sexta-feira, 1 de agosto de 2008

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

MAIS CAPÍTULOS!<

MAIS CAPÍTULOS!

Publico hoje o segundo e o terceiro capítulo da obra, hehehehe. Espero que esteja bom.

II

Ao entardecer do quarto dia passado desde a partida do barão, madame Lúcia, que sempre recusou o título de Baronesa de Sálano, sentia-se agora menos ainda merecedora da posição que gozava junto ao sobrenome do marido. Perdida em seus pensamentos vagava por toda a casa a se perguntar como haveria de provar sua inocência ao marido. Ao percorrer com os trêmulos dedos as fotografias em cima do pesado balcão de madeira do Cabo, sua alma de mulher vivida se encheu de esperanças. Sentiu pela primeira vez naqueles longos e penosos dias que teria uma oportunidade de conseguir seu anelo. Necessitava de ajuda para colocar em prática as idéias que fervilhavam em sua mente. Correu delicadamente pelo corredor e alcançou a cozinha.

- Bartira! Onde estás maldita aia? Venha, preciso que me faça um favor. Ande, largue logo essas malditas panelas e venha ouvir o que deve ser feito. Ande! - ordenava sofregamente Lúcia. Perturbada pelo desespero da patroa, a gorda serviçal de cara roliça e bochechas vermelhas correu a acudir o pedido. Bartira, - continuou a madame em tom mais contido - preciso que vá agora mesmo à casa da senhora Gandier e lhe entregue em mãos um bilhete que escreverei. Cuide para que o marido dela não te veja, talvez à uma hora dessas ele já a tenha proibido de ter comigo.

Com os olhos resplandecendo alegria, a madame tomou sua aia pela mão e entrou no escritório do barão. O percorrer da suave cauda de seu vestido de seda sobre o tapete produzia em suas lembranças um calor que reavivava o belo momento do primeiro beijo do casal Montesort. Há trinta anos atrás, aos dezoito anos, ela entrava no mesmo cômodo daquela casa para se declarar a seu amado. Trazia no rosto a juventude cândida e virginal das mulheres enamoradas. Desde que vira o jovem Henrique, nunca mais seu coração pôde bater da mesma maneira. Sentiu logo à primeira vista durante aquele desfile da Primavera, que o forte e belo cavalheiro de curtos cabelos loiros e olhos delicadamente graves à sua frente era o seu grande amor.

Lúcia olhava agora para sua riquíssima aliança e sentia que seu amor dedicado a Henrique era ainda mais forte do que outrora. Ao sentar-se em frente à mesa do barão, pôde avistar a porta por outro ângulo e relembrou de como foi docemente recebida pelo amado quando decidiu, após um mês de incessantes delírios e noites em claro a chorar, ir até aquela casa e declarar seus sentimentos àquele a quem eles pertenciam. Ela nunca pôde esquecer a ternura daquele jovem dizendo que ele também se enamorara dela logo que a viu por entre os outros cavalheiros. Com sua mão firmemente sobre a dele, os dois entraram naquele escritório. Lúcia vestia um longo vestido azul de seda com estampas conforme faziam as modistas da época, o tecido provocava um ruído notado com cara de estranheza pelo cavalheiro. Envergonhada, a jovem rosou as delicadas bochechas com vergonha e abaixou a cabeça.

- Você traz a mim com seu delicado vestido o som das boas chuvas do outono. - brincou Henrique ao levantar gentilmente o rosto da amada para fitá-la nos olhos. Segurando-a levemente em seus braços, ele ali selou o amor que sentia por ela através de um terno beijo.

III

Despertada por Bartira de seu devaneio, madame logo pegou a pena e se pôs a escrever à senhora Gandier:

"Estimada Andrea,

Peço-lhe em primeiro lugar que não me julgues por possíveis comentários a meu respeito. Garanto-lhe que sempre honrei com minha tarefa sagrada de esposa, sem nunca me desviar dos caminhos da honestidade. Necessito urgentemente de sua ajuda para comprovar isso a todos aqueles que exatamente agora jogam minha honra aos porcos. Sei de sua sabedoria e nela confio para que você creia somente naquilo que é verdadeiro.

