terça-feira, 27 de abril de 2004
ATÉ QUE UM DIA..
ATÉ QUE UM DIA...
Ufa! Nem acredito que terminei de digitar meu mais novo conto.
se você tem paciência aí vai!
Miss&Mister
Logo que abriu a porta, Mr. William gritou:
- Oh, Miss Harriet! For God Sake!
Exatamente um dia antes, Mister Mcdowell havia presenteado sua esposa com uma raríssima jóia, "para adornar seu pescoço de Vênus". Comprou-a com a sua inestimável recém-herdada herança, com a morte de sua mãe, Miss Madeleine, ficara ainda mais rico.
Depois da surpresa, decidiu que se separaria oficialmente de sua promíscua esposa. Já levava, há muito tempo, aquela vida de marido conformado, pensava que morreria sozinho se fosse separado. Por muitas vezes tapou seus olhos para verdades que, como suas lágrimas, nunca puderam ser escondidas. Se a verdade tem vida longa, é graças a espíritos como o de Mister. Vez alguma fez uso de comentários desnecessários e em vão, sua estirpe sempre lhe ensinou o contrário.
Já decentemente vestida, por um soberbo vestido azul-celeste de costas cavadas, a dama veio Ter com seu marido, e com um coração maternal pediu:
- Please, don't live me. I could die without you.
- Forget Harriet, it's over forever.
Petrificada com o anúncio, Miss fez questão de recuperar seu orgulho e começar sua vida novamente. Iria para a casa de sua mãe, em Bornemouth, o sul lhe daria as forças que necessitava. Logo ao amanhecer, apenas podia-se ver seu único objeto esquecido: um pequeno frasco de seu perfume favorito, dado à ela em seu último aniversário por seu amigo Gianni Valentine. Foi o que fomentou ainda mais a paixão de Mister, o que os seus olhos não viam e suas mãos não tocavam, era lembrado pela fragrância.
Após duas semanas, o refinado cavalheiro inglês encontrava-se doente, trancado em seu quarto e rodeado pelo irresistível perfume dourado. Desde a separação, tornara-se seu vício, chegando a ficar inalando-o por quatro dias, parando apenas após seu infarto. Um coração de vinte e sete anos, mas sofrido como o de um ancião. Definhava cada dia mais, seu peso reduzira-se à metade de antes, nos tempos em que ia com sua esposa à sua casa-de-campo. Ao leste inglês, havia construído uma lindíssima casa, muito espaçosa e aconchegante, notava-se em cada lugar o inconfundível bom gosto de Miss. Era tudo perfeito, do jeito de Harriet. Desde as portas brancas contrastando com o vivo vermelho das paredes, até a tapeçaria Rococó, exacerbadamente aristocrática.
Em um de seus raros momentos de ternura, Miss Mcdowell costumava colher tulipas roxas e cor-de-rosa, colocando-as ao centro da mesa de jantar. Seu marido sempre fora um grande admirador de tulipas, tinha-as aos montes em todas as suas propriedades. Certa vez, ao lado de sua esposa, batizou seus vários jardins de tulipas com o nome de "The Secret Garden". Mal poderia advinhar que vinte anos depois, seu "jardim secreto" serviria de cenário para um fogoso incesto, entre seus filhos. Seu casal de primogênitos nascera dois anos depois de seu casamento, gêmeos idênticos, até no amor. Sempre souberam da grandeza do sentimento que sentiam um pelo outro, ocultando-o de seus pais por dezoito longos anos. Ao meio-dia de um gelado inverno, os irmãos decidiram entregar-se por completo àquela avassaladora paixão. Mister, ainda entorpecido pelo perfume, assistiu à decadente cena de seus herdeiros saciando-se nos prazeres da carne. Mary Anne e seu irmão John tiveram cinco filhos, todos com a marcante expressão do avô unida ao estilo da avó. Indignados com tal relação, os empregados do castelo de Woodsburg negaram-se a continuar partilhando da imoral situação, restando apenas o mordomo Ben George e a cozinheira Suzy Lane. Toda a alta-sociedade soube do caso entre os dois irmãos, expulsando-os sutilmente de seu círculo, o casal nunca mais se relacionaria com ninguém.
