quinta-feira, 17 de novembro de 2005
ACIMA DO VESTIDO
ACIMA DO VESTIDO
Mil desculpas por não poder atualizar sempre. Estou correndo muito, mas prometo que vou me esforçar mais paras escrever aqui. Esse texto é a matéria que eu e minha amiga Camila Brtagnolli fizemos para a edição nº49 do jornal laboratório da faculdade, o Projétil. Esperamos que gostem. Ah sim! Estamos inaugurando essa editoria no jornal.
Pode-se observar hoje em Campo Grande um verdadeiro boom de novas lojas de roupas. Com o crescimento constante da população, a demanda por esses produtos também se torna maior, e cada vez mais esses consumidores procuram se informar sobre como e o que estão vestindo.
Esse interesse maior na moda foi um dos motivos para que fossem criados cursos de graduação específicos do tema, como o Curso de Formação em Moda, da Uniderp (Universidade para o desenvolvimento da região do Pantanal); e o de Designer de Moda, da Unaes. Além da formação acadêmica, Campo Grande promove também eventos como a Semana Shopping de Moda (realizada entre os dias 18 e 20 de outubro, no Shopping Campo Grande) e a 1ª MS Fashion Week (24 a 27 de outubro, na Morada dos Baís), onde os produtores locais puderam mostrar seu trabalho a um público mais abrangente.
Outro ponto que deve ser observado nesse crescimento é o das publicações sobre o assunto. A Capital conta hoje com pelo menos duas publicações direcionadas ao público consumidor de moda: as revistas Gente VIP e Ímpar.
Mas, afinal, o que é moda? A reportagem do Projétil foi descobrir e teve uma agradável surpresa: estar na moda não é usar roupas caras, mas sim se autoconhecer e estar bem informado. Para falar sobre o assunto convidamos Zilá Soares, que desde pequena convive com a moda. A mãe era dona de loja de calçados e ela a acompanhou durante 14 anos nos eventos do ramo. Graduada em Artes Visuais pela UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul) e especialista em Arte e Educação, Zilá defende a idéia de que ser chique e estar na moda nem sempre são sentenças equivalentes. Além disso, dispara contra um dos pilares de sustentação da moda quando diz que estar na moda é ser informado, e não apenas usar roupas de estilistas famosos. Professora do Curso de Formação em Moda da Uniderp, Zilá já lecionou sobre História da Moda e Moda e Cultura Brasileira. Para ela, o talento pessoal é a essência dessa arte chamada moda. Confira:
O que é moda?
O termo da palavra moda já diz bastante coisa. Quando você consulta um dicionário para ver o que quer dizer a palavra moda, ela quer dizer maneira, costume, um uso que depende de capricho. É um fenômeno cultural que consiste na mudança periódica de estilo, sendo que a moda também está muito ligada ao consumo. Quando estivermos falando de moda, temos que falar que existe toda uma indústria por trás que faz esse comércio da moda acontecer. Ela é considerada filha da Revolução Industrial e da máquina a vapor, sendo, atualmente, uma atividade que envolve os mais diversos segmentos. Ela abrange vários mercados de variadas áreas como, por exemplo, o editorial - em busca de atingir seu público alvo; o metalúrgico, que produz os maquinários têxteis, de costura e afins; a arte, onde os desenhistas precisam de materiais específicos como tinta e pincel. A moda é o fenômeno do gosto e do consumo, sendo a própria adequação de ambos.
Qual a maior dificuldade e a maior facilidade em se trabalhar com moda?
A maior dificuldade eu diria que é a falta de informação, que é o caso aqui de Campo Grande, por ficar muito longe do que está acontecendo nos grandes centros, que tem as indústrias, mais acesso ao material, às novidades, isso dificulta um pouco o trabalho. Além da falta de um mercado mais dinâmico de consumo, onde você tem a indústria, tem o criador, tem todos os envolvidos nos setores de moda. A facilidade se dá pelo talento, o talento que as pessoas têm, através das várias formas da moda atingir o público, como por exemplo a criatividade na hora da mídia, das propagandas. O que facilita é você estar bem dentro do contexto da moda, estar onde as coisas estão acontecendo.
Na sua opinião, a MS Fashion Week foi criada por tendência ou necessidade?
