mulheres maravilhosas – quase imaginárias - em cenários quase irreais, sempre vivendo histórias épicas e tentando conquistar o máximo de fiéis que conseguir contando uma história escrita por Homens.
Ardente
27/01/2009
E continua a saga “pague pela sua burrice de não ter passado protetor solar”. Hoje, um capítulo cheio de ardências sem nenhum sex appeal. Metrô, aquele lugar onde todo mundo se encontra, divide o mesmo espaço e coloca à prova aquela antiga lei da Física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar. Com certeza Einstein, Newton nem nehum deles andava de metrô, passou longe da Sé no horário de pico. Podem, e ocupam. Agora imagine uma pessoa que não pode ser tocada em um lugar assim.Hum, esse “não ser tocada” ficou parecendo coisa de princesa, muito gay. Mas enfim, voltando. A alça da bolsa já faz um estrago enorme nos meus ombros. Agora, nunca vou entender porque algumas pessoas tem um espaço enooorme para andar e cismam em passar bem do seu lado e esbarrar em você, e na bolsa, conseqüentemente. A alça desliza na camiseta de algodão e aquece a epiderme rubra. Poética essa definição pra “p&*¨que p¨&%#$, car&*%¨%, não está vendo que eu estou com insolação?”.Até aí tudo bem, não está escrito na minha testa que eu estou debilitado epidermicamente, digamos assim. O pior é quem te vê andando de um jeito diferente, todo cheio de cuidados, e mesmo assim empurra, esbarra ou cutuca. Mas me diz, como não ser tocado no metrô paulistano? Impossível. O jeito é pagar mico e ficar se desviando pessoa por pessoa e rezando para que o vagão esvazie logo. Até a inocente e contadora catraca vira inimiga das coxas. Continuo assim, caminhando, cantando, seguindo a canção e assoprando minha pele sem lenço, documento e o sol de quase dezembro.
Escrito por Hélio Filho às 16h19
(1) Apenas 1 comentário
Sente a Maresias
26/01/2009
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão. Calma, não é a Fafá cantando, é minha pele depois de uma tarde em Maresias. Depois de muito tempo sem tomar sol, resolvi expor a pele que estava quase transparente. Foi demais. Digamos que por motivos de memória afetada pela brisa esqueci de passar o filtro solar nas pernas e barriga e hoje o meu maior sonho é ter uma banheira de gelo o dia todo. Deveria ter feito como sempre fiz: protetor 60, na sombra, o dia todo. Sair da sombra só depois das 18 horas.Nem percebi que estava ficando queimado, até porque você só percebe quando já está vermelho e sua pele em chamas. Estava lá na praia, pensando na vida, ouvindo o barulho do mar, conversando, vendo as sungas e seus recheios e nem lembrei que deve fazer uns cinco anos que não tomo sol, que sempre fico na sombra. Não deu outra, estou rosa. E o pior é isso, eu fiquei cor-de-rosa! Não sei bem se rosa, sou péssimo para cores, mas um vermelho róseo (existe?), ou um rosado vermelho (???). Movimentos bruscos estão terminantemente proibidos por aqui. Abraços animados e tapinhas nas costas são sentenças de morte para quem os der. Bicha burra sofre mesmo. Mas valeu a pena, Maresias é uma delícia e a praia estava bem atraente aos olhos. Agora, com sua licença, vou ali comprar um hidratante para deixar de ser um pato laqueado.
27/01/2009
E continua a saga “pague pela sua burrice de não ter passado protetor solar”. Hoje, um capítulo cheio de ardências sem nenhum sex appeal. Metrô, aquele lugar onde todo mundo se encontra, divide o mesmo espaço e coloca à prova aquela antiga lei da Física que diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar. Com certeza Einstein, Newton nem nehum deles andava de metrô, passou longe da Sé no horário de pico. Podem, e ocupam. Agora imagine uma pessoa que não pode ser tocada em um lugar assim.Hum, esse “não ser tocada” ficou parecendo coisa de princesa, muito gay. Mas enfim, voltando. A alça da bolsa já faz um estrago enorme nos meus ombros. Agora, nunca vou entender porque algumas pessoas tem um espaço enooorme para andar e cismam em passar bem do seu lado e esbarrar em você, e na bolsa, conseqüentemente. A alça desliza na camiseta de algodão e aquece a epiderme rubra. Poética essa definição pra “p&*¨que p¨&%#$, car&*%¨%, não está vendo que eu estou com insolação?”.Até aí tudo bem, não está escrito na minha testa que eu estou debilitado epidermicamente, digamos assim. O pior é quem te vê andando de um jeito diferente, todo cheio de cuidados, e mesmo assim empurra, esbarra ou cutuca. Mas me diz, como não ser tocado no metrô paulistano? Impossível. O jeito é pagar mico e ficar se desviando pessoa por pessoa e rezando para que o vagão esvazie logo. Até a inocente e contadora catraca vira inimiga das coxas. Continuo assim, caminhando, cantando, seguindo a canção e assoprando minha pele sem lenço, documento e o sol de quase dezembro.
Escrito por Hélio Filho às 16h19
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Sente a Maresias
26/01/2009
Vermelho, vermelhaço, vermelhusco, vermelhante, vermelhão. Calma, não é a Fafá cantando, é minha pele depois de uma tarde em Maresias. Depois de muito tempo sem tomar sol, resolvi expor a pele que estava quase transparente. Foi demais. Digamos que por motivos de memória afetada pela brisa esqueci de passar o filtro solar nas pernas e barriga e hoje o meu maior sonho é ter uma banheira de gelo o dia todo. Deveria ter feito como sempre fiz: protetor 60, na sombra, o dia todo. Sair da sombra só depois das 18 horas.Nem percebi que estava ficando queimado, até porque você só percebe quando já está vermelho e sua pele em chamas. Estava lá na praia, pensando na vida, ouvindo o barulho do mar, conversando, vendo as sungas e seus recheios e nem lembrei que deve fazer uns cinco anos que não tomo sol, que sempre fico na sombra. Não deu outra, estou rosa. E o pior é isso, eu fiquei cor-de-rosa! Não sei bem se rosa, sou péssimo para cores, mas um vermelho róseo (existe?), ou um rosado vermelho (???). Movimentos bruscos estão terminantemente proibidos por aqui. Abraços animados e tapinhas nas costas são sentenças de morte para quem os der. Bicha burra sofre mesmo. Mas valeu a pena, Maresias é uma delícia e a praia estava bem atraente aos olhos. Agora, com sua licença, vou ali comprar um hidratante para deixar de ser um pato laqueado.