Lúcia Montesort."

Dobrou a folha após a tinta estar seca e colocou-a em um envelope fechando-o com a marca do barão sobre a cera vermelha. - Bartira. - chamou docemente a senhora - Em tuas mãos entrego agora o meu destino. É necessário que este envelope chegue até as mãos de Andrea. Vá, depressa.

Enquanto Lúcia conservou-se imóvel no escritório a pensar em todos os detalhes de seu plano, a criada rapidamente deixou a casa com o bilhete e foi andando a passos largos por entre as ruas. Atravessou o Parque Velho e alcançou a ponte sobre o rio Antin. Cansada pela caminhada sentida nas costas de mais de sessenta anos, a criada encostou-se pesadamente no pára-peito da ponte para retomar seu fôlego que as ruas lhe haviam sugado. Tentava entender a razão da exaltação dos ânimos de sua patroa. Não sabia ainda o verdadeiro motivo da viagem de seu patrão.

- Essa gente rica tem cada mania. Imagina se um envelope tem espaço para abrigar um destino. - refletiu ironicamente Bartira, continuando seu caminho. Após mais vinte minutos de caminhada, a aia chegou até a casa dos Gandier e foi recepcionada por um taciturno mordomo que a anunciou à dona da mansão.

Das límpidas escadas de mármore desceu uma elegante senhora no auge de seus quarenta anos. Não fosse pelo já sabido através de sua patroa, a criada poderia jurar que à sua frente estava uma das três filhas do casal. Por sobre os delicados ombros vestidos com o mais elogiável tafetá, deslizavam brilhantes ondas de fios de cabelos negros. Alguns outros poucos poderiam ser contemplados presos ao alto da alva nuca por um pente de marfim cravejado de brilhantes. A jóia era adornada por flores desenhadas com rubis e esmeraldas que brilhavam com as luzes do dia. Com um rosto angelical enfeitado por lábios cuidadosamente desenhados e sobrancelhas irretocáveis, a senhora Gandier fitou Bartira e pediu para que ela a acompanhasse até a sala de jogos.

Andrea sentou-se em uma negra poltrona e fez sinal para que a aia dissesse o que madame Lúcia pedira. Ainda com a respiração pesada, a criada tirou do bolso do velho casaco de lã o envelope e o entregou à senhora explicando o pedido que fora feito. Ao abrir o envelope e ler o conteúdo do bilhete, um aspecto de temor tomou conta da face de Andrea. - Vou responder agora mesmo, aguarde. - pediu educadamente enquanto procurava a pena e o papel. Sentou-se rapidamente em frente a um tabuleiro de xadrez e iniciou:

"Querida Lúcia,

Não sei porque te amedrontas sobre comentários com respeito a ti, não soube de nada que pudesse lhe ferir a honra. Vejo que me pedes para ir ter contigo, irei amanhã, logo após a hora nona. Mantenha-se calma e que Deus te ilumine,

Andrea Gandier."

Fechando um envelope com o bilhete dentro, a senhora o entregou à aia. Bartira decidiu então deixar a vergonha de lado e pediu à mulher que lhe pagasse uma condução de volta para casa. A criada alegou frio intenso, cansaço demasiado e uma chatíssima velhice em nome do favor. Rindo-se, Andrea consentiu e pediu para que seu criado arranjasse o preço com o carro da praça. Após muitos agradecimentos, a gorda senhora partiu de volta para a casa dos Montesort.

Hélio - Hélio |16:09 hs comentários[2].