Por ambos os motivos. Vários Estados que produzem moda no Brasil estão fazendo a sua semana de moda, para mostrar a produção, mostrar os estilistas. Como as pessoas daqui já têm confecções, existem criadores, tem gente atuando ativamente nesse mercado da moda, é necessário esse espaço para mostrar. Afinal, Campo Grande é um lugar que atrai muita gente. Temos aqui vários tipos de feiras e congressos acontecendo, aqui já é um lugar que chama atenção, pode chamar atenção nesse setor também.
Campo Grande tem infra-estrutura para realizar esse evento?
Tem sim. Tem as pessoas com produtos que não são daqui, são produtos de moda que elas têm para um público e também existem os criadores, estilistas, modelos, maquiadores, as confecções, além das confecções dirigidas para empresas. Estão todos aí para mostrar seu trabalho e seus produtos e fazer desse evento a sua apresentação oficial ao público interessado.
O que você acha que motivou a criação desse curso específico em moda?
Foi criado pela necessidade. Necessidade das confecções, das pessoas que estão no ramo de moda. Já viu como a cidade é cheia de lojas? Então as pessoas querem saber, o que é moda, qual a história da moda. Elas querem entender. Donos de loja, quem mexe com publicidade no ramo da moda, tem vários campos interessados. Então a gente vê que tem mercado para esse tipo de gente, que precisa estar interado, que precisa saber mais profundamente.
Quais são as maiores influências dos estilistas daqui?
Os estilistas de Campo Grande, assim como de todos os lugares, possuem cada um o seu estilo próprio, que atinge o público alvo dele. Assim sendo, temos criadores de moda que seguem várias linhas. Se ele produz já para pessoas que são clássicas, a produção dele vai estar em cima dessa referência. Se for um designer de moda que quer desenhar para um público mais jovem, como é o caso da Wanessa Higa que produz roupa para esse público, ele fará roupas descoladas, jovens. Para cada público desse, aqui na cidade já tem um estilista para atender. Cada estilista vai ter um estilo para o seu público. E a influência é também do Pantanal, a natureza aqui é muito forte. O céu, o pantanal, as cores das aves, tudo isso influencia na criação.
Como os estilistas adaptam as influências vindas de países do Norte ao clima do MS?
Isso acontece naturalmente. É lógico que a gente sofre uma influência, eles buscam uma referência na Europa, para ver qual é a tendência. Mas ela sempre é adaptada ao local, ao clima, senão seria impossível. Eles fazem isso dando preferência a tecidos mais leves, mais fluídos. Essa é a diferença.
Quais os critérios que um designer utiliza para revisitar uma tendência do passado? Como eles atualizam essa tendência?
A princípio é mesmo a estética da coisa, aproveita-se o melhor, o que cai bem nos tempos de hoje. É a forma de trazer aquilo que já foi bom e o público aceitar. Lógico que o interesse e a apreciação do público é o que vai contar, porque fazer a moda e não vender, não adianta. Na arte, a gente chama isso de releitura: pega-se uma obra já famosa, pronta, e aí você cria em cima, adapta ao seu tempo, que é o que acontece com a moda. Você não vai fazer uma cópia dos anos 80 numa roupa, não tem mais isso. É aquele franzido, é aquela idéia, aquele corte, alguma coisa que remete aquilo. Mas aí, numa leitura de agora, o que a gente percebe é que dessas tendências que estão sendo revisitadas - dos anos 60, 70 e 80 - os estilistas pegam o que há de melhor em cada uma dessas modas e adaptam ao hoje, fazem de novo, repetem.
Qual a importância da moda hoje no dia-a-dia das pessoas?
Se olhar pelo foco de que a roupa é a nossa segunda pele, ela revela bastante sobre a pessoa. E também, filosoficamente e esteticamente, é muito agradável ver uma pessoa, dentro do seu estilo próprio, estar bem vestida com aquela roupa que a favorece e que demonstra seu alto astral em relação à vida. No dia-a-dia é importante uma pessoa estar na moda porque ela passa essa sensação de estar bem-resolvida com a vida, saudável, de estar "de bem".
O que leva uma pessoa a comprar uma peça de um determinado estilo? A mídia tem poder de ditar o que é moda ou a pessoa compra pelo próprio gosto?