Do Obama à Mooca
21/01/2009
Barack Hussein Obama tomou posse ontem. Não sei, o clima é de otimismo demais. Tudo bem que é bom ser otimista, mas fantasiar não dá. Como diz o José Simão, estão dizendo que Obama cura até catapora. Sacanagem. Menos pressão, vamos devagar. As idéias dele são boas, mas não dá pra esquecer que ele tem que obedecer algumas pessoas mais importantes que ele (ingenuidade achar que elas não existem) para colocá-las em prática, além, claro, de precisar de aprovação no Congresso dos Estados Unidos. Que seja o melhor possível.8==============DMinha pós-graduação entrou na reta final. Agora é assistir a mais algumas aulas e fazer o último e mais complicado trabalho e pronto, serei um jornalista literário. Complicado isso, já que jornalistas literários são verdadeiros pedintes de espaço nas publicações, salvo a "Piauí", "Brasileiros" e um pouco "Caros Amigos". Precisamos de pelo menos seis páginas para introduzir a matéria. Na décima página nosso personagem começa a tomar forma. Ai que exagero. Difícil conseguir emplacar pautas literárias. Mas serei, mesmo assim. Como todo fim subentende um novo começo, ainda não sei se vou já pra um mestrado ou espero um pouco. Nenhum mestrado me interessou ainda, quem sabe outra pós. Ou outra faculdade, quiçá. Sonho com Psicologia, um dia farei.8===============DOntem fui a uma colação de grau na Mooca. Não conhecia o lugar. Achei bem legal, pelo menos na região que eu fiquei, perto do Juventus. Gostei do que vi, vale a pena dar uma conferida nos moços que passam por lá.
Escrito por Hélio Filho às 18h20
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Eu, minha mãe e Maysa
19/01/2009
Minha relação com Maysa é quase, senão inteiramente, freudiana. Lembro que quando eu era bem criança minha mãe colocava umas fitas-cassete no som todo fim de tarde para aguar o jardim de casa. Ali eu ficava com ela conversando sobre tudo. Tirava dúvidas que me afligiam muito como quem troca a pilha do vaga-lume e porque o sol vai embora. À beira daquela enorme quantidade de flores plantadas uma a uma pelas mãos de enormes unhas da minha mãe, conversávamos, éramos mãe e filho, bem gay isso, eu era bichinha, confesso. Era não, sou.Voltando à fofice, Maysa era uma das cantoras que minha mãe mais ouvia, ficando lado a lado com Elis. Achava bonito o jeito dela cantar. Lembro que uma vez peguei a capa de uma fita e vi o desenho de dois olhos verdes de sobrancelhas muito arqueadas, quase infernais. Não conseguia entender como aquela voz tão gostosa era da dona daqueles olhos "de buxa" (bruxa, em infantilês). As minhas preferidas eram "Ouça" - adorava quando ela quase ficava sem ar em "que um dia existiuuuuuu" - e "Chão de Estrelas". Essa foi a trilha sonora de um tempo cheio de ternura onde eu já era bichinha e minha mãe jurava não saber (e eu jurava que ela não sabia).Fui crescendo e vez ou outra minha avó cantarolava alguma canção da Maysa. Claro que ela também cantarolava Dolores Duran, Elizeth Cardoso e algumas do Cauby, mas as da Maysa eram as que mais me chamavam a atenção. Quando, digamos, cresci e virei gente, um dia estava me esbaldando nas gôndolas de CDs a R$ 9,90 nas Lojas Americanas quando ela voltou. Seu CD, o clássico "Canecão apresenta Maysa", estava embaixo de muitos outros, nem todos de qualidade.Comprei, por R$ 9,90, e nunca mais parei de ouvir, para o desespero das amigas de faculdade que sempre pegavam carona comigo e dos meus ex-namorados. Um deles chegou até a dizer que adorava, mas não suportou o som tocar a décima faixa do CD e já veio meloso pedir pra mudar. Foi preciso muita barba na nuca pra me convencer. Aí percebi que gostar de Maysa era considerado brega, que as pessoas não achavam a Maysa legal, que ninguém nem lembrava dela. Decidi ouvir só em casa, ou no fone de ouvido. Foi o que fiz há alguns anos.No ano passado, meu telefone tocou e do outro lado da linha (coisa antiga na era digital) minha amiga gritava desesperada:- Hélio, vão fazer uma minissérie sobre advinha quem!- Se for sobre mim, quero o pagamento dos direitos em dinheiro.- Ai, não viaja. É sobre a Maysa.- Maysa? Mas será que vai dar certo contar a vida dela? Não foi nada fácil, a Globo vai ter que amenizar.- Que nada, o Jayme Monjardim vai dirigir, diz que vai falar tudo sobre a mãe.- Duvido.Uma semana antes de estrear "Maysa - quando fala o coração" vários amigos estavam loucos para ver logo. Os mesmo amigos que torciam o nariz quando eu colocava meus CDs dela para tocar. Maysa virou moda, ficou hype e comercial. Uma pena. Pena maior para quem é pão-duro como eu e agora está pagando muito mais do que R$ 9,90 em um CD dela. Bons tempos da gôndola da Americanas.Quando a minissérie estreou, deu para perceber que a produção era ótima, o elenco também muito bom. Preferi não dizer nada até acabar para poder dizer com certeza que não gostei. Não gostei. Pronto, disse. Quando você pretende contar a vida de alguém, você conta. Se a vida de Maysa era censurável, então que não a reconstruíssem para a televisão aberta. Maysa ficou ridícula depois da minissérie, foi minimizada, colocada como uma mulher que fica fraca, perdida, sozinha e triste com a morte do marido... e só.Larissa Maciel fez um ótimo trabalho, irretocável na interpretação. Mas ela poderia ter brilhado muito mais se o roteiro fosse mais fiel à realidade, se Manoel Carlos não tivesse confundido Maysa com uma de sua Helenas que moram no Leblon e vão ao Doutor Moreti. Maysa era um furacão, deliciosamente petulante, agressiva, corajosa. Bebia porque tinha um tormento interno que só cessava quando ela cantava, coisa que o marido retratado como seu alicerce odiava, recriminava e algumas vezes usou como moeda de troca. Maysa foi obrigada a doar o lucro de suas apresentações para obras beneficentes para poder continuar cantando com o sobrenome Matarazzo.Manoel Carlos é cotidiano demais e Monjardim parente demais. Não, por mais que o diretor diga que conseguiu se distanciar, fica clara sua mágoa com a mãe relapsa e seu endeusamento do pai. Maysa não caiu porque André morreu, ela sempre esteve caída, era do chão que nasciam suas músicas. A Globo ficou devendo essa para o público, mais essa. Larissa Maciel era Maysa, com certeza, mas a Maysa não era Maysa. O coração dela não falava calmamente, gritava. Saudades da Maysa do jardim. A Maysa que tinha problemas com seu peso, cortes no rosto (resultado de um acidente de carro onde dirigia bêbada), cabelos despenteados por gosto, dedos amarelos e dentes não muito estéticos. Maysão, como carinhosamente chamo.
