
Está difícil escrever diariamente aqui. Meu ritmo de vida tem estado (nunca gostei da sobreposição dos verbos “ter” e “estar”, mas ok) muito acelerado e vem esmagando meu cotidiano. Ontem talvez tenha sido um dos dias mais corridos dessa temporada paulistana, que completa um ano na sexta-feira, 15. Acordei super cedo para ir ao dentista em mais uma visita mensal – e cheia de esperanças de que minha dentista ia falar “pode tirar o aparelho de cima” – e segui rumo à região do Shopping Eldorado, onde fica a clínica.
É engraçado como eu consigo, e sempre consegui, precisar o tempo que vou gastar para tomar banho, me trocar, tomar café e chegar até onde preciso ir. Estava tudo certo no cronograma, nenhum minuto adiantado, nenhum segundo atrasado. E lá fui eu subir a Consolação e descer a Rebouças dentro do ônibus (a falta de metrô para aquela região é de doer!). Desce, desce e desce. Quando cheguei ao ponto em que deveria desembarcar, uma moça ficou na minha frente e eu não pude ver que era ali que eu deveria descer. Resultado: tive que desembarcar um ponto à frente, o quê significou atravessar a ponte em cima da Marginal Pinheiros e andar um pouco mais. 10 minutos de atraso, odeio me atrasar, odeio que se atrasem, odeio que me atrasem.
Anda, anda, anda. Fiquei morrendo de raiva de mim mesmo e querendo sufocar aquela moça de casaco verde (bonito, confesso). Cheguei à consulta e tive que esperar minha dentista terminar de atender o paciente que entrou na minha frente na fila, já que eu estava atrasado. Já tinha visto tudo: é um efeito dominó essa questão de atraso, basta atrasar o primeiro compromisso para o resto do dia seguir a ordem atrasada. Já pensava que chegaria atrasado na Redação, na pós-graduação, enfim.
Paguei a mensalidade (é bom, né?) e sentei na cadeira. Nunca tive problemas nem muito menos medo de dentista. Fico quieto e deixo eles fazerem tudo logo de uma vez para acabar o quanto antes o processo. Aí a minha querida doutora Danielle (adoro os dois “L”) fez aquela manutenção básica no aparelho e avisou: “vai ficar um pouco dolorido embaixo porque eu vou apertar mais e colocar uma mola”. Usar aparelho é isso, um monte de ferro, molas, borracha e fios na sua boca. Mas enfim. E doeu mesmo, nem consegui jantar direito. Além disso, ela me recomendou o uso de um elástico para “puxar o dente para fora”.
Mas uma boa notícia: ela disse que se eu usar regularmente o elástico, em três meses tiro a parte de cima desse emaranhado de fios e ferros. Ok, seria melhor ainda se eu conseguisse encaixar o elástico depois de ter almoçado. Ela colocou rapidinho com um instrumento cirúrgico, mas eu, com a mão, não consigo repetir o procedimento. Ou seja, não estou usando a bosta do elástico. Vou ter que comprar uma pinça ou algo do tipo para conseguir colocá-lo.
Saí de lá já atrasado e pensando na maneira mais rápida de chegar à Vila Madalena. É inaceitável que a quarta maior cidade do mundo e a maior da América do Sul não tenha um sistema metroviário satisfatório. Isso me irrita, incompetência me irrita! Decidi pegar um ônibus e descer na Paulista para pegar o certeiro metrô. Nossa, acho que nunca corri tanto, e cheio de bolsa, casacos, afe! Mas consegui, cheguei 30 minutos atrasado apenas, mesmo assim chateado com o atraso. Odeio atraso, repito.
Lembra do dominó? Pois é, dito e feito. Cheguei à pós uma hora atrasado e dei de cara com um professor que nunca tinha visto. Um novo módulo, Metodologia, já estava sendo ensinado e o programa das aulas já devidamente explícito no retroprojetor. Mas sempre tem uma coisa boa. Nesse programa, vi que vamos estudar coisas deliciosas como epistemologia, ética, política, estética e mais outras divisões do meu amor Filosofia. Será mais um módulo subjetivo, de discussão, de idéias, de pensamentos, do jeito que gosto. Fiquei animado e não vejo a hora de meter a cara na bibliografia desse módulo, que inclui nomes deliciosamente sonoros como Nietzsche, Aristóteles, Darwin e Platão.

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