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sábado, 6 de janeiro de 2007

NOVO DE NOVO

NOVO DE NOVO

Adoroooo, muita coisa, mas muita coisa mesmo aconteceu desde o último post, não vou contar agora, fica pra depois. Esquece o diário de bordo, aproveitei o tempo de molho em casa para voltar a escrever. Tá aí o primeiro capítulo. Beijos e ótimo 2007!!!!!:-D

Lágrima de Lúcia

I

Refletida na lágrima que caía do olho esquerdo levemente pela alva face, recentemente ruborizada pela vergonha, a luz do sol parecia como que uma jóia a adornar aquele belo rosto. Os raios refletidos perfuravam incessantemente as fendas da delicada seda branca do chapéu acima daqueles olhos banhados. Madame Lúcia sentia agora em sua reputação o mais duro golpe que uma nobre dama poderia sofrer. Podia imaginar-se sendo vituperada e escarnecida por onde passasse em toda aquela região do rio Antin. Tinha a sensação de que seus vinte oito anos de vida dedicados ao marido se esvaeceram em um simples segundo de descontrole de sua tão virtuosa razão.

- Matrona! Quanta vergonha trouxestes ao meu nome. À morte! - desabafava ao arrumar suas malas o marido na tentativa de sarar o orgulho ferido. Seus grossos lábios rosados tremiam de fúria, enquanto seu pensamento percorria a cena de um beijo que o envergonharia para sempre. O mundo da cólera é limitado e sempre nega qualquer argumento que a ele se deseje contrapor, pois a mente em estado de ira projeta apenas uma imagem parcial dos momentos.

Prostrada em seu elegante sofá madrepérola de sua sala de música, Lúcia passeava seus longos e finos dedos brancos pelos sedosos cabelos ruivos. Colocava na ponta de cada um dos dedos tanta força que parecia querer conter seu penoso pranto com isso. Seu frágil corpo começou a tremer assim que ela pôde ouvir os passos do marido a descer as escadas. Cada degrau percorrido pelas pesadas pernas do barão Montesort durava verdadeiro infinito de tempo para a esposa.

- Os passos cessaram, o que significa que o senhor meu marido pode me fitar agora de onde está. Não o submeterei ao sacrifício de ver meu rosto novamente, mas não posso deixar de lhe dizer que sua decisão está errada e baseada em motivos que não são condizentes com a verdade. Nunca eu poderia lhe causar dano moral algum, já que prometi diante de Deus que seria sua companheira e serva. Pude ver há pouco em seus olhos a cegueira que a fúria faz nascer nos homens de bem e entendo que não queira dar atenção agora às minha explicações. - dizia com voz fraca e chorosa.

Após longo suspiro em tom de desprezo, o barão ordenou a um seu criado que levasse suas malas até a estação e as colocasse no trem das nove horas. Olhou mais uma vez ao seu redor e foi tomado por uma melancolia tão profunda quanto dolorosa. Depositara naquele lar todos os frutos que havia colhido nos seus cinqüenta e nove anos de vida.

- Preciso ir ter com um meu primo em Santa Helena, devo demorar-me não mais do que duas semanas. A partir deste momento, mulher, concedo-lhe esse tempo de morada nesta casa que sujastes. Quando voltar, quero que nem o seu perfume possa ser sentido nesta vizinhança. Para mim, a senhora e meu irmão morreram hoje ao entregar-se aos prazeres de seus desejos. Montesort fechou os botões de seu negro paletó de linho e se pôs a caminho da rua. Estava quase partindo com o coche quando foi acudido a tempo por um seu criado que notou que o patrão esquecera o chapéu. - Obrigado meu bom Carlos, salvou minha cabeça desse maldoso frio. Quando não se possui muito cabelo à disposição, são necessárias medidas extraordinárias. Agora vá, volte para casa e cuide para que sua mulher não seja contaminada pela falta de vergonha da minha. - ordenou em tom amistoso.

Hélio - Hélio |15:40 hs comentários[3].

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terça-feira, 24 de outubro de 2006

*MESES, ESSES ME

*MESES, ESSES MESES*

Milagrosamente escrevendo, ai ai. Tempo tem sido uma jóia em minha vida ultimamente, mas vai passar, tem que. Tem gente que diz até que o dia, de não sei quando pra cá, tem só 16 horas mas ninguém percebeu. Eu percebi, o meu parece ter 2. Mas este não é o assunto do dia. Como prometi, segue o diário de bordo da minha visita a Brasília.