21/01/2009
Barack Hussein Obama tomou posse ontem. Não sei, o clima é de otimismo demais. Tudo bem que é bom ser otimista, mas fantasiar não dá. Como diz o José Simão, estão dizendo que Obama cura até catapora. Sacanagem. Menos pressão, vamos devagar. As idéias dele são boas, mas não dá pra esquecer que ele tem que obedecer algumas pessoas mais importantes que ele (ingenuidade achar que elas não existem) para colocá-las em prática, além, claro, de precisar de aprovação no Congresso dos Estados Unidos. Que seja o melhor possível.8==============DMinha pós-graduação entrou na reta final. Agora é assistir a mais algumas aulas e fazer o último e mais complicado trabalho e pronto, serei um jornalista literário. Complicado isso, já que jornalistas literários são verdadeiros pedintes de espaço nas publicações, salvo a "Piauí", "Brasileiros" e um pouco "Caros Amigos". Precisamos de pelo menos seis páginas para introduzir a matéria. Na décima página nosso personagem começa a tomar forma. Ai que exagero. Difícil conseguir emplacar pautas literárias. Mas serei, mesmo assim. Como todo fim subentende um novo começo, ainda não sei se vou já pra um mestrado ou espero um pouco. Nenhum mestrado me interessou ainda, quem sabe outra pós. Ou outra faculdade, quiçá. Sonho com Psicologia, um dia farei.8===============DOntem fui a uma colação de grau na Mooca. Não conhecia o lugar. Achei bem legal, pelo menos na região que eu fiquei, perto do Juventus. Gostei do que vi, vale a pena dar uma conferida nos moços que passam por lá.
Escrito por Hélio Filho às 18h20
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Eu, minha mãe e Maysa
19/01/2009
Minha relação com Maysa é quase, senão inteiramente, freudiana. Lembro que quando eu era bem criança minha mãe colocava umas fitas-cassete no som todo fim de tarde para aguar o jardim de casa. Ali eu ficava com ela conversando sobre tudo. Tirava dúvidas que me afligiam muito como quem troca a pilha do vaga-lume e porque o sol vai embora. À beira daquela enorme quantidade de flores plantadas uma a uma pelas mãos de enormes unhas da minha mãe, conversávamos, éramos mãe e filho, bem gay isso, eu era bichinha, confesso. Era não, sou.Voltando à fofice, Maysa era uma das cantoras que minha mãe mais ouvia, ficando lado a lado com Elis. Achava bonito o jeito dela cantar. Lembro que uma vez peguei a capa de uma fita e vi o desenho de dois olhos verdes de sobrancelhas muito arqueadas, quase infernais. Não conseguia entender como aquela voz tão gostosa era da dona daqueles olhos "de buxa" (bruxa, em infantilês). As minhas preferidas eram "Ouça" - adorava quando ela quase ficava sem ar em "que um dia existiuuuuuu" - e "Chão de Estrelas". Essa foi a trilha sonora de um tempo cheio de ternura onde eu já era bichinha e minha mãe jurava não saber (e eu jurava que ela não sabia).Fui crescendo e vez ou outra minha avó cantarolava alguma canção da Maysa. Claro que ela também cantarolava Dolores Duran, Elizeth Cardoso e algumas do Cauby, mas as da Maysa eram as que mais me chamavam a atenção. Quando, digamos, cresci e virei gente, um dia estava me esbaldando nas gôndolas de CDs a R$ 9,90 nas Lojas Americanas quando ela voltou. Seu CD, o clássico "Canecão apresenta Maysa", estava embaixo de muitos outros, nem todos de qualidade.Comprei, por R$ 9,90, e nunca mais parei de ouvir, para o desespero das amigas de faculdade que sempre pegavam carona comigo e dos meus ex-namorados. Um deles chegou até a dizer que adorava, mas não suportou o som tocar a décima faixa do CD e já veio meloso pedir pra mudar. Foi preciso muita barba na nuca pra me convencer. Aí percebi que gostar de Maysa era considerado brega, que as pessoas não achavam a Maysa legal, que ninguém nem lembrava dela. Decidi ouvir só em casa, ou no fone de ouvido. Foi o que fiz há alguns anos.No ano passado, meu telefone tocou e do outro lado da linha (coisa antiga na era digital) minha amiga gritava desesperada:- Hélio, vão fazer uma minissérie sobre advinha quem!- Se for sobre mim, quero o pagamento dos direitos em dinheiro.- Ai, não viaja. É sobre a Maysa.- Maysa? Mas será que vai dar certo contar a vida dela? Não foi nada fácil, a Globo vai ter que amenizar.- Que nada, o Jayme Monjardim vai dirigir, diz que vai falar tudo sobre a mãe.- Duvido.Uma semana antes de estrear "Maysa - quando fala o coração" vários amigos estavam loucos para ver logo. Os mesmo amigos que torciam o nariz quando eu colocava meus CDs dela para tocar. Maysa virou moda, ficou hype e comercial. Uma pena. Pena maior para quem é pão-duro como eu e agora está pagando muito mais do que R$ 9,90 em um CD dela. Bons tempos da gôndola da Americanas.Quando a minissérie estreou, deu para perceber que a produção era ótima, o elenco também muito bom. Preferi não dizer nada até acabar para poder dizer com certeza que não gostei. Não gostei. Pronto, disse. Quando você pretende contar a vida de alguém, você conta. Se a vida de Maysa era censurável, então que não a reconstruíssem para a televisão aberta. Maysa ficou ridícula depois da minissérie, foi minimizada, colocada como uma mulher que fica fraca, perdida, sozinha e triste com a morte do marido... e só.Larissa