Nos Mcdowell o ostracismo parece ser hereditário. A exemplo de seu avô, que há treze anos não saía de seu quarto, a mais velha dos cinco filhos de John, Elizabeth, fechava-se cada vez mais em seu próprio mundo. Sonhava em um dia encontrar um retrato de sua avó, misteriosamente desaparecido da sala-de-estar do castelo há treze anos. A esperta menina, com pouco mais de doze anos, ficara sabendo de toda a história de sua família através de Suzy Lane, que já estava muito velha e pouco lúcida. Costumava falar sozinha o dia todo, revelando a quem quisesse ouvir tudo o que sabia sobre a família inglesa. A neta de Mister William sabia que seu pai e sua mãe foram abandonados por Miss Harriet, tendo sido criados pela cozinheira. Só então consegui entender a reclusão de seu avô, a vida lhe perdera totalmente o sentido sem sua esposa, mas ainda intrigava a garota um irresistível perfume oriundo do quarto do abandonado homem. Nunca o conheceu, mas, graças à loucura de uma pobre serviçal, soubera que ele fora um grande caçador de raposas e que conhecera o único amor de sua vida em uma de suas melhores.
Era uma fria tarde de outono, o céu parecia desabar quando roncavam os seus trovões, um belo moço de dezoito anos, concentrado em seu alvo, chamou a atenção da então jovem Harriet Bowin, filha do príncipe Bernard Bowin, da Escócia. O caçador era de uma beleza exótica, de traços fortes e cabelos louros, seus olhos pareciam pegar fogo quando olhou para uma pintura, personificando a mulher de seus sonhos; uma figura de pele alva e cabelos dourados. A paixão foi recíproca e logo tomou conta daquelas duas almas. Após um ano de namoro, casaram-se na igreja de Saint Paul, mudando-se para o castelo da família de William.
Mister dedicava-se cada dia mais à caça, deixando sua esposa sozinha com seus dois filhos. Miss percebia neles uma relação muito forte, que ia além dos laços fraternais, deixando-a amedrontada quanto ao futuro. Como se pudesse prever algo, ordenou a Bem George que abrisse os olhos e vigiasse o casal de gêmeos incessantemente. Por várias vezes o mordomo flagrou-os às vésperas de se deleitarem em ardentes beijos, sempre guardando segredo e lamentando o rumo que tomara o destino dos Mcdowell. Foi ele quem os ajudou na consumação de seu amor, entendia que não haveria de separa-los, o destino unira-os muito fortemente. Decidiu então que entregaria a chave do jardim secreto de Woodsburg ao casal, que reabriria ao mundo a bela paisagem de tulipas. Após a separação, Mister ordenara incisivamente que se trancafiassem todos os seus jardins. Queria guardar o esplêndido lugar para quando - acreditava ele - sua amada retornasse, quem sabe um dia ela se arrependesse e viesse pedir perdão pelos dolorosos anos que fez seu marido viver. Mas ele sabia que a culpa pela promiscuidade de sua esposa era sua também, deixara-a por longos períodos para se dedicar à caça.
Miss sentia-se sozinha demais, até conhecer Howard. Um rapaz de dezessete anos, de porte atlético e braços fortes que por muitas vezes consolaram Harriet da falta de seu marido. No decorrer de dois anos, ela continuava encontrando-se com seu amante, muitas vezes convidou-o a passar temporadas de até três meses em seu castelo. Os empregados, sempre atentos aos passos de seus patrões, ajudavam o casal apenas mantendo sigilo sobre o que acontecia nas escuras noites do imenso castelo. Mister ficara sabendo das suspeitas estadias do jovem em sua propriedade, e teve a confirmação da traição que sofria através de sua filha.
A graciosa menina, de apenas seis anos, mas inteligente como um adulto, surpreendera sua mãe e o amante aos beijos, trocando carícias íntimas e juras de amor eterno durante a madrugada. Trancafiados no quarto de Miss, os amantes viveram três deliciosos anos de amor e prazer, até mesmo quando Mister estava presente. Enquanto seu marido saía para cavalgar pelas extensas terras da família, Miss Mcdowell deleitava-se com seu jovem amante Howard Carlsfield. Assistindo a tudo e sempre informando seu pai, Mary Anne mantinha-se distante de sua mãe, que logo percebeu se repentino afastamento. Imaginou que poderia ser o ostracismo típico da família, mas algo provava o contrário. Conseguia enxergar na menina traços de um ódio profundo, misturado com desilusão e tristeza. Tinha apenas a seu irmão, e este à ela, o que impulsionou ainda mais a paixão incestuosa.