Estar em Brasília é visitar o Brasil inteiro sem sair da superquadra (sim, porque as quadras não têm um tamanho muito comum). Tem goiano, índio do Amapá, cearense, gaúcho, baiano... É a síntese do País: um monte de gente diferente se dando bem (ou nem tanto), conversando, festejando e, é claro, trabalhando, mesmo que se diga o contrário sobre os funcionários brasilienses.

Todo fumante que se preza chega de viagem azul de vontade de fumar, então, lá fui eu acender meu mero cigarrinho tão logo desembarquei. Não entendia porque todos me olhavam com ares recriminadores, censurosos. Mais um instante e me lembrei porque Brasília não é tão legal assim: lei antitabagista. É proibido fumar no aeroporto, shopping, universidade, bares e boates. Sim, bares e boates. É claro que das outras vezes que fui cometi a mesma gafe, até em lugares nada propícios (tem lugar propício pra gafe? Afe!).

Sobre isso, só uma coisa: péssimo. Nós, simples fumantes (de cigarros lícitos) somos obrigados a nos espremer em "fumódromos" nada elegantes e muito pouco ventilados (quando deveria ser o contrário, não?). Quando em lugares abertos como o aeroporto, lá vem a lei e estipula uma distância "saudável" para a fabricação de fumaça. Uma lei moderna, aceita e aplicada, mas odiada por nós, adoradores da nicotina.

Depois de um papo com a família, nada melhor do que fazer contato e cair na alma noturna candanga. Destino: Café Savana (ou vice-versa, odeio lugares que te deixam em dúvida quanto ao nome, não deveria ser o contrário, de novo?). Para quem já imaginou um lindo safári, cheio de animais selvagens, ou pelo menos aquela bregérrima estampa de tigre nas paredes, errou, e feio. Viva a globalização: Savana agora tem ares de café francês, senti até a umidade do rio Sena, nada que lembre os reis de ébano ou seus guerreiros de lança e escudo à mão. Lugar legal, gente legal, mas tudo acaba, e dessa vez, bem! Adoro!

Muita chuva na capital federal, ainda bem, nenhum tempo seco daqueles de trincar o nariz da gente. Almoço, passeio, compras, investimentos no futuro e casa. Contato feito novamente, hora de rua. Nada como um estratégico ponto de ônibus com cobertura no teto e dos lados, ahahaha, pega uma vibe e atravessa a rua. Voltinhas, conversas, mais voltinhas. Casa de novo, banho e mais contatos. Noite de sexta-feira de viagem em casa? No no no bambino (olha a indireta). Lá fui eu, após meia hora pensando onde pegar a vibe, segui para o meu bom e velho ponto de ônibus (já virou meu a uma altura dessa).

Serviço encerrado, hora de beber uma cerveja (pode chamar de pobre, de butequeiro, de brega, mas eu adoro cerveja) e chamar um suuuuper táxi com 30% de desconto (3321-3030, olha a publicidade!) e me jogar na buaty. A chuva continuava, mas nada que um bom capote e a vontade de dançar não resolvessem. Uma hora depois, sem exageros, o táxi que eu chamei conseguiu encontrar o endereço onde eu estava. Ah, uma dica: SQWS não é o mesmo de CQWS, CLWS, sei lá mais que sigla. Uma confusão e você se vê abandonado.

Continua...

"Não é chic falar alto ou sem parar, a não ser que você seja um palestrante." - Glória Kalil em Chic[érrimo].

Hélio - Hélio |21:51 hs comentários[2].

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domingo, 23 de julho de 2006

UÔRQUI

UÔRQUI

Opinião como método de formação

Uma das características, discutíveis, do jornalismo é a imparcialidade. Um texto opinativo é logo classificado como Artigo ou Editorial. Acredita-se piamente que é possível elaborar mensagens jornalísticas isentas, chamadas "informativas". Puro engano. Ao escrever um texto, o jornalista seleciona os fatos pela sua importância, escolhe as palavras de modo a dar uma coesão maior à narrativa. Isso é imparcial?