Maciel fez um ótimo trabalho, irretocável na interpretação. Mas ela poderia ter brilhado muito mais se o roteiro fosse mais fiel à realidade, se Manoel Carlos não tivesse confundido Maysa com uma de sua Helenas que moram no Leblon e vão ao Doutor Moreti. Maysa era um furacão, deliciosamente petulante, agressiva, corajosa. Bebia porque tinha um tormento interno que só cessava quando ela cantava, coisa que o marido retratado como seu alicerce odiava, recriminava e algumas vezes usou como moeda de troca. Maysa foi obrigada a doar o lucro de suas apresentações para obras beneficentes para poder continuar cantando com o sobrenome Matarazzo.Manoel Carlos é cotidiano demais e Monjardim parente demais. Não, por mais que o diretor diga que conseguiu se distanciar, fica clara sua mágoa com a mãe relapsa e seu endeusamento do pai. Maysa não caiu porque André morreu, ela sempre esteve caída, era do chão que nasciam suas músicas. A Globo ficou devendo essa para o público, mais essa. Larissa Maciel era Maysa, com certeza, mas a Maysa não era Maysa. O coração dela não falava calmamente, gritava. Saudades da Maysa do jardim. A Maysa que tinha problemas com seu peso, cortes no rosto (resultado de um acidente de carro onde dirigia bêbada), cabelos despenteados por gosto, dedos amarelos e dentes não muito estéticos. Maysão, como carinhosamente chamo.
Big
15/01/2009
Ontem assisti Big Brother. A coisa está ficando cada vez pior, hein? Agora colocaram o povo dentro de uma “casa” (cercado mudou de nome com a reforma ortográfica?) de vidro em um shopping na segunda maior cidade do Brasil, o Rio de Janeiro. Acho estranho, bem estranho. Aí o repórter vai entrevistar os participantes e você descobre que eles tem uma intimidade incrível com a câmera, parece que ficaram ensaiando dias para falar para a câmera, como sorrir, melhor lado. Profissionalizaram o BBB. Acabou a espontaneidade, a surpresa. Teve uma que até agradeceu o carinho do público que está a apoiando. Mas qual público? Gente, ninguém nem sabe o nome dela direito ainda, calma, fia. Acho que era até esperado, já foram feitas muitas edições. Os próprios participantes das últimas já diziam que observaram antes como agir, com quem se aliar e de quem ficar longe. Entram preparados, cada um com uma estratégia, colocando à mostra seus melhores atributos, físicos, na maioria das vezes. É sempre a mesma coisa, sempre os mesmos problemas, as mesmas intrigas, tudo igual. Mesmo assim a gente assiste, gosta (se assiste é porque gosta, não vem com desculpinha) e assiste de novo. Quase todos os espaços comerciais já foram vendidos e os que restam devem evaporar depois da estabilização da audiência do programa. Plim plim.
Escrito por Hélio Filho às 17h06
(2) Vários Comentários
13/01/2009
Pensar Sempre gostei de Filosofia, de filosofar. Tem gente que acha que só aqueles famosos homens, e algumas mulheres, conseguiram filosofar. Bobagem, filosofar nada mais é do que refletir, pensar sobre o pensar. Se reconhecer como ser pensante, ou seja, filosofar me torna indivíduo. Todo mundo pode, e deveria, filosofar, mesmo que considere sua filosofia de boteco, de terceira ou fútil. Pensar faz bem, sempre. Mas, por favor, pense coisas boas, afinal, o pensamento tem poder e a física quântica já provou que ele pode fazer muita coisa. Não, não li "O Segredo", obra-prima da literatura contemporânea que tem como embaixadora no Brasil a grande e respeitada por seu talento atriz Rita Guedes, esse conceito é consenso em várias correntes de pensamento. Esse vídeo eu recebi de uma colega de faculdade, aquela época aonde eu cheguei a ser neo-marxista e achava que seguir a luz do mito da caverna era meu destino. Ainda bem que o bom senso aumenta com a idade, em alguns casos, claro. Não é muito educativo filosoficamente, mas é engraçado. Ok, piada meio nerd, mas tá valendo.
15/01/2009
Ontem assisti Big Brother. A coisa está ficando cada vez pior, hein? Agora colocaram o povo dentro de uma “casa” (cercado mudou de nome com a reforma ortográfica?) de vidro em um shopping na segunda maior cidade do Brasil, o Rio de Janeiro. Acho estranho, bem estranho. Aí o repórter vai entrevistar os participantes e você descobre que eles tem uma intimidade incrível com a câmera, parece que ficaram ensaiando dias para falar para a câmera, como sorrir, melhor lado. Profissionalizaram o BBB. Acabou a espontaneidade, a surpresa. Teve uma que até agradeceu o carinho do público que está a apoiando. Mas qual público? Gente, ninguém nem sabe o nome dela direito ainda, calma, fia. Acho que era até esperado, já foram feitas muitas edições. Os próprios participantes das últimas já diziam que observaram antes como agir, com quem se aliar e de quem ficar longe. Entram preparados, cada um com uma estratégia, colocando à mostra seus melhores atributos, físicos, na maioria das vezes. É sempre a mesma coisa, sempre os mesmos problemas, as mesmas intrigas, tudo igual. Mesmo assim a gente assiste, gosta (se assiste é porque gosta, não vem com desculpinha) e assiste de novo. Quase todos os espaços comerciais já foram vendidos e os que restam devem evaporar depois da estabilização da audiência do programa. Plim plim.