As visitas de Carlsfield tornaram-se menos freqüentes, dando lugar a vários outros homens que possuiriam Harriet. Não era raro os camponeses verem os amantes de sua senhora fugindo pela porta da cozinha, auxiliados sempre por Suzy Lane, enquanto seu senhor adentrava pela porta da frente. Por este completo silêncio da cozinheira Miss pagaria mais tarde, quando sua neta saberia de suas sórdidas aventuras amorosas. Não se importava se seu marido tinha ou não conhecimento daquilo, sabia que era uma dama que nascera com alma de marafona. Sempre exalando seu inebriante perfume, passeava de cabeça erguida pela aristocrática Londres do século dezenove. Alguns comentários maldosos a seu respeito surgiram quando foi surpreendida fazendo amor com um de seus amantes , Wilbor Van Helder, em um abandonado beco da capital inglesa. Com uma exorbitante quantia de dinheiro tentou comprar o silêncio de seus difamadores. De nada adiantou, pois a história se espalhou e, logo, o nome William Mcdowell tornou-se motivo de chacota entre os freqüentadores da alta-sociedade. Miss Harriet envergonhara seu marido de tal forma que, sob protesto, teve que se retirar de várias festas, por ser vergonha de toda uma cidade.
Vinte e cinco anos depois, Mister ainda lembraria - entorpecido pelo dourado perfume esquecido por sua amada quando partiu - de uma tarde em que chegou de sua cavalgada muito mais cedo que de costume. Nunca se esquecera do que viu ao entrar em seu quarto para beijar e amar a esposa, aquela chocante cena permanecera viva em sua memória. Não passava um minuto de sua vida sem que a lembrasse, sem que se remoesse de culpa pelo abandono de sua esposa, sem que se deixasse dominar pela fragrância de sua amada. Por muito tempo acreditou que aquele perfume o mantinha vivo, sucumbindo com a última gota do frasco. A família só tomou conhecimento de sua morte quando Elizabeth notou que o perfume de sua avó, que por muitos anos dominou todo o castelo, não existia mais. Ordenou que Bem arrombasse a porta do quarto de seu avô, ao entrar ficou estarrecida com o que viu: ao lado de Mister William havia uma mulher loura, de pescoço comprido, com um vestido azul celeste e usando uma exorbitante gargantilha de enormes diamantes. O mordomo logo a reconheceu, principalmente por estar segurando um frasco vazio de algo que se chamava Technicolor. Miss Harriet pressentira sua morte e a de seu amado, a distância e o tempo haviam matado os dois na mesma intensidade. Sabia que não morreria em paz longe de seu grande amor. Há treze anos entrara secretamente no quarto de William, onde viveram seus últimos momentos felizes, morrendo juntos.
Ao pé da cama, Elizabeth encontrou seu tão sonhado quadro, que nada mais era do que a imagem de uma moça alva e bela, muito parecida com a senhora à sua frente.
Hélio - Hélio |17:49 hs comentários[2].
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quinta-feira, 22 de abril de 2004
*REVOLTO*
*REVOLTO*
Caramba, quase pirei para fazer um texto sobre o Golpe de 64.
Me revoltou profundamente ter que discorrer sobre uma coisa tão desagradável.
Acho que escolhi a profissão certa.
Acho, também, que vou me revoltar muito, mas muito mesmo, mais vezes nessa vida.
Existem temas urgentes a serem tratados, explicados e solucionados.
Será que eu já estou caindo pro lado do Jornalismo Social?
Eita.
Agora um super texto, informativo, educativo.
Minha amiga Jéssykah Bündchen está publicando um guia sexual.