As duas coisas podem acontecer. Algumas pessoas compram porque está na moda, ela não tem muita noção se aquilo tem a ver com a estrutura do corpo dela ou não. Ela não sabe direito, ela sabe que está na moda porque ela viu em uma revista ou em uma vitrine, então ela pode até comprar aquela roupa porque está na moda. Esse é um perfil. O outro é aquela pessoa que sabe que o estilo dela é mais clássico, então ela vai optar pelas roupas com cores mais neutras, ela não vai provocar muito choque com seu jeito de vestir. Tem o estilo da pessoa moderna, que gosta de criar os contrastes. Ela está sempre com um visual diferente, ela não vai se importar de cortar o cabelo diferente, pintar o cabelo diferente. Um dia acorda de um jeito e vai dormir de outro porque ela é dinâmica, ela tem essa coisa da modernidade. E tem o estilo mais dramático, que é um termo usado na moda, que é aquela pessoa que está discreta, mas que usa sempre uma peça que destaca, que faz a diferença, que compõe o visual dela e ela fica diferente da clássica, por exemplo, e da moderna. O que a literatura da moda chama bastante atenção é para a pessoa se olhar melhor, se conhecer melhor, saber quais são as cores que favorecem o corpo dela, quais são as cores que ela deve evitar. É um conhecimento, se vestir é um autoconhecimento.
Isso tudo envolve um processo de criação, antes da roupa ficar pronta. Até que ponto a mídia pode influenciar nesse processo de criação? A mídia tem poder, por exemplo, de fazer um estilista buscar alguma outra influência que, às vezes, os outros estão buscando ou não?
É muito importante porque quando a indústria das cores, a indústria têxtil lança o produto, os estilistas e as casas de moda vão conhecer esse produto e começa aí o trabalho da mídia, é ela que vai levar essa informação e oferecer o produto. A partir daí, esses estilistas - através de feira imensas que acontecem em lugares como a França e a Itália - a partir do lançamento dessas cores, que cor que vai ter de botão, de linha, ele não vai poder lançar uma coleção que é roxa porque as linhas estão mais na cor terra, por exemplo. Ele tem que ligar uma coisa na outra: a criação dele com a oferta de mercado. A mídia tem essa função super importante. E quando o sindicato da alta-costura lança também a sua coleção, aí se lança na mídia de novo e outros criadores vêm atrás para saber qual é essa tendência. Em cima da tendência eles vão criar o estilo deles, para o público deles.
Então, o sindicato da alta costura guia o processo de criação dos outros estilistas?
Uma frase interessante que define esse processo é do estilista francês Jean Paul Gaultier. Ele diz que "a alta costura não é feita para vender, mas para encantar e aprimorar a moda". Então, os desfiles da alta costura são o ápice desse momento, é como uma vitrine global. A partir daquilo os outros vão copiar na medida do possível e à medida que aquilo vá ser bem comercialmente.
E os interesses econômicos? Como eles influenciam no processo de criação?
Existem dois momentos de criação: um é para as feiras e lançamentos, que é a moda de passarela, que vai levar um conceito, vai levar o máximo da arte, da capacidade daquele estilista criar, muitas vezes ela não é comercial, é conceitual mesmo; e tem a moda que é para ser consumida e quando se contrata esse estilista, esse criador da moda, ele já é contratado porque ele tem esse olhar. Ele já sabe o que o povo, o que a grande população vai consumir.
E quanto à arte? Qual a influência dela nesse processo? Como se dá essa influência da arte na moda?
A história da arte com a moda sempre existiu: a Coco Chanel e a Elza Chapareli, por exemplo, eram estilistas amigas de Pablo Picasso, amigas do Salvador Dali, que desenhou para muitos. O Dalí desenhou muitos cintos, chapéus, um desses chapéus era um sapato com salto para cima, em outro ele colocou um passarinho no ninho, ele fez um cinto que era mãos vestidas com luvas atravessando a cintura, criava os botões, as jóias. Sempre teve a interação do artista plástico com o designer de moda, eles sempre criaram peças para a moda. A moda sempre usou a linguagem da arte porque sempre usou a arte na moda.
Então a moda pode ser considerada uma expressão artística?