Escrito por Hélio Filho às 17h06
(2) Vários Comentários
13/01/2009
Pensar Sempre gostei de Filosofia, de filosofar. Tem gente que acha que só aqueles famosos homens, e algumas mulheres, conseguiram filosofar. Bobagem, filosofar nada mais é do que refletir, pensar sobre o pensar. Se reconhecer como ser pensante, ou seja, filosofar me torna indivíduo. Todo mundo pode, e deveria, filosofar, mesmo que considere sua filosofia de boteco, de terceira ou fútil. Pensar faz bem, sempre. Mas, por favor, pense coisas boas, afinal, o pensamento tem poder e a física quântica já provou que ele pode fazer muita coisa. Não, não li "O Segredo", obra-prima da literatura contemporânea que tem como embaixadora no Brasil a grande e respeitada por seu talento atriz Rita Guedes, esse conceito é consenso em várias correntes de pensamento. Esse vídeo eu recebi de uma colega de faculdade, aquela época aonde eu cheguei a ser neo-marxista e achava que seguir a luz do mito da caverna era meu destino. Ainda bem que o bom senso aumenta com a idade, em alguns casos, claro. Não é muito educativo filosoficamente, mas é engraçado. Ok, piada meio nerd, mas tá valendo.
Sem ideia
09/01/2009
Não consigo ter idéias sem acento. Eles têm, e não tem. Paraquedista ou pára-quedista? Confesso que estou confuso com essa reforma ortográfica. Demorei 25 anos para aprender o pouco que sei sobre como escrever corretamente e vem um acordo unificador - e perturbador - e joga tudo no lixo. Tenho muitas reservas quanto à reforma, principalmente porque antes de tentar unificar a escrita é preciso que o povo saiba escrever. De que adianta mudar as regras para se escrever se o povo brasileiro mal sabe escrever? Vai unificar a escrita errada antes de corrigi-la? Hum, não sei não.Agora que os níveis de alfabetização estão (lentamente) subindo é hora de se preocupar com isso, em aumentar esse acesso à escrita, mas à boa escrita. Tudo bem que já não temos mais tanta gente lambuzando o dedão na almofadinha de carimbo para assinar o nome, no caso, o dedo. Mas ainda tem muita, muita gente que não sabe a diferença entre conserto e concerto, assento e acento, coser e cozer. Vai complicar mais ainda derrubar regras que há tanto tempo estão aí e não conseguiram ser aprendidas por todo mundo. Magôo virou Magoo, igual ao senhorzinho do desenho. Ai, estou confuso.Esse tipo de coisa me faz lembrar minhas aulas de Português e minhas professoras. Como sempre estudei em escola pública, com salários docentes quase hilários, lembro que minhas lentes suavam a camisa, blusa, camisete ou vestido para ensinar aquelas crianças que só queriam saber de jogar papelzinho no colega e pular o muro da escola no recreio, que depois da 5ª série vira intervalo. Nunca entendi essa evolução, mais uma, né? Mas sério, minhas professoras eram compromissadas, gostavam do que faziam e deliravam ao som de poemas bem escritos, textos bem construídos e acentos devidamente colocados.Fico pensando e tentando imaginar como está o humor da professora Nilzete, aquela que sempre ia com a calça lááá em cima, quase no peito, deixando a pata de camelo super destacada. Ela é daquelas que fala devagar porque formula, revisa e revisa de novo a frase que vai dizer ou escrever. Vem à mente uma imagem dela em meio a novos livros de ortografia, desolada pela perda dos sinais, pelo empobrecimento da língua. Espero também que ela tenha cortado o cabelo, era pavoroso e inquietante ver tantos fios fora de lugar. Um atentado ao bom aprendizado.E a professora Sandra? Ah, meu exemplo de bom português. Uma professora excelente, anos luz à frente da Nilzete (acho que por isso as duas nunca se deram bem). Roupas discretas e elegantes, cabelo sempre arrumado, perfumada, outro nível. Bem baixinha, mas com um conhecimento gigante. Fico imaginando as lágrimas correndo por cima da pinta que ela tem (será que ainda tem?) do lado esquerdo da boca quando viu o que virou seu tão amado ato de escrever. Ortodoxa como é, acho que nunca vai engolir esse acordo.O que dizer então da Cida, Cidoca, Cidona, Cidinha, minha professora de Redação do 3º ano? Magrinha, baixinha e muito brava, a uma hora dessas deve estar voltando a se dedicar ao Direito para não ensinar que o que ela dizia que era certo agora é errado. Tudo bem que ela me explorava e me fazia dar aula no lugar dela para a turma, na época achava até legal, depois percebi que eu trabalhava e ela ganhava. Sacanagem. Mesmo assim guardo boas lembranças dela e não deixo de pensar em sua desilusão desde o último 1º de janeiro.Na pós-graduação, alguns dos meus professores defendem, outros não. Um dia fui discutir com um que defende e ele me disse que a língua é dinâmica e que evolui. Lembrei que você vem de vossa mercê e tantos outros exemplos, mas isso não me convenceu. A língua é dinâmica, muda, claro, e isso é ótimo. Só que ela precisa ser aprendida antes. Tem muita gente que nem sabe o que realmente vai mudar simplesmente porque sempre escreveu de uma forma que era errada e que agora se tornou certa.Continuo confuso. O próximo passo é virtualizar a língua? Vamos escrever tb, vc, msg, td, kd? Sendo bem pão-duro, pergunto: o que farei com os manuais de redação que comprei? Nem sebo vai aceitar.