Difícil. Desde a elaboração da pauta, o repórter já carrega dentro de si o ângulo pelo qual o assunto será tratado, através de quais fontes ele confirmará as informações. Isso é uma seleção, uma escolha que é influenciada pela opinião do jornalista. Humanos, eles são passíveis de erros, possuem preconceitos (mesmo que neguem ou que a faculdade abomine), têm um ponto de vista particular definido.

Na redação do texto, o repórter pode escolher entre termos como "considerou" e "cutucou". Cabe a ele dar a direção pela qual o leitor deve seguir os fatos, além da seleção destes, o que pode derrubar de vez o sonho da imparcialidade. Como escreve Adelmo Genro Filho1, "os fatos, por si mesmos, não encerram um significado objetivo totalmente independente do sujeito que os percebe e elabora como mensagem codificada, ou completamente desligado das concepções e ideologias sobre a totalidade histórica".

A questão não deve girar em torno da dúvida entre opinar ou não. Um jornalista não é um simples porta-voz das fontes e seus fatos, ele é agente de transformação social, faz girar uma engrenagem chamada Sociedade. O problema está em como opinar, como usar a opinião a favor da matéria, dos leitores, principais interessados.

Uma sociedade alienada como a brasileira precisa de ajuda para interpretar os acontecimentos. Não somos educados corretamente, não aprendemos a despertar o senso crítico necessário. O jornalista faz a ponte entre o fato e a massa, os leitores. Para uma mensagem ser entendida é preciso que ela seja clara, que chegue de forma simples e possa ser recebida pelo maior número de pessoas. Adelmo2 exemplifica bem esse caso: "atribuir a um fracasso econômico ou político o caráter de uma vitória - na medida em que as derrotas 'sempre nos ensinam algo' -, é uma evidente manipulação que despreza não só o bom senso como as evidências objetivas de fato."

Enquanto não houver investimentos em uma educação crítica, cidadã e incluída na realidade mundial, os jornalistas devem sim expressar suas opiniões. Não estou falando de casos extremos, delicados, que devem continuar a ocupar os artigos. Me refiro à interpretação (que não existe sem opinião) dos acontecimentos, aos desdobramentos dele e efeitos para a sociedade. Quando o Brasil possuir uma sociedade esclarecida, munida de argumentos sólidos e consciente de seus direitos e deveres, aí sim será possível e oportuno travar uma batalha pela imparcialidade.

O Jornalismo de Tribuna, assim denominado por Cremilda Medina3, segue a tradição européia, caracterizado-s pela opinião. Teve seu desaparecimento decretado pela influência norte-americana do pós-2ª Grande Guerra. Justamente em um momento de desequilíbrio total, a opinião, que poderia nortear as pessoas confusas, é tirado de cena. Pior, além de ter o fim decretado foi taxado de "errado", idéia perpetuada pelas faculdades de Jornalismo até hoje.

Hélio - Hélio |16:56 hs comentários[1].

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sábado, 8 de julho de 2006

WORKISS

WORKISS

Trabalho de faculdade, um dos últimos do curso.

A doce vida

Quando uma criança fica de castigo em seu quarto e quebra todos os móveis e brinquedos do lugar, qual é a reação da mãe? Bater. Algumas palmadas, uma sessão de choro e tudo fica bem. Os pais trabalham mais um pouco, juntam dinheiro e compram novamente brinquedos e móveis. E quando quem se revolta com a punição são criminosos perigosos e sem escrúpulos?

Crianças e presos tornam-se iguais nessa situação, consideradas as devidas proporções. O instinto que os guia é o mesmo: a revolta. Os detentos de Araraquara (SP) agora aparecem como bons-moços porque aceitaram ajudar na reconstrução do presídio, destruído por eles mesmos em uma rebelião. A atitude deles não é louvável e digna de aplausos, eles apenas vão consertar o que estragaram. O que ocorre é a valorização do bem público, a responsabilização dos autores. Voltando à analogia, é como se os pais ensinassem os filho a consertar o que foi quebrado, mostrar as conseqüências dos atos praticados durante um momento de revolta, impensado. Isso se chama educação.

