terça-feira, 18 de agosto de 2009

Como se tivesse 12 anos
19/02/2009
(Ela poderia ter usado um despertador, mas o príncipe tem mais charme)
Ai, caramba, tenho andado muito Poliana ultimamente. Juro que não queria, preferia estar desanimado com o amor lúdico, sendo bem realista e recalcado, dizendo que relacionamentos só trazem preocupações, traições e brigas e me jogando na pegação hedonista, mas não. Alice, Poliana, princesa. E nessa eu fico dispensando quem não está na onda, que quer fazer a coisa rapidinho, aqui, agora, e fico sem fazer aquilo que todo mundo adora. Mas nem ligo, vou continuar Poliana, vou mesmo, ainda mais depois que li “Da Vida dos Pássaros”, do Alexandre Ribondi. Afinal, quer melhor companhia do que a minha própria?O livro é uma delícia de ler primeiro porque tem uma prosa fluída, simples e com um ritmo que acelera, desacelera, corre, pára. Nunca tinha lido nada dele antes, mas me surpreendi com o estilo, principalmente a maneira de costurar os tempos, personagens e os cenários, em um vai-e-vem que dá ação à história, mas não deixa o leitor perdido. O livro fala do amor de Alexandre e Michael, um amor que começou sem eles saberem, daqueles amores que vão sendo construídos aos poucos sem precisar de muita explicação, só precisa ser sentido, vivido. Quando se dão conta, já estão juntos há tanto tempo que não tem como tirar um do corpo do outro.Eu acho isso lindo, essa entrega, essa lealdade. Poliana sim, e daí? O amor deles passa por muitas coisas, umas boas, outras péssimas, mas sempre sobrevive, mesmo um tentando negar o outro. Michael está em Alexandre e vice-versa. Não podem viver separados e esse compromisso da presença um do outro é natural, a qualquer hora um pode deixar o outro e ir embora, o que acontece algumas vezes, mas sempre com uma volta cheia de vontade, tesão, saudade. A vida não é fácil, e disso todo mundo sabe. Mas ela fica pior ainda se você não tem com quem contar – amigos, parentes, amores. No caso dos gays a coisa piora. Nem sempre rola contar com a família e bons amigos no mundo gay são cada dia mais raros porque o mundo gay, no geral, fica cada vez menos racional e muito mais emocional, momentâneo, raso. Bom mesmo é contar com um companheiro, termo que, para mim, engloba namorado, amigo, amante e irmão. Alguém que te queira de verdade sempre, que tenha sido conquistado pelas suas qualidades – e defeitos também. Mas eu me pergunto se existe alguma outra AlicePolianaprincesasonhadoraacordaminhafilhapromundocruelporquesenãovocêvaisefuder por aí? Deve ter, mas ela também deve estar por aí meio perdida, cansada do mega açougue cheio de vapores ou dos lugares cheios de luzes coloridas. Um dia a gente se encontra, ou não. Enquanto isso fico por aqui, correndo atrás do coelho atrasado. Prometo não me encontrar com a Rainha louca, ou lôca. Vou continuar sonhando uma coisa pura e leve, e isso ninguém pode tirar de mim. Um beijo para a minha mãe, para o meu pai e para você.
Escrito por Hélio Filho às 12h10
(5) Vários Comentários

Delicadeza
17/02/2009
Se você terminar a música se sentindo igual a quando começou, ouça de novo até isso mudar.

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