Escrito por Hélio Filho às 16h30
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Velinhas velhinhas
07/01/2009
Eu nunca tinha parado para pensar em como estaria com 25 anos. Lembro só que sonhava em ter 17 quando era criança. Achava uma idade legal, bem adolescente, clima pré-vestibular, pré-CNH. Com oito anos, isso é o máximo para você. Você quer ter 17, amigos, baladas, falar gírias e mais um monte de coisas próprias da idade. Pois é, já faz oito anos que eu fiz 17 e 17 anos que eu tinha oito. O tempo voa, na velocidade da luz daquelas espadas do Star Wars (para ficar diferente de apenas velocidade da luz). E hoje eu faço 25 anos. Metade de 50, ¼ de século. 25 é sonoro, pesa. É como fazer 20, 30. Números múltiplos de cinco costumam ter esse peso, essa idéia de estar completando algo, no caso, uma fase. Fazer 25 até que é legal. Quem tem mais idade com certeza vai falar: “ah, ainda é um bebê”. Sim, eu sei que ainda sou novo, mas o peso dito ali em cima continua a ser sentido. O dia do aniversário da pessoa é especial porque é sinal de mais um ano, mas também traz uma pontinha de melancolia, não tristeza, e faz a gente pensar no que fez desde o último aniversário. 7 de janeiro de 2008 eu estava feliz, casado e ganhei uma micro festa-surpresa (tem hífen? $%#@ de reforma) do amado. Aí comecei a pensar no que se passou desde aquele dia até hoje. Muita coisa aconteceu. O amado já não é mais amado e nenhuma festa-surpresa vai rolar hoje. Mas, com certeza, estou bem mais feliz do que há um ano, e isso faz toda a diferença.Nunca gostei de comemorar meu aniversário. Não faço questão de festa, mensagens cheias de desejos maravilhosos e telefonemas intermináveis recheados das palavras “felicidade”, “anos”, “vida” e “seu dia”. Não faz muita diferença para mim. Agora o mais estranho: sempre fico mega sem graça quando recebo um presente, acho que por isso não gosto muito de armar uma festa, fazer convitinhos e comprar comes e bebes. Acho que nunca agradeci o bastante, que quem me deu o presente merece mais agradecimentos, mais pompa, mas eu sou muito indiferente, a tudo, e juro que me esforço para passar a imagem de que realmente gostei. E, na maioria das vezes, eu gosto mesmo.Quando a noite de hoje chegar, já terei atendido a muitos telefonemas e respondido a tantos outros e-mails, todos com o mesmo texto, mudando apenas o gênero do destinatário. Isso faz parte do tal dia do seu aniversário, entendo. Abri minha página do Orkut hoje e já tinha cerca de 60 mensagens. Algumas de pessoas super queridas e amadas, outras de gente que não vejo há tempos e só aparecem quando fica em negrito a data do aniversário. Como diria o contemporâneo filósofo ícone de uma geração altamente letrada Cléber Bam Bam, faz parte. Tenho muito que comemorar hoje, mas também muito que pensar. Começou a contagem para os 30. Quando o três ocupar o lugar do dois, aí sim a coisa vai pegar. Enquanto isso vou continuar por aqui, estranho e avesso a formalidades da data. Faz exatamente 25 anos que sou assim, ainda bem.
Escrito por Hélio Filho às 12h29
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No Mato, Grosso
05/01/2009
Voltei da Amazônia, do norte do Mato Grosso, para ser mais exato. Todo mundo aqui em São Paulo me perguntava o que eu ia fazer lá em pleno Ano Novo. Por que me enfiar no meio do mato em uma das datas mais fervidas, ui, festivas, ui, badaladas, ui, tudo de melhor do ano? Fora as caras de espanto, hilárias, e as recomendações das mais absurdas, foi tranqüilo convencer os paulistanos de que meu Ano Novo amazônico seria legal, ainda mais porque foi do lado da família, no colinho da mamãe, aquele ser que quase todo gay ama e que é o mais importante da vida dele.Acho engraçadas as reações das pessoas comigo. Primeiro que era de se esperar que eu, como a maioria das bichas, me jogasse em algum lugar conhecido, cheio de gente que se acha vip e jura que é amiga de todo mundo que acha que é importante. Que nada, a Amazônia é bem melhor. Tem ar puro, não tem carros, gente demais e pisar na terra e na grama te traz uma sensação que nenhuma super festa cheia de super pessoas com seus super modelitos fazendo seus super carões tem. Muita gente ainda não se conforma, paciência.Tudo bem que é longe, demorei quase 12 horas para chegar. Peguei avião, ônibus e van, mas cheguei, e antes do novo ano, o que é o mais importante quando se viaja em pleno dia 31 de tarde. Cheguei acabado, destruído, de mau-humor, estressado, mas bastou ouvir minha mãe me chamando com sua voz tipicamente alta e desinibida para que tudo isso passasse. E o cheiro de mãe então? Dá vontade de deitar no colo e ali ficar pra sempre. Pronto, estava tudo bem de novo.Passei quatro dias em uma cidadezinha com 30 mil habitantes, silenciosa, calma. Um dos momentos mais legais foi meu passeio de barco no rio. Meu concunhado (concunhado é parente?) me emprestou um enooorme chapéu de palha, bem de peão mesmo, para me proteger do sol durante o trajeto. Como palha coça, além de espetar seu couro cabeludo, cruzes! Outra coisa bem legal foi confirmar que gay tem em todo lugar e são muito parecidos.Mesmo em um lugar tão distante, na avenida principal (ponto da "balada" da cidade) um grupo de três fofas ligava o som de um Opalão prata com um típico bate-cabelo bem alto, fechando, arrasando. Batidão, querida, em plena Amazônia. Enquanto as outras caixas de som dos outros carros - animadores oficiais da avenida - tocavam Vitor e Léo, Bruno e Marrone e mais toda sorte de músicas feitas por dois nomes, as colegas batiam o cabelo na calçada.Foi nessa mesma noite que vi Thiago, ah, Thiago. Heterossexual (eu acho), pegador, de andar safado e encantador. Um moreno de cerca de 1.75m, de pernas torneadas, peitoral na medida e uma pele brilhante. Um corpo trabalhado diariamente nas inúmeras plantações de soja da região, nada de academias e bombas. A beleza bruta, mas não agressiva. Não o conheci, soube seu nome porque outro homem o chamou (e chamou minha tenção com isso). Não sei bem se senti tesão, acho que sim, mas foi mais fascínio mesmo, saber que ele é o representante original de uma beleza tipicamente brasileira que une o melhor de cada raça ali misturada. Fui embora, sem Thiago.Voltei desse passeio pela Amazônia mais cansado do que fui por causa dessa maratona da viagem, mas valeu a pena. Vi mamãe, conheci minhas duas novas sobrinhas (gêmeas), aprendi a fazer mamadeira e embalar bebês para pegarem no sono. Nada de pegação, ferveção e loucura, só fraldas, chupetas, berços e carrinhos a serem empurrados. Para mim, foi o melhor Ano Novo da minha vida.