Os presos estão lá porque não tiveram uma educação adequada. Os princípios de cidadania, justiça e sociabilidade (que inclui respeito ao próximo e aos bens dele) não foram corretamente ensinados para eles. A penitenciária é como um quarto de criança: existem ações de reparação de erros, como os cultos religiosos e programas de redução de pena através do trabalho, e "diversões" (drogas, formação de quadrilhas). Fica a critério do preso escolher qual delas fará parte do cotidiano dele.

Como todo ser humano em processo educacional (o deles chama-se ressocialização), é necessária uma orientação adequada, através de ações e idéias que realmente reconstruam a moral do detento. Bater e xingar não resolve, é preciso explicar, argumentar e convencer o preso que ele precisa se educar. É o velho ditado do "prevenir para não remediar". É hora de tirar o doce das crianças, afinal, açúcar demais atrapalha o crescimento.

;-)

Hélio - Hélio |17:21 hs comentários[1].

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quarta-feira, 5 de julho de 2006

MAIS

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Exposição de fotos resgata história e emoção da imigração japonesa no Brasil

Através de 10 imagens, o fotógrafo Alexis Prappas mostra um pouco de uma jornada em busca de um sonho

No dia 18 de junho de 1908 partia do porto de Kobe, no Japão, o Kasato Maru, navio que trazia ao Brasil cerca de 160 famílias japonesas. Era o início de um sonho. Esses primeiros imigrantes traziam em sua bagagem sonhos, esperanças, vontade de trabalhar e saudade da terra natal. Após o desembarque no porto de Santos (SP), eles começaram a ajudar a construir a história do país que os acolheu. Iniciaram uma jornada de trabalho e luta por uma vida melhor.

A beleza dessa história foi resgatada pelo fotógrafo Alexis Prappas, que realiza uma exposição de fotos sobre esse marco inicial da imigração japonesa no Brasil. As belas imagens podem ser vistas no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande, durante a Exponipo 2006, que termina neste domingo. Nelas, os descendentes residentes em Mato Grosso do Sul e fotografias de objetos pessoais pincelam parte da história desses imigrantes.

A mostra é composta por 10 fotos de netos, filhos e nora dos tripulantes do Kasato Maru. Um detalhe interessante é que cada uma delas traz a região de descendência dos viajantes. São lugares como Fukushima, Chubu e Okinawa, que viram seus filhos partirem para o outro lado do mundo em busca de um sonho. Podem ser vistas também fotos de documentos da época - como passaportes e homenagens - e medalhas recebidas por honra ao mérito.

Alexis conta que a exposição foi idealizada especialmente para o evento e é uma parceria entre ele e a colônia japonesa em Campo Grande, que através do Cenic (Centro Nikkei de Integração Cooperação e Desenvolvimento) promoveu a mostra. Para o fotógrafo "essa exposição é uma homenagem e, a partir de agora, é um documento também".

"Fotografo pessoas interessantes", revela Prappas explicando a motivação para a mostra. Ele conta ainda que o público que mais se emociona são os mais velhos, que conhecem mais a história, "mas é uma oportunidade pro descendente jovem conhecer também", aponta o fotógrafo. E a história pode ser mais bem contada. Ele revela que "isso é um começo, tem muita gente ainda que pode ser fotografada. A exposição pode crescer".

Se depender do ânimo do fotógrafo, que é casado com uma nikkei, a emoção e as lembranças trazidas pelas imagens feitas por ele estarão presentes nas próximas edições do evento. "Espero estar aqui no ano que vem", finaliza. A Exponipo 2006 é uam realização do Cenic e acontece até este domingo, no centro de Convenções Rubens Gil de Camilo (Palácio Popular da Cultura), no Parque dos Poderes, em Campo Grande.

Hélio - Hélio |21:06 hs comentários[0].