Vamos destacar uma parte:
COMO FAZER AMOR:
Ingredientes:
- 04 olhos
- 04 pernas
- 04 braços
- 02 pacotes de leite
- 02 ovos
- 01 tigela
- 01 banana
Instruções:
1- olhe dentro dos olhos;
2- com os braços, abrir as pernas;
3- aperte e massageie os pacotes de leite delicadamente;
4- coloque suavemente a banana na tigela, retirando-a logo em seguida.
Repita o procedimento até adquirir consistência cremosa. Obs:
para melhores resultados, continuar massageando os pacotes de leite.
5- ao elevar-se a temperatura, mergulhe a banana profundamente na
tigela, cubra com os ovos e deixe-a umedecer preferencialmente.
(NÃO pernoitar).
O bolo estará pronto quando a banana amolecer. Caso isso não ocorra,
repita os passos de 3 a 5 ou troque de tigela.
Observações:
- se vc se encontra em uma cozinha que lhe é estran ha, lave bem os
utensílios antes e após o uso;
- não lamba a tigela depois de usada;
- caso o bolo cresça, fuja !
Fala sério!
Fui.
"Adoro tirar meleca do nariz." - Preta Gil, pseudo-cantora e resultado de uma bad trip de Gilberto Gil (é a única explicação!).;-)
Hélio - Hélio |19:48 hs comentários[2].
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terça-feira, 20 de abril de 2004
TOO BUSY SERVER<
TOO BUSY SERVER
É isso ae, to muiiiito ocupado digitando meu mais novo conto. É super legal e um pouco maior e mais complicado que o último.
Fui!:-)
Hélio - Hélio |17:22 hs comentários[1].
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quinta-feira, 15 de abril de 2004
CULTURA, ACIMA D
CULTURA, ACIMA DE TUDO!
Viram só? Meu blog é cultura pura. Obrigado querido leitor pela verdadeira aula sobre o technicolor, foi de muita valia.
Bom, eu estou pegando gosto por este negócio de escrever contos. Começo e ae, quando eu vejo, já tenho uma história cheia de referências de outras histórias.
Já comecei outro hoje, suuuper pop!
Tenho que ir!
Fui!
Hélio - Hélio |19:41 hs comentários[2].
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quarta-feira, 14 de abril de 2004
MAIS CONTO, MAIS
MAIS CONTO, MAIS CASO
Olha outro conto, me empolguei nesse negócio de escrever!
À imagem de Narciso
Ao norte da Hungria havia um bosque, cheio de enormes árvores e repleto de várias espécies de flores e animais. Um lugar que parecia ter sido feito sob medida para os diferentes tipos de espíritos que ali habitavam.
Com o chão forrado de folhas douradas, esta esplêndida reserva natural tinha apenas um habitante humano: Narciso. Um rapaz vistoso, inteligente e dono de uma beleza jamais vista antes. Ao longo de toda a sua vida, o solitário morador se perguntou inúmeras vezes sobre sua origem. Incapaz de recordar seu passado, ele se contentava em estar em paz, isto era o mais importante.
Tratava o bosque como a um filho, tendo-o, várias vezes, como seu conselheiro. Isolado dos outros humanos, sozinho e sem passado, o jovem criou o seu próprio estilo de vida: pela manhã, juntava os galhos secos caídos de seu pé de eucalipto e com os quais acendia seu fogão à lenha; à tarde passeava pelo seu mundo próprio, conversando com as árvores e brincando com os animais. Ao anoitecer, costumava subir a montanha que havia atrás de seu chalé, onde contemplava as estrelas por horas intermináveis. Certa tarde, sem perceber, Narciso desviou-se de seu habitual caminho e deparou-se com uma paisagem desconhecida. Hesitou em continuar, mas a curiosidade é a mola propulsora da satisfação pessoal, por isso, decidiu continuar sua caminhada por este novo e fascinante cenário. Percebeu, então, que estava no lugar mais ermo que já havia visto. Uma escuridão cobria toda a paisagem, as árvores eram secas e pareciam estar prestes a atacar o primeiro que ousasse tocá-las. Ao fundo, podia-se ouvir um tranqüilizante barulho de corredeiras, advindas de um pequeno riacho de águas turvas que percorria toda a floresta.