09/01/2009
Não consigo ter idéias sem acento. Eles têm, e não tem. Paraquedista ou pára-quedista? Confesso que estou confuso com essa reforma ortográfica. Demorei 25 anos para aprender o pouco que sei sobre como escrever corretamente e vem um acordo unificador - e perturbador - e joga tudo no lixo. Tenho muitas reservas quanto à reforma, principalmente porque antes de tentar unificar a escrita é preciso que o povo saiba escrever. De que adianta mudar as regras para se escrever se o povo brasileiro mal sabe escrever? Vai unificar a escrita errada antes de corrigi-la? Hum, não sei não.Agora que os níveis de alfabetização estão (lentamente) subindo é hora de se preocupar com isso, em aumentar esse acesso à escrita, mas à boa escrita. Tudo bem que já não temos mais tanta gente lambuzando o dedão na almofadinha de carimbo para assinar o nome, no caso, o dedo. Mas ainda tem muita, muita gente que não sabe a diferença entre conserto e concerto, assento e acento, coser e cozer. Vai complicar mais ainda derrubar regras que há tanto tempo estão aí e não conseguiram ser aprendidas por todo mundo. Magôo virou Magoo, igual ao senhorzinho do desenho. Ai, estou confuso.Esse tipo de coisa me faz lembrar minhas aulas de Português e minhas professoras. Como sempre estudei em escola pública, com salários docentes quase hilários, lembro que minhas lentes suavam a camisa, blusa, camisete ou vestido para ensinar aquelas crianças que só queriam saber de jogar papelzinho no colega e pular o muro da escola no recreio, que depois da 5ª série vira intervalo. Nunca entendi essa evolução, mais uma, né? Mas sério, minhas professoras eram compromissadas, gostavam do que faziam e deliravam ao som de poemas bem escritos, textos bem construídos e acentos devidamente colocados.Fico pensando e tentando imaginar como está o humor da professora Nilzete, aquela que sempre ia com a calça lááá em cima, quase no peito, deixando a pata de camelo super destacada. Ela é daquelas que fala devagar porque formula, revisa e revisa de novo a frase que vai dizer ou escrever. Vem à mente uma imagem dela em meio a novos livros de ortografia, desolada pela perda dos sinais, pelo empobrecimento da língua. Espero também que ela tenha cortado o cabelo, era pavoroso e inquietante ver tantos fios fora de lugar. Um atentado ao bom aprendizado.E a professora Sandra? Ah, meu exemplo de bom português. Uma professora excelente, anos luz à frente da Nilzete (acho que por isso as duas nunca se deram bem). Roupas discretas e elegantes, cabelo sempre arrumado, perfumada, outro nível. Bem baixinha, mas com um conhecimento gigante. Fico imaginando as lágrimas correndo por cima da pinta que ela tem (será que ainda tem?) do lado esquerdo da boca quando viu o que virou seu tão amado ato de escrever. Ortodoxa como é, acho que nunca vai engolir esse acordo.O que dizer então da Cida, Cidoca, Cidona, Cidinha, minha professora de Redação do 3º ano? Magrinha, baixinha e muito brava, a uma hora dessas deve estar voltando a se dedicar ao Direito para não ensinar que o que ela dizia que era certo agora é errado. Tudo bem que ela me explorava e me fazia dar aula no lugar dela para a turma, na época achava até legal, depois percebi que eu trabalhava e ela ganhava. Sacanagem. Mesmo assim guardo boas lembranças dela e não deixo de pensar em sua desilusão desde o último 1º de janeiro.Na pós-graduação, alguns dos meus professores defendem, outros não. Um dia fui discutir com um que defende e ele me disse que a língua é dinâmica e que evolui. Lembrei que você vem de vossa mercê e tantos outros exemplos, mas isso não me convenceu. A língua é dinâmica, muda, claro, e isso é ótimo. Só que ela precisa ser aprendida antes. Tem muita gente que nem sabe o que realmente vai mudar simplesmente porque sempre escreveu de uma forma que era errada e que agora se tornou certa.Continuo confuso. O próximo passo é virtualizar a língua? Vamos escrever tb, vc, msg, td, kd? Sendo bem pão-duro, pergunto: o que farei com os manuais de redação que comprei? Nem sebo vai aceitar.