Pode. Uma vez, uma autora escreveu que a roupa tem todos os elementos que uma obra de arte pode ter. Ela tem a altura, a largura, as dimensões, tem a textura e tem até um pouco mais que é o movimento. O que faz um objeto de arte também existe como elemento na roupa. Por isso que é fácil você olhar uma roupa e ficar emocionado, sentir sensações que uma obra de arte também pode te proporcionar. Você fica encantado, fica com vontade de pegar, de possuir. Você se apaixona pela capacidade do homem de fazer um objeto tão aprimorado. A ligação da roupa com uma obra de arte está nesse sentido, da capacidade que uma roupa tem, quando bem elaborada, de provocar essa sensação nas pessoas.
As pessoas estão se uniformizando hoje em dia, seguindo todas a mesma tendência ou a busca pelo estilo próprio, pela expressão pessoal através da roupa está maior hoje?
O que a gente percebe é que todo mundo quer estar na moda, cada um com a sua tribo. Mas todo mundo quer estar dentro do que diz mais respeito sobre si mesmo, fica melhor. A globalização exerce o papel de trazer a informação de "encontre a sua tribo". Encontrar sua tribo pode significar que você se veja bem como está ou pode ser que você mude para outra tribo. Até quando você não quer estar na moda você está querendo dizer: eu não quero estar na moda. Ou então quando você está bem harmonioso, você tem conhecimento de si mesmo, aquilo está na sua roupa. Você sabe pegar as peças que vão te valorizar mais, você pode fazer uma transgressão pública: você pode ir a uma festa de vestido de baile e colocar uma jaqueta jeans em cima querendo falar: ó, eu to aqui no baile porque eu tenho que estar com essa roupa mas olha aqui, eu não sou bem igual a vocês todos que estão aí, estou me sentindo muito bem com a jaqueta jeans. Quanto mais as pessoas forem adquirindo informação, através da globalização, da mídia, de leitura, quanto mais as pessoas procurarem se conhecer, mais fácil vai ser a comunicação delas com o mundo.
Ser chique e estar na moda é a mesma coisa? Quem está na moda é chique e vice-versa?
Não, não. Pensa você: você está sentado em um restaurante de gente elegante e tem uma mulher muito chique, a hora que ela vai se referir ao garçom para falar que tem alguma coisa errada, ela se mostra a mais grossa, antipática, a mais prepotente. Dá pra falar que essa pessoa é chique? Todas as pessoas hoje em dia precisam entender que todos os aspectos da vida estão ligados a conceitos, esses conceitos são filosóficos, eles remetem as pessoas a um autoconhecimento e dessa forma então ela pode ter mais consideração pelos outros. É uma coisa que vai além das aparências.
Existe alguma diferença entre a moda produzida aqui no Estado e a do Brasil? Tem algo que caracteriza a moda do Mato Grosso do Sul?
Nos trabalhos de conclusão do curso de moda de dezembro do ano passado teve gente que produziu estampas com imagens do Pantanal, da vegetação, daqueles tons verdes da natureza. Outras pessoas fizeram estamparias com temas regionais, outras se apropriaram de rendas, de bordadeiras, da renda Anhanduti* daqui. Existe uma apropriação da cultura regional na nossa moda, isso com certeza. Mas não na forma, o estilista não vai arriscar a fazer uma criação que vai fugir do que a gente chama de silhueta da época.
*Tipo de renda feita pelas paraguaias. São mais de mil pontos que eles produzem inspirados na teia de aranha que lembram as bordadeiras do Nordeste.
Quem dita moda no Brasil hoje?
Alexandre Hercovitch, Amir Slama com a moda de praia, Glória Coelho, Tufi Duek, são vários criadores maravilhosos que influenciam, que já estão sendo reconhecidos mundialmente, como o Carlos Miele. A gente se destaca em 5º lugar no mundo da moda, no planeta todo. Tem a França, tem a Inglaterra, tem a Espanha, tem a Itália, Brasil e Japão.
"A nulidade do Ser consiste na falta de argumentação no processo de comprovação de suas teorias." - Hélio Filho;-)
Hélio - Hélio |19:51 hs comentários[2].
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domingo, 25 de setembro de 2005
Os pais nem semp
Os pais nem sempre estão certos sobre seus filhos
Quando os filhos nascem, os pais projetam na cabeça deles todo um futuro brilhante para os novos membros da família. Sonham com a carreira de sucesso, com os netos, genros e noras que as crianças deles lhes darão de presente no futuro. Mas nem sempre tudo acontece como eles planejam, não é regra que os filhos sigam os sonhos dos progenitores deles.