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domingo, 2 de julho de 2006

NOTÍCIAS DO SOL

NOTÍCIAS DO SOL NASCENTE

Grupo de dança relembra a história de luta dos imigrantes japoneses

Os orientais deixam de lado a timidez e relembram dançando as dificuldades enfrentadas pelos japoneses pioneiros no Brasil

A dança é uma das mais expressivas formas de arte, podendo manifestar-se até mesmo em lugares inesperados, como uma lavoura. Foi o que aconteceu há cerca de 50 anos quando Issamo Yuba, imigrante japonês e fundador da comunidade que leva seu nome em Mirandópolis (SP), decidiu chamar o escultor japonês Hisao Ohara para introduzir arte no cotidiano dos lavradores que lá viviam. O objetivo era criar uma nova forma artística, seguindo uma filosofia onde o Homem e a terra trabalhada seguem juntos.

Felizmente, Hisao trouxe consigo sua esposa, a professora de balé Akiko Ohara, que começou a ensinar o segredo da expressão através dos movimentos do corpo para aqueles imigrantes e seus descendentes. Há meio século, a tradição japonesa dá as mãos à beleza da dança no Brasil. Atualmente esse grupo, que leva o nome de Ballet Yuba, conta com 35 bailarinos de diferentes gerações. No palco, eles mostram que a arte e a necessidade de expressão não têm idade, nem conhece limites geográficos.

Quem foi à Exponipo 2006, que acontece no Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo, na noite deste sábado, teve a oportunidade de conferir o resultado desse trabalho. A apresentação foi uma viagem no tempo pela história de luta desses imigrantes que há 98 anos ajudam a construir o Brasil.

O espetáculo começa contando as dificuldades enfrentadas pelos primeiros japoneses que chegaram ao País. Simulando com o movimento do corpo ondas do mar furiosas, o Yuba mostrou a força com a qual os imigrantes lutavam para vencer o oceano e chegar à nova terra. Misturando música, dança e teatro, o grupo continuou a viagem e relembrou o árduo trabalho dos lavradores, a importância da harmonia entre o Homem e a terra e a alegria de um povo cheio de sonhos e esperança.

A beleza da dança oriental está na firmeza dos movimentos e no olhar grave dos bailarinos. E se engana quem acha que dança para os japoneses é tranqüila e contida. O Ballet Yuba visita durante o espetáculo cantores como Frank Sinatra, além de abrir espaço para os ritmos brasileiros do forró e do samba. Na última coreografia da apresentação, o grupo faz uma tradicional Festa Junina, com direito a casamento caipira e tudo, uma demonstração de que as culturas dos dois países já se entrelaçaram.

Três vezes por semana, essas pessoas trocam a enxada pela sapatilha, o chapéu pela música e a roupa surrada pela fantasia, não só a de vestir, mas também a da mente. Os ensaios acontecem sempre após o jantar, "porque de dia a gente trabalha", revela Marian Imamoto, uma das bailarinas. Ela lembra que começou a dançar quando tinha apenas sete anos, "já faz tempo, ficava vendo minhas tias ensaiando e usando aquelas roupas bonitas". A beleza das fantasias, que vão de tradicionais kimonos a vestidos de valsa, se deve à habilidade da Comunidade Yuba, que as fabrica em seu próprio atelier.

O grupo já se apresentou no Japão, Paraguai e vários lugares do Brasil. Além da dança, os descendentes de Issamo Yuba aprendem também teatro, canto, música e fabricação de instrumentos como o violino. Todos os integrantes moram no Sítio Yuba, sede da comunidade, em Mirandópolis (SP), e durante o dia trabalham como lavradores nas plantações de abacaxi, goiaba, abóbora e milho. Os produtos são vendidos aos mercados da cidade, ajudando na subsistência dos Yuba. Mais uma vez os japoneses cantam, dançam, atuam e impressionam a platéia campo-grandense.

A Exponipo 2006 é uma realização do Cenic (Centro Nikei de Integração Cooperação e Desenvolvimento) e termina neste domingo. Além de dança, o evento traz também oficinas, shows musicais, exposições artísticas e comida tipicamente japonesa. O Centro de Convenções Rubens Gil de Camilo fica no Parque dos Poderes, em Campo Grande.

Hélio Filho;-)

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