Escrito por Hélio Filho às 16h30
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Velinhas velhinhas
07/01/2009
Eu nunca tinha parado para pensar em como estaria com 25 anos. Lembro só que sonhava em ter 17 quando era criança. Achava uma idade legal, bem adolescente, clima pré-vestibular, pré-CNH. Com oito anos, isso é o máximo para você. Você quer ter 17, amigos, baladas, falar gírias e mais um monte de coisas próprias da idade. Pois é, já faz oito anos que eu fiz 17 e 17 anos que eu tinha oito. O tempo voa, na velocidade da luz daquelas espadas do Star Wars (para ficar diferente de apenas velocidade da luz). E hoje eu faço 25 anos. Metade de 50, ¼ de século. 25 é sonoro, pesa. É como fazer 20, 30. Números múltiplos de cinco costumam ter esse peso, essa idéia de estar completando algo, no caso, uma fase. Fazer 25 até que é legal. Quem tem mais idade com certeza vai falar: “ah, ainda é um bebê”. Sim, eu sei que ainda sou novo, mas o peso dito ali em cima continua a ser sentido. O dia do aniversário da pessoa é especial porque é sinal de mais um ano, mas também traz uma pontinha de melancolia, não tristeza, e faz a gente pensar no que fez desde o último aniversário. 7 de janeiro de 2008 eu estava feliz, casado e ganhei uma micro festa-surpresa (tem hífen? $%#@ de reforma) do amado. Aí comecei a pensar no que se passou desde aquele dia até hoje. Muita coisa aconteceu. O amado já não é mais amado e nenhuma festa-surpresa vai rolar hoje. Mas, com certeza, estou bem mais feliz do que há um ano, e isso faz toda a diferença.Nunca gostei de comemorar meu aniversário. Não faço questão de festa, mensagens cheias de desejos maravilhosos e telefonemas intermináveis recheados das palavras “felicidade”, “anos”, “vida” e “seu dia”. Não faz muita diferença para mim. Agora o mais estranho: sempre fico mega sem graça quando recebo um presente, acho que por isso não gosto muito de armar uma festa, fazer convitinhos e comprar comes e bebes. Acho que nunca agradeci o bastante, que quem me deu o presente merece mais agradecimentos, mais pompa, mas eu sou muito indiferente, a tudo, e juro que me esforço para passar a imagem de que realmente gostei. E, na maioria das vezes, eu gosto mesmo.Quando a noite de hoje chegar, já terei atendido a muitos telefonemas e respondido a tantos outros e-mails, todos com o mesmo texto, mudando apenas o gênero do destinatário. Isso faz parte do tal dia do seu aniversário, entendo. Abri minha página do Orkut hoje e já tinha cerca de 60 mensagens. Algumas de pessoas super queridas e amadas, outras de gente que não vejo há tempos e só aparecem quando fica em negrito a data do aniversário. Como diria o contemporâneo filósofo ícone de uma geração altamente letrada Cléber Bam Bam, faz parte. Tenho muito que comemorar hoje, mas também muito que pensar. Começou a contagem para os 30. Quando o três ocupar o lugar do dois, aí sim a coisa vai pegar. Enquanto isso vou continuar por aqui, estranho e avesso a formalidades da data. Faz exatamente 25 anos que sou assim, ainda bem.
Escrito por Hélio Filho às 12h29
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No Mato, Grosso
05/01/2009
Voltei da Amazônia, do norte do Mato Grosso, para ser mais exato. Todo mundo aqui em São Paulo me perguntava o que eu ia fazer lá em pleno Ano Novo. Por que me enfiar no meio do mato em uma das datas mais fervidas, ui, festivas, ui, badaladas, ui, tudo de melhor do ano? Fora as caras de espanto, hilárias, e as recomendações das mais absurdas, foi tranqüilo convencer os paulistanos de que meu Ano Novo amazônico seria legal, ainda mais porque foi do lado da família, no colinho da mamãe, aquele ser que quase todo gay ama e que é o mais importante da vida dele.Acho engraçadas as reações das pessoas comigo. Primeiro que era de se esperar que eu, como a maioria das bichas, me jogasse em algum lugar conhecido, cheio de gente que se acha vip e jura que é amiga de todo mundo que acha que é importante. Que nada, a Amazônia é bem melhor. Tem ar puro, não tem carros, gente demais e pisar na terra e na grama te traz uma sensação que nenhuma super festa cheia de super pessoas com seus super modelitos fazendo seus super carões tem. Muita gente ainda não se conforma, paciência.Tudo bem que é longe, demorei quase 12 horas para chegar. Peguei avião, ônibus e van, mas cheguei, e antes do novo ano, o que é o mais importante quando se viaja em pleno dia 31 de tarde. Cheguei acabado, destruído, de mau-humor, estressado, mas bastou ouvir minha mãe me chamando com sua voz tipicamente alta e desinibida para que tudo isso passasse. E o cheiro de mãe então? Dá vontade de deitar no colo e ali ficar pra sempre. Pronto, estava tudo bem de novo.Passei quatro dias em uma cidadezinha com 30 mil habitantes, silenciosa, calma. Um dos momentos mais legais foi meu passeio de barco no rio. Meu concunhado (concunhado é parente?) me emprestou um enooorme chapéu de palha, bem de peão mesmo, para me proteger do sol durante o trajeto. Como palha coça, além de espetar seu couro cabeludo, cruzes! Outra coisa bem legal foi confirmar que gay tem em todo lugar e são muito parecidos.Mesmo em um lugar tão distante, na avenida principal (ponto da "balada" da cidade) um grupo de três fofas ligava o som de um Opalão prata com um típico bate-cabelo bem alto, fechando, arrasando. Batidão, querida, em plena Amazônia. Enquanto as outras caixas de som dos outros carros - animadores oficiais da avenida - tocavam Vitor e Léo, Bruno e Marrone e mais toda sorte de músicas feitas por dois nomes, as colegas batiam o cabelo na calçada.Foi nessa mesma noite que vi Thiago, ah, Thiago. Heterossexual (eu acho), pegador, de andar safado e encantador. Um moreno de cerca de 1.75m, de pernas torneadas, peitoral na medida e uma pele brilhante. Um corpo trabalhado diariamente nas inúmeras plantações de soja da região, nada de academias e bombas. A beleza bruta, mas não agressiva. Não o conheci, soube seu nome porque outro homem o chamou (e chamou minha tenção com isso). Não sei bem se senti tesão, acho que sim, mas foi mais fascínio mesmo, saber que ele é o representante original de uma beleza tipicamente brasileira que une o melhor de cada raça ali misturada. Fui embora, sem Thiago.Voltei desse passeio pela Amazônia mais cansado do que fui por causa dessa maratona da viagem, mas valeu a pena. Vi mamãe, conheci minhas duas novas sobrinhas (gêmeas), aprendi a fazer mamadeira e embalar bebês para pegarem no sono. Nada de pegação, ferveção e loucura, só fraldas, chupetas, berços e carrinhos a serem empurrados. Para mim, foi o melhor Ano Novo da minha vida.
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