No último dia 15, Pedro Machado Lomba Neto, 23, provou isso ao morrer, depois de ter sido perseguido pela polícia, com um tiro de fuzil no peito. Filho de um ex-policial militar e oriundo de uma família de classe média, o rapaz, que morava com a mãe e duas irmãs, começou a usar drogas aos 9 anos de idade. Três anos mais tarde, ele começou a cometer pequenos furtos dentro de casa, subtraindo objetos da mãe para sustentar o vício, depois começou a furtar toca-fitas. Segundo o advogado da família, Rogério Rocco, a polícia então começou a persegui-lo, mas Pedro Neto encontrava refúgio na casa do avô, um médico que morava no Flamengo (bairro tradicional da zona sul carioca).
Pedro era loiro e tinha os olhos verdes, o que lhe rendeu o apelido de "Dom", dado pelos outros dependentes químicos com os quais convivia nas esquinas da rua Prado Júnior, em Copacabana, zona sul do Rio de Janeiro (RJ).
Por 14 vezes a família de Dom tentou, inutilmente, interná-lo em clínicas de desintoxicação, na tentativa de libertá-lo do vício e, conseqüentemente, fazer com que ele parasse de cometer furtos. Em 2001 ele foi preso por porte ilegal de armas. Rocco conta que, diante do laudo médico que atestava a dependência química do rapaz, o juiz decidiu libertá-lo, mas foi demovido pela mãe que implorou de joelhos para que o filho fosse internado no Hospital Penitenciário Heitor Carrilho, imaginando que seria uma forma de mantê-lo afastado do vício. "Mas o hospital funcionou como uma escola de crime. Lá, ele conheceu assassinos, traficantes e ladrões que se tornaram seus companheiros de quadrilha", relata o advogado.
Dom ficou internado por seis meses e voltou para as ruas em fevereiro de 2002, com a condição de continuar o tratamento de desintoxicação no ambulatório do hospital. Ele foi apenas uma vez, contrariando a ordem judicial. Depois disso, Pedro ficou desaparecido por dois anos, sem dar notícias a ninguém. Há cerca de dois anos atrás, ele ressurgiu liderando uma quadrilha de assaltos a edifícios cariocas de luxo.
O primeiro namoro surgiu quando ele tinha 17 anos. A moça era filha de um oficial reformado da Aeronáutica, muito bonita e, como o namorado, também era usuária de drogas. Dom a usava nos assaltos como isca: ela ia à frente dos outros integrantes para atrair os porteiros e fazer com que eles abrissem as portas. Cada um do grupo de assaltantes do qual Dom fazia parte possuía uma especialidade; a do rapaz era roubar e ameaçar as vítimas.
Pedro fez fama de violento. As vítimas dele descreviam verdadeiras cenas de horror. Uma mulher contou que certa vez ele chegou a colocar uma granada sobre a cabeça de uma criança para forçar as vítimas a contar onde guardavam as jóias.
Conflito familiar
O pai do assaltante, Luiz Victor Lomba, é um ex-policial civil que integrou o Esquadrão da Morte - grupo parapolicial liderado pelo detetive Mariel Mariscot nos anos 70. Com o rosto e as mãos sujas do sangue do filho, ele disse que Dom já havia sido vítima de extorsão várias vezes por parte de policiais. Afirmou ainda que a família chegou a vender um apartamento no bairro de Botafogo, também na zona sul do Rio, para evitar que o rapaz fosse preso, no ano de 2000.
Lomba considerou uma fatalidade o envolvimento de Pedro com o crime. Segundo ele "algumas pessoas vão à terra do nunca e experimentam drogas, mas conseguem sair de lá e se tornam profissionais decentes. Outros ficam lá para sempre. A terra do nunca é o lugar onde os jovens desafiam tudo aquilo que as leis, as famílias e as escolas impõem."
No caso de Dom, esse desafio foi longe demais. Ele está sendo comparado a outros dois assaltantes, também oriundos da classe média carioca, que ficaram famosos: Lúcio Flávio Lírio, que assaltava bancos e foi morto em 1975, e Mauricinho Botafogo, filho do proprietário de uma casa de câmbio, preso por assalto. Lomba foi um dos policiais que prenderam Lúcio Flávio. Para ele, a polícia creditou a Pedro assaltos que teriam sido cometidos por outras quadrilhas. Além disso, a mídia estaria criando um falso mito ao comparar o filho dele aos outros dois assaltantes. A morte do filho foi para ele uma "tragédia anunciada".
Pedro Neto gostava de andar com roupas de grife e tinha preferência em roubar vestimentas e calçados finos, o que lhe rendeu o apelido de "ladrão fashion". Ele morreu sendo acusado de liderar pelo menos 15 assaltos a apartamentos de classe média alta do Rio de Janeiro, com nove mandados de prisão por assalto a mão armada e respondendo a inquéritos por fraude processual, corrupção de adolescentes e formação de quadrilha, além de ser considerado o ladrão mais procurado da cidade.
Perseguição
A zona sul é considerada uma parte nobre da cidade do Rio de Janeiro. Abriga bairros das classes média alta e alta como Copacabana, Ipanema, Lagoa (onde fica a lagoa Rodrigo de Freitas) e Leblon. Na zona norte carioca fica a favela Vila dos Pinheiros, integrante do complexo da Maré. O túnel Rebouças faz a ligação entre as duas áreas. É interessante notar que o assaltante também realizava essa função: era a ponte entre a classe nobre e as favelas. Vivia entre os dois mundos, as duas realidades totalmente diferentes. Refugiava-se sempre entre as favelas da Rocinha, na zona sul, e do complexo da Maré. Sem ser traficante, mas viciado em cocaína, ele integrava a facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos).
Na madrugada do último dia 15 a polícia montou um cerco na saída do túnel para capturar Dom. Através de escutas telefônicas, os policias descobriram que o cúmplice de Pedro, Sandro Soares Tavares - o Sandro Batom - pediu para que o amigo fosse buscá-lo na Vila dos Pinheiros para levá-lo à favela da Rocinha. A conversa entre os dois foi flagrada por volta da meia-noite, e às 2h o bloqueio foi montado. Por volta das 4h os assaltantes passaram pelo túnel e se depararam com a ação policial.
Para furar o bloqueio e escapar da armadilha, Pedro, que estava na garupa de uma motocicleta pilotada por Sandro, detonou uma granada e abriu fogo. Com a explosão, três policiais foram feridos por estilhaços, entre eles o delgado Eduardo Freitas, da 22ª DP (Penha, zona norte), que comandava a operação.
Os policiais passaram a perseguir Dom pelas ruas da Lagoa. Quando passavam pela rua Alexandre Ferreira, os agentes atiraram e conseguiram furar o pneu da motocicleta. Sandro Batom foi preso, mas Pedro Dom conseguiu fugir a pé e entrou no edifício Bauhaus, onde se escondeu perto de uma lixeira no terceiro andar. Após cercar o prédio e iniciarem uma busca nele, os agentes chegaram até o assaltante que, segundo a polícia, efetuou disparos. Os policiais revidaram, acertando um tiro de fuzil no peito do rapaz, além de outros quatro que atingiram o pé, a mão, o braço e o ombro direito dele. Pedro Neto foi levado ao hospital Miguel Couto, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Granada e jóias
O delegado Eduardo Freitas afirma que os policiais já foram para a operação cientes de que o assaltante possuía uma granada e uma pistola porque Dom havia dito isso na conversa grampeada que teve com Sandro Batom. Freitas investigava Pedro havia cerca de dois meses. Eduardo acredita que Dom estava drogado quando foi morto. Segundo ele, que foi ferido pelos estilhaços da granada, mas passa bem, ao ser cercado no túnel Rebouças e no prédio, o criminoso gritou várias vezes que não iria se entregar, que preferia morrer.
A polícia do governo Rosinha Matheus (PMDB-RJ) afirmou que Pedro estava com uma mochila e nela trazia jóias roubadas em dois assaltos a residências, um na Barra da Tijuca (bairro de classe alta na zona oeste) e outro na Ilha do Governador (zona norte carioca), que ocorreram na noite do dia 13. Além das jóias, Dom também roubou dinheiro, um computador e um carro. Na 15ª Delegacia de Polícia, na Gávea (zona sul), oito pessoas que seriam vítimas do assaltante reconheceram as jóias como sendo delas.
Pedro Machado Lomba Neto, que completaria 24 anos no próximo dia 27, deixou um filho de cinco meses. Uma criança que ainda não é capaz de entender a razão pela qual o pai roubava os semelhantes dele. Jovem demais para entender que a distância entre as zonas norte e sul do Rio de Janeiro não é apenas geográfica.
Esse filho terá dois exemplos a seguir: o do avô, que combatia os criminosos e zelava pelo bem comum; e o do pai, que era justamente o contrário. Resta saber se a mãe dele sonhou um futuro brilhante para o filho, se ela terá nora e netos. Alguns acreditam que Dom escolheu o estilo de vida marginal para afrontar o pai. O filho dele não terá a quem afrontar, não no mesmo sentido. Ele será a regra ou a exceção?
Hélio - Hélio |22:43 hs comentários[1].
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sexta-feira, 8 de julho de 2005
DIFERENTE (AS)SI
DIFERENTE (AS)SIM
A globalização derruba as barreiras impostas pelas fronteiras geográficas e iguala os gostos da massa. Na moda, isso não é diferente. É cada dia mais difícil se definir um estilo próprio, único.
Alavancada pela onda Indie, que toma conta do cenário musical, essa idéia de ser exclusivo e diferente se fez presente também nas roupas. Em Campo Grande, a estilista Nara Silver representa essa tendência de, simplesmente, não seguir as tendências, mas fazer e ser seu gosto e suas preferências.
Inspirada por bandas independentes como The Strokes, Belle and Sebastian e Franz Ferdinand, Nara desenvolveu uma coleção de roupas usáveis, mas sem parecerem clichês.
A atitude presente nas peças é facilmente identificada: o indie não faz parte de nenhum partido político, não luta por nenhuma causa, ele apenas quer ter seu próprio estilo, diferente e particular.
Peças ao melhor estilo brechó-chique ocupam um enorme espaço na nova tendência. A moda retrô, mas sempre atual, é uma das principais influências do estilo.
Os shortinhos podem ser tranqüilamente usados em baladas, shoppings ou simplesmente para fazer compras em um supermercado. As blusas, sempre utilitárias, ganham capuzes e bolsos. Os óculos também marcam presença. Grandes, coloridos e chiques, a peça se torna indispensável no guarda-roupa indie.
A moda reflete as opiniões e a personalidade de quem a veste. Em um mundo cada dia mais igual, ser indie é nadar contra a corrente das tendências ditadas pelas grandes marcas, é buscar um estilo com o qual cada um se sinta bem, é ser feliz, sendo como é, sem fantasias.
"I'm a loser baby, so why don't you kill me?" Beck, Loser.
Hélio - Hélio |18:17 hs comentários[4].
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segunda-feira, 27 de junho de 2005
RESPIRE
RESPIRE
A água que lava é a mesma que afoga.
Um sentimento nunca é em vão.
O mundo nunca será apenas seu.
Olhe para cima e agradeça.
O universo é gigante,
Do tamanho da imaginação de cada um.
Imagine, sonhe, pense, fale.
Viver é mais do que existir.
Faça sua vida valer a pena.
Faça seus sonhos serem válidos.
Construa sua esperança fortemente.
Não desista, não pare.
Quando o sol se abre,
A luz reflete o seu rosto,
Aquece seu corpo,
Ilumina sua alma.
A água já não lava mais.
Agora não resta nada.
Tudo se foi,
Quando você se negou.
Olhe para baixo,
Veja o que você não quer ser.
Olhe ao lado,
Veja o que você terá que superar.
Dance, sorria, grite.
Não se negue a sentir,
Aquilo que sempre quis,
Aquilo que agora é realidade.
Esconda seus trunfos.
Jogue a vida à sua maneira,
Mas não esqueça do poder do outro.
Olhe e perceba, ataque e derrube.
Obrigado por tudo,
Mesmo lutando contra mim,
Você me faz crescer.
Eu vejo o que você não vê.
Hélio Filho
Hélio - Hélio |17:22 hs comentários[3].
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segunda-feira, 20 de junho de 2005
**YES, GOODBYE L
**YES, GOODBYE LOSER!**
Oh! Corrupção na política brasileira!:-D Estou assustado com isso. Quanta sujeira e favores no Planalto Central. Onde irá parar o Brasil? Hahahahahaha.;-)
Deixando de lado a ironia, vamos aos fatos, contra os quais não há argumentos:
Há muito tempo atrás, surgia no cenário político um barbudo, sem dedo e ignorante metalúrgico. Sim, aquele lá do ABC, que fazia greves e protestos incessantemente. O deficiente digital colocou em sua cabeça que seria, um dia, o Presidente da República Federativa do Brasil.
Tenta uma vez, não consegue, e continua incomodando a direita, a situação. Essa pedra no sapato dotada de barba, que há muito incomodava os donos do país, consegue fortalecer seu partido, o dos trabalhadores, e acha que está pronto para a briga com os "grandes".
Resumindo, o chato operário encheu tanto o saco, que acabou vítima de um dos mais bem armados e clichês golpes da política. Vou explicar:
O ignorante trabalhador tinha o desejo de governar o país. A direita não deixava e ele reclamava, revirava denúncias e botava a boca no trombone, conforme o dito popular. Surge então uma solução para exterminar o insignificante assalariado: permite-se sua vitória e, logo depois (2 anos e meio, para ser mais exato) inicia-se sua derrocada.
Um simples, inteligente e repetido golpe (lembra do Collor?).
Sr. Luiz Inácio toma posse, se lambuza no melado do poder, percebe que a direita é um ótimo lugar, pelo menos muito melhor do que uma quente indústria do ABC. Assim, cessam os incômodos, acabam-se as denúncias e a direita nada de braçadas, preparando seu futuro em Brasília e no Brasil!
Ok, agora chega de brincar de político e volte ao seu lugar. Isso aí! Dá-se início a uma série de acusações sobre corrupção no Governo (novidade do lado debaixo do Equador), derruba-se um a um os "homens" do presidente e, de brinde, anula-se os direitos eleitorais do barbudinho.
Alguém realmente acreditou que a esquerda tomaria o poder por aqui? Se a resposta for sim, só lamento. O povo brasileiro é ignorante e acrítico demais para permitir algo do tipo. Enquanto a mentalidade de, pelo menos, 140 milhões de habitantes tupiniquins não evoluir, sorry (viva os EUA!), isso será impossível.
O Brasil presencia hoje as poderosas ações empregadas pelo capitalismo, pela direita. O companheiro já usufruiu demais daquilo que não lhe é de direito. É hora de arrumar a malinha (agora Luis Vuitton, chega de sacolas de camelô) e tirar umas férias (nada de piscinão ou praia com frango e farofa, Paris é o novo destino!).
A ex mal-vestida e despenteada dona Marisa, calçará seu scarpin Manolo Blahnik, vestirá seu tailleur Christian Dior e dará início a uma segunda lua-de-mel ao lado de seu príncipe, que agora volta a ser sapo.
Não digo que um impeatchment é coisa certa, mas que as rédeas do Brasil saíram das mãos do PT, ah, isso sim! O nove-dedos pode até continuar no poder, mas apenas para evitar maiores investigações e escândalos. Se a direita capitalista ainda não controlava o Presidente, isso se torna realidade agora. Dó tenho eu de quem um dia acreditou na vontade popular, de quem um dia achou que o povo é quem manda no país.
Não sou pessimista, sou realista. É hora de acabar com essa ilusão de que a política governa para o povo, isso chega a ser estupidez. Há mais de 500 anos o Brasil não passa de uma máquina de riquezas, controlada por pessoas que nunca começam um escândalo ou eleição sem saber seu final.
Sou contra o socialismo, anarquismo e qualquer outro ismo derivado daqueles doentes mentais de séculos atrás. Estamos em 2005, século 21, terceiro milênio. A lei do mercado já está em cada terráqueo desde o seu nascimento. Com esse radicalismo burro e fechado a opiniões não se chega a lugar algum. É claro que eu quero que o país melhore, mas nadar contra a corrente é suicídio e burrice.
"Se não pode com eles, junte-se a eles", e mostre que suas idéias são viáveis através de sua capacidade, de sua inteligência. Não é certo passar uma vida toda vomitando as páginas de "O Capital" para conseguir melhorias sociais.
A realidade é uma só: a direita manda, sempre. Os ricos ganham, sempre. Então chega de ilusão, chega de pseudo-presidente. É hora de abrir o jogo, de ver através do que a Rede Globo (uh! direita de novo!) mostra e agir de acordo com a real situação.
Senhor Lula, foi muito bom tê-lo como governante. Agora, mais do que nunca, o povo sabe que o Brasil é, e continuará sendo, um banco privado para a elite política, um balneário de férias para os ricos e uma fonte de riquezas naturais para os espertos!

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