Não existiam animais ou plantas, então o casmurro habitante sentiu-se emocionalmente caquético. Quando um novo mundo é revelado, ele pode causar espanto, repugnância. Mas ele queria saber mais sobre aquele lugar frio, sujo, decadente. Por um segundo jurou a si mesmo que exploraria o lugar rapidamente, logo depois refletiu e achou melhor conhecê-lo por partes, observando-o minuciosamente.
Primeiramente foi analisar as árvores, comparou-as com seus olhos secos e ariscos. Após, dirigiu-se à uma fileira de rochas e, sentado em uma delas, percebeu que eram geladas, que nunca haviam sido iluminadas pela luz solar, eram escuras e frias como o seu coração. Logo ao lado, escondido entre pequenos arbustos, encontrou um objeto multicolorido e de forma abstrata, comparou-o com sua alma complicada e misteriosa. Por último - como que propositalmente - foi conhecer o riacho. Chegando à margem, percebeu que a água ficara cristalina, como seus pensamentos. Aproximou-se com cuidado daquele desconhecido espetáculo da natureza. Notou que a água corria de forma ininterrupta, foi então que a comparou com sua vida. Viu que, como o riacho, ele estava sempre seguindo um caminho, perseguindo um ideal. Pensou que poderia mudar o rumo do riacho, enganou-se. Horas depois, teve um momento epifânico, tudo lhe parecia claro agora. Ainda olhando o riacho, concluiu que o rumo de sua vida já estava traçado, não poderia muda-lo, teria apenas que aceitar.
Narciso encheu-se de coragem e decidiu avançar alguns passos em direção à água, nela refletia a lua minguante de mais um inverno rigoroso na Hungria. Pela luz do luar pôde, pela primeira vez em sua vida, ver seu belo rosto. Parecia-lhe uma pintura, flutuando nas pequenas ondas da água, algo como uma miragem - porém, em seu momento de maior lucidez. Um calor fulminante subiu-lhe à cabeça por sua espinha, paralisando-o, sem poder tirar os olhos de seu reflexo. Sentiu seu coração disparar, suas pernas tremerem, seus olhos encherem de lágrimas e, sem que soubesse o que tudo isto significava, chorou por toda a noite. Ao amanhecer, cansado, sedento e faminto, voltou ao seu chalé.
Após uma boa refeição a alguns copos de chá de maçã, deitou-se e começou a refletir. Quando entardeceu, apreciando o sol que se punha atrás da montanha, descobriu-se apaixonado. A única imagem humana que havia visto em toda sua vida, agora ocupava toda a sua alma. Decidiu pela primeira vez em muitos anos, que procuraria seus semelhantes. Arrumou suas coisas e resolveu que partiria ao amanhecer, seguindo para o leste, ande acreditava haver pessoas como ele, como seu amado reflexo. Enquanto dormia, uma forte presença invadiu seu chalé, derrubando todas as coisas que encontrava pela frente. Ao entrar no quarto de Narciso, acordando-o bruscamente, começou a falar:
- Se você deixar este bosque será eternamente infeliz meu rapaz. Você não conhece os humanos, não deve tentar encontra-los, desista de sua viagem ou se arrependerá eternamente.
Ainda em choque, o dono daquela singela e aconchegante moradia de três cômodos chorou novamente. Tudo o que havia sonhado na tarde anterior teria que ser deixado para trás. Abandonaria seu sonho para sempre, restando apenas a vontade de descobrir-se viva em seu peito. Logo que o sol lançou seus primeiros raios sobre o vale, aquele rapaz ruivo, de estatura mediana e lábios carmim levantou-se. Mas não fez sua costumeira coleta de lenha, não almoçou e muito menos passeou pelas tardes geladas de sua terra. Ao chegar a noite, os habitantes do bosque, preocupados com a inexplicável reclusão de seu amigo, decidiram ir até o chalé do solitário jovem.
Ao chegarem, logo puderam avistar seu amigo humano, o único de todos os tempos, segurando fortemente um espelho, olhando-se incessantemente. Tentaram chamá-lo, mas ele só tinha olhos para si mesmo, descartando todos os outros elementos à sua volta. Os moradores então se retiraram, perceberam que haviam perdido um amigo. Narciso nunca mais sairia de seu chalé. Alguns dizem que ele morreu de tristeza e desilusão, mas há quem diga que ele foi seduzido por sua imagem e abduzido pelo espelho. O que todos têm medo de falar é sobre o espelho, com sua marca misteriosa no canto direito, logo abaixo de sua haste de fibra ótica. O desconhecido tende a provocar medo, e nenhum dos amigos do rapaz conseguiu descobrir o que significava aquela marca. Quem viu, conta que é apenas uma palavra desconhecida: Technicolor.
Falowes!!:-D
Hélio - Hélio |17:35 hs comentários[2].
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terça-feira, 13 de abril de 2004
CONTO, COMO, CAS
CONTO, COMO, CASO
Mais um conto:
Passeio
Vagando novamente pelas tardes outonais, Technicolor sente que está diferente. O Deus-Maior a aceitou em sua cúpula de personalidades, pois agora ela já está madura o bastante para perceber o mundo como ele é. Traz consigo para este restrito círculo seu estilo único e incomparável de ser. Sua inteligência e beleza são mesmo incríveis, impressionantes.
Saindo de seu homeclub, a nova Deusa do Estilo passea pela Rua das Armas e logo chega à Rua do Julgamento, onde embarca em seu bonde do destino. Após passar pela Rua da Educação, Technicolor chega à Rua das Imagens, onde, à sua direita, logo vê a Casa dos Poderes.
Seguindo seu destino, vê o pôr-do-sol com seus raios de milhares de cores. Tal perfeição a faz pensar na grandeza e poder se suas oferendas. Desde que começou a fazê-las, seu mundo mudou. Ela amadureceu e tornou-se uma real conhecedora dos mistérios da vida.
Agora, volta a arefletir sobre questões que julgava sem importância, coisas das quais Technicolor nunca partilhou, mas sente saudade. No fundo de si mesma ela se encontra, triste, vazia e abandonada.
Pergunta-se se isto é mais uma prova, um desafio. Percebe que esta situação é nada mais que pura consequência de suas escolhas, de seu modo de vida.
Serena, decide engolir seu orgulho, pisar em sua personalidade e correr atrás de seu amor. Ontem à noite tentou um contato, em vão. Resta à ela esperar e sofrer.
Gente, obrigado pelos elogios. Adoro vocês, mas gosto mais de mim!
E a Páscoa hein? Nossa, acampar é mesmo muito bom!
"Quem sabe, sabe. Conhece bem. Como é gostoso, gostar de álguém!" - Velha marchinha de Carnaval;-)
Fui!:-d
Hélio - Hélio |19:02 hs comentários[1].
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quarta-feira, 7 de abril de 2004
UM ANTIGO SONHO,
UM ANTIGO SONHO, UM ACONTECIMENTO RECENTE
Bom, hoje eu vou publicar um conto de minha utoria, por favor dêem suas opiniões (seriamente, vá zuar lá longe).
Sempre quis escrever contos, este é o primeiro de, espero, muitos outros.
É pequeno e conta uma hist´roia verídica.
Sobrevôo
Era uma tarde morna de outono, a alma technicolor passeava sublime. Após algumas palavras com a deusa hippie e com o deus da estranheza, voou em direção ao paraíso das águas, onde encontrou - em uma belíssima paisagem - uma roda de deuses. Eram eles o deus da construção, o do trabalho, o da natureza, o das máquinas e o da saúde. Estavam ali, frente a ela, cultuando o Deus-Maior. Então decidiu participar do ritual, pediu licença e fez sua costumeira oferenda que foi aceita e ela abençoada.
O deus da construção foi o primeiro a ser abençoado e logo saiu, a alma technicolor e os outros deuses foram abençoados ao mesmo tempo. A alma se retirou e foi seguida pelos outros deuses que, em êxtase, assistiram à evolução em technicolor bem à sua frente. Acharam perfeita. Sem mais comentários eles se distanciaram, cada um seguindo sua direção rumo ao horizonte infinito.
Avistando uma linda e serena praça, a alma finalmente sentou-se, ainda em êxtase puro, e encontrou seu destino: as palavras. Faladas quando sussurradas aos seus ouvidos pela modernidade, ou escritas como as que formam esse conto.
Hélio Fernandes Dias Filho
05 de abril de 2004 5